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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Dez dicas simples para fazer de 2015

um ano de mais liberdade

Freedom

Recebo diariamente mensagens de pessoas interessadas nas ideias liberais e com interesse em fazer mais pela sua promoção e divulgação no Brasil. Não existe uma resposta pronta para essa pergunta, pois cada indivíduo é um universo em si mesmo, dotado de preferências, ambições e aptidões. Em outras palavras, as pessoas são diferentes e buscam coisas diferentes nas suas vidas.
Existem, no entanto, regras simples de convivência e civilidade que devem ser levadas em conta ao fazermos, no nosso dia-a-dia, o papel de divulgadores e defensores das ideias liberais.  Lawrence Reed, Presidente da Foundation For Economic Education (uma das mais tradicionais instituições em defesa da liberdade no mundo, fundada em 1946), compilou dez regrinhas básicas para a defesa das ideias da liberdade. Todas são extremamente úteis e valem muito a reflexão. Será que você está fazendo a sua parte? Leia abaixo (traduzidas e adaptadas):

1. MOTIVE-SE 
A liberdade é mais que uma feliz coincidência. É um imperativo moral, digno de cada grama de paixão que as pessoas boas possam reunir. Não se trata somente de ficar animado em ano eleitoral ou de responder a uma questão política do dia. É a diferença entre escolha e coerção, entre viver sua vida ou outros viverem-na por você (e às suas custas). Se a liberdade é perdida, pode não ser recuperada na sua geração ou na de seus filhos e netos. Para resolver problemas, evitar conflitos e agregar pessoas não existe caminho pior do que política e força, e não há melhor estrada do que a liberdade para trocas pacíficas e cooperação floresçam.

2. APRENDA 
Mais precisamente, nunca pare de aprender! Para ser persuasivo de verdade, não há nada melhor do que dominar os fatos e as bases das ideias. Conheça suas ideias de trás pra frente. Ler e ouvir sobre economia, história ou filosofia nunca é demais. Deixe o outro lado usar frases de para-choques. Venha armado com substância em oposição a chavões e slogans.

3. SEJA OTIMISTA
É cansativo e desencorajador ouvir derrotistas falarem assim: “Acabou. Nossa democracia está perdida. Não tem volta. A vaca foi pro brejo. Estou indo embora do país.”. Qual o objetivo desse papo? Certamente não é inspirar. O pessimismo é uma profecia autorrealizável. Pessimistas desarmam a si mesmos e desanimam aos outros; não há nada a ser ganho com isso. Se você realmente acredita que tudo está perdido, a melhor coisa a se fazer é cogitar a possibilidade de que você esteja errado e permitir que os otimistas liderem a caminhada.

4. USE O HUMOR 
Mesmo as questões mais sérias precisam de seus momentos de leveza. Temperar seus argumentos com humor torna-os mais atrativos e mais humanos. Se você não consegue sorrir ao defender a causa da liberdade – se você não consegue fazer seu interlocutor sorrir ou gargalhar – então você está a caminho de perder a batalha. O humor quebra o gelo e facilita o convencimento.

5. FAÇA PERGUNTAS
Você não tem que dar uma palestra para cada potencial convertido às suas ideias. Aprenda a usar o método Socrático, especialmente quando você estiver conversando com algum ideólogo estatista mais rígido. Na maioria das vezes essas pessoas têm suas visões não porque eles estejam bem familiarizados com o pensamento liberal e rejeitem-no, mas porque eles simplesmente não conhecem o nosso lado. Uma linha habilidosa de questionamento pode, com frequência, levar uma pessoa a pensar sobre suas premissas de formas que nunca havia pensado antes.

6. MOSTRE QUE VOCÊ SE IMPORTA
Diz-se que as pessoas não se importam com o que você sabe se elas não souberem que você se importa. Foque em pessoas reais para argumentar em favor da liberdade. Leis e políticas contrárias à liberdade produzem bem mais que apenas maus números, elas esmagam os sonhos de pessoas reais que querem melhorar suas vidas e as vidas daqueles que elas amam. Cite exemplos de como o governo atravancou o caminho de pessoas reais, mas não fique também só no lado negativo: cite muitos casos de pessoas que alcançaram muito ao terem a liberdade para tentar.

7.  ASSUMA A SUPERIORIDADE MORAL
A liberdade é um arranjo socioeconômico que demanda um alto padrão moral. Ela não sobrevive se as pessoas são em sua maioria desonestas, impacientes, arrogantes, irresponsáveis, focadas somente no curto prazo e sem respeito pelas vidas, direitos e propriedades dos outros. Isso diz muito sobre a superioridade moral da liberdade sobre todas as outros “sistemas”. A humanidade é composta de indivíduos únicos, não é um coletivo amorfo e disforme a ser comandado por pessoas elitistas que se acham nossos mestres e planejadores. Qualquer arranjo que coloque nossas distintas vidas em um liquidificador coletivista é uma ofensa moral. Utilize este argumento para atacar o cerne do argumento de qualquer adversário.

8.  DESENVOLVA UMA PERSONALIDADE ATRAENTE
Um liberal que conhece todos os fatos e teorias pode ser ineficaz e repulsivo se ele for esnobe, recalcado, grosseiro, bruto, hipócrita ou ficar sempre na defensiva. É por isso que clássico de Dale Carnegie, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, deve estar na lista de leitura de todos os liberais. Você quer mudar o mundo ou apenas bater no peito e dizer que está certo? Você quer conversar com outras pessoas ou só consigo mesmo?
E pegue leve na negatividade! Alguns liberais falam só de más notícias. São aqueles que não veem nada de bom acontecendo em lugar algum. Esta atitude faz parecer que eles estão lhe dizendo: “Pare de se divertir. A única boa notícia é que não há nenhuma boa notícia. Se você acha que há uma boa notícia, vamos lhe dizer por que não é.” Essa atitude pega mal e raramente converte alguém. Heróis e histórias heroicas estão à nossa volta, não ignore-os fixando-se sempre nos canalhas e nas decepções.

9. NÃO EXIJA ACEITAÇÃO TOTAL E IMEDIATA
Você já se deparou com um liberal para o qual você é um pária se você não confessar todos os seus pecados intelectuais e se arrepender na hora? A história do progresso nas idéias nos dá poucos exemplos de pessoas que estavam erradas sobre tudo e passaram, de uma hora para outra, a estarem certas sobre tudo. Devemos ser pacientes, convidativos e compreensivos. Saiba quando as rachaduras estão aparecendo na parede de um oponente e lhe dê espaço para que ele mesmo a derrube. Lembre-se de que todos nós hoje pensamos diferente do que pensávamos no passado. Nenhum de nós saiu da barriga da mãe com uma cópia de “O Caminho da Servidão” nas mãos.

10. FAÇA ALIADOS, NÃO INIMIGOS 
Uma meia dúzia de liberais solitários e ineficazes – mas muito barulhentos – consideram-se juízes da fé. Eles agem como se o maior inimigo não fosse aquele que não abraça nenhum dos preceitos liberais, mas aquele que abraça alguns dos nossos preceitos, mas não todos. Então, quando eles encontram um colega liberal que já teve uma visão diferente, ou que se distancia da ortodoxia em uma questão ou outra, eles começam a atacá-lo. Isso os faz se sentir bem, mas prejudica a causa maior. Se queremos fazer do mundo um lugar melhor e mais liberal, não podemos fazer com que seja doloroso para alguém trilhar o caminho do descobrimento das nossas ideias. Precisamos ajudar mais e mais pessoas a se moverem na direção certa.

Que tenhamos todos um excelente 2015 e que as ideias liberais sigam prosperando Brasil afora!






Sobre o autor

Fabio Ostermann
Diretor de Relações Institucionais do IL
Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também estudou Economia. Graduado em Liderança para a Competitividade Global pela Georgetown University (EUA) e em Política e Sociedade Civil pela International Academy for Leadership (Alemanha). Mestre em Ciências Sociais/Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É Diretor de Relações Institucionais do Instituto Liberal.

Matéria extraída do site do Instituto Liberal.

Deu na mídia do PT...


GOVERNO ANUNCIA MEDIDAS PARA CORRIGIR DISTORÇÕES EM BENEFÍCIOS


Economia para os cofres públicos deverá chegar a R$ 18 bilhões por ano

 Por Agência PT

O governo federal anunciou, nesta segunda-feira (29), medidas de transparência e correções para a concessão do abono salarial, seguro-desemprego, seguro defeso, pensão por morte e auxílio doença. A expectativa de economia para os cofres públicos com as alterações é de R$ 18 bilhões ou 0,3% do Produto Interno Bruto.

“Estamos preservando todos os direitos trabalhistas, sociais e previdenciários. Todas as mudanças respeitam os benefícios que estão sendo pagos”, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Aloisio Mercadante. “São ajustes e correções inadiáveis e indispensáveis”, continuou. As medidas serão enviadas ao Congresso Nacional por meio de medida provisória.

Os ajustes, segundo o ministro, visam corrigir problemas encontrados em auditorias que indicavam concessões indevidas de benefícios e também garantir a sustentabilidade da Previdência Social. Outra medida anunciada por Mercadante é disponibilização, na internet, dos dados de todos os beneficiários dos programas sociais e previdenciários.

Assim, diz o ministro, todos os benefícios e respectivos beneficiários serão disponibilizados na internet, como acontece com o Bolsa Família. “Isso aumenta o controle social e a transparência. O princípio da transparência vale para todos”, afirmou.

Veja as principais alterações
Abono salarial
Carência para receber passa de um mês para 6 meses e o pagamento será feito proporcionalmente aos meses trabalhados.

Seguro desemprego
O prazo de carência vai para 18 meses no caso do primeiro emprego. Na segunda solicitação, o tempo mínimo de trabalho será de 12 meses. Nas seguintes, continua valendo os seis meses atuais.

Seguro defeso
O beneficiário não pode receber auxílio de mais de um programa ao mesmo tempo, além de ser exigido um período de carência para a entrada do pescador tradicional de três anos.

Pensão por morte
Haverá uma carência de 2 anos de contribuição e um tempo mínimo de 2 anos de casamento ou união estável. Os valores passam de 100% do benefício para 50%, mais 10% por dependente. A exceção para o novo limite de valor é se o beneficiário for órfão de pai e mãe.

Auxílio-doença
O prazo de afastamento pago pelo empregador passa de 15 dias para 30 dias e será estabelecido um teto no valor do auxílio equivalente à média das últimas doze contribuições. O INSS também poderá fazer convênio com as empresas que possuem serviço médico.
Por Tiago Falqueiro, da Agência PT de Notícias 

OS ELEITORES DO PT ESTÃO REVOLTADOS.
Aumento da luz, da gasolina, do gás, dos jurus, perda de benefícios previdenciários do trabalhador.

Matéria enviada ao LIBERTATUM pelo Dr. Leônidas Loureiro.
COMO NO MUNDO ATUAL 
PODEMOS CRIAR A CULTURA DA PESSOA?

Foto do perfil de Hermes Rodrigues Nery
Por Prof. Hermes Rodrigues Nery


Uma reflexão a partir do conceito wojtiliano do ser humano como pessoa


                                      “Impõe-se que o homem de hoje se volte novamente para Cristo, a fim de obter d'Ele a resposta sobre o que é bem e o que é mal.1


A cultura da pessoa – com a visão do homem como pessoa – foi aperfeiçoada e alcançou elevado nível de civilização, com o cristianismo, que exerceu na história “maior influência na modelagem do destino humano que qualquer outra filosofia institucional”.2. Muito mais que uma filosofia, o cristianismo é a presença de uma força viva na história, ainda impactante.

Foi com Jesus Cristo que passamos a compreender o que é ser a imagem e semelhança do Criador, pois como verbo encarnado, Deus veio até nós apresentar e testemunhar a humanidade perfeita, com a perspectiva da eternidade. Humanidade esta imprescindível para a nossa realização e felicidade, cuja condição começa a ser construída nesta vida, mas só encontrará a plenitude na vida eterna. A pessoa portanto se constrói a partir da humanidade, e se destrói se não tiver desenvolvida adequadamente (e amadurecida) esta mesma humanidade, pois por seus atos o homem se aperfeiçoa como pessoa”3 Daí que toda expressão cultural que reconhece e promove a dignidade do ser humano como pessoa, tem alcance universal e perene, tendo em vista ainda que “o ser humano não se esgota na cultura e a natureza dele é a medida desta”4


"O cristianismo consiste na visão do homem como pessoa. (...) O cristão se vê a si mesmo como ALGUÉM inconfundível, não "algo", um "quem" distinto de todo "quê", com nome próprio, criado e amado por Deus, não só e isolado, mas em convivência com os que, por serem filhos do mesmo Pai, são irmãos. Sente-se livre e, portanto, responsável, capaz de escolha e decisão com uma realidade recebida, da qual não é autor, porém própria. Sabe-se capaz de arrependimento, de voltar-se sobre a realidade, aceitá-la ou repudiá-la e corrigi-la. E essa realidade é projetiva, consiste em antecipação do futuro, do que vai fazer, de quem pretende ser, e é amorosa, definida pela afeição por algumas pessoas e o dever de que se estenda às demais. E aspira à sobrevivência, a continuar vivendo depois da morte inevitável, não isolada e sim com os demais - reza sua crença na 'comunhão dos santos'. Vive por sua condição amorosa a possibilidade de interpenetração de outras pessoas, de ser habitado por algumas. 

Tudo isto fez parte durante dois milênios da PERSPECTIVA CRISTÃ, foi transmitido, de maneira não teórica, escassamente conceitual, a milhões e milhões de homens e mulheres - desde crianças geralmente -, foi a interpretação básica de suas vidas e, não menos, da realidade total. O modo de sua instalação no mundo e como a vida humana é interpretação de si mesma, este esquema tem sido durante séculos um elemento dessa realidade mesma em grande parte do mundo.5

O cristianismo, portanto, deu vigência à compreensão do homem como pessoa “esse tipo de homem, hoje ameaçado de desaparecer”6, daí a sua universalidade e perenidade, cujo conteúdo alcança o âmago da verdade sobre o que é o homem, indagada desde os mais antigos filósofos, e confirmada pelo Magistério da Igreja. “O cristianismo não é nunca um conjunto de posições a manter, um corpo de doutrina, mas uma maneira de ser e de viver, um compromisso total”7. Não apenas conhecer-se a si mesmo (Sócrates), mas também tornar-se o que é como pessoa (Píndaro), é o desafio da construção do ser humano na dimensão da pessoalidade. “O ser humano é, potencialmente, pessoa que se constrói na medida em que agir eticamente. Esta construção pressupõe uma estrutura ontológica que se atualiza na ação eticamente adequada”8

Karol Wojtila fala de um “humanismo ascendente”9, que traduz o mistério da maturação do ser humano como pessoa (quando capaz da “maturidade no dom de si”). O mistério que maravilha a todos os povos, em todas as épocas, é o homem (ser pessoa) ser capaz de “maturação”, isto é, estar destinado a se realizar ou se irrealizar, cuja felicidade ou infelicidade enquanto ser, depende de seus atos volitivos, especialmente como expressão do mandamento universal de amor a Deus e ao próximo como a s i mesmo. A seriedade do existir está em que a partir da vida dada pelo Criador, cada pessoa é o que decide ser. Trata-se de uma decisão realmente relevantíssima.

A decisão é mais profunda. Diz respeito a toda a estrutura da vida, repercute no meu âmago. Se eu vivo a vida sem Deus ou contra Ele, o que seria possível, então será completamente diferente de fundá-la em Deus. É uma decisão relacionada com toda a orientação da minha própria existência: como vejo o mundo, como eu próprio quero ser e como hei de ser. Não é qualquer uma das muitas decisões exteriores que existem no mercado das possibilidades que se me oferecem: pelo contrário, está em questão toda a concepção da vida.”10

Nosso desafio hoje é justamente destacar e fazer revigorar a cultura da pessoa humana, já existente, e buscar uma nova metodologia (um melhor “como fazer”) para que haja um renovado convencimento do valor e do sentido desta cultura, em contraponto à antítese que emerge fortemente na sociedade cientificista e tecnicista que aí está, cujas premissas reducionistas e materialistas, vem obscurecendo e até comprometendo de vez a beleza e o valor vivificante da cultura (que cultiva) do humanismo ascendente.

(...) Há um par de séculos a vigência da perspectiva cristã experimentou uma regressão nos povos que a possuíam e a haviam conservado desde seu início ou pelo menos há vários séculos. Pode-se falar com fundamento de um processo de DESCRISTIANIZAÇÃO em várias etapas, de distinto pontos de vista, realizado por diversas 'equipes' que se vão rendendo, com estranha continuidade, desde o século XVIII. (...) Esta descristianização trata-se de algo mais amplo e de maiores conseqüências: a eliminação o da dimensão religiosa do homem. Que esta empresa tenha se concentrado no cristianismo é mera conseqüência de que era a religião com a qual se tinha que haver, a que tinha realidade, vigência, vigor, a forma concreta em que acontecia a religiosidade (...) À medida que o tempo foi passando, até chegar ao presente, viu-se com clareza que o que se tratou de eliminar é toda visão religiosa.

(...) O que é decisivo, o que se torna esclarecedor, é que esse processo se realiza paralela ou convergente mente com o de despersonalização. Na realidade, são duas faces da mesma atitude, do mesmo propósito. Há muito tempo se vem tentando que os homens percam de vista sua condição única de pessoas, que se vejam como organismos, reduzidos às outras formas de realidade que existem no mundo; em última análise, redutíveis ao inorgânico, mera realidade sem nenhuma irrealidade inseparável e intrínseca em forma de projeto, de futuro. É evidente, sem liberdade, submetidos às leis naturais - físicas, biológicas, sociais, psíquicas, econômicas - suscetíveis a toda manipulação provinda de todas essas instâncias. (...) O paradoxal é o fato de que este duplo processo de despersonalização e eliminação da religiosidade e de sua forma superior, a PERSPECTIVA CRISTÃ, coincida com o avanço maior de toda a história intelectual na descoberta e compreensão dessa forma estranha e única de realidade que é a PESSOA HUMANA, justamente O QUE SOMOS”11 

Primeiramente, para uma reflexão mais acurada, comecemos por aquilo que caracteriza, afinal, o ser humano como pessoa, segundo a concepção wojtiliana:

“Karol Wojtila (...) compreende o ser humano, fundamentalmente, como pessoa, cujos elementos constituintes fundamentais são a consciência, em sua dupla função de reflexão e subjetivação, a vontade livre, a capacidade de autotranscendência e de integração dos diversos dinamismos presentes no homem e a capacidade de participação, quando o ser humano exercita o ser pessoa junto com os outros. A capacidade de autotranscender-se é fundamentalmente a possibilidade de amadurecimento de atualização do ser pessoal”12

O ser humano é pessoa é capaz de ato volitivo, portanto, causal, nesse sentido, assemelha-se ao Criador. “O bem consiste em pertencer a Deus, obedecer-Lhe, caminhar humildemente com Ele, praticando a justiça e amando a piedade (cf. Miq 6, 8).”13 A vida é dada, mas exige da realidade dada, um trabalho de ascese (que requer, muitas vezes, sacrifício e renúncia, porque é preciso discernir, fazer escolhas); uma obra de lapidação pessoal, de aprimoramento das potencialidades, completado e plenificado pela graça de Deus, quando a pessoa dirige sua liberdade p ara a verdade e o amor.  “Esta obediência nem sempre é fácil. (...) Na seqüência daquele misterioso pecado de origem, cometido por instigação de Satanás, que é 'mentiroso e pai da mentira' (Jo 8, 44), o homem é continuamente tentado a desviar o seu olhar do Deus vivo e verdadeiro para o dirigir aos ídolos (cf. 1 Ts 1, 9), trocando 'a verdade de Deus pela mentira' (Rm 1, 25); então também a sua capacidade para conhecer a verdade fica ofuscada, e enfraquecida a sua vontade para se submeter a ela. E assim, abandonando-se ao relativismo e ao ceticismo (cf. Jo 18, 38), ele vai à procura de uma ilusória liberdade fora da própria verdade.”14

O perigo da existência humana (daí um drama intenso) é que a pessoa pode ser salva ou perder-se a partir das escolhas feitas.

 A pessoa é feita de corporeidade e espiritualidade, cuja realização há de ser na dimensão integral. “Corpo e alma são inseparáveis: na pessoa, no agente voluntário e no ato deliberativo, eles salvam-se ou perdem-se juntos”15. Há impasses, tensões agudas, angústias inumeráveis, mas a liberdade pode equivocar-se afastando-se da verdade, principalmente quando relativiza e banaliza o valor e o sentido da vida humana. Outro dado relevante: a vida é dada para sempre. Somos responsáveis pelas conseqüências dos nossos atos, daí a gravidade de não se levar a sério a real idade dada e não nos empenharmos para valer para acertar o passo na difícil caminhada da realização como pessoa humana. Jesus Cristo é Senhor e Salvador porque é Ele quem nos garante a salvação, quando reconhecemos a nossa fragilidade e recorremos a Ele, como o bom ladrão na cruz, para obter a graça salvífica.

“Não há valores humanos, naturais, que se possam separar da ordem sobrenatural. Tudo está submetido às exigências da salvação”16. A pessoa humana não se salva sozinha, precisa do Criador para completar o que as suas forças não alcançam por si só, daí que é preciso ascese e esforço pelas virtudes, mas a salvação do ser humano como pessoa (a sua realização integral e plena) não é obtida pelos méritos, mas pela graça de Deus, pois, “grande e único meio de salvação é a confiança em Deus”.17. A passagem do centurião que recorre a Jesus para lhe salvar um criado é significativa. Ele disse a Jesus que não precisava ir até sua casa, bastasse uma palavra sua e o seu criado estaria salvo. Ao que Jesus lhe disse comovido: “A sua fé o salvou!”.

O individualismo exacerbado dos nossos dias sinaliza “o perigo de se eliminar a situação de harmonia ôntica e ética do homem-pessoa”18. Por isso é preciso que saibamos ser capazes de tonificar o que a cultura da pessoa já foi capaz de produzir de excelso na história humana. É necessária uma nova primavera desta cultura realmente vigorosa, que está apenas debilitada, mesmo abalada quase em suas estruturas. Mas a água tonificante deve ir direto à raiz, para possamos vê-la novamente revigorante.

Para isso, é necessário primeiramente ter consciência clara que a dimensão da crise cultural atual, crise da vida humana como um todo, é uma crise profundamente radical, porque atinge os seus fundamentos. “Cultura, aliás, não é apenas a soma dos conhecimentos, mas também o resultado de uma formação e a estrutura de uma mentalidade”19. Como dissemos, no início desta reflexão, o cristianismo soube imprimir a validade universal de uma cultura de promoção da pessoa humana. Daí que “a ruptura entre Evangelho e cultura é, sem dúvida alguma, o drama do nosso tempo”20.

A crise atual “é global, afetando a vida humana medularmente e em todos os setores. (...) O que começou “como 'crise de poucos', (séculos XIV-XVII), ampliou-se como 'crise dos muitos' (século XVIII), e agora fez-se a 'crise de todos', conforme ensina Ferrater Mora”21. Crise ubiqüa, que se tornou “crise dos fundamentos da vida humana.”22 Crise que nos desinstalou, criou fraturas nos relacionamentos, que deixaram de ser subsistentes, para se tornar vulneráveis, escapistas, imediatistas e descartáveis. Crise do sentido da vida humana, do valor da pessoa humana, das razões para viver. “Privados de pontos de referência autênticos (...) muitos arrastam a sua vida quase até a borda do precipício, sem saber o que os espera”23

Nesse sentido, o cristianismo permanece a perspectiva redentora, na dimensão soteriológica, porque oferece os fundamentos de sustentação do autêntico sentido humano de vida. “A revelação cristã é a verdadeira estrela de orientação para o homem, que avança por entre os condicionalismos da mentalidade imanentista e os reducionismos duma lógica tecnocrática; é a última possibilidade oferecida por Deus, para reencontrar em plenitude aquele projeto primordial de amor que teve início com a criação”24 Como então reafirmar o valor da pessoa, num contexto histórico de indiferença e até negação desse mesmo valor, comprometendo na raiz, a estrutura ôntica da pessoa humana?

O mandamento do amor, como foi dito, é uma norma personalista. Partimos do ser da pessoa, para em seguida reconhecer o seu valor particular. O mundo dos seres é um mundo de objetos onde distinguimos pessoas e coisas. A pessoa distingue-se da coisa pela própria estrutura e perfeição. A estrutura da pessoa pertence à 'interioridade', na qual descobrimos os elementos da vida espiritual, o que nos obriga a reconhecer a natureza espiritual da alma humana. Por isso a pessoa possui sua própria perfeição espiritual. Esta perfeição decide o seu valor. Porque ela possui tal perfeição espiritual e até certos pontos é um espírito (encarnado) e não apenas 'corpo', mesmo que magnificamente animado, de nenhuma maneira se pode tratar a pessoa como uma coisa (ou até como um animal). Existe uma enorme distância, um abismo intransponível entre o psiquismo animal e a espiritualidade do homem”25 

Enquanto cristãos, sabemos que “Deus nos releva seu projeto de vida”26, daí a vida humana ser projetiva, dentro da dimensão da pessoalidade. “Homens é o que sois, e não máquinas!”, advertia Chaplin, no clássico discurso final de O Grande Ditador. A pessoa é chamada a assumir a humanidade que lhe pertence naturalmente, pois “quanto mais o homem age segundo sua natureza e se aproxima da sua perfeição, tanto mais se aproxima da idéia criadora de Deus”27; daquele ideal do homem que Deus tinha em mente, quando o criou e dotou-o de liberdade para alcançá-lo”28  

É preciso, portanto, reafirmar a cultura da pessoa humana proposta pelo cristianismo (de êxito histórico, ao contrário dos sistemas opressores da pessoa humana, fracassados na história). Para isso requer inclusive uma convergência entre fé e política, para especialmente no campo legislativo fazer vigorar legislações promotoras da cultura da pessoa, pois senão continuaremos a ser vítimas do permissivismo moral que atinge duramente a estrutura da pessoa, tornando-nos mais vulneráveis às ameaças existentes, sem a proteção indispensável para o cuidado com a vida humana, em todos os aspectos. É certo que “a lei humana não faz tudo”29, mas com permissivismo vigente tolera-se males danosíssimos à dignidade da pessoa humana, fazendo com isso a lei voltar-se contra o ser humano, ao invés de protegê-lo e promovê-lo como pessoa.

Por causa da concepção que a Igreja tem de pessoa humana, “é que ela se opõe a todas as filosofias totalitárias que reduzem a pessoa a uma parte de um todo, seja ele a raça ou o Estado. Por isso mesmo , ela se opõe a todas as formas de angelismo que não levem em conta as condições e as exigências concretas do homem como espírito encarnado na matéria, e assim confinado ao espaço e ao tempo, inserido dentro de um processo histórico. Por isso opõe-se a todas as formas de materialismo que desconhecem no homem as exigências do espírito e só vêem nele animal mais refinado que bastaria nutrir e vestir para fazer feliz”.30

A Igreja não tem modelos a propor, mas parte de sua doutrina social para indicar os princípios e valores pelos quais devemos nos pautar para reafirmar – a partir dos desafios dos tempos convulsivos da atualidade – a cultura da pessoa humana, para edificar a civilização capaz de afirmar o amor e a solidariedade, para o bem de todos.


  1. Veritatis Splendor, 8)
  2. Paul Johnson, História do Cristianismo, Ed. Imago, 2001, pág. 7
  3. Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 15
  4. Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 15
  5.  Julian Marias, A Perspectiva Cristã, Ed. Martins Fontes, 2000, págs. 111-113
  6. (Rops, 23)
  7. (Rops, 29)
  8. Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 13
  9. Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 13
  10.  Joseph Ratzinger, O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Católica no Limiar do Terceiro Milênio, Ed. Imago, 1997, pág. 19
  11. Julian Marias, A Perspectiva Cristã, Ed. Martins Fontes, 2000, págs. 114-116
  12. Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 12
  13. VS, 11
  14. (VS, 1).
  15. (VS, p. 81)
  16. (Rops, 48)
  17. (Paulo de Tarso, p. 15)
  18. (KV, p. 54)
  19. L. De CândidoDicionário de Espiritualidade, Crise, Ed. Paulus, 1993, 2ª edição, Pág. 242
  20. (Stefano de Fiores, Dicionário de Espiritualidade, Espiritualidade Contemporânea, Ed. Paulus, 1993, 2ª edição, pág. 343
  21. Gilberto de Mello Kujawski, A Crise do Século XX, Ediota Ática, 1991, pág. 30
  22.  Gilberto de Mello Kujawski, A Crise do Século XX, Ediota Ática, 1991, pág. 30
  23. (Fé e Razão, p. 13)
  24. (Fé e Razão, 15, p. 26)
  25. Karol Wojtila, Amor e Responsabilidade – Estudo Ético, Edições Loyola, 1982,  pág. 106.
  26. (D.A. p. 71)
  27. Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, pág. 82
  28. Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, pág. 82
  29.  (Santo Agostinho, O Livre-Arbítrio, Ed. Paulus, 1995, pág. 39)
  30. Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, págs. 79-80
O Professor Hermes Nery é articulista e ensaísta de LIBERTATUM 

terça-feira, 30 de dezembro de 2014


O império dos cupins.
Por Ivan Lima

“A melhor maneira de não ser canalha é ser reacionário”
Nelson Rodrigues.

Nunca antes na história desse país, essa frase do Nelson pareceu tão verdadeira como agora, sob os governos petistas. Felizmente, milhões de pessoas estão recusando, veementemente, no dia a dia, nas eleições, ou em protestos nas ruas, a canalhice petista que quer impor á consciência nacional seu jeito canalha de ser. 

De querer impor, quando relativiza as acusações sob os abusos de corrupção nas estatais, a mentalidade de que toda a sociedade é corrupta. De querer impor ao mundo a mentira de que no Brasil não há crise de corrupção. De querer impor aos cidadãos o silêncio das tiranias ao não afastar e não investigar seus membros dirigentes nas aludidas entidades, acusados de omissão e conivência com graves desvios de conduta, e ainda, elogiá-los, publicamente, como éticos, honestos.

É claro que ao não cumprir seu dever de ser o guardião da ordem e da lei afastando e investigando com rigor tudo o que toda a nação sabe, os altos dirigentes do governo apenas  praticam o seu modo cínico de ser protegendo a eles próprios e seu projeto de perpetuação no poder. Sim, porque na realidade os dirigentes petistas seguem uma idéia, a implantação da ditadura do proletariado, para escravizar a nação. E a mentira e o cinismo são fundamentais para o êxito desse projeto. Como sabemos, o antigo projeto leninista de tomada do poder pelas armas está atualmente camuflado na tomada do poder utilizando as instituições democráticas como as eleições, corrompendo-as. É só um exemplo. Mas é muito mais que isso, e para financiar esse projeto o partido comunista no poder precisa de muito dinheiro, e ele, vêm, como mostrou o mensalão, do dreno violento que o partido opera nas estatais.

E, operando na base de sustentação dessa perversa subversão, está à militância petista tentando normatizar na cabeça das pessoas a mentira como verdade. Disseminada pelo projeto de tomada de poder, a militância petista está presente em todo aparelho estatal do país, regiamente paga com o dinheiro tomado dos "contribuintes", trabalhando diuturnamente como “agentes de transformação social”. Nesse trabalho sujo, se esmeram em sustentar junto á sociedade, sua ideologia que inverte os valores da verdade e impõe a calúnia, a difamação, a degradação, a corrupção, o cinismo, como algo que as pessoas têm que aceitar como naturais ainda que isso violente sua natureza e formação de pessoas decentes. O que é a ideologia marxista-leninista que o PT segue senão a mentira como governo por onde fez seu reinado absolutista, totalitário?

Minando á sociedade, desde a presença militante nas comunidades mais distantes e corrompidas pelos programas do governo até os escalões mais altos da direção petista, passando pelas igrejas, escolas, mídia, família, trabalho, amizades, essa militância repudia a decência chamando-a de reacionária, trabalhando assim a perversa cultura da intimidação e da disseminação do ódio contra á razão e o comportamento virtuoso de quem se recusa a participar da mentalidade canalha dos petistas.

Regiamente paga com o dinheiro público, a militância petista quer impor ás pessoas de bem a gritante mentira de que seus dirigentes são pessoas probas, e de que nunca souberam e não sabem de nada das muitas corrupções ocorridas nas salas ao lado de seus gabinetes de gestão...

Com a cultura perversa da inversão dos valores de verdade, liberdade, e honradez, inversão de valores própria da filosofia de poder nazista-stalinista do PT, essa militância cupim vem minando a sociedade com mentira, e a tentativa da implantação da mentalidade de que seus lideres acusados de corrupção e conivência com ela são heróis, pois são vítimas de calunia pelos “reacionários”, ou seja, pessoas que repudiam a corrupção e não comungam com a calhordice petista de querer implantar uma tirania comunista no país.         

Generosamente cevada com dinheiro oriundo do sangue, suor, e lágrimas dos cidadãos, essa militância apunhala as liberdades individuais com a tentativa de impor a mentira e o cinismo bandido como regra de governo.

Mas a verdade é límpida, e seja de que quadrante você queira enxergar a realidade brasileira, você verá facilmente como os absurdos petistas saltam aos olhos. Como, por exemplo, a de que todas as suas lideranças, provincianas ou nacionais, se tornaram milionárias em poucos anos.

Sim, porque nem disso o projeto de poder petista foge ao horrendo histórico do socialismo no mundo: na luta pela perpetuação no poder, seus lideres primeiro implantam o melhor negócio que sua filosofia lhes proporciona, usando da liberdade capitalista: a franquia comercial da mentira socialista que os deixa milionários com desvios de conduta e discurso de que odeiam a classe média e os ricos.

Lutar pelo fim do império dos cupins, sua abençoada missão de pessoa decente. 

Ivan Lima, 64, é publicitário.