Amazônia (2)
Por Armando Soares
“Não transformaremos o mundo com a bomba atômica, mas com algo que o
Ocidente não compreende: nossas ideias”.
(Vichinsky)
A proposta de
conservação e proteção da floresta amazônica se originou no seio dos sete
países mais ricos do mundo, e como não podia deixar de ser em se tratando de
piratas de luxo, ignorou o social amazônico e priorizou apenas a floresta e as
riquezas do subsolo, ou seja, apenas riquezas, mascarando a proposta como se
estivessem preservando um patrimônio mundial, coisa de piratas internacionais
sabidos; as verdadeiras intenções, não evidenciadas pela mídia era transformar
a região em reserva estratégica, ou seja, usar as riquezas amazônicas quando
conviesse e se fizesse necessário a esses países. Esses piratas, em conjunto
com o governo imoral brasileiro consideraram a Amazônia como se fosse apenas
uma floresta virgem com um sobsolo rico e com muita água doce; simplesmente
ignoraram os núcleos urbanos como algo imprestável que se pode descartar a
qualquer momento, ação praticada em Roraima onde se destruiu atividades
produtivas agrícolas e a economia do Estado jogando na miséria trabalhadores e
índios com cobertura do Supremo Tribunal Federal.
Essa investida
dos países ricos foi facilitada em consequência da pauperização da região, da
idiotice de nossas lideranças políticas, dos conflitos promovidos por bandidos
e pelo crescimento geométrico do narcotráfico na região, estimulado pelo vazio
de poder, cenário que vem sendo alertado sistematicamente com muita
responsabilidade pelos militares brasileiros, o que não impediu que o governo
brasileiro impusesse à região políticas públicas equivocadas, todas, sem
exceção, fracassadas deixando uma herança pútrida que significa
subdesenvolvimento permanente.
Essa
intromissão esdrúxula, policialesca e ditatorial do governo brasileiro nos
destinos da Amazônia e amazônidas, teve início através de Uma Comissão Interministerial criada pela Portaria 606 de 12.10.90,
conforme anunciado na Mensagem feita à Nação por um Presidente da República ignorante,
propositalmente no Dia Mundial do Meio Ambiente, no Pantanal Mato-Grossense em
05.06.90, para agradar os países globalistas, à revelia da sociedade amazônida
e de toda a sociedade brasileira, como tem sido praxe ao longo do tempo, sendo
que dessa vez a imposição de um destino cretino objetivou atender os interesses
do chamado GRUPO DOS SETE, (Japão,
EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Canadá), acordo bandido que
concluiu por criar um programa que se intitulou Proposta Preliminar para um Programa
Piloto para a Conservação da Floresta Amazônica Brasileira, ignorando,
passando por cima, de tudo o que havia sido programado para a região pela
eficiente equipe do governo Castelo Branco, comandada pelo saudoso e competente Armando
Mendes, resultando num verdadeiro caos programático e institucional,
transformando os agentes federais de desenvolvimento BASA, SUDAM e outras
células institucionais do desenvolvimento, em meras peças decorativas e
veículos de politicagem, mais uma demonstração da irresponsabilidade de como o
governo brasileiro trata os interesses da Amazônia e do menosprezo que se tem
com o seu povo, ações que chamamos de endocolonialista.
A proposta
apesar de pronta nos escritórios de Brasília desde novembro de 1990, só em
princípio de março de 91, é que foi dada ao conhecimento da sociedade
brasileira através das ONGs estrangeiras e brasileiras, braços do ambientalismo
internacional sustentadas por países ricos, talvez com objetivo de
apresentá-las como parceiros para implantação do projeto de dominação, endossado
pela Secretaria do Meio Ambiente da
Presidência da República - SEMAN/PR, em reunião realizada em Brasília, em
04.03.91, com a presença de representantes do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, do Ministério das Relações
Exteriores, da Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República e Secretaria de Desenvolvimento e
Assuntos Regionais da Presidência da República.
O proposto
para conservar e administrar a floresta amazônica resulta em síntese: (1) da visão
imperial colonialista e unilateral da problemática amazônica expressa na
mensagem presidencial feita no Dia Mundial do Meio Ambiente que reflete o
resultado das negociações realizadas com o Grupo dos Sete Países Mais Ricos do
Mundo; (2) de acomodação, na ocasião, da dívida externa brasileira nesse
universo; (3) do ingresso de recursos em caráter de doação e de novos
empréstimos em bases altamente concessionais; (4) da utilização de tecnologias
sofisticadas para exploração da biodiversidade na região por parte dos países
pertencentes ao Grupo dos Sete e (5) do interesse que a Amazônia desperta e
sempre despertou para o Grupo dos Sete e
particularmente dos países que compõem a Comunidade
Europeia desde a ocupação da região por brasileiros.
Como se
verifica a proposta de conservação da floresta amazônica tinha entre outros
objetivos resolver os problemas nacionais não-amazônicos, a dívida interna e
externa e propiciar o ingresso de recursos pela Amazônia, um vazo comunicante
para despejar dólares em outras partes do país, menos na Amazônia.
Como também se
observa essa não é uma questão eminentemente amazônidas, porque não atendem às
necessidades regionais e muito menos da tentativa de reverter um quadro
econômico estacionário imposto no passado por maus brasileiros e as questões
nacionais que a ela se entrelaçam, representam apenas os interesses econômicos
dos países que dominam a economia mundial, e os interesses do sul/sudeste
brasileiro que se confundem com a dívida interna e externa, inflação e outros
problemas econômicos onde a Amazônia não tem participação ou responsabilidade,
por nunca ter estado integrada ao resto do país, a não ser na época áurea da
borracha, ainda assim apenas como transferidor de renda para o Sudeste
brasileiro gerada na produção de borracha amazônica com o suor de bravos
seringueiros. Em nossa memória ainda permanece viva o crime histórico praticado
por esses maus brasileiros e governantes que, associados a ingleses, trocaram
borracha por café no começo do século, estagnaram a Amazônia, permitindo o
fortalecimento do Império Britânico e o domínio do comércio e industrialização
da borracha, produto que iria promover a revolução do sistema de transportes no
mundo com a invenção da roda pneumática, do automóvel e do avião.
O brasileiro
continua em grande erro por ignorar a memória histórica, e por não ter como
meta principal um projeto de país. O resultado desse comportamento é que temos
sido governados por aventureiros e vigaristas.
Armando Soares – economista
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.