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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pesquisa Anual de Comércio – Fonte IBGE

Por Ricardo Bergamini

Base: Ano de 2008

Em 2008, empresas comerciais empregaram 8,22 milhões de pessoas


Em 2008, as 1,4 milhão de empresas comerciais em funcionamento no país ocupavam cerca de 8,2 milhões de pessoas e geraram R$ 1,45 trilhão de receita operacional líquida1. Ao longo daquele ano, foram pagos R$ 83,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

Entre 2007 e 2008, não houve mudanças estruturais no comércio. O pessoal ocupado cresceu de 7,57 milhões para 8,22 milhões (8,55%) e o número de empresas de 1,33 milhão para 1,43 milhão (7,47%).

Tais informações fazem parte da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2008, cujo objetivo é descrever as características estruturais básicas do comércio no país em três grandes divisões: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos automotores, peças e motocicletas. A partir deste ano, a PAC incorporou a nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 2.0, o que significou a incorporação de algumas atividades novas e maior detalhamento de outras já investigadas. Os dados de 2007 foram republicados segundo a nova classificação, e a comparabilidade da PAC 2008 com as de anos anteriores a 2007 não é possível.

As comparações entre 2007 e 2008, por divisões, evidenciam expansões, em relação ao número de empresas e ocupação de pessoal. No comércio de veículos, peças e motocicletas, o pessoal ocupado cresceu 12,13% e o número de empresas 5,51%. No comércio por atacado, o número de ocupados subiu 7,28% e o de empresas 6,95%. Já no comércio varejista, foram 8,38% pessoas ocupadas a mais, e 7,77% de aumento no número de empresas.

Empresas varejistas representavam 80,0% do total

Em 2008, as 152,5 mil empresas comerciais atacadistas representavam 10,7% do total, mas respondiam por 44,6% da receita operacional líquida (ou R$ 649,6 bilhões). O segmento ocupava cerca de 1,415 milhão de pessoas (17,2% do total) e pagou R$ 22,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (26,9% do total) ao longo do ano. A margem de comercialização2 atacadista atingiu R$ 108,8 bilhões (37,5% do total).

Já o comércio varejista era composto por 1,1 milhão de empresas (80,0% do total) e gerou R$ 576,8 bilhões em receita operacional líquida (39,6%). Em 31 de dezembro de 2008, ocupava 5,984 milhões de pessoas (72,8% do total), o pagamento de salários, retiradas e outras remunerações (R$ 50,7 bilhões) representava 61,1% do total, e a margem de comercialização do varejo somou R$ 147,3 bilhões (50,8% do total).

A receita operacional líquida observada para o comércio de veículos, peças e motocicletas correspondeu a R$ 229,0 bilhões (15,8% do total). O segmento apresentou 133,6 mil empresas (9,3% do total) e ocupava 823,4 mil pessoas (10,0% do total), pagando R$ 10,0 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (12,0% do total) ao longo de 2008. A margem de comercialização alcançou R$ 33,7 bilhões (11,7% do total).

O varejo apresentou a maior taxa de margem de comercialização3, 34,8%. Isso significa que, dentre os três segmentos pesquisados, ele apresentou maior retorno relativo por unidade monetária de produto vendida. As taxas de comercialização do atacado e do comércio de veículos, peças e motocicletas foram, respectivamente, 21,3% e 17,9%.

No varejo, empresas menores são maioria, empregam mais e geram maior fatia da receita auferida no setor

No varejo, as empresas que ocupavam até 19 pessoas (97,6%) geraram os maiores valores de receita operacional líquida (42,0%), de valor adicionado4 (50,6%), de salários e outras remunerações (53,0%) e empregavam o maior número de pessoas (62,9%). Já as com 500 ou mais pessoas ocupadas (apenas 0,03%) geraram 30,9% da receita, 26,1% do valor adicionado, 24,4% de salários, retiradas e outras remunerações e ocupavam 16,5% das pessoas no segmento.

No atacado, as empresas que ocupavam até 19 pessoas (92,8%) foram responsáveis por 17,0% da receita operacional líquida, 27,6% do valor adicionado, 22,8% dos salários, retiradas e outras remunerações e 37,3% das pessoas ocupadas. Já as situadas na faixa de 500 ou mais pessoas ocupadas (0,1%) geraram 37,6% da receita e 26,5% da massa salarial produzida, além de haverem participado com 25,5% do valor adicionado e 17,3% do número total de pessoas no segmento.

No comércio de veículos, peças e motocicletas, as empresas com 100 a 249 empregados (0,43% do total) geraram 24,1% da receita e foram responsáveis por 18,4% do valor adicionado, 16,9% dos salários, retiradas e outras remunerações e 10,6% das pessoas ocupadas. Por outro lado, as empresas com até 19 pessoas ocupadas (96,5%) geraram 35,3% do valor adicionado, 38,9% dos salários, retiradas e outras remunerações e ocupavam 59,3% das pessoas, tendo gerado 20,6% da receita do segmento.

No atacado, setor de tecnologia de informação e comunicação paga maior salário médio5

A partir deste ano, a Pesquisa Anual de Comércio incorporou a nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 2.0, o que significou a incorporação de algumas atividades novas e um maior detalhamento de outras já investigadas pela pesquisa. Um dos detalhamentos diz respeito à atividade de revenda de equipamentos e suprimentos de informática e comunicação, que passou a ser investigada e tabulada separadamente.

No atacado, o valor adicionado gerado pelo comércio de equipamentos e produtos de tecnologia da informação e comunicação correspondeu a R$ 3,4 bilhões em 2007 e R$ 3,8 bilhões em 2008, participando com 4,9% e 4,4%, respectivamente, no comércio atacadista. A receita operacional líquida somou R$ 20,4 bilhões em 2007 e R$ 24,6 bilhões em 2008, 3,8% em ambos os anos. Em termos de salários pagos, a atividade gastou R$ 1,0 bilhão (5,5%) em 2007 e R$ 1,3 bilhão (5,7%) em 2008, tendo ocupado 29,2 mil pessoas (2,2%) em 2007 e 33,7 mil (2,4%) em 2008. Dentro do comércio atacadista, a atividade apresentou a maior remuneração média, 7,4 salários mínimos em 2007 e 7,1 em 2008. E registrou taxas de margem de comercialização equivalentes a 29,2% e 24,6%, respectivamente.

No comércio varejista, a atividade de revenda de equipamentos de informática e comunicação gerou R$ 3,7 bilhões (8,4%) de valor adicionado em 2007 e R$ 4,4 bilhões (8,8%) em 2008. Sua receita operacional líquida representou 6,9% (R$ 11,7 bilhões) do total do varejo em 2007 e 6,6% (R$ 13,6 bilhões) em 2008. Os salários pagos nos dois anos corresponderam, respectivamente, a R$ 1,2 bilhão (6,0%) e R$ 1,6 bilhão (6,8%). A atividade ocupou 165,7 mil (6,6%) pessoas em 2007 e 186,4 mil (6,8%) em 2008. A atividade apresentou média salarial próxima ao total do varejo especializado: 1,5 salário mínimo pago em 2007 e 1,6 em 2008, ante uma média geral de 1,7 em 2007 e 1,6 em 2008. As taxas de margem de comercialização corresponderam a 44,6% e 49,5%, em 2007 e 2008, respectivamente, e a média geral ficou em 49,5% e 46,7%, respectivamente.

Outras mudanças ocorridas na PAC com a adoção da nova CNAE foram as seguintes:

- As atividades dos representantes e agentes do comércio (exceto de veículos e motocicletas), antes investigadas na Pesquisa Anual de Serviços (PAS), passam a fazer parte do âmbito da PAC;

- Algumas atividades de revenda de produtos, antes englobadas em uma única classe, foram desagregadas. A venda atacadista de produtos siderúrgicos e metalúrgicos e a atividade de revenda de papel e papelão bruto e de embalagens passam a ser analisadas isoladamente;

- No varejo, as atividades relacionadas à cultura passaram a ser tabuladas em conjunto, criando-se uma atividade de venda de artigos culturais, recreativos e esportivos; e

- As atividades de revenda de peças e acessórios eletrônicos passam a ser divulgadas em conjunto com o comércio de móveis e artigos de iluminação e o comércio de artigos de óptica junto com o comércio de produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos e artigos médicos e ortopédicos. Antes estas atividades estavam englobadas no comércio de outros produtos.

Notas:

1 Receitas brutas menos as deduções de impostos e contribuições (ICMS, IPI, ISS, PIS, COFINS etc.), vendas canceladas, abatimentos e descontos incondicionais.

2 Diferença entre a receita líquida de revenda e o custo das mercadorias revendidas.

3 Divisão da margem de comercialização pelo custo da mercadoria revendida.

4 Diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário.

5 Esta análise da remuneração foi calculada, comparando as atividades de forma mais agregada. Quando desagregamos todas as atividades do comércio, observamos que a atividade de revenda de combustíveis e lubrificantes possui um salário médio mensal de 8,0 salários mínimos, em 2007, e 7,6, em 2008.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

Ricardo Bergamini
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