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segunda-feira, 21 de junho de 2010

O alarme anti-bárbaros

Por Klauber Cristofen Pires

Com a tropa argentina rendida em formação, procederam ao arriamento da bandeira austral, dobraram-na e a entregaram ao seu comandante, para então tornarem a içar, solenemente, a Union Jack ao seu lugar de origem. Eis, pois,  só pela atitude dos dois povos, uma régua com que se medir a diferença no grau de civilidade entre ambos.


Os mais jovens devem possuir pouco conhecimento sobre o que se passou durante a Guerra das Malvinas. Àquela época, eu tinha 13 anos e como é típico da impetuosidade desta idade, torcia pela Argentina pensando estar lutando contra um regime imperialista opressor.

De todos os fatos envolvendo o conflito, trago aquele que tornou-se-me um dos mais simbólicos: quando as tropas de Galtieri invadiram as Falkland  - um ataque de surpresa - encontraram um pequeno contingente de militares que, mesmo frente a um poder incomparável, lutaram bravamente.  Consolidado o ataque à moda Pearl Harbor, o pavilhão britânico foi brutalmente arrancado por um golpe de facão contra o cabo que lhe sustentava ao alto do mastro - e caiu balounçando ao sabor do vento, para o extremo da indignação dos vencidos prostrados como se fossem os povos que os romanos costumavam subjugar.

Assim, com este ato, os argentinos rejubilavam, julgando-se invencíveis por terem tomado uma guarnição quase que simbólica. No Brasil, alguns jornais catarinenses já manifestavam o seu temor pelo avanço da empolgação portenha, preocupados que estavam com uma possível revanche disposta a retomar as áreas que foram objeto da Questão de Palmas ou das Missões, envolvendo parte dos territórios a oeste do Paraná e de Santa Catarina (1890-1895).

O resultado da guerra, porém, deveria seguir a sua previsibilidade. Não cuidemos desta discussão. Vamos lançar nossas lentes diretamente para a retomada britânica, somente nos concentrando no cerimonial de passagem de comando das ilhas: com a tropa argentina rendida em formação, procederam ao arriamento da bandeira austral, dobraram-na e a entregaram ao seu comandante, para então tornarem a içar, solenemente, a Union Jack ao seu lugar de origem.

Eis, pois, analisando só pela atitude dos dois povos, uma régua com que se medir a diferença no grau de civilidade entre ambos. Tomei esta lição do meu querido pai, mesmo com os brios imberbes feridos. A ingenuidade voluntariosa do início da adolescência esvai-se gradualmente com o passar da minha idade, mas o ensino permanece cada vez mais presente.

Não poderia deixar de utilizá-lo num tempo futuro. Infelizmente. Como um dispositivo de alarme automático, aquela inolvidável lição se reacende de vez em quando, quase trinta anos depois, como o foi, por exemplo, pela apropriada intervenção do rei espanhol contra um ridículo e borrirroto tiranete venezuelano, e mais tarde, pela nobre atitude do mesmo soberano, como anfitrião, em acudir a primeira-dama deixada para trás, esquecida  pela vaidade narcisista de um tosco rouco tupiniquim.

De outra feita, recordo-me ainda de certa feita em que, dividindo com um colega de trabalho uma mesa em um restaurante, ouvia-lhe sobre suas eloquentes convicções marxistas. Lembro-me curiosamente neste momento que à ocasião eu prestava atenção antes ao modo como o meu interlocutor segurava o garfo, tal como a um torquês, do que às suas palavras. Como poderia um sujeito que não sabe sequer manusear os talheres arrostar-se a emitir opinião sobre o mundo?

Um comentário:

  1. Melhor as Falklands sob o comando Britânico que dos lacucarachos. Melhor a colonização civilizatória q a depredatória. Afinal, os argentinos foram envolvidos nessa guerra pelos militares, com o intuito de criar um ufanismo surrealista diante da decadência política da época. Outro detalhe é q a ilha já estava sob o comando da Inglaterra há no mínimo um século.
    Argentinos "go home". Cuidem de suas misérias políticas, sociais, e econômicas.

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