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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cortando o Marx pela Raiz


Por Klauber Cristofen Pires

As teorias econômicas de Karl Marx já haviam sido refutadas em sua própria época, de tal modo que, após ter publicado o primeiro volume de “O Capital”, Marx se entrega, aos 49 anos, na plenitude de sua atividade idealista, ao mais absoluto anacorismo intelectual (os volumes seguintes foram publicados por Engels após a morte do amigo, quase trinta anos depois). Quanto a isto, interessante relembrar esta passagem de Ludwig von Mises, em sua obra-prima “Ação Humana”:

(...) Há quem sustente que Marx não entregou aos seus editores o manuscrito original, por ter visto demonstrada a invalidez da célebre teoria da mais-valia; por ter percebido que era indefensável a tese do salário vitalmente necessário, assim como o dogma fundamental do progressivo empobrecimento das massas no regime de mercado (2 ed, p. 80.)

Em pleno século XXI, quando o mundo todo já conheceu empiricamente as catástrofes humanas que resultaram da aplicação de seus princípios, não deveria fazer mais sentido comentar sobre a inconsistência das idéias do pustulento barbudo alemão. Como enfatiza o filósofo Olavo de Carvalho, hoje em dia o movimento revolucionário internacional almeja tão somente o poder político e dir-se-ia, espiritual ou psicológico, para com ele dominar as sociedades.

A estatização generalizada da economia é passível de não mais se repetir na história (na verdade, nunca existiu em sua completude, mesmo na União Soviética), embora tenhamos presenciado no Brasil uma progressiva participação direta do estado no refino de petróleo e na produção de seus derivados, bem como na siderurgia, sem contar que andam aventando também a estatização da exploração petrolífera na camada do pré-sal e da telefonia interurbana. Ainda assim, o que parece mais crível é que, em termos gerais, o estado almeje a obtenção de recursos via aumento da carga tributária, reservando-se o direito de intervir na operação das empresas quando lhe bem convier (tendo-se como fato que já não há quase mais nenhum aspecto de conveniência e oportunidade que reste aos empresários).

Não obstante, são justamente estes fundamentos que ainda são servidos nas escolas e faculdades, e são sobre eles que toda a ideologia de esquerda ainda se constrói no Brasil. A obra de Raymond Aron, “As Etapas do Pensamento Sociológico” (tradução de Sérgio Bath, 5ª ed. – São Paulo, Martins Fontes, 1999), que tem servido como um dos clássicos nas aulas de sociologia, apresenta diversas objeções ao pensamento de Karl Marx, todavia, sempre em termos históricos ou filosóficos, de tal modo que, de certa forma, salva-se praticamente intocada a teoria da exploração pela mais-valia e a idéia da superestrutura ideológica, a que os burgueses utilizam para sobrepujar os oprimidos e legitimar o regime capitalista.

Cumpre, então, demonstrar, sob uma forma simplificada e de fácil assimilação para os leigos em economia, as objeções de natureza econômica, tal como fundadas pelos pensadores Jevons e Menger, com a teoria subjetivista do valor, mais tarde aperfeiçoadas por Ludwig von Mises e que deram origem à Escola Austríaca de Economia.

Indagava Marx qual seria a origem do lucro, uma vez que nas trocas (diretas) há igualdade de valores. Marx entendia que as trocas diretas (escambo), em que as pessoas trocavam coisas não-úteis por coisas úteis, não ensejavam a oportunidade para lucro e acumulação de riquezas. Conforme Aron: “Como é possível adquirir pela troca o que não se possuía, ou, quando menos, ter mais do que o que se tinha no ponto de partida?” (obra citada, p.140).

Paralelamente, o ideólogo das revoluções tinha em mente que o valor agregado a um produto originava-se na quantidade do trabalho aplicada aos materiais. Assim, por exemplo, o valor de um lápis traduziria um repasse de um custo constante da madeira e grafite, adicionado ao trabalho necessário para transformá-lo num bem de uso. Com as duas premissas superpostas, não haveria outra solução senão a de aceitar que o lucro resulta da exploração da mão-de-obra, por ele cunhado de “mais-valia”.

Entretanto, ainda que admitida a conclusão supracitada, a lógica não é um método destinado a comprovar a veracidade das premissas, e este é o trabalho a que nos daremos aqui; conseqüentemente, refutadas as bases para o fundamento da mais-valia, desmorona-se todo o edifício da doutrina marxista.

Dizia Marx, como vimos, que as trocas se davam entre bens de igual valor. Diante do problema, convém analisar a natureza da troca. Em que consiste? Ora, a troca nada mais é do que uma espécie da categoria “ação humana” como bem definido por Ludwig von Mises, em sua obra homônima. A ação humana, por sua vez, pode ser definida como o comportamento consciente e propositado do homem que visa a transferi-lo de uma situação de maior desconforto para outra posterior, de menor desconforto. Em um mundo onde tudo fosse dado e todas as coisas perfeitas, o homem não agiria, mas viveria, por assim, dizer, como um vegetal.

Conseqüentemente, se a ação visa a uma melhoria do bem-estar daquele que age, e se a troca é uma espécie de ação humana, então, necessariamente, uma troca não deve envolver bens de igual valor, o que nos leva a concluir que a natureza da troca não é a igualdade, mas sim a desigualdade do valor atribuído às coisas; ora, se troco maçãs por pêras, forçoso é que, para mim, as pêras são mais valiosas. Não existe um estado intermediário entre a não-troca e a troca. Por outro lado, se as maçãs me valessem tanto quanto as pêras, não haveria interesse de minha parte e seguiria com as minhas maçãs.

Demonstrada a natureza de desigualdade na relação da troca, que na verdade, trata-se de uma mútua desigualdade (tanto quanto as pêras são mais valiosas para mim, as maçãs são mais valiosas para o meu interlocutor), resta agora analisarmos o valor, e a partir destes dois conceitos reformulados, explicar como o mecanismo de troca pode levar ao enriquecimento de ambas as partes, isto é, como podem ensejar a acumulação de riquezas, e para tanto recorremos a Mises: “Valor é a importância que o agente homem atribui aos seus objetivos finais. (...) Valor não é algo intrínseco à natureza das coisas. Só existe em nós; é a maneira pela qual o homem reage às condições de seu meio ambiente” (Ação Humana, p.98).

Como há de se entender, o valor é a importância que o consumidor há de atribuir a algum produto. O valor, portanto, parte do bem de consumo (a critério do consumidor) para a linha de produção, e não vice-versa. Um exemplo muito claro pode ser dado com os telefones celulares. Ora, praticamente não há diferença entre a quantidade de horas trabalhadas num modelo mais antigo há seis meses atrás e hoje; todavia, em face da existência dos modelos mais novos, os lançamentos, os modelos antigos somente conseguirão sair das prateleiras por preços mais módicos. Em vários casos, estes modelos alcançam a obsolescência, e então nada pode ser cobrado por eles. Valem mais como sucata.

Agora, as teorias das vantagens absolutas e relativas, respectivamente da parte de Adam Smith e David Ricardo, explicam porque as trocas não significam a exploração de uma parte pela outra, mas sim uma ajuda mútua, que a ambos faz enriquecer.

A Teoria das Vantagens Absolutas pode ser explanada mediante o seguinte esquema: suponhamos que Fulano produza, em um determinado período, 300 maçãs e 500 pêras, considerando-se que aplica metade do seu tempo disponível para cada cultura. Enquanto isto, Ciclano produz, nas mesmas condições, 200 maçãs e 600 pêras. Assim, a produção de cada um é de 800 unidades de frutas, entre maçãs e pêras. Admitamos, porém, que eles decidam se especializar na cultura da fruta em que cada um se sai melhor: Fulano produzirá apenas maçãs, e Ciclano, somente pêras. Ao fim do período produtivo, Fulano terá produzido 600 maçãs, e Ciclano, 1200 pêras, e efetuadas as trocas, Fulano e Ciclano contarão então, cada um com 900 unidades de frutas, o que significa que ambos enriqueceram em 100 frutas cada um.

Mais Tarde, Ricardo aperfeiçoou a teoria de Smith, e por meio da Teoria das Vantagens Relativas logrou demonstrar que também ambos enriqueceriam juntos, mesmo que Fulano fosse melhor do que Ciclano em todos os aspectos. Tido que Fulano produzisse 400 maçãs e 500 pêras, enquanto Ciclano, 300 maçãs e 300 pêras, ainda assim a especialização seria mutuamente proveitosa, desde que Ciclano, mais destacado do que Ciclano em pêras do que em maçãs, produziria 1000 destas, enquanto seu parceiro produziria 600 maçãs. Como se vê, a produção anterior total, de 1500 unidades, passou a ser de 1600 unidades, que poderá ser compartilhada pelos parceiros, seja qual for a proporção com que decidam realizar as suas trocas.

Conforme demonstrado, a relação trabalhista não é fundada em exploração do trabalhador; antes, empregador e empregado compartilham a acumulação de riqueza, ainda que esta se dê em níveis desiguais, sem o que o assalariado simplesmente deixaria de aderir ao contrato de trabalho; outrossim, não é o trabalho passível de mensuração para fins do estabelecimento do valor das mercadorias, porque o valor é um dado individual e subjetivo - são os consumidores que definem o que deve ser produzido e em que quantidade, e o empreendedor é aquele que, antecipando-se às necessidades ou desejos dos consumidores, avalia a possibilidade e assume o risco de atendê-los, mediante a sua capacidade de prever os custos dos custos e vislumbrar algum lucro.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Da Baía do Sol para o Brasil



Por Klauber Cristofen Pires

A Baía do Sol é um pequeno lugarejo, fundado por pescadores, que se localiza na ilha fluvial do Mosqueiro, que por sua vez, é um famoso balneário, distrito de Belém. Com os anos, estabeleceu-se no local também um certo número de veranistas, geralmente moradores de Belém, entre os quais os meus sogros, há cerca de quarenta anos atrás, leva esta de gente que aos poucos foi trazendo aos moradores nativos algumas oportunidades adicionais de sobrevivência: podiam vender o pescado diretamente, a preço de varejo; foram-lhes oferecidos trabalhos como os de pedreiro, carpinteiro, jardineiro, caseiro, serviços domésticos e outros afins.

Nesta época de rica interação social, meus sogros levaram a filha da caseira, ainda criança, para com eles morar e estudar em Belém; com o tempo, porém, o estreitamento dos laços de ternura fez desta relação mais do que meramente uma ajuda, mas, propriamente, o estabelecimento de uma efetiva união paternal. Esta menina, hoje uma mulher feita, é considerada pela minha sogra com mais uma filha e pelas suas filhas naturais como, respectivamente, sua irmã (meu sogro havia falecido antes mesmo que eu viesse a conhecê-lo).

Pois bem, eis que, após este prefácio indispensável, chego ao alvo que este artigo intenta atingir: esta mulher tornou-se a primeira pessoa daquele lugar, e até onde eu sei, até o momento, a única, a conquistar um título de nível superior! Ainda mais, como que concorrendo sozinha, já alcançou mesmo a pós-graduação, enquanto os únicos títulos que suas conterrâneas têm conquistado (e conterrâneos também) têm sido o de mães solteiras férteis, analfabetas, e desempregadas...

Contando, pois, de lá para cá, são pelos menos trinta e sete anos (é pouco?!) que as mirabolantes propostas dos políticos de todas as tendências políticas que já existiram e/ou que ainda existem, e de todas as esferas de governo, perderam fragorosamente para uma velhinha pensionista do INSS! Aliás, o que estes políticos têm conseguido tem sido justamente o contrário: ao patrocinar o MST e seus sequazes, instalaram na comunidade o reino dos furtos, da preguiça para o trabalho a ponto de hoje eles não dominarem nenhum ofício ou arte, o alcoolismo e o consumo desenfreado de drogas, a devastação da ilha pelas queimadas e o conseqüentemente empobrecimento dos próprios nativos, já que, com tanta desordem e agressão ás suas casas, os veranistas têm vendido ou abandonado seus imóveis.

Eis, portanto, porque tenho exortado os meus leitores ao voto nulo! A minha sogra, uma pessoa idosa, com claras limitações, realizou, com seus parcos recursos financeiros e ilimitados recursos do amor e do comprometimento, muito mais por aquela comunidade do que toda esta gente boçal que hoje aparece na tv pedindo o seu voto!

Eu confio no ser humano! Uma das coisas que mais me impressionaram quando cheguei na região Norte foi constatar o expressivo número de pessoas que foram adotadas ou que adotam crianças; por adotar, eu me refiro a uma infinidade de relações, tendo sido o exemplo de minha sogra apenas um exemplo.

Porém, esta maravilhosa característica do povo nortista está se esvaindo, tornando-se a cada dia mais diáfana, pois entre as famílias jovens, dificilmente vejo esta tendência se repetir. O que direi a elas? Estão com a razão, pois, se hoje em dia tal fato ocorrer, não será surpresa que dois adultos irão para a cadeia! Afinal, tipificações penais não faltam: trabalho doméstico infantil, exploração de menores, maus-tratos, violência doméstica, cativeiro privado e assim por diante...daí não me ser nenhuma surpresa a quantidade notória de crianças perambulando pelas ruas.

Se esta menina tinha de prestar deveres domésticos? Claro que tinha, assim como todas as demais filhas da minha sogra, suas irmãs adotivas! Se ela tinha horário para chegar a casa? Igualmente! Se minha sogra limitava os seus namoros? Então eu não sei, que tinha de me despedir de minha futura esposa às nove da noite (!)?

Pois, foi à base de tanta “exploração” que ela se formou como engenheira agrônoma, não teve nenhum filho avulso, tem um emprego fixo e pode se dizer, enfim, independente, após todos os anos em que recebeu teto, roupas, educação, alimentação, médico, e sobre tudo, orientação e carinho.
Caro leitor, car leitora, os homens e as mulheres livres querem fazer o bem, e sempre o fazem, com muito mais eficiência e melhor aplicação dos recursos. Desde que o estado não nos impeça, tudo de bom temos a fazer por todos nós. Basta ver que, com suas escassas provisões, minha sogra, que não é “especialista” de nada, logrou conduzir uma alminha para a senda do bem, com um máximo de sucesso e eficiência. Do ponto de vista puramente econômico, cada centavo que aplicou em sua filha adotiva foi inteiramente para ela; pois, se botarmos cem reais na mão de qualquer político, quantos centavos chegarão às mãos de uma criança necessitada?
Precisamos votar nulo, para dizermos em uníssono: políticos, nenhum de vocês presta! Estamos cansados de suas retóricas vazias, de seus debates ensaiados! Vocês têm exigido cada vez mais impostos, mas hoje não há absolutamente nenhum serviço público que funcione! Mas esperem, que hoje vocês já não querem só o nosso dinheiro: não lhes bastassem nos confiscar praticamente a metade de tudo o que produzimos, vocês querem perverter nossos filhos nas escolas, mudar os nossos valores, fazer-nos instrumentos de vossos caprichos! Não, não querem só o nosso dinheiro! Querem também ter o direito de fazer suruba na rua (literalmente) e nos botar na cadeia se não os aplaudirmos! Estamos fartos de vocês!
Caro leitor, cara leitora, precisamos anular o voto para nos enxergarmos uns aos outros! Se você começar a aderir a este movimento, que não durará só estas eleições, mas as próximas que também se seguirão, virá que existem pessoas que pensam assim mesmo, como eu e você, e fará cair a máscara dos políticos que andam falando de boca cheia que se elegeram com tantos milhões de votos aqui e ali. Pois, que eles se elejam somente com um único voto – o deles próprios! Isto, na prática, não vai acontecer, mas vai forçar paulatinamente a uma mudança, no sentido de começarem a aparecer políticos que entendam que existe uma grande parte da população que hoje se encontra sem representação política. Aí talvez as coisas tendam am mudar para melhor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Lógica do Gafanhoto


Por Klauber Cristofen Pires
A notícia da doação pelo grupo Gerdau de uma quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) à campanha da candidata Luciana Genro, do PSOL, à prefeitura de Porto Alegre teria passado despercebida, não fosse um fingido teatro de, como se diz no popular, “cú doce”, por parte daqueles que sempre se refestelaram com o farto dinheiro de meta-capitalistas. Teatro infantil, como o do lobo que fala bem alto aos porquinhos, só parar a platéia mirim ouvir e entender: “-vou assoprar e assoprar, e vou derrubar a sua casa...!”.

O problema é que desta vez o fato não passou despercebido por gente que está atenta e tem denunciado tal sortilégio, como os filósofos Olavo de Carvalho, Heitor de Paola e uma centena de outros escritores e blogueiros espalhados pelo Brasil, e o resultado tem sido – antes tarde do que nunca! - o levantamento da polêmica sobre cidadãos que prosperaram no capitalismo e decidem ostensivamente apoiar advogados de doutrinas espúrias, aqueles que justamente prometem confiscar a propriedade privada e as liberdades civis.

Pois, sobre a recorrência histórica com que têm se valido os grandes assassinos em série, os democidas, de obter apoio financeiro de grandes magnatas do capitalismo mundial, resta somente aos cidadãos comuns unirem-se, isto é, enquanto lhes sobrar um pingo de consciência, coragem, e liberdade que ainda lhes reste, para defender a si mesmos, às suas mulheres e seus filhos, e às suadas conquistas materiais que lograram obter na vida.

A lógica que nutre as ações destes grandes empreendedores em procurarem se compor com quem sempre lhes jurou aniquilá-los, claro, não passa de uma demonstração cabal de fraqueza; afinal, o tempo de pensar que com isto obteriam privilégios já passou: hoje, se muito, procuram no máximo se livrar de um Ibama aqui, um Ministério do Trabalho ali, e assim tocar a vida.

Esta lógica, que aqui vou batizar “a lógica do gafanhoto”, funciona, sem dúvida, desde que, na pior das hipóteses, sabem que qualquer país há de aceitá-los, claro, com a fortuna que possuem. Todavia, por imitação, uma leva de indivíduos meramente ricos ou mesmo simplesmente de classe média vêm acalentando o mesmo sonho de picar a mula quando as coisas começarem a feder; a estes, porém, não sei se lhes concedo tão benevolente prognóstico: imagino que, quando hordas começarem a chegar de mala e cuia nos balcões de imigração de tais países, as portas lhes serão solenemente fechadas. Quem quiser se enganar, que o tente: como dizia um amigo meu, todo dia, pelo menos um otário decide tirar o pé da cama!

Se for possível convencer um destes quanto ao erro em que incorre, valho-me agora: todos nós proviemos de um bando de “pé-rapados”! Sim, isto mesmo: ninguém saiu da Europa ou do Japão enquanto estivesse lá gozando de boa situação, para ter de enfrentar aqui o mato, o calor, as cobras e as saúvas! Nossos avós, em muitos lugares, não passavam de criados e servos, em uma Europa que, já experimentando o seu outono liberal, voltava a se tornar crescentemente intervencionista!

Pois, foi assim que a Europa e o Japão se livraram dos seus incômodos desempregados. Nem isto, porém, foi suficiente para conter as duas maiores tragédias que o mundo já conheceu: as duas guerras mundiais. Felizes, portanto, os que vieram pairar nas nossas praias! Quem de nós, hoje, estaria vivo? Estaria vivo o Sr Gerdau? Teria pelo menos nascido?

Pois, para mim, não resta nenhuma ilusão quanto a procurar outra paragem. Minha terra é aqui! O que eu conquistei em vida pode ser pouco, mas é meu, e pretendo lutar por isto. Não quero ver meus filhos limpando banheiros no exterior e serem olhados de cima a baixo com desumano desprezo, muito menos tendo uma terra tão magnífica para vivermos!

Aonde prevalecer um país livre, ele o é por conta da iniciativa dos seus cidadãos. Aqueles que desafiaram as Cottons Laws e assim culminaram por inaugurar o crescimento da consciência da independência americana não foram os Gerdaus da vida, mas os colonos de classe média, que se lembravam dos horrores que seus pais e avós passaram debaixo do cetro inglês!

Pode parecer bizarro, mas entre correspondências que chegam ao Farol da Democracia Representativa, há até mesmo gente que, aos brados, conclama à valentia e à ação para...fugir do país! Outros ainda, malgrado serem pessoas que deveriam ter um mínimo de informação – estou falando de analistas, gerentes e diretores de instituições bancárias e de seguros - em plena consolidação da hegemonia comunista na América Latina, imaginam ainda que “não existe este negócio de comunismo...”, mesmo saltando aos olhos os inúmeros casos de estatização e desapropriações de empresas privadas em países como Venezuela, Equador, Guatemala e Bolívia, com conseqüentes prisões e cerceamentos de liberdades civis.
Portanto, mais uma vez venho apelar para os cidadãos de bem desta terra: não pensem que aqui não tem jeito! Não se sintam sozinhos! Olhe cada um para a casa do seu vizinho! Pois, não há de aí ver alguém que também está lutando para sobreviver e criar a sua família, debaixo de tantos impostos, de tantas proibições para os atos lícitos, ao mesmo tempo em que há tanta proteção e conivência com os bandidos?

Então, comecem a se articular! Percam só um pouquinho da timidez e comecem a se reunir aos sábados ou domingos com seus vizinhos, com seus colegas de trabalho, amigos e parentes. Quebrem o gelo! Tomem iniciativa!

Às mães, levem os livros estudantis dos seus filhos e comparem entre si: vejam que as aulas de ciências já não tratam mais de fatos naturais com aquelas interessantes experiências sobre o ar, a lei da gravidade ou magnetismo: só tratam de ecologia, educação sexual e toda sorte de discurso melífluo cuidadosamente elaborado para perverter os seus filhos. Não é preciso ser nenhum especialista para fazer esta constatação – qualquer pai ou mãe pode verificar, se se der um tempinho.

Aos pais, comparem suas contas de luz e de telefonia: vejam quanto se cobra de ICMS, e percebam que, se é cobrada uma taxa nominal de 30% (é a alíquota comum que vem sendo praticada pelos estados), na verdade, vocês estão pagando uma taxa real equivalente a 43%! Isto porque o ICMS, por uma manobra matemática pra lá de esperta, é cobrado “por dentro”, incorporando-se na própria fatura. Pois, quem, entre você e seus amigos, concorda espontaneamente em pagar mais de 45% de imposto (há ainda outros impostos e taxas)?

Ainda aos pais, constatem se, a par de serem proibidos de portar armas para a auto-defesa, a criminalidade vem diminuindo. Assim é o que ocorre? Ou está aumentando? Constatem casos concretos havidos entre vocês e seus conhecidos. Ora, se cada um já foi ou conhece alguém que foi assaltado, o que vocês estão esperando para concluir que mais outros assaltos, e quiçá mortes, virão?

Comparem, todos, como virou uma rotina chata este negócio de propaganda eleitoral gratuita e debate na tv! Cada candidato vem e diz para o seu oponente: “- fulano, o que você fez pela educação?” ARGH! Então não são todos os candidatos os que fazem as mesmíssimas perguntas e respostas ensaiadas, todos eles para prometerem fazer mais o com o SEU dinheiro? Então, desde quando vocês acham que eles farão algo melhor com o dinheiro que é de vocês, do que o que vocês mesmos fariam por si? Pois dêem um basta nisso! Desliguem a porcaria da tv e se reúnam entre si!

Anulem seu voto, para mostrar a toda esta politicalha que vocês não querem mais ser as suas ovelhas! Não vai fazer a mínima falta! Garanto, pois o que democratas e petistas prometem são a mesmíssima coisa: “- vou construir um hospital aqui, vou abrir uma escola ali, vou colocar mais viaturas..blá...blá...blá...!”. Depois da eleição, o que virá senão mais impostos, mais cuecões, mais fiscais no seu negócio, menos liberdade pro que quer que seja?
Imprimam os artigos que são publicados no Farol da Democracia Representativa e em outros sites e blogs liberal-conservadores, e opinem entre si. Montem células de amigos em suas casas, clubes e até em suas empresas, e a partir do momento que forem crescendo, abram outras novas, para ajudar as novas que forem nascendo. Façam contato com os articulistas, e transmitam notícias de seus progressos. Mantenham o compromisso. Façam disso um evento social, com um churrasco ou algo assim. Não temos mais ninguém a não ser nós mesmos! Pois vamos mostrar o nosso valor!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um Olhar Triste

Por Klauber Cristofen Pires

Três fatos ocorridos nos últimos 5 e 7 de setembro (dia dos desfiles pela semana da pátria) remeteram-me, curiosamente, a uma famosa fotografia no tempo da Segunda Guerra Mundial: a de um cidadão parisiense, aparentando estar nos seus cinqüenta, a chorar perante o desfile das tropas nazistas invasoras. (esta foto está sendo exibida no meu blog). Foi uma imagem que espontaneamente aflorou-se-me à mente justamente quando eu estendia um olhar triste para o horizonte, tentando encontrar explicações ou alguma solução para os eventos deploráveis que marcaram as comemorações pela independência do Brasil.

Eis o primeiro acontecimento: as escolas de Belém desfilaram com uma bandeira cujo pavilhão era composto pelo logotipo do atual governo do estado do Pará! Tudo bem, eu sei que a ficha do leitor ainda não deve ter caído, então vou explicar de novo! As escolas paraenses, além das bandeiras do Brasil e do ESTADO do Pará, ombrearam também, ao lado destas, a bandeira que continha o LOGOTIPO POLÍTICO do atual governo do PT, da governadora Ana Júlia Carepa!

Na escola em que a minha filha desfilou, tal infâmia só foi evitada porque houve uma mãe diligente que impediu resolutamente que seu filho servisse de massa de manobra política. Até o momento, sobre isto nada vi nos jornais. Espero que o TSE e o Ministério Público tomem alguma medida, que é gravíssima, mas, sinceramente, duvido que isto ocorra: afinal, estão por demais ocupados a bisbilhotar o Orkut e blogs alheios!

Salvo, olhá lá, salvo notório engano, tenho que estes logos representam, por si só, uma ilegalidade, dado que é vedado aos agentes públicos fazerem propaganda pessoal ou partidária. Porém, por meio de um artifício, isto é, por uma brecha na interpretação da lei, diferentes governos estaduais e municipais os criam para se distinguir politicamente e assim identificar os seus feitos, fazendo uso de referências estéticas às respectivas bandeiras e escudos dos seus estados ou municípios. No caso do logo do atual governo do estado do Pará, este símbolo compõe-se de triângulos que lembram barcos a vela, tendo como slogan, logo abaixo, a espressão “Governo Popular”.

O segundo ocorrido: os alunos da escola estadual Augusto Meira, em pleno desfile, tiraram o uniforme e exibiram o luto em frente ao palanque das autoridades, em protesto por um estudante assassinado na porta daquele colégio alguns dias antes. Não, mas espere mais: logo ao fim dos desfiles, estudantes de três escolas estaduais, a Visconde de Souza Franco, a Dom Pedro II e a Lauro Sodré protagonizaram um apocalíptico estado da arte da selvageria, envolvendo-se em uma briga campal, para pavor dos demais cidadãos, e isto não obstante a presença de um expressivo aparato policial.

Enfim, o último dos acontecimentos, o tiro de misericórdia, foi o tal do grito dos excluídos, que, pela sua assiduidade, dispensa comentários.

Que, pois, dizer, diante de tão dantesco cenário? Que esperança depositar na ordem, nas instituições e na nação em que vivemos? Que esperança atribuir ao Brasil? Diante de tanta insistência em politizar tudo, o civismo sucumbiu. A conspurcação já havia começado quando inventaram de comemorar uma porcaria de coisa que ninguém sabe o que é e que leva o nome de “dia da raça” (não, não vou escrever isto com maiúsculas!), pois na minha infância e juventude sempre desfilei pela pátria, e só por ela.

Ao invés de ensinarem às crianças a amar o seu país, a ter a união dos que moram aqui como a coisa mais importante, acima de quaisquer diferenças transitórias, os professores marxistas incutiram e incutiram e incutiram em suas cabeças que o dia da nação era uma farsa, que o Brasil não era um país independente, mas colonizado pelos impérios dos países desenvlvidos e toda aquela conversa fiada e ridícula. Eis, pois, o que eles têm por independência! Eis o que têm por civilidade! Eis o seu conceito de cidadania!

Velhacaria total! Autoridades que não se dão ao respeito! Professores que não se dão ao respeito! Alunos que não se dão ao respeito! Acabou tudo! Anomia total! Pois, que se regozijem com seu espetáculo de horrores! Eu e minha família não participaremos de mais nenhum 5 ou 7 de setembro!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Antes Voto Nulo do que Pasteurizado!

Por Klauber Cristofen Pires


No último fim de semana recebi um panfleto da candidata dos Democratas à prefeitura da minha cidade. No teor do documento, nada de novo, apenas o mesmo blá-blá-blá que caracterizam os candidatos de todos os partidos, sem exceção. Pensando bem, vi coisa pior: a candidata pretende apoiar a “educação inclusiva”, isto é, aquele programa do atual Ministério da Educação e Cultura, do PT, que pretende extinguir entidades como as APAE e a Fundação Pestalozzi, para colocar na sala de aula das escolas comuns (obrigatoriamente) as crianças com síndrome de Down!

Em alguma das eleições passadas, pasme o leitor, um candidato dos Democratas encheu-se de eloqüência para afirmar que o Orçamento Participativo, aquele programa do PT que pretende usurpar os poderes-deveres das câmaras de vereadores, era uma farsa! Puxa, até que animei e colei no sofá! Porém, pensando que ele fosse discursar sobre a inconstitucionalidade e ilegalidade do teatro armado por militantes convocados que se fazem passar por uma assembléia plural de cidadãos comuns de diversas tendências para pretensamente “deliberar” o que já fora de antemão decidido pelo partido, o que ocorreu foi que ele denunciou que o Orçamento Participativo só incluía 1% do orçamento do município, e que, na sua gestão, caso fosse eleito, subiria para 3% (estas percentagens trago da lembrança, não são exatas, mas as proporções seriam aproximadamente tal como as coloquei).

Os Democratas realmente não têm jeito! Como querem os Democratas se oferecer como uma oposição, se oferecem aos eleitores os programas dos seus adversários, e se expressam segundo os seus conceitos? Ora, quem o eleitor há de escolher, entre o produto original e a imitação?

Pois, doravante o meu voto será o recado para os Democratas e vá lá, para o PSDB também (embora estes pra mim sejam mais o PT de gravata! E gravata borboleta!): vou anular o meu voto!

Tenho que todas as pessoas que não se sentem representadas deveriam anular o seu voto. Quem sabe, assim, os Democratas passarão a enxergar o seu eleitorado? Não, não venham me dizer que já existe o voto em branco. O voto em branco significa: “qualquer um de vocês serve”, e não é isto o que desejo expressar nas urnas. O que eu quero afirmar na hora de exercer o meu direito de sufrágio é “nenhum de vocês serve”. Isto, só o voto nulo pode prover. Curiosamente, em nosso simulacro de democracia, não existe tal tecla.

O voto nulo, contrariamente ao que apregoa a Justiça Eleitoral e a massa dos formadores de opinião, tem muito com o que contribuir para o fortalecimento da democracia. Em primeiro lugar, ele acusa justamente uma população de eleitores que não se sentem representados por nenhum dos partidos políticos existentes e em seguida, recomenda aos novos mandatários colocarem as “barbas de molho” – imaginem um governador que tenha sido eleito apenas com uma percentagem ligeiramente superior ao voto nulo dos descontentes – tal informação seria essencial para as oposições e para ele mesmo, quanto à contenção de ímpetos radicalmente reformistas, por exemplo.

O fato de que significativas populações em diversas regiões encontrem-se ao desamparo de representatividade política decorre de nosso sistema eleitoral, que consagra aos vencedores dos cargos executivos uma absoluta hegemonia sobre as minorias vencidas. Além disso, a falta do voto distrital e o desrespeito ao princípio do “one man, one vote”, substituídos por um peculiar, intrincado e discutível sistema de voto proporcional, confere aos eleitos para as casas parlamentares uma completa independência sobre os eleitores, já que estes não podem cassá-lo por meio do impeachment, nem sequer interromper-lhe o patrocínio, já que doravante ele passará a viver de verbas federais.

Todo este esquema eleitoral termina, pois, com a “pasteurização” dos grupos humanos eventualmente minoritários. “Pasteurização” é uma técnica inventada por Louis Pasteur, que consiste em aquecer o alimento a uma determinada temperatura e em seguida encerrá-lo hermeticamente em alguma embalagem, para evitar a nova entrada de microorganismos. Em jargão leigo, porém, há uma relação obtida pelo fato de o leite pasteurizado ser produzido a partir da mistura do produto fornecido por vários pecuaristas, sendo colocado em panelões comuns, donde irá sair um produto com sabor a aparência homogênea – uma alusão, portanto, à perda de identidade.
Portanto, para todas as pessoas que desejam educar seus filhos segundo as suas convicções morais, religiosas e políticas; para os pais que desejam educar seus filhos em casa, sem serem obrigados por lei a enviá-los para alguma escola cuja grade seja estipulada pelo governo; para todas as pessoas que desejam pagar menos impostos; para todas as pessoas que desejam mais liberdade para trabalhar, negociar e exercer alguma atividade profissional; para aqueles que defendem a liberdade de expressão, sem as superposição de limitações legais que, pretendendo anunciarem-se como exceções, passem a constituir a regra; para todos aqueles que desejam um estado menor, mais barato e eficiente; e sobretudo para aqueles que desejam um estado que pare de tanto se intrometer na esfera privada e íntima do cidadão, bem como querer ditar a moral e os bons costumes; para todas estas pessoas, eu as exorto a anularem o voto nas próximas eleições, e nas seguintes também, até que os Democratas ou outro partido a nascer nos enxerguem e acordem para as nossas reivindicações.