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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Desditosa homenagem póstuma

Por Klauber Cristofen Pires

Notícia veiculada pelo jornal O Liberal, do dia 22-02-2010 anuncia a morte de Neuton Miranda Sobrinho, presidente estadual do PC do B e gerente do Patrimônio da União no Pará, aos 61 anos, por infarto.

Que hei de dizer, neste momento tão solene, em que a gravidade da morte a todos nos inspira aos sentimentos mais enlevados? Em respeito a ele próprio, não vou pedir que Deus o ampare em um bom lugar: como comunista, ele era ateu convicto...
Notícia veiculada pelo jornal O Liberal, do dia 22-02-2010 anuncia a morte de Neuton Miranda Sobrinho, presidente estadual do PC do B e gerente do Patrimônio da União no Pará, aos 61 anos, por infarto.

Que hei de dizer, neste momento tão solene, em que a gravidade da morte a todos nos inspira aos sentimentos mais enlevados? Em respeito a ele próprio, não vou pedir que Deus o ampare em um bom lugar: como comunista, ele era ateu convicto.

Entretanto, se não lhe resta a esperança de em algum lugar a sua alma se encontrar com a sua consciência, eis que não possuía nenhuma das duas, resta a sua história, uma parte do qual raspou pela minha existência, que me sinto na obrigação de revelar aqui:

Lá pelos idos de 2005, participei de uma reunião em que ele se fizera presente, para discutir sobre uma cessão de terreno da Eletrobrás, às margens do rio Guamá, para a Receita Federal. Durante as discussões, fomos informados de que o terreno estava parcialmente invadido, e assim especulávamos sobre o que poderia ser feito. Neste momento, ao seu lado, ouvi-o ordenar ao seu auxiliar direito, com os lábios cerrados: "-multe todos eles!". Falou assim, sem vacilo, decidido, como se estivesse do alto de um tanque soviético T-34 a desfilar pelas ruas de Praga, esmagando veículos e botando pra correr civis apavorados. Mas deixe estar que isto não é tudo. Logo mais tarde, em conversa com amigos, vim saber que justamente aquela área de invasão era obra sua!

Caro leitor, este é o caráter de quem diz que ama o povo, mas o que ama mesmo é o poder e a influência que exerce sobre ele. Para um comunista no palanque, o povo é o amor de sua vida, mas por trás de uma mesa com ar condicionado, torna-se um lumpen descartável rapidinho.

Não, não me sinto obrigado ao respeito para com os mortos. Não, pelo menos, para com este que agora, de acordo com ele próprio, não passa de um refeição para os vermes. Os comunistas não respeitam os mortos dos liberais e conservadores. Eles não respeitam ninguém. Reagan e Roberto Campos foram achincalhados sem nenhum pudor por parte deles, entre enchurradas de calúnias e charges maliciosas.

Aqui em Belém uma governadora também comunista e outros da mesma laia haverão de derramar-se em lágrimas e copiosas homenagens àquele que já se preparava para disputar um cargo de deputado federal. Pois, estamos aqui a colaborar para que sua memória não seja esquecida! (nem repintada).

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