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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Humanize a Natureza!

Por Klauber Cristofen Pires

Um documentário do canal Animal Planet, ou melhor, um espaço informativo que tem sido apresentado no intervalo dos programas, exibe o depoimento de uma treinadora de baleias e golfinhos, em que a moça expõe o feliz relacionamento que teve com uma baleia orca – a mesma que, salvo engano, foi a estrela do filme “Free Willy” – e destaca o fato de como o animal era dócil, inteligente e carinhoso, enquanto as cenas demonstravam os truques e as peripécias que sua mascote fazia no aquário, para divertimento da platéia.

Pois bem, tal como prossegue o programa, o sucesso do filme chamou tanto a atenção de ambientalistas preocupadíssimos com o bem-estar do bichinho (melhor “bichão”, né?), que estes, enfim, decidiram fazer de tudo para devolvê-la ao mar. Quem não assiste ao canal deve estar pensando que a nossa estrela agora deve estar por aí feliz da vida caçando focas, mas - desculpem-me – cai em ledo engano. O infeliz animal, depois de tanto bem servir ao seres humanos, de aprender a se relacionar com eles e a amá-los – morreu abandonada à própria sorte, de pneumonia. Eu diria, deve ter morrido de desgosto – pois, como o próprio programa afirmava, a coitada da orca foi diversas vezes vista a seguir navios nas costas da Noruega, na esperança de fazer contato com os seres humanos.

Este é o retrato mais fiel da mentalidade dos preservacionistas, e pior, por eles mesmos! Assim, nenhum deles haverá de pôr em questão os fatos.

Agora, pensem bem: a orca tinha lá uma boa vida, não é mesmo? Afinal, vivia em segurança, com alimentação adequada e cuidados médicos e sempre cercada de mimos e carinhos. O que então lhe aconteceu? Humanizou-se, claro! No possível para um ser de sua espécie, ela aprendeu a não ter de matar e nem a ser agressiva, mas ao contrário conviver em harmonia, colaborar (afinal, ela trabalhava!) e o resultado, enquanto morou no aquário, foi uma vida tranqüila, livre do stress típico de quem tem de permanecer em alerta o tempo inteiro para poder comer e não ser comida.

O caso desta baleia não é único: quem quer que tenha um cãozinho percebe como ele se integra nas regras e no relacionamento carinhoso que lhe oferecem seus donos; certa vez, eu soube de uma porquinha que, tão bem tratada que era, sentia uma certa repulsa dos seus irmãos de espécie no chiqueiro, afinal, parecia-lhe clara a sua superioridade com relação a eles, tanto na higiene como nos modos.

Realmente, não dá para saber o que um animal pensa, se é que pensa alguma coisa, isto é, em termos de raciocínio lógico. Todavia, já sabemos que os animais, principalmente os mamíferos mais desenvolvidos, possuem esquemas pré-lógicos, digamos assim, que lhes permitem fazer algumas escolhas. No caso do nosso querido cetáceo, isto ficou claro quando passara o resto da sua vida a seguir navios, em vão (puxa, que triste!).

Fiel à mentalidade revolucionária, entretanto, os ambientalistas-politiqueiros- marqueteiros de plantão (só porque ela fora uma estrela de cinema, pois as outras continuam com suas vidas tranqüilamente...) interferiram na vida da orca, declarando-se pensar em seu bem-estar, isto é, à revelia do animal, da tratadora - que a amava como um filho seu, e da administração do aquário, que sei lá os prejuízos que teve de suportar para ver sua estrela lhe ser subtraída.

A essência do preservacionismo é querer manter a natureza do jeito que está, e, no possível, fazer os seres humanos agirem tal como os animais. Um trabalho sem sentido, pois desde os trilobitas, que reinaram no período Paleozóico (e até antes), milhares ou milhões de espécies animais e vegetais apareceram e desapareceram da face da terra, sem que não tivesse havido absolutamente nenhuma intervenção humana.

Não raro, todavia, gente desta espécie, associada a biólogos, sociólogos, e sedizentes filósofos, buscam no comportamento dos animais selvagens explicações ou exemplos para servirem de modelo aos seres humanos. Então pergunto: por quê tem de ser assim? Por quê não pode ser o contrário?

Se os humanos são filhos de Deus, conscientes de sua existência, e a única espécie racional do planeta, por que não humanizar os animais, ao invés de barbarizar o homem? Todas as espécies de animais que se associaram aos seres humanos evoluíram, tornaram-se mais graciosas, têm vivido melhor e foram granjeadas com maiores garantias de perpetuação do que no estado selvagem. Até mesmo animais silvestres que têm tido um contato marginal com seres humanos tornam-se mais tranqüilos, meigos e até colaboradores, tais como os jacarés ou catitus, nas fazendas do Centro-Oeste, ou os golfinhos pescadores, nas praias catarinenses.

Certa vez, assisti comovido a um caso que aconteceu no zoológico da Inglaterra: foi quando uma criancinha caiu da balaustrada, indo parar direto na área dos gorilas. O curioso foi ver um dos gorilas, talvez o chefe, impedir os outros de sua espécie de se aproximarem do menino, que jazia inconsciente. Caso por caso, o gorila foi mais humano do que aqueles da espécie homo sapiens, que proclamando serem “defensores dos direitos dos animais”, na Alemanha, propunham sacrificar um ursinho de três meses, batizado de Knut, somente porque a mamãe ursa o havia rejeitado (alegavam que, na natureza, o ursinho morreria, e que isto deveria ser emulado também no cativeiro...).
Se é a missão bíblica do homem trabalhar na obra divina, ou, num discurso mais apropriado aos ateus, se o homem é o ser racional e consciente, porque ele mesmo não deve ser a medida das coisas, pacificando os animais, transformando os desertos em campos verdejantes e purificando os ambientes insalubres e pestilentos?

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