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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sociólogos e Sociólogros

Por Klauber Cristofen Pires
(Clique no título para ler na íntegra)
Para alunos de 2º grau ou acadêmicos jovens, a maioria de formação deficiente, Lakatos introduz com relativa facilidade suas idéias políticas pessoais como o pretenso resultado de um sério e isento estudo sociológico. Isto também aconteceu devido a um prolongado cochilo por parte de quem sabia das incorreções e nada fez para acusá-las. Todavia, pouco a pouco, este tempo está mudando, e já é hora de separarmos aqueles que fazem da Sociologia uma disciplina séria (se isto for possível) dos “sociólogros”, militantes que se aproveitam da mente aberta dos jovens como oficina para seus trabalhos de doutrinação ideológica.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sobre a Democracia, o Direito Natural e a Igualdade de Oportunidades

Por Klauber Cristofen Pires
(Clique no título para ler na íntegra)

Atribuir ao Direito Natural a sua prevalência sobre o Direito Positivo por ter origem divina ou decorrente da natureza humana pode antes mistificar do que explicar, e pior, pode abrir as portas para a inserção de postulações que se pretendam naturais sem o devidamente ser. O Direito Natural não é o que andam a chamar de “Direito achado nas ruas...”.

Tragam este Cara para o Brasil Urgente!!!

Por Mike de Castro
(Extríado do blog Pela Legítima Defesa)
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Criminosos têm de ser punidos pelos crimes que cometeram e não serem tratados a pão-de-ló, tendo do bom e melhor, até serem soltos pra voltar a cometer os mesmos crimes e voltar para a vida na prisão, cheia de regalias e reivindicações.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sangue Negro

Por Nivaldo Cordeiro
(Clique no título para ler na íntegra)
Há obras de arte proféticas e mais o são quando não foram pensadas para isso. Refiro-me ao filme SANGUE NEGRO, dirigido por Paul Thomas Anderson (autor do roteiro), cujo título em inglês é muito apropriado (“There will be blood”), mas o título em português ficou mais sintético e poético, refletindo bem o que é o filme.(...)

domingo, 9 de novembro de 2008

REFLEXÕES NO ALTO DO BANQUINHO

Por Percival Puggina
(Clique no título para ter acesso ao texto na íntegra)
"De todas as tiranias, aquelas exercidas para o bem de suas vítimas acabam sendo as mais opressivas", ensina-nos o novelista irlandês Clive Staple Lewis. Saiba, leitor: pode haver democracia sem Federação. No entanto, havendo Federação, tornar ridícula a autonomia dos seus membros é acabar com a democracia. É chutar o banquinho.

JAULAS EDUCACIONAIS X DOMADORES DOCENTES (2008)

Por FERNANDO BEVILACQUA
(Clique no título para ter acesso ao artigo na íntegra)
Este princípio de grupo, de massa, foi, e ainda é aplicado em avaliações do aprendizado, quando o conceito (antes era nota) é aferido à luz de um “trabalho de grupo”, grupo que muita vez é composto por “um presente, um ausente e outro doente”.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

BREVE NOTA SOBRE A ELEIÇÃO NO RIO DE JANEIRO

Por Heitor de Paola,
(Clique no título para ler o texto na íntegra)

Não estava nos meus planos, como já disse, escrever sobre eleições no Brasil, onde as opções partidárias se resumem a uma arrumação aleatória de letras numa sopa de letrinhas. Em São Paulo ganhou a direita, mas quem leva é a esquerda, o comunista Serra! Que consegue munição para lutar contra o comunista Lula ou seu alter ego, a Dilma. Em Porto Alegre ganhou um candidato notoriamente esquerdista com os votos da direita. Pode? No Brasil pode! Em nenhum país do mundo isto seria sequer cogitado. Imagino um eleitor conservador inglês votando num cadidato trabalhista. Ou um democrata de Massachusets votando em Giuliani ou McCain.

sábado, 1 de novembro de 2008

Mais Mistério

Por Olavo de Carvalho
(Clique no título para ler o texto na íntegra)

Mais um mistério surge na vida do enigmático personagem. A certidão eletrônica publicada no site da sua campanha afirma que Obama nasceu em Honolulu, Havaí, em 4 de agosto de 1961 (...). Acontece que, naquela data, a mãe de Obama, Stanley Ann Dunham, estava estudando na Universidade do Estado de Washington e morando num apartamento em Capitol Hill, Seattle, a 2.680 milhas de Honolulu.

Impostor

Por Olavo de Carvalho
(Clique no título para ler o texto na íntegra)

Cinco equipes de pesquisadores acadêmicos, sem contato entre si, examinaram o seu livro de memórias, Dreams of My Father, e, usando métodos computadorizados de investigação de autoria, concluíram que não foi escrito por ele, mas sim por William Ayers, o terrorista com o qual Obama jurava não ter tido senão contatos raros, ocasionais e sem nenhuma importância.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Esta crise é mais um colapso gerado pelo capitalismo?


Por Lucas Mendes,


Conforme provocado, eu estava lendo os jornais de fim de semana, e constatei que todos os editoriais afirmam compulsivamente o clássico chavão: a crise é do capitalismo!


Na esteira disso, significa aquela história bem conhecida: o livre mercado é em si gerador compulsivo de surtos irracionais de crescimento, euforia, motivado pela ganância dos homens que conduz a uma situação insustentável que, para corrigi-la, somente a ação do bem-feitor desta humanidade egoísta: o nosso velho amigo Estado.


Surpreendentemente (nem tanto, confesso), é que TODOS, jornalistas, economistas, burocratas, artistas, jogadores de futebol, atrizes pornôs e por aí vai, repetem esta estória falacíssima. Porém, uma leitura, mesmo que rápida, nos escritos dos economistas austríacos, começando por Ludwig von Mises num de seus tratados de 1912 (veja, 1912!) verifica-se que a grande causa das crises econômicas como a de 1929 e esta que estamos vivendo é fruto não do liberalismo econômico, da ganância dos investidores, mas sim do intervencionismo estatal, ou seja, da ausência de liberalismo econômico.Explico: os economistas austríacos notaram que quando o governo injeta moeda em excesso na economia - e ele tem vários meios para fazer isto, seja imprimindo moeda papel, seja gastando mais que arrecada, seja baixando os juros a canetaço - ele estará emitindo sinais para os agentes econômicos de que existe mais poupança para investimento do que a realmente existente (existe uma lei econômica que revela que sem poupança não existe investimento). Portanto, estas intervenções estatais têm um poderoso poder de decidir os rumos da economia. Basta os burocratas usarem a máquina. O problema é que estas medidas artificiais de impulsionar o crescimento trazem consigo um custo altíssimo. Injetar moeda na economia é como dar álcool para o alcoólatra. No início gera euforia; se insistir, resultará numa cirrose hepática, para dizer o mínimo.


É o que o ocorre quando o governo injeta moeda no sistema econômico. No início, mais pessoas têm acesso ao crédito, o dinheiro fica barato, projetos de investimentos que antes da política artificial eram inviáveis, agora se tornam viáveis. O cálculo econômico utilizado pelos investidores sinaliza que os planos de investimentos em unidades de produção devem ser levados a cabo. Todos correm em busca de crédito, pois ele existe e está barato, e inicia-se uma fase de expansão. Mais empregos, consumo e riqueza são gerados. O problema, é que se o governo levar adiante esta medida, em breve haverá um impulso inflacionário. E aí se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Se o governo insistir na expansão monetária, a moeda começa a perder seu valor, e os agentes começam a "ver" que os preços estão subindo a cada dia. Aumenta a incerteza, vem o pânico. Em suma, dar mais álcool ao bêbado, levá-lo-á ao coma ou a morte. Então, o governo se vê obrigado a aumentar os juros, a adotar políticas restritivas. E o que, na prática, isto representa? Aumento dos juros, menos gasto público, menos tinta na impressora da casa da moeda. Estas medidas, por seu lado, simplesmente anunciam aos investidores que seus projetos anteriormente iniciados se revelaram inviáveis, que simplesmente não são mais lucrativos. Começa um período de demissões e quebradeira. A expansão inicial se transforma em crise e depressão.


É isto o que ocorreu em 1929 e é precisamente isto o que está ocorrendo agora. Nada de crise do capitalismo ou das "forças irracionais do mercado". É a mais estrita crise das forças irracionais do Estado intervencionista. De novo e sempre!


Dizer que os economistas foram incapazes de prever mais esta crise, como todos alardeiam por aí, é ignorância e prepotência de classe. Os economistas austríacos, para quem acompanha os site http://www.mises.org/, vem insistentemente, ao longo dos últimos tempos, anunciando que o artificialismo gerado pelo FED desde 2003 estava com os dias contados. Que a crise em breve viria. Mas quem dá ouvidos à economistas que defendem o Estado mínimo; que exigem a ausência total dos tentáculos do Estado operando no sistema econômico? Imagina quantos poderosos encastelados nos governos e na ONU estariam desempregados se dessem ouvidos aos economistas austríacos!


Por fim, vejam que interessante e elucidativo este esquema aqui: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=168E, se tiver um interesse geral, este guia da crise é muito revelador: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=162


Até meses atrás só quem lia inglês tinha acesso a estes textos. Graças ao esforço de alguns guerreiros, agora, nós brasileiros, estamos tendo acesso a eles via o site do Mises Brasil. Mas, mesmo assim, é imperdoável ver "especialistas" dizer que ninguém previu a crise, ou o que é ainda pior: que a crise é do liberalismo econômico ganancioso. Bela empulhação.


O que propõem os austríacos para solucionar a crise?


Depois dessa crise gerada pelo intervencionismo estatal no sistema econômico e da ilustrada explicação fornecida pelos economistas associados à escola austríaca de economia, convém questionar quais as soluções - se é que existem - que os "austríacos" fornecem para debelar tal crise e recolocar a economia nos trilhos do crescimento econômico sustentável [1].


Sim, os austríacos não apenas parecem fornecer a mais sólida e reveladora explicação das crises econômicas como a que ora vivemos, mas também propõem soluções. A solução austríaca, como é de se intuir, passa ao largo das soluções que estão sendo sinalizadas mundo a fora, a saber, a criação de pacotes econômicos de ajuda financeira às instituições falidas ou à beira de falir. Ou seja, os austríacos mantêm-se distante de tentar curar o alcoólatra moribundo com ainda mais cachaça.


Via de regra, entendem que a crise deve ser solucionada com políticas econômicas restritivas, não porque tratam-se de um mecanismo de ação estatal em si, mas porquê elas são as únicas saídas para reordenar a economia e colocá-la de volta no lugar de onde nunca deveria ter saído: nos trilhos da realidade econômica. Medidas como a) reposicionar os juros, isto é, elevá-los à níveis condizentes com a disponibilidade real de poupança, b) cortar os gastos públicos, c) não imprimir moeda-papel, devem ser adotadas pelos governos a fim de evitar o colapso do sistema.


Certamente, estas medidas terão um custo, com maior desemprego, falência de certas indústrias etc. Mas este remédio amargo é inevitável e necessário para colocar a economia de volta nos trilhos. Vencida a crise e restabelecida a normalidade do mercado, os austríacos ainda têm mais proposições a fazer, e não são poucas. De fato, entra-se aí numa discussão interna, pois alguns contemporâneos, por exemplo, defendem uma atuação estatal bastante tímida, diria passiva, deixando o mercado o mais livre possível, evitando distorcer a sua estrutura. Outros, porém, como Mises e Rothbard, argumentam a favor da extinção total de todos os BCs e de toda e qualquer intervenção do Estado, inclusive no âmbito tributário, por entenderem que tais intervenções apenas e somente agravam a economia. Neste caso, sugerem a volta do padrão ouro, o sistema monetário genuinamente de mercado, ou, então, como originalmente Hayek propôs, defendem que os bancos, em regime de concorrência, emitam a sua própria moeda, e os agentes econômicos escolheriam livremente qual moeda utilizar em suas transações. Hayek pretende combater o monopólio do Estado em emitir moeda, pois considerava que o monopólio na oferta de moeda não tem incentivos para permanecer previdente, sendo o grande causador das graves crises econômicas.


Mas, para encerrar, e apesar destas contendas que valem a pena serem melhor analisadas, uma coisa é certa: os austríacos são ardorosos defensores da menor intervenção possível do Estado na atividade econômica. Estão convictos que deixar o Estado afastado da economia é como deixar a bebida longe do ex-alcoólatra.

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Lucas Mendes tem 27 anos, é formado em Economia com MBA em Gestão Empreendedora em Negócios e atualmente faz Mestrado em Filosofia Política na UFSM. É o dono do famoso blog Austríaco.


[1] Uso o termo "sustentável" no sentido de crescimento econômico persistente, sem graves distúrbios como o atual. Portanto, nada a ver com o modal termo usado na discussão de cunho ambiental.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Lei Seca: E Quanto às Vítimas? Nada!

Por Klauber Cristofen Pires

Em certa ocasião, assistia a um telejornal, de onde obtive uma notícia bastante ilustrativa dos dias em que vivemos. A reportagem não trazia nada de exorbitante, qual seja, a de um acidente entre dois veículos que foi provocado por um motorista bêbado, a não ser por um detalhe que a muitos deve ter passado despercebido: a vítima, um homem simples, cujo carro era usado e comprado à custa do sacrifício de anos de poupança, receava não receber a devida indenização...

Tenho que os repórteres quase chegaram ao cerne da questão que pretendo tratar aqui, mas, infelizmente, mais uma vez, passaram perto do tesouro, e seguiram sem se dar conta. Depois da promulgação da chamada Lei Seca, toda a atenção da mídia passou a se voltar às estatísticas dos sinistros; abundam as tomadas em que aparecem sujeitos “trêbados” como se eles nunca antes estivessem perambulando por aí nas ruas e estradas antes da entrada em vigor da nova lei.

Estou a questionar, se o leitor ainda não percebeu, o fato de a lei em comento ter simplesmente olvidado àqueles a quem qualquer ato normativo, por princípio, deveria ser endereçado: às vítimas! Sintoma claro de que o Estado já se enxerga como um fim em si. Ora, para que motivo se legislaria sobre o trânsito, se a rigor não for para o bem e a segurança das vítimas? Todavia, por acaso há algum artigo, inciso ou alínea que tenha contemplado uma só garantia para elas? Nada! O coitado do homem que teve o seu carro batido, na reportagem a que assisti, que procure o bispo, ou trabalhe mais três anos para consertar o seu ou trocá-lo!

Toda a lei foi redigida para atender somente a interesses do Estado, sendo a expectativa de proteção aos cidadãos meramente incidental ou até mesmo puramente abstrata e fictícia. Pra começar, uma gorda multa de mais de novecentos reais para quem quer que tenha pelo menos ingerido um licor depois de um almoço, ou quiçá, um bombom com recheio de rum (Deve resultar em uma boa fonte de receita, não?). Multa, confisco da carteira, retenção do veículo, prisão...mas, sobre as vítimas, o quê? Poderiam, por exemplo, estabelecer uma multa reversível diretamente pra elas, como uma forma provisória de indenização, ou estabelecer privilégios processuais mínimos que pudessem garantir-lhes os reparos físicos, psicológicos e patrimoniais com celeridade.

Quando alguém realiza uma importação qualquer, o estado logo garante a sua parte exigindo a permanência do bem em custódia ou emitindo um termo de responsabilidade auto-executável. Por quê nunca se pensou em algo assim para os atingidos por colisões? Respondo aqui: por desinteresse! Por desprezo!

O Estado legisla sempre com base em estatísticas, a técnica que sempre visa a resolver o problema de uma maioria e silenciar à força a minoria (embora quase nunca logre os efeitos que pretende alcançar). É desta forma que o Estado se permite fechar bares, desde que com base em números demonstra que assim os crimes diminuem, ainda que a grossa maioria da população que os freqüenta seja ordeira e só deseje se divertir; ou que proíbe o fumo ou persegue fumantes, desde que com isto alegue gastar menos com o sistema público de saúde, ainda que muitos se utilizem de planos de saúde privados ou médicos particulares; ou que, para aproveitar que estamos a falar sobre trânsito, estipula a obrigação do uso do cinto de segurança, mandando às favas as pessoas que conseguem sobreviver a acidentes justamente por não o terem utilizado!

Um outro caso bem característico foi o protagonizado pelo então ministro da saúde, José Serra. Com base em números, como se seres humanos fossem equações matemáticas, ele perseguia instituições de saúde para que os partos fossem realizados de forma natural. Agora imagine o leitor que um médico, pressionado por seus diretores, venha a propor a uma paciente que necessite do uso da cesariana para que ela opte pelo parto normal, mesmo correndo risco de vida, para atender assim à cota do mês! Quantas vezes isto não deve ter ocorrido, e justamente com as mulheres de condição mais humilde?

Os defensores da intervenção estatal que se escoram na teoria do crime de risco julgam que com base nela se evitam os malefícios causados por quem não sabe cuidar de sua liberdade com responsabilidade. Oras, mas a questão é justamente esta! Que responsabilidade? A que o próprio estado já havia subtraído a quem de direito?

Pois, em nosso estado, uma vítima paga pelos crimes de seu agressor pelo menos quatro vezes: em primeiro lugar, pelo que lhe foi roubado (que quase sempre nunca retorna integralmente); em segundo, para a busca e prisão do seu agressor; em terceiro, pelo seu julgamento, e por fim, para mantê-lo em uma prisão com direito a auxílio-reclusão para a família - dele (!) - e com direito a visitas íntimas!

Pois bem, todos estes custos, segundo a doutrina liberal, deveriam ser arcados pelo agressor! Se a sua busca e captura custou cinqüenta mil reais, que ele pague por isto trabalhando na cadeia, assim como também as custas judiciais, o retorno do butim, os reparos morais e psicológicos às vitimas, bem como os lucros cessantes caso existam, e até mesmo as suas refeições, a luz elétrica, e o colchão em que dorme. Um regime de liberdade só pode ser bem compreendido à luz da máxima responsabilidade.

A mídia anda alardeando uma diminuição de 20% sobre o número de acidentes, como se isto pudesse representar algum resultado aceitável. Oras, ainda restam 80% de pessoas que optaram por correr o risco, o que demonstra claramente que os indivíduos que se encontram nesta faixa absolutamente majoritária vislumbram a plena possibilidade de não terem de arcar com as conseqüências, ou que elas são relativamente brandas.

Enquanto isto, milhares ou milhões de brasileiros que bebem socialmente estão restringidos em sua liberdade, mesmo sem jamais um dia na vida terem sido causadores de colisões. Um casal trabalhador, pagador de impostos e respeitador das leis já não pode compartilhar uma taça de vinho em um restaurante, porque a multa de novecentos reais é absurdamente alta para eles (em relação ao passeio) ao mesmo tempo que é irrisória perto do conserto de um carro batido (só a substituição de uma lanterna quebrada pode vir a custar mais de quinhentos reais).

Como se vê, a Lei Seca, assim como tantas outras que servem de pretexto para o Estado se intrometer nas liberdades humanas, é insuportavelmente amarga e pesadamente custosa para as pessoas cumpridoras da lei e que detém suficiente juízo individual para decidirem se podem pegar ou não em um volante, ao mesmo tempo em que pouco disfarça a eterna opção preferencial pelos transgressores, tratando-os sempre com doce candura quando alivia os seus ombros para colocar os pesos sobre suas vítimas.

Imagine quem seria tolo o suficiente para pegar as chaves, mesmo em estado de embriaguez, se antevisse não como uma remota possibilidade, mas como uma conseqüência praticamente certa, a obrigatoriedade de pagar, e dentro de um prazo de tempo exíguo, por todos os custos em que incorresse no caso de um sinistro: o reparo do automóvel (pense num modelo de luxo) os custos hospitalares e psicológicos, e até mesmo uma pensão vitalícia se o arrimo da família viesse a morrer, pela mesma renda mensal que ele percebia antes de ser morto! Não seria um fortíssimo desestímulo?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Arrego! Não há uma Música que Preste!

Por Klauber Cristofen Pires


Música nunca foi o meu forte: sempre a encarei como uma coisa acessória a algum outro tipo de satisfação ou ocupação, tal como ouvi-la em algum bar ou restaurante ou no carro...raras são as vezes que paro somente para apreciá-la. Mesmo dirigindo, comumente permanece o rádio desligado. Na minha idade, começo a perceber o valor de alguns minutos diários de um relativo silêncio.

Todavia, de uma feita, em meio a um daqueles engarrafamentos típicos do Círio de Nazaré, só pra contrariar, decidi ligar o som do meu automóvel. A primeira estação tocava um purgantíssimo “tudo o que quer de mim....”, o que só fez me lembrar de meu amigo Luís Afonso Assumpção quando teve de passar por esta mesma tortura...em Portugal! Na segunda estação, havia dois sujeitos falando do lançamento de um cd de um Zé-ninguém que só será comprado pela sua mãe; na terceira, em um décimo de segundo, percebi instantaneamente a voz de Gilberto Gil e em um átimo, passei à estação seguinte (Ufa!); na quarta, era um fock-you, fock-you! de americanos reproduzindo umas onomatopéias como se quisessem sair do aparelho pra bater em mim (é isto o que chamam de hip-hop? Eu, hein...). Então prossegui, cambiando as freqüências pra tentar achar alguma coisa que me detivesse a escutá-la, mas em vão, em um processo que me causou tal ansiedade como se estivesse num daqueles filmes de terror onde os espíritos se apossam dos aparelhos para atormentar as suas vítimas, até que, aff, chega a Voz do Brasil, para me enterrar vivo!

Resultado? Desliguei a coisa mais inútil que existe no veículo, para voltar a apreciar aquele som gostosinho do gás refrigerante quando passa pela válvula expansora do circuito do ar condicionado...

Que tempos de mediocridade! Aliás, permita-se-me a correção: o tempo dos medíocres já passou, já que no dicionário, medíocre significa “mediano”; estamos, isto sim, em plena era da hegemonia das bestas! Uma era tal como nunca se pôde constatar arqueologicamente, desde que nunca qualquer povo que tenha deixado alguma marca para a posteridade teve demonstrada sua opção preferencial pelo pior, pelo mais feio, pelo mais chulo, pelo mais asqueroso.

Que sensação de tristeza me acometeu quando, em uma festa de crianças, observei meninas de dez a doze anos perfazendo coreografias abjetas em coro, com a patética complacência de seus respectivos pais! Como podem ser tão cretinos? O quê os leva a tal nível de passividade, a ponto de achar que aquela iniciação à suruba fosse algo plenamente normal, em meio a seus salgadinhos e refrigerantes?

Naquela noite, a melodia mais enlevante que ouvi foi uma que dizia que cada um tem de estar “no seu quadrado”, algo por sinal bastante emblemático para esta geração bitolada cuja maior aspiração na vida será conquistar um emprego público. Absolutamente contrastante, para um lapso de tempo tão irrisório como que de vinte ou trinta anos, com a minha infância e pré-adolescência, quando as festas eram animadas por LP’s tais como o da turma do balão mágico, com composições e intérpretes que exortavam as crianças a viajar para além de sua imaginação, como na própria música que intitula o disco, com a voz de Djavan, ou além da burocracia (“O Carimbador Maluco”, de Raul Seixas), ou a amarem o amiguinho feio (“É tão Lindo”, de Roberto Carlos), e outras mais, feitas por Vinícius, Toquinho e outros de condigno porte.

O mundo se embruteceu - eis o fato - e o Brasil voltou aos tempos da pedra lascada. Aquela imagem folclórica do homem das cavernas que conquistava a sua mulher batendo na cabeça dela com um pedaço de pau deixou de ser um mito pra se tornar a realidade mais ordinária, ou melhor se diga, o próprio padrão de comportamento.

Mesmo sem ser um expert musical, ouso dizer que a última composição original que me atingiu o coração foi “Love by Grace”, cantado por Lara Fabian, e isto já faz alguns anos. Depois disto, só o que tenho constatado é que passamos por um infindo deserto cultural: o melhor que se alcança são reedições de antigas composições e diabos(!), as mais das vezes nem para escolher as melhores ou pelo menos imitá-las com talento se consegue mais!
Como pode ter sido que todas as décadas passadas tivessem deixado seu legado de grande ídolos e hoje, mesmo juntando uma dúzia de nomes, não se faz um meio compositor? O que irá para a História? Será “A Grande Depressão Cultural”, quando, por um milagre qualquer, a humanidade recobrar a criatividade e as mais altivas aspirações, e recordar desta época como um destes holocaustos cuja memória só servirá para nos relembrar de que não deve se repeti-lo? Ou será “A Magnífica Revolução Cultural”, comemorada anualmente com shows em estádios bancados com verbas do Ministério da Educação, com as meninas do Faustão dançando por sobre boquinhas de garrafas?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Verdadeira Direita

Por Olavo de Carvalho

(vide site: http://www.olavodecarvalho.org/)

Se nas coisas que escrevo há algo que irrita os comunas até à demência, é o contraste entre o vigor das críticas que faço à sua ideologia e a brandura das propostas que lhe oponho: as da boa e velha democracia liberal. Eles se sentiriam reconfortados se em vez disso eu advogasse um autoritarismo de direita, a monarquia absoluta ou, melhor ainda, um totalitarismo nazifascista. Isso confirmaria a mentira sobre a qual construíram suas vidas: a mentira de que o contrário do socialismo é ditadura, é tirania, é nazifascismo.


Um socialista não apenas vive dessa mentira: vive de forçar os outros a desempenhar os papéis que a confirmam no teatrinho mental que, na cabeça dele, faz as vezes de realidade. Quando encontra um oponente, ele quer porque quer que seja um nazista. Se o cidadão responde: "Não, obrigado, prefiro a democracia liberal", ele entra em surto e grita: "Não pode! Não pode! Tem de ser nazista! Confesse! Confesse! Você é nazista! É!" Se, não desejando confessar um crime que não cometeu, muito menos fazê-lo só para agradar a um acusador, o sujeito insiste: "Lamento, amigo, não posso ser nazista. No mínimo, não posso sê-lo porque nazismo é socialismo", aí o socialista treme, range os dentes, baba, pula e exclama: "Estão vendo? Eis a prova! É nazista! É nazista!"

Recentemente, cem professores universitários, subsidiados por verbas públicas, edificaram toda uma empulhação dicionarizada só para impingir ao público a lorota de que quem não gosta do socialismo deles é nazista. Não se trata, porém, de pura vigarice intelectual. A coisa tem um sentido prático formidável. Ajuda a preparar futuras perseguições. Consagrado no linguajar corrente o falso conceito geral, bastará aplicá-lo a um caso singular para produzir um arremedo de prova judicial. Para condenar um acusado de nazismo, será preciso apenas demonstrar que ele era contra o socialismo. Hoje esse raciocínio já vale entre os esquerdistas. Quando dominarem o Estado, valerá nos tribunais. Valerá nos daqui como valeu nos de todos os regimes socialistas do mundo.

Intimidados por essa chantagem, muitos liberais sentem-se compelidos a moderar suas críticas ao socialismo. Mas isso é atirar-se na armadilha por medo de cair nela. Já digo por que.

Socialismo é a eliminação da dualidade de poder econômico e poder político que, nos países capitalistas, possibilita - embora não produza por si -- a subsistência da democracia e da liberdade. Se no capitalismo há desigualdade social, ela se torna incomparavelmente maior no socialismo, onde o grupo que detém o controle das riquezas é, sem mediações, o mesmo que comanda a polícia, o exército, a educação, a saúde pública e tudo o mais. No capitalismo pode-se lutar contra o poder econômico por meio do poder político e vice-versa (a oposição socialista não faz outra coisa). No socialismo, isso é inviável: não há fortuna, própria ou alheia, na qual o cidadão possa apoiar-se contra o governo, nem poder político ao qual recorrer contra o detentor de toda riqueza. O socialismo é totalitário não apenas na prática, mas na teoria: é a teoria do poder sintético, do poder total, da total escravização do homem pelo homem.

A formação de uma "nomenklatura" onipotente, com padrão de vida nababesco, montada em cima de multidões reduzidas ao trabalho escravo, não foi portanto um desvio ou deturpação da idéia socialista, mas o simples desenrolar lógico e inevitável das premissas que a definem. É preciso ser visceralmente desonesto para negar que há uma ligação essencial e indissolúvel entre elitismo ditatorial e estatização dos meios de produção.

O socialismo não é mau apenas historicamente, por seus crimes imensuráveis. É mau desde a raiz, é mau já no pretenso ideal de justiça em que diz inspirar-se, o qual, tão logo retirado da sua névoa verbal e expresso conceitualmente, revela ser a fórmula mesma da injustiça: tudo para uns, nada para os outros.

Porém, no próprio capitalismo, qualquer fusão parcial e temporária dos dois poderes já se torna um impedimento à democracia e ameaça desembocar no fascismo. Não há fascismo ou nazismo sem controle estatal da economia, portanto sem algo de intrinsecamente socialista. Não foi à toa que o regime de Hitler se denominou "socialismo nacional". Stalin chamava-o, com razão, "o navio quebra-gelo da revolução". Por isso os socialistas, sempre alardeando hostilidade, tiveram intensos namoros com fascistas e nazistas, como nos acordos secretos entre Hitler e Stalin de 1933 a 1941, na célebre aliança Prestes-Vargas etc. Já com o liberalismo nunca aceitaram acordo, o que prova que sabem muito bem distinguir entre o meio-amigo e o autêntico inimigo.

Por isso mesmo, é uma farsa monstruosa situar nazismo e fascismo na extrema-direita, subentendendo que a democracia liberal está no centro, mais próxima do socialismo. Ao contrário: o que há de mais radicalmente oposto ao socialismo é a democracia liberal. Esta é a única verdadeira direita. É mesmo a extrema direita: a única que assume o compromisso sagrado de jamais se acumpliciar com o socialismo.

Nazismo e fascismo não são extrema-direita, pela simples razão de que não são direita nenhuma: são o maldito centro, são o meio-caminho andado, são o abre-alas do sangrento carnaval socialista. Os judeus, perseguidos em épocas anteriores, podiam usar do poder econômico para defender-se ou fugir: o socialismo alemão, estatizando seus bens, expulsou-os desse último abrigo. Isso seria totalmente impossível no liberal-capitalismo. Só o socialismo cria os meios da opressão perfeita.


Não, a crítica radical ao socialismo não nos aproxima do nazifascismo. O que nos aproxima dele é uma crítica tímida, debilitada por atenuações e concessões. E essa, meus amigos, eu não farei nunca.

domingo, 26 de outubro de 2008

CASO ELOÁ - UMA TRAGÉDIA DE CONCEPÇÃO

Por Marcelo Lessa Bastos

Promotor de Justiça do Rio de Janeiro, mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Campos, doutorando pela Universidade Gama Filho, professor de Processo Penal da Faculdade de Direito de Campos (Centro Universitário Fluminense)
O trágico fim do seqüestro de Santo André/SP revela não um erro de conduta da polícia paulista no desenrolar da ocorrência; mas um erro de concepção na gestão deste tipo de crise.
É que dentro da estratégia utilizada para a gestão da crise – a de tentar preservar a vida do tomador de reféns (do seqüestrador) – a ação foi perfeita, tanto que ele saiu ileso, eis que só foi atingido com balas de borracha, mesmo após ter ferido as duas reféns e ter atirado contra os policiais que invadiram o apartamento. Invasão, esta, aliás, que, dentro desta maldita estratégia, era a última alternativa, visto que o propósito principal era negociar até o último instante, ainda que isto pudesse colocar, como efetivamente colocou, em risco a vida dos reféns, presas que eram de uma pessoa momentaneamente perturbada e, portanto, imprevisível. Por mais paradoxal que possa parecer, foi uma operação bem sucedida à luz da concepção na qual estava baseada – preservar a vida do seqüestrador. O problema é que o preço disto foi muito alto: uma refém morta e outra ferida no rosto.
Esta tragédia lembra uma outra, igualmente fruto da equivocada concepção de preservar a vida do tomador de reféns. Refiro-me ao episódio do seqüestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro.
Tanto em um, como em outro caso, a Polícia teve várias chances de matar o seqüestrador, em momentos de distração, em que o mesmo se colocou em linha de tiro (com uma dose de risco razoavelmente bem calculada em favor dos reféns), e simplesmente não quis. Neste caso de São Paulo ainda houve três noites, em que, evidentemente, em 100 horas de seqüestro, ele tem que ter dormido (nenhum ser humano agüentaria ficar acordado e atento tanto tempo!). Mas a Polícia, fiel à sua desgraçada concepção de gestão deste tipo de crise, não quis invadir, porque não era o objetivo matar o seqüestrador. Neste caso não foi nem a última opção, porque, como visto, ele saiu vivo, ileso, já que a invasão, postergada até o último momento, fora feita com balas de borracha. Ou seja: a Polícia deixou o desfecho do seqüestro ao bel talante do seqüestrador. E deu no que deu! Uma invasão tardia, meio que improvisada e, pior de tudo: inútil, absolutamente inútil!!
Volto ao paradoxo: apesar disto, a ação policial foi perfeita, dentro da estratégia em que foi concebida: o seqüestrador saiu ileso (no caso da tragédia do Rio, pelo menos, a ação policial não foi tão perfeita assim e o seqüestrador não chegou vivo ao hospital. Pelo menos isto! Convenhamos: este tipo de gente não pode sair viva de uma situação como esta! Não é pedagógico isto!).
Mas, pergunto: esta era a concepção correta de gestão deste tipo de crise? Preservar a vida do seqüestrador e arriscar a vida dos reféns é realmente o melhor a fazer? Parece-me óbvio ululante que não! Essas tragédias sinalizam para a urgente necessidade de mudança de concepção de gestão deste tipo de crise, como a seguir explico.
Não é possível que se assista mais, passivamente, à espera do seqüestrador se render, enquanto faz o que quer com seus reféns. É necessário que se mude urgentemente a concepção de gestão deste tipo de crise, que deve ser focada na invasão e na eliminação do seqüestrador. A negociação é até conveniente; mas desde que não seja a principal proposta de ação. A principal proposta de ação tem que ser a eliminação do seqüestrador, na primeira oportunidade que ele der para ser atingido, ou seja, na primeira vez em que ele aparecer na linha de tiro em condições de ser alvejado sem grande risco para os reféns. Digo sem grande risco porque risco para os reféns, de certa forma, sempre haverá. Mas é melhor correr o risco agindo com determinação, do que ficar assistindo passivamente as coisas se concretizarem, perdendo as melhores oportunidades de ação. Em resumo: deve ser aproveitada a primeira oportunidade que o seqüestrador der para ser eliminado sem oferecer maiores riscos para os reféns. Isto parece óbvio, não?!
O Estado – a Polícia, leia-se – tem que perder o pudor de matar o tomador de reféns numa situação como esta. Não interessa se é jovem, velho, rico, pobre, vingador, apaixonado. Nada disto interessa. O que realmente tem que interessar é a vida dos reféns, que não podem ficar à mercê de nenhum seqüestrador.
A negociação tem que ser encerrada à primeira oportunidade de eliminar o seqüestrador em segurança, do ponto de vista dos reféns, logicamente. Somente a vida dos reféns é que interessa; não a do seqüestrador, que foi quem se colocou voluntariamente nesta situação e, portanto, está agindo por sua conta e risco. Basta que ele ceda às negociações e se entregue, que terá sua vida poupada. Porém, enquanto resiste à negociação, está legitimando qualquer ação do Estado tendente a eliminar sua vida, para preservar a vida dos reféns.
Esta deve ser a concepção de ação policial em crises como esta, para que tragédias assim não se repitam nunca mais.
Para tanto, é necessário deixar a hipocrisia de lado. Hipocrisia de parte da sociedade, de parte da Imprensa, de muitas entidades pseudo-defensoras dos Direitos Humanos (que, como o próprio nome sugere, são de todos, e não apenas dos criminosos, como deixam transparecer muitas dessas entidades), e de muitos operadores do Direito também. Neste ponto o Coronel que comandou a operação da PM paulista tem razão: se o seqüestrador fosse logo morto, muitas vozes histéricas surgiriam para criticar a Polícia, penalizadas pela jovem vida que se foi (sem se dar conta de que foi tarde, foi dando motivos para tanto, foi para salvar outras vidas também jovens, que não tinham nada a ver com a paranóia dele. Eram jovens inocentes que não podiam ter pago a conta desta hipocrisia!).
O Estado não pode ter o pudor de matar tomador de reféns e cabe a todos nós apoiá-lo. E o primeiro apoio neste sentido deve vir do Ministério Público: cabe ao Promotor natural, aquele que irá apreciar a conduta dos agentes policiais envolvidos na operação, dar a eles a garantia de que eles sequer serão processados por cumprirem o seu dever e matarem o seqüestrador. Era o que eu faria, com muito prazer, aliás, e inenarrável dose de satisfação pessoal, caso fosse o Promotor natural num caso destes. Acho até que é disto que a Polícia precisa em situações assim: ser blindada, para que possa agir firmemente e fazer o que tem que ser feito, ainda que isto possa desagradar à parcela hipócrita a que me referi acima, a quem não se pode dar ouvidos, porque criticar é fácil, mas quem tem a responsabilidade de agir não pode se demitir desta responsabilidade com receio de qualquer tipo de crítica, quanto mais uma crítica histérica e hipócrita.
Não se trata de um simples ponto de vista, de uma simples postura ideológica; trata-se da mais superficial lição de Direito Penal relativa à excludente da ilicitude denominada "legítima defesa de terceiro". O Direito garante ao agente do Estado que matar o seqüestrador a plena licitude de sua conduta. Diria, aliás, que é um dever seu assim agir, para salvar a vida de inocentes que estejam subjugados pelo seqüestrador, vida dos quais, aliás, ele é agente garantidor.
Que se tire uma lição de mais este erro estratégico. Para que, da próxima vez, possamos comemorar a eliminação do seqüestrador...... Ao invés de chorar a morte do(s) seqüestrado(s)!

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM JUS NAVIGANDI - http://jus.uol.com.br/Elaborado em 10.2008.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Responsabilidade Social: Conheça esta Armadilha!



Por Klauber Cristofen Pires


Antes de começar a discorrer, necessito informar que nada tenho contra um indivíduo ou grupo de indivíduos que, em uma ação isolada ou organizada de forma permanente, pratiquem a caridade e a ajuda às pessoas necessitadas; isto porque a livre associação de pessoas para a conquista de quaisquer fins que não representem a agressão à vida, à liberdade e à propriedade de outrem é a própria essência do pensamento liberal.

A doutrina liberal tem no seu âmbito econômico apenas uma face da amplidão filosófica que abrange; na verdade, o que ela protege é o direito de cada ser humano de perseguir seus sonhos e sua felicidade, e entende que isto só pode ser possível se esta pessoa for livre e puder dispor de seus próprios recursos, adquiridos de forma originária ou contratual.

As coisas vistas dessa maneira adquirem cores totalmente novas em relação à arraigada idéia prevalecente hoje de que um empresário busca somente o lucro, pois então haveremos de admitir quantas coisas boas foram criadas por pessoas que se deram à produção de algo por amor ou convicção, sendo o respectivo negócio apenas um meio de realizar o objeto de seus projetos de forma sustentada. Aliás, bem se diga, ousaria dizer que são justamente estes indivíduos os que mais têm proporcionado bem-estar à humanidade, de modo que o sucesso financeiro que desfrutam caracteriza antes uma conseqüência do que uma causa.

Bill Gates, o dono da Microsoft, tem sido um ardoroso visionário e profetizando que cada lar viesse a ter um micro-computador, já cumpriu seu projeto nos países desenvolvidos e está a poucos passos de repeti-lo nos emergentes como o Brasil. Foi a sua determinação em construir softwares amigáveis, que qualquer um pudesse operar o que tem possibilitado isto. Como ele, são incontáveis os casos de indivíduos que têm no seu negócio uma realização pessoal: pessoas que gostavam de se reunir com os amigos para degustar charutos abriram tabacarias; outras que eram elogiadas por suas habilidades culinárias abriram restaurantes ou churrascarias; e assim por diante.

Como ensina Ludwig von Mises, existe este sistema de trocas - o sistema capitalista - em que uma pessoa dá a outra algo em retribuição por algo diferente que ela deseja. Neste sistema, ninguém é obrigado a seguir sob coação as ordens de ninguém e qualquer um pode cooperar da forma como quer e de acordo com seus talentos, disponibilidades e possibilidades. Além deste, não bastante, existe também um outro, que caminha de forma paralela, no qual pessoas se unem voluntariamente para propiciarem o bem-estar de outras sem delas cobrar nada em troca.

Um sistema alimenta o outro, e o mais interessante: ambos dependem do financiamento - e portanto da aprovação – da população. Uma padaria que não se empenha em produzir os melhores pães está condenada à falência, do mesmo modo que a entidade filantrópica pode perder seus patrocinadores se eles vierem a descobrir que seus recursos são desviados ou mal empregados. Muitas vezes, estas atividades se confundem em uma só, como é o caso do médico consagrado que vai à periferia atender os menos afortunados ou da escola que distribui bolsas. Trata-se, portanto, de um complexo e intricado mutirão.

Porém, nada disso envolve a figura do que tem sido chamado de “responsabilidade social”. Responsabilidade implica “responsabilização”, tal como aquele que é “responsabilizado” (demandado) civil ou penalmente. Trata-se, portanto, de uma imputação de culpa, de delito, de má-conduta, e conforme prospere este entendimento, há ainda de se tornar uma figura juridicamente concretizada no direito positivo, se é que já não foi, tenha-se em vista a previsão constitucional de que a propriedade “atenderá a sua função social”, como estabelecido no art. 5º, inciso XXIII da nossa confusa carta magna.

A responsabilidade social nada mais é do que um conceito de origem marxista, fincado na idéia de que o empresário é uma figura maligna, que causa pobreza e exclusão social por intermédio de sua atividade e que deve pelo menos tentar expiar parcialmente a sua culpa empenhando-se na nas ditas “causas sociais”, na esperança (vã) de obter com isto a piedade de seus detratantes. Uma ilustração muito real desta visão foi proporcionada pelo próprio presidente Lula quando, logo no início de seu governo, proferiu em entrevista à imprensa televisiva nacional, por ocasião de um grande evento sobre responsabilidade social ocorrido no Nordeste, que “nem todo empresário é um sujeito ruim”. Ora, o que ele pretendia dizer com isto, senão afirmar, como um nazista, que nem todo judeu é um “sujeito ruim”?

A responsabilidade social atende a dois objetivos de uma só vez: primeiro, transfere aos empresários a responsabilidade de realizarem aquelas coisas que os políticos prometiam fazer a pretexto de aumentarem os impostos, na mesma medida em que os liberam de tais afazeres para que possam dedicar-se exclusivamente...à política, oras! Em seguida, faz com que os empresários financiem a própria destruição, já que, nos programas que patrocinam, empregam militantes que doutrinarão os seus assistidos justamente contra eles próprios, e que no futuro, ocupando posições relevantes na sociedade, exponenciem toda sorte de investidas contra a sociedade livre, seja como operadores de direito, acusando ou julgando contra os empresários, sejam como professores, detratando-os perante seus alunos, sejam como políticos ou eleitores, promulgando leis anticapitalistas.

Os empresários precisam compreender este ardil e modificá-lo a seu favor. Para tanto, nenhum jovem precisa ser alijado da escola, muito menos nenhum doente de um hospital. Tudo o que precisa ser feito é que seja protagonizada uma mudança de mentalidade, e a primeira atitude a ser tomada é justamente a extinção da denominação “responsabilidade social”, juntamente com a imputação de culpa que no conceito vem embutido. Troquem-na por exemplo, por “ação humana”, “ação empresarial”, ou o título que seus melhores profissionais de marketing sugerirem. Em seguida, mudem o script: ensinem aos assistidos sobre os valores da responsabilidade e do mérito individual, da cooperação humana, e do valor do trabalho e da atividade empresarial.

Hoje, entre os assistidos, destacam-se não os melhores profissionalmente, mas sobretudo aqueles que melhor dominam a arte da política, que nada mais é do que arregimentar a força e a vontade dos outros para seus objetivos próprios e na perseguição aos seus inimigos e rivais. Com a mudança do paradigma aqui sugerido, logo os que vão se destacar serão aqueles que, dotados de mérito e reconhecimento pelos seus pares, conhecem a fundo seu ofício e se empenham a servir aos demais – especialmente os consumidores. Agindo assim, em poucas gerações uma mentalidade mais simpática à liberdade individual e à atividade empresarial há de florescer, com gigantescos benefícios a toda a sociedade.

Portanto, caro amigo empresário, tome esta iniciativa: faça deste limão uma limonada! Reúna-se com seus sócios e amigos e modifique urgentemente esta situação!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Por uma Previdência Completamente Privada!


Por Klauber Cristofen Pires
Pede-me um eloqüente leitor, com irrefutáveis reclamações sobre o sistema previdenciário nacional, que eu discorra sobre o assunto. Em verdade, já o fiz, mais de uma vez. Não obstante, já que os políticos e demais defensores de interesses corporativistas não se vexam por mentir cem vezes com o propósito de tornar as suas falácias verdade, creio que não me custa fazer-me repetir por pelo menos mais algumas vezes. Quantas vezes uma verdade tem de ser dita para que seja ouvida e acreditada?

A primeira e fundamental pergunta que se há de fazer em relação ao nosso sistema previdenciário público, e aqui incluo tanto o regime estatutário quanto o celetista, é: se é mesmo tão bom – ou tão justo - por que há de ser compulsório? Compulsório tem de ser ir à guerra; o boi vai compulsoriamente para o matadouro; compulsórios são os tributos; enfim, não me consta nada que me seja bom e que seja por natureza compulsório: sou obrigado a ganhar na loteria? Sou obrigado a gozar férias em uma praia maravilhosa? Sou obrigado a apreciar um jantar em um restaurante de primeira classe?

Dizem os defensores de ambos os falidos sistemas que há justiça, na medida em que os que têm pagam pelos que não têm, e com isto se reduziriam as desigualdades. Dizer algo assim seria sedutor, se estes mesmos que decidem isto não gozassem dos maiores privilégios quando falamos de aposentadorias – igualdade se faz é com o bolso alheio! Como um ditado que já ouvi: “quem parte e reparte e não fica com a maior parte, é burro e não entende da arte!”.

Não obstante, eu creio que as pessoas, uma vez convencidas de que algo é errado, e necessariamente ruim para elas próprias, abstém-se de procurar as más ações e passam a adotar e defender as boas. Por boas ações, refiro-me às atitudes humanas que levam o ser humano a conquistar melhores resultados dos que os atualmente obtidos. Um raciocínio ao qual costumo recorrer e que é um pouco grosseiro, mas justamente por ser assim chocante, tem se saído convincente, é o seguinte: Será que um homem qualquer, em condições normais, defecaria em uma sala de estar ou em sua mesa de reunião? Claro está que não, e o aparente absurdo de ainda ter-se de responder a tão repulsiva pergunta reside justamente no fato de que literalmente todas as pessoas estão plena a absolutamente convencidas de que fazer isto é errado; ainda, de que fazer uma coisas destas trará prejuízos não somente aos outros, mas a elas próprias.

Perseguindo este mesmo norte, jaz imperioso demonstrar que, no atual sistema previdenciário brasileiro, todos saem perdendo; à primeira vista, é comum e nada tem de novidade que os pagantes do sistema celetista são os prejudicados, enquanto os pobres do sistema celetista são os beneficiados e os estatutários são os maiores privilegiados. Todavia, mesmo os pobres recebem hoje menos do que poderiam vir a receber em um sistema totalmente capitalista de previdência, assim como também os privilegiados servidores públicos, militares e os políticos que se aposentam com um ou dois mandatos eletivos que cumprem.

Começando nossa análise pelo nosso sistema celetista, o seu primeiro e fatal erro é o de se constituir em um sistema de despesa. Neste sistema, os atuais ativos rateiam a manutenção do custo dos então aposentados. Todos os meses são extraídos bilhões de reais de empresas e trabalhadores para serem pagas as aposentadorias e pensões daqueles que hoje não trabalham mais. Esta montanha de dinheiro, claro, é quase toda usada em bens de consumo, principalmente os de primeira necessidade. Desta forma, pessoas que não trabalham competem com aquelas que trabalham pelas coisas produzidas. Isto faz com que a produção diminua e a demanda aumente, o que causa inflação e um gradual empobrecimento geral da população. No caso dos servidores públicos, militares e políticos, estes disputam as coisas produzidas com notória vantagem, desde que seus salários, via de regra, são mais altos do que os de seus parceiros da iniciativa privada.

Mas há algo mais a se dizer do atual sistema celetista: nos anos em que havia mais ativos do que beneficiários, isto é, nos tempos em que este sistema gozava de uma relativa abundância de caixa, o estado simplesmente desviava o dinheiro para outras finalidades, como, por exemplo, o pagamento da dívida externa; hoje, em via oposta, quando há praticamente um ativo para cada beneficiário, o estado necessita saldar o rombo colossal com retiradas cada vez maiores do Tesouro. Porém, nem isto nos serve de garantia, pois paulatinamente o estado tem desvalorizado o valor das aposentadorias e pensões, na ânsia de verem diminuídos seus custos. Tome-se por exemplo a pensão que a minha sogra recebe, hoje pouco mais de dois salários mínimos, em confronto com as contribuições que meu sogro fazia em vida, que na época eram calculadas para seis salários mínimos!

Esta característica atroz que tem o estado de decidir modificar unilateralmente as regras do jogo e atender os seus clientes da forma como lhe bem aprouver pode ser ilustrada com um papel que o ator Flávio Migliaccio desempenhava em uma conhecida novela da rede Globo; nas cenas, ele fazia o papel de um aposentado que, em eterna espera pela correção de sua aposentadoria pelo INSS, freqüentemente exclamava: “- eles (a previdência social) querem é me ver morto, mas não vão conseguir!”. Bom, como diz a famosa emissora em suas vinhetas, “Cidadania, a gente vê isto aqui!”, o que o autor da novela mais procurava defender era a batida tese esquerdista de que um cidadão deve perseverar na busca de seus direitos: berrar, ir às ruas, blá, blá, blá...

Pois, totalmente diferente seria o cenário atual em que vivemos se tal sistema público fosse substituído por um sistema totalmente privado e desregulamentado de previdência privada. Então, quais seriam as conseqüências de uma tal drástica mudança?

Ora, primeiramente, valeriam regras contratuais, isto é, regras juridicamente estabelecidas entre partes iguais! O que quero dizer com isto é que se a companhia previdenciária não pagar o que deve ao seu cliente, este não há de gritar nas ruas, nem de procurar os jornais, muito menos ser motivo de chacota em novelas, mas simplesmente, processar a outra parte na justiça, para exigir o que lhe é de direito.

Mas vale dizer que, quanto ao nosso propósito em tela, esta não seria a maior diferença. O que realmente diferiria é que um sistema totalmente capitalista, caso implementado, seguiria um regime de poupança! Por um regime de poupança, um trabalhador haveria de juntar parcelas de seus ganhos durante o prazo ativo de sua vida que ELE estabelecesse (e não o estado, que hoje pretende aposentar as pessoas só às vésperas de baterem as botas!), e o dinheiro entregue não seria jogado em despesas de bens de consumo, mas aplicado em investimentos que trariam futuramente riqueza, empregos e maiores salários. Para garantia das aposentadorias, tal sistema poderia aplicar em cestas de investimentos, que, embora não proporcionassem os ganhos mais altos, pagariam taxas mais seguras; também, consoante, poderiam funcionar em paralelo com um sistema de seguros e um sistema de auditoria (ambos puramente contratuais).

Um sistema capitalista de previdência, calcado em um regime de poupança e investimento, não quereria ver um cliente seu morto, já que vivo ele vale mais; não haveria de enganá-lo ou roubá-lo, enquanto entender que depende do financiamento da sua atividade por outros clientes e que portanto necessita ser confiável; e serviria mais aos pobres, já que estes teriam durante a sua via produtiva mais oportunidades de empregos, com salários progressivamente crescentes.

Como eu mesmo sou um servidor público federal, necessariamente tenho de pôr a minha mão no fogo e de fato o faço aqui: que o estado me devolva, com os juros, todos os descontos que efetuou em minha folha e que me deixe livremente aplicá-los em um fundo privado de previdência, sem interferências burocráticas de qualquer natureza e sem tributações desestimuladoras, e eu de pronto cambio de regime. Afinal, por mais privilegiada que há de ser a minha aposentadoria, pouco significa diante do salário de um cidadão comum japonês, por exemplo. Ademais, como hei de saber se terei uma aposentadoria privilegiadamente integral, como hoje está estabelecido, se o estado muda as regras constantemente? E como hei de saber, se este sistema é falido e um dia há de quebrar, inexoravelmente?
Enfim, mesmo que uma eventual companhia previdenciária, face a uma sucessão de erros próprios, somados aos erros da companhia seguradora e até mesmo aos erros da companhia auditora, falisse, os prejudicados seriam tão somente os clientes de sua carteira, enquanto todo o restante se manteria intacto. Entretanto, para que todas estas condições possam ser preenchidas, necessária seria uma forte e contínua intervenção estatal, tal como a que por décadas sustentou o mercado imobiliário norte-americano com crédito feito de dinheiro-papel impresso “a rodo” e juros enganosos. Em um sistema puramente capitalista, tal companhia previdenciária não seria permitida ir muito adiante em sua má gestão, desde que a companhia auditora denunciasse suas más aplicações logo que constatadas; isto desencadearia a saída da companhia seguradora e conseqüentemente, a saída em tempo de todos os clientes (puxa vida, eles não seriam obrigados a contribuir com um sistema falido e mal-administrado, não é mesmo?)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cortando o Marx pela Raiz


Por Klauber Cristofen Pires

As teorias econômicas de Karl Marx já haviam sido refutadas em sua própria época, de tal modo que, após ter publicado o primeiro volume de “O Capital”, Marx se entrega, aos 49 anos, na plenitude de sua atividade idealista, ao mais absoluto anacorismo intelectual (os volumes seguintes foram publicados por Engels após a morte do amigo, quase trinta anos depois). Quanto a isto, interessante relembrar esta passagem de Ludwig von Mises, em sua obra-prima “Ação Humana”:

(...) Há quem sustente que Marx não entregou aos seus editores o manuscrito original, por ter visto demonstrada a invalidez da célebre teoria da mais-valia; por ter percebido que era indefensável a tese do salário vitalmente necessário, assim como o dogma fundamental do progressivo empobrecimento das massas no regime de mercado (2 ed, p. 80.)

Em pleno século XXI, quando o mundo todo já conheceu empiricamente as catástrofes humanas que resultaram da aplicação de seus princípios, não deveria fazer mais sentido comentar sobre a inconsistência das idéias do pustulento barbudo alemão. Como enfatiza o filósofo Olavo de Carvalho, hoje em dia o movimento revolucionário internacional almeja tão somente o poder político e dir-se-ia, espiritual ou psicológico, para com ele dominar as sociedades.

A estatização generalizada da economia é passível de não mais se repetir na história (na verdade, nunca existiu em sua completude, mesmo na União Soviética), embora tenhamos presenciado no Brasil uma progressiva participação direta do estado no refino de petróleo e na produção de seus derivados, bem como na siderurgia, sem contar que andam aventando também a estatização da exploração petrolífera na camada do pré-sal e da telefonia interurbana. Ainda assim, o que parece mais crível é que, em termos gerais, o estado almeje a obtenção de recursos via aumento da carga tributária, reservando-se o direito de intervir na operação das empresas quando lhe bem convier (tendo-se como fato que já não há quase mais nenhum aspecto de conveniência e oportunidade que reste aos empresários).

Não obstante, são justamente estes fundamentos que ainda são servidos nas escolas e faculdades, e são sobre eles que toda a ideologia de esquerda ainda se constrói no Brasil. A obra de Raymond Aron, “As Etapas do Pensamento Sociológico” (tradução de Sérgio Bath, 5ª ed. – São Paulo, Martins Fontes, 1999), que tem servido como um dos clássicos nas aulas de sociologia, apresenta diversas objeções ao pensamento de Karl Marx, todavia, sempre em termos históricos ou filosóficos, de tal modo que, de certa forma, salva-se praticamente intocada a teoria da exploração pela mais-valia e a idéia da superestrutura ideológica, a que os burgueses utilizam para sobrepujar os oprimidos e legitimar o regime capitalista.

Cumpre, então, demonstrar, sob uma forma simplificada e de fácil assimilação para os leigos em economia, as objeções de natureza econômica, tal como fundadas pelos pensadores Jevons e Menger, com a teoria subjetivista do valor, mais tarde aperfeiçoadas por Ludwig von Mises e que deram origem à Escola Austríaca de Economia.

Indagava Marx qual seria a origem do lucro, uma vez que nas trocas (diretas) há igualdade de valores. Marx entendia que as trocas diretas (escambo), em que as pessoas trocavam coisas não-úteis por coisas úteis, não ensejavam a oportunidade para lucro e acumulação de riquezas. Conforme Aron: “Como é possível adquirir pela troca o que não se possuía, ou, quando menos, ter mais do que o que se tinha no ponto de partida?” (obra citada, p.140).

Paralelamente, o ideólogo das revoluções tinha em mente que o valor agregado a um produto originava-se na quantidade do trabalho aplicada aos materiais. Assim, por exemplo, o valor de um lápis traduziria um repasse de um custo constante da madeira e grafite, adicionado ao trabalho necessário para transformá-lo num bem de uso. Com as duas premissas superpostas, não haveria outra solução senão a de aceitar que o lucro resulta da exploração da mão-de-obra, por ele cunhado de “mais-valia”.

Entretanto, ainda que admitida a conclusão supracitada, a lógica não é um método destinado a comprovar a veracidade das premissas, e este é o trabalho a que nos daremos aqui; conseqüentemente, refutadas as bases para o fundamento da mais-valia, desmorona-se todo o edifício da doutrina marxista.

Dizia Marx, como vimos, que as trocas se davam entre bens de igual valor. Diante do problema, convém analisar a natureza da troca. Em que consiste? Ora, a troca nada mais é do que uma espécie da categoria “ação humana” como bem definido por Ludwig von Mises, em sua obra homônima. A ação humana, por sua vez, pode ser definida como o comportamento consciente e propositado do homem que visa a transferi-lo de uma situação de maior desconforto para outra posterior, de menor desconforto. Em um mundo onde tudo fosse dado e todas as coisas perfeitas, o homem não agiria, mas viveria, por assim, dizer, como um vegetal.

Conseqüentemente, se a ação visa a uma melhoria do bem-estar daquele que age, e se a troca é uma espécie de ação humana, então, necessariamente, uma troca não deve envolver bens de igual valor, o que nos leva a concluir que a natureza da troca não é a igualdade, mas sim a desigualdade do valor atribuído às coisas; ora, se troco maçãs por pêras, forçoso é que, para mim, as pêras são mais valiosas. Não existe um estado intermediário entre a não-troca e a troca. Por outro lado, se as maçãs me valessem tanto quanto as pêras, não haveria interesse de minha parte e seguiria com as minhas maçãs.

Demonstrada a natureza de desigualdade na relação da troca, que na verdade, trata-se de uma mútua desigualdade (tanto quanto as pêras são mais valiosas para mim, as maçãs são mais valiosas para o meu interlocutor), resta agora analisarmos o valor, e a partir destes dois conceitos reformulados, explicar como o mecanismo de troca pode levar ao enriquecimento de ambas as partes, isto é, como podem ensejar a acumulação de riquezas, e para tanto recorremos a Mises: “Valor é a importância que o agente homem atribui aos seus objetivos finais. (...) Valor não é algo intrínseco à natureza das coisas. Só existe em nós; é a maneira pela qual o homem reage às condições de seu meio ambiente” (Ação Humana, p.98).

Como há de se entender, o valor é a importância que o consumidor há de atribuir a algum produto. O valor, portanto, parte do bem de consumo (a critério do consumidor) para a linha de produção, e não vice-versa. Um exemplo muito claro pode ser dado com os telefones celulares. Ora, praticamente não há diferença entre a quantidade de horas trabalhadas num modelo mais antigo há seis meses atrás e hoje; todavia, em face da existência dos modelos mais novos, os lançamentos, os modelos antigos somente conseguirão sair das prateleiras por preços mais módicos. Em vários casos, estes modelos alcançam a obsolescência, e então nada pode ser cobrado por eles. Valem mais como sucata.

Agora, as teorias das vantagens absolutas e relativas, respectivamente da parte de Adam Smith e David Ricardo, explicam porque as trocas não significam a exploração de uma parte pela outra, mas sim uma ajuda mútua, que a ambos faz enriquecer.

A Teoria das Vantagens Absolutas pode ser explanada mediante o seguinte esquema: suponhamos que Fulano produza, em um determinado período, 300 maçãs e 500 pêras, considerando-se que aplica metade do seu tempo disponível para cada cultura. Enquanto isto, Ciclano produz, nas mesmas condições, 200 maçãs e 600 pêras. Assim, a produção de cada um é de 800 unidades de frutas, entre maçãs e pêras. Admitamos, porém, que eles decidam se especializar na cultura da fruta em que cada um se sai melhor: Fulano produzirá apenas maçãs, e Ciclano, somente pêras. Ao fim do período produtivo, Fulano terá produzido 600 maçãs, e Ciclano, 1200 pêras, e efetuadas as trocas, Fulano e Ciclano contarão então, cada um com 900 unidades de frutas, o que significa que ambos enriqueceram em 100 frutas cada um.

Mais Tarde, Ricardo aperfeiçoou a teoria de Smith, e por meio da Teoria das Vantagens Relativas logrou demonstrar que também ambos enriqueceriam juntos, mesmo que Fulano fosse melhor do que Ciclano em todos os aspectos. Tido que Fulano produzisse 400 maçãs e 500 pêras, enquanto Ciclano, 300 maçãs e 300 pêras, ainda assim a especialização seria mutuamente proveitosa, desde que Ciclano, mais destacado do que Ciclano em pêras do que em maçãs, produziria 1000 destas, enquanto seu parceiro produziria 600 maçãs. Como se vê, a produção anterior total, de 1500 unidades, passou a ser de 1600 unidades, que poderá ser compartilhada pelos parceiros, seja qual for a proporção com que decidam realizar as suas trocas.

Conforme demonstrado, a relação trabalhista não é fundada em exploração do trabalhador; antes, empregador e empregado compartilham a acumulação de riqueza, ainda que esta se dê em níveis desiguais, sem o que o assalariado simplesmente deixaria de aderir ao contrato de trabalho; outrossim, não é o trabalho passível de mensuração para fins do estabelecimento do valor das mercadorias, porque o valor é um dado individual e subjetivo - são os consumidores que definem o que deve ser produzido e em que quantidade, e o empreendedor é aquele que, antecipando-se às necessidades ou desejos dos consumidores, avalia a possibilidade e assume o risco de atendê-los, mediante a sua capacidade de prever os custos dos custos e vislumbrar algum lucro.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Da Baía do Sol para o Brasil



Por Klauber Cristofen Pires

A Baía do Sol é um pequeno lugarejo, fundado por pescadores, que se localiza na ilha fluvial do Mosqueiro, que por sua vez, é um famoso balneário, distrito de Belém. Com os anos, estabeleceu-se no local também um certo número de veranistas, geralmente moradores de Belém, entre os quais os meus sogros, há cerca de quarenta anos atrás, leva esta de gente que aos poucos foi trazendo aos moradores nativos algumas oportunidades adicionais de sobrevivência: podiam vender o pescado diretamente, a preço de varejo; foram-lhes oferecidos trabalhos como os de pedreiro, carpinteiro, jardineiro, caseiro, serviços domésticos e outros afins.

Nesta época de rica interação social, meus sogros levaram a filha da caseira, ainda criança, para com eles morar e estudar em Belém; com o tempo, porém, o estreitamento dos laços de ternura fez desta relação mais do que meramente uma ajuda, mas, propriamente, o estabelecimento de uma efetiva união paternal. Esta menina, hoje uma mulher feita, é considerada pela minha sogra com mais uma filha e pelas suas filhas naturais como, respectivamente, sua irmã (meu sogro havia falecido antes mesmo que eu viesse a conhecê-lo).

Pois bem, eis que, após este prefácio indispensável, chego ao alvo que este artigo intenta atingir: esta mulher tornou-se a primeira pessoa daquele lugar, e até onde eu sei, até o momento, a única, a conquistar um título de nível superior! Ainda mais, como que concorrendo sozinha, já alcançou mesmo a pós-graduação, enquanto os únicos títulos que suas conterrâneas têm conquistado (e conterrâneos também) têm sido o de mães solteiras férteis, analfabetas, e desempregadas...

Contando, pois, de lá para cá, são pelos menos trinta e sete anos (é pouco?!) que as mirabolantes propostas dos políticos de todas as tendências políticas que já existiram e/ou que ainda existem, e de todas as esferas de governo, perderam fragorosamente para uma velhinha pensionista do INSS! Aliás, o que estes políticos têm conseguido tem sido justamente o contrário: ao patrocinar o MST e seus sequazes, instalaram na comunidade o reino dos furtos, da preguiça para o trabalho a ponto de hoje eles não dominarem nenhum ofício ou arte, o alcoolismo e o consumo desenfreado de drogas, a devastação da ilha pelas queimadas e o conseqüentemente empobrecimento dos próprios nativos, já que, com tanta desordem e agressão ás suas casas, os veranistas têm vendido ou abandonado seus imóveis.

Eis, portanto, porque tenho exortado os meus leitores ao voto nulo! A minha sogra, uma pessoa idosa, com claras limitações, realizou, com seus parcos recursos financeiros e ilimitados recursos do amor e do comprometimento, muito mais por aquela comunidade do que toda esta gente boçal que hoje aparece na tv pedindo o seu voto!

Eu confio no ser humano! Uma das coisas que mais me impressionaram quando cheguei na região Norte foi constatar o expressivo número de pessoas que foram adotadas ou que adotam crianças; por adotar, eu me refiro a uma infinidade de relações, tendo sido o exemplo de minha sogra apenas um exemplo.

Porém, esta maravilhosa característica do povo nortista está se esvaindo, tornando-se a cada dia mais diáfana, pois entre as famílias jovens, dificilmente vejo esta tendência se repetir. O que direi a elas? Estão com a razão, pois, se hoje em dia tal fato ocorrer, não será surpresa que dois adultos irão para a cadeia! Afinal, tipificações penais não faltam: trabalho doméstico infantil, exploração de menores, maus-tratos, violência doméstica, cativeiro privado e assim por diante...daí não me ser nenhuma surpresa a quantidade notória de crianças perambulando pelas ruas.

Se esta menina tinha de prestar deveres domésticos? Claro que tinha, assim como todas as demais filhas da minha sogra, suas irmãs adotivas! Se ela tinha horário para chegar a casa? Igualmente! Se minha sogra limitava os seus namoros? Então eu não sei, que tinha de me despedir de minha futura esposa às nove da noite (!)?

Pois, foi à base de tanta “exploração” que ela se formou como engenheira agrônoma, não teve nenhum filho avulso, tem um emprego fixo e pode se dizer, enfim, independente, após todos os anos em que recebeu teto, roupas, educação, alimentação, médico, e sobre tudo, orientação e carinho.
Caro leitor, car leitora, os homens e as mulheres livres querem fazer o bem, e sempre o fazem, com muito mais eficiência e melhor aplicação dos recursos. Desde que o estado não nos impeça, tudo de bom temos a fazer por todos nós. Basta ver que, com suas escassas provisões, minha sogra, que não é “especialista” de nada, logrou conduzir uma alminha para a senda do bem, com um máximo de sucesso e eficiência. Do ponto de vista puramente econômico, cada centavo que aplicou em sua filha adotiva foi inteiramente para ela; pois, se botarmos cem reais na mão de qualquer político, quantos centavos chegarão às mãos de uma criança necessitada?
Precisamos votar nulo, para dizermos em uníssono: políticos, nenhum de vocês presta! Estamos cansados de suas retóricas vazias, de seus debates ensaiados! Vocês têm exigido cada vez mais impostos, mas hoje não há absolutamente nenhum serviço público que funcione! Mas esperem, que hoje vocês já não querem só o nosso dinheiro: não lhes bastassem nos confiscar praticamente a metade de tudo o que produzimos, vocês querem perverter nossos filhos nas escolas, mudar os nossos valores, fazer-nos instrumentos de vossos caprichos! Não, não querem só o nosso dinheiro! Querem também ter o direito de fazer suruba na rua (literalmente) e nos botar na cadeia se não os aplaudirmos! Estamos fartos de vocês!
Caro leitor, cara leitora, precisamos anular o voto para nos enxergarmos uns aos outros! Se você começar a aderir a este movimento, que não durará só estas eleições, mas as próximas que também se seguirão, virá que existem pessoas que pensam assim mesmo, como eu e você, e fará cair a máscara dos políticos que andam falando de boca cheia que se elegeram com tantos milhões de votos aqui e ali. Pois, que eles se elejam somente com um único voto – o deles próprios! Isto, na prática, não vai acontecer, mas vai forçar paulatinamente a uma mudança, no sentido de começarem a aparecer políticos que entendam que existe uma grande parte da população que hoje se encontra sem representação política. Aí talvez as coisas tendam am mudar para melhor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Lógica do Gafanhoto


Por Klauber Cristofen Pires
A notícia da doação pelo grupo Gerdau de uma quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) à campanha da candidata Luciana Genro, do PSOL, à prefeitura de Porto Alegre teria passado despercebida, não fosse um fingido teatro de, como se diz no popular, “cú doce”, por parte daqueles que sempre se refestelaram com o farto dinheiro de meta-capitalistas. Teatro infantil, como o do lobo que fala bem alto aos porquinhos, só parar a platéia mirim ouvir e entender: “-vou assoprar e assoprar, e vou derrubar a sua casa...!”.

O problema é que desta vez o fato não passou despercebido por gente que está atenta e tem denunciado tal sortilégio, como os filósofos Olavo de Carvalho, Heitor de Paola e uma centena de outros escritores e blogueiros espalhados pelo Brasil, e o resultado tem sido – antes tarde do que nunca! - o levantamento da polêmica sobre cidadãos que prosperaram no capitalismo e decidem ostensivamente apoiar advogados de doutrinas espúrias, aqueles que justamente prometem confiscar a propriedade privada e as liberdades civis.

Pois, sobre a recorrência histórica com que têm se valido os grandes assassinos em série, os democidas, de obter apoio financeiro de grandes magnatas do capitalismo mundial, resta somente aos cidadãos comuns unirem-se, isto é, enquanto lhes sobrar um pingo de consciência, coragem, e liberdade que ainda lhes reste, para defender a si mesmos, às suas mulheres e seus filhos, e às suadas conquistas materiais que lograram obter na vida.

A lógica que nutre as ações destes grandes empreendedores em procurarem se compor com quem sempre lhes jurou aniquilá-los, claro, não passa de uma demonstração cabal de fraqueza; afinal, o tempo de pensar que com isto obteriam privilégios já passou: hoje, se muito, procuram no máximo se livrar de um Ibama aqui, um Ministério do Trabalho ali, e assim tocar a vida.

Esta lógica, que aqui vou batizar “a lógica do gafanhoto”, funciona, sem dúvida, desde que, na pior das hipóteses, sabem que qualquer país há de aceitá-los, claro, com a fortuna que possuem. Todavia, por imitação, uma leva de indivíduos meramente ricos ou mesmo simplesmente de classe média vêm acalentando o mesmo sonho de picar a mula quando as coisas começarem a feder; a estes, porém, não sei se lhes concedo tão benevolente prognóstico: imagino que, quando hordas começarem a chegar de mala e cuia nos balcões de imigração de tais países, as portas lhes serão solenemente fechadas. Quem quiser se enganar, que o tente: como dizia um amigo meu, todo dia, pelo menos um otário decide tirar o pé da cama!

Se for possível convencer um destes quanto ao erro em que incorre, valho-me agora: todos nós proviemos de um bando de “pé-rapados”! Sim, isto mesmo: ninguém saiu da Europa ou do Japão enquanto estivesse lá gozando de boa situação, para ter de enfrentar aqui o mato, o calor, as cobras e as saúvas! Nossos avós, em muitos lugares, não passavam de criados e servos, em uma Europa que, já experimentando o seu outono liberal, voltava a se tornar crescentemente intervencionista!

Pois, foi assim que a Europa e o Japão se livraram dos seus incômodos desempregados. Nem isto, porém, foi suficiente para conter as duas maiores tragédias que o mundo já conheceu: as duas guerras mundiais. Felizes, portanto, os que vieram pairar nas nossas praias! Quem de nós, hoje, estaria vivo? Estaria vivo o Sr Gerdau? Teria pelo menos nascido?

Pois, para mim, não resta nenhuma ilusão quanto a procurar outra paragem. Minha terra é aqui! O que eu conquistei em vida pode ser pouco, mas é meu, e pretendo lutar por isto. Não quero ver meus filhos limpando banheiros no exterior e serem olhados de cima a baixo com desumano desprezo, muito menos tendo uma terra tão magnífica para vivermos!

Aonde prevalecer um país livre, ele o é por conta da iniciativa dos seus cidadãos. Aqueles que desafiaram as Cottons Laws e assim culminaram por inaugurar o crescimento da consciência da independência americana não foram os Gerdaus da vida, mas os colonos de classe média, que se lembravam dos horrores que seus pais e avós passaram debaixo do cetro inglês!

Pode parecer bizarro, mas entre correspondências que chegam ao Farol da Democracia Representativa, há até mesmo gente que, aos brados, conclama à valentia e à ação para...fugir do país! Outros ainda, malgrado serem pessoas que deveriam ter um mínimo de informação – estou falando de analistas, gerentes e diretores de instituições bancárias e de seguros - em plena consolidação da hegemonia comunista na América Latina, imaginam ainda que “não existe este negócio de comunismo...”, mesmo saltando aos olhos os inúmeros casos de estatização e desapropriações de empresas privadas em países como Venezuela, Equador, Guatemala e Bolívia, com conseqüentes prisões e cerceamentos de liberdades civis.
Portanto, mais uma vez venho apelar para os cidadãos de bem desta terra: não pensem que aqui não tem jeito! Não se sintam sozinhos! Olhe cada um para a casa do seu vizinho! Pois, não há de aí ver alguém que também está lutando para sobreviver e criar a sua família, debaixo de tantos impostos, de tantas proibições para os atos lícitos, ao mesmo tempo em que há tanta proteção e conivência com os bandidos?

Então, comecem a se articular! Percam só um pouquinho da timidez e comecem a se reunir aos sábados ou domingos com seus vizinhos, com seus colegas de trabalho, amigos e parentes. Quebrem o gelo! Tomem iniciativa!

Às mães, levem os livros estudantis dos seus filhos e comparem entre si: vejam que as aulas de ciências já não tratam mais de fatos naturais com aquelas interessantes experiências sobre o ar, a lei da gravidade ou magnetismo: só tratam de ecologia, educação sexual e toda sorte de discurso melífluo cuidadosamente elaborado para perverter os seus filhos. Não é preciso ser nenhum especialista para fazer esta constatação – qualquer pai ou mãe pode verificar, se se der um tempinho.

Aos pais, comparem suas contas de luz e de telefonia: vejam quanto se cobra de ICMS, e percebam que, se é cobrada uma taxa nominal de 30% (é a alíquota comum que vem sendo praticada pelos estados), na verdade, vocês estão pagando uma taxa real equivalente a 43%! Isto porque o ICMS, por uma manobra matemática pra lá de esperta, é cobrado “por dentro”, incorporando-se na própria fatura. Pois, quem, entre você e seus amigos, concorda espontaneamente em pagar mais de 45% de imposto (há ainda outros impostos e taxas)?

Ainda aos pais, constatem se, a par de serem proibidos de portar armas para a auto-defesa, a criminalidade vem diminuindo. Assim é o que ocorre? Ou está aumentando? Constatem casos concretos havidos entre vocês e seus conhecidos. Ora, se cada um já foi ou conhece alguém que foi assaltado, o que vocês estão esperando para concluir que mais outros assaltos, e quiçá mortes, virão?

Comparem, todos, como virou uma rotina chata este negócio de propaganda eleitoral gratuita e debate na tv! Cada candidato vem e diz para o seu oponente: “- fulano, o que você fez pela educação?” ARGH! Então não são todos os candidatos os que fazem as mesmíssimas perguntas e respostas ensaiadas, todos eles para prometerem fazer mais o com o SEU dinheiro? Então, desde quando vocês acham que eles farão algo melhor com o dinheiro que é de vocês, do que o que vocês mesmos fariam por si? Pois dêem um basta nisso! Desliguem a porcaria da tv e se reúnam entre si!

Anulem seu voto, para mostrar a toda esta politicalha que vocês não querem mais ser as suas ovelhas! Não vai fazer a mínima falta! Garanto, pois o que democratas e petistas prometem são a mesmíssima coisa: “- vou construir um hospital aqui, vou abrir uma escola ali, vou colocar mais viaturas..blá...blá...blá...!”. Depois da eleição, o que virá senão mais impostos, mais cuecões, mais fiscais no seu negócio, menos liberdade pro que quer que seja?
Imprimam os artigos que são publicados no Farol da Democracia Representativa e em outros sites e blogs liberal-conservadores, e opinem entre si. Montem células de amigos em suas casas, clubes e até em suas empresas, e a partir do momento que forem crescendo, abram outras novas, para ajudar as novas que forem nascendo. Façam contato com os articulistas, e transmitam notícias de seus progressos. Mantenham o compromisso. Façam disso um evento social, com um churrasco ou algo assim. Não temos mais ninguém a não ser nós mesmos! Pois vamos mostrar o nosso valor!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um Olhar Triste

Por Klauber Cristofen Pires

Três fatos ocorridos nos últimos 5 e 7 de setembro (dia dos desfiles pela semana da pátria) remeteram-me, curiosamente, a uma famosa fotografia no tempo da Segunda Guerra Mundial: a de um cidadão parisiense, aparentando estar nos seus cinqüenta, a chorar perante o desfile das tropas nazistas invasoras. (esta foto está sendo exibida no meu blog). Foi uma imagem que espontaneamente aflorou-se-me à mente justamente quando eu estendia um olhar triste para o horizonte, tentando encontrar explicações ou alguma solução para os eventos deploráveis que marcaram as comemorações pela independência do Brasil.

Eis o primeiro acontecimento: as escolas de Belém desfilaram com uma bandeira cujo pavilhão era composto pelo logotipo do atual governo do estado do Pará! Tudo bem, eu sei que a ficha do leitor ainda não deve ter caído, então vou explicar de novo! As escolas paraenses, além das bandeiras do Brasil e do ESTADO do Pará, ombrearam também, ao lado destas, a bandeira que continha o LOGOTIPO POLÍTICO do atual governo do PT, da governadora Ana Júlia Carepa!

Na escola em que a minha filha desfilou, tal infâmia só foi evitada porque houve uma mãe diligente que impediu resolutamente que seu filho servisse de massa de manobra política. Até o momento, sobre isto nada vi nos jornais. Espero que o TSE e o Ministério Público tomem alguma medida, que é gravíssima, mas, sinceramente, duvido que isto ocorra: afinal, estão por demais ocupados a bisbilhotar o Orkut e blogs alheios!

Salvo, olhá lá, salvo notório engano, tenho que estes logos representam, por si só, uma ilegalidade, dado que é vedado aos agentes públicos fazerem propaganda pessoal ou partidária. Porém, por meio de um artifício, isto é, por uma brecha na interpretação da lei, diferentes governos estaduais e municipais os criam para se distinguir politicamente e assim identificar os seus feitos, fazendo uso de referências estéticas às respectivas bandeiras e escudos dos seus estados ou municípios. No caso do logo do atual governo do estado do Pará, este símbolo compõe-se de triângulos que lembram barcos a vela, tendo como slogan, logo abaixo, a espressão “Governo Popular”.

O segundo ocorrido: os alunos da escola estadual Augusto Meira, em pleno desfile, tiraram o uniforme e exibiram o luto em frente ao palanque das autoridades, em protesto por um estudante assassinado na porta daquele colégio alguns dias antes. Não, mas espere mais: logo ao fim dos desfiles, estudantes de três escolas estaduais, a Visconde de Souza Franco, a Dom Pedro II e a Lauro Sodré protagonizaram um apocalíptico estado da arte da selvageria, envolvendo-se em uma briga campal, para pavor dos demais cidadãos, e isto não obstante a presença de um expressivo aparato policial.

Enfim, o último dos acontecimentos, o tiro de misericórdia, foi o tal do grito dos excluídos, que, pela sua assiduidade, dispensa comentários.

Que, pois, dizer, diante de tão dantesco cenário? Que esperança depositar na ordem, nas instituições e na nação em que vivemos? Que esperança atribuir ao Brasil? Diante de tanta insistência em politizar tudo, o civismo sucumbiu. A conspurcação já havia começado quando inventaram de comemorar uma porcaria de coisa que ninguém sabe o que é e que leva o nome de “dia da raça” (não, não vou escrever isto com maiúsculas!), pois na minha infância e juventude sempre desfilei pela pátria, e só por ela.

Ao invés de ensinarem às crianças a amar o seu país, a ter a união dos que moram aqui como a coisa mais importante, acima de quaisquer diferenças transitórias, os professores marxistas incutiram e incutiram e incutiram em suas cabeças que o dia da nação era uma farsa, que o Brasil não era um país independente, mas colonizado pelos impérios dos países desenvlvidos e toda aquela conversa fiada e ridícula. Eis, pois, o que eles têm por independência! Eis o que têm por civilidade! Eis o seu conceito de cidadania!

Velhacaria total! Autoridades que não se dão ao respeito! Professores que não se dão ao respeito! Alunos que não se dão ao respeito! Acabou tudo! Anomia total! Pois, que se regozijem com seu espetáculo de horrores! Eu e minha família não participaremos de mais nenhum 5 ou 7 de setembro!