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quarta-feira, 23 de junho de 2010

A seletiva censura democrática

Por Klauber Cristofen Pires

Lembra-se o leitor de uma propaganda xarope em que argentinos cabeludos vestidos com a camisa da seleção de seu país  afogam umas latinhas de Skol porque estas lhes chamam de "maricóns"? Pasme, leitor, mas o Ministério Público Federal está no encalço da Ambev e da empresa que produziu o reclame. Acusações: xenofobia e homofobia!


No meu conceito pessoal, aquela chamada nem sequer merece ser classificada como "propaganda", mas como "despropaganda", isto é, o instrumento publicitário destinado a afastar os clientes dos seus produtos. Se eu fosse argentino, jamais encostaria uma lata de Skol em minha boca. Não consigo imaginar como a Ambev, uma gigante multinacional, certamente com produtos seus na Argentina, aceitou tal ridículo projeto. Do ponto de vista do marketing, eu daria nota -10! Em tempo: os responsáveis pelo comercial têm nível superior em publicidade?

Propaganda ruim, livros ruins, jornais ruins, professores ruins, advogados ruins, humoristas ruins e especialmente políticos ruins existem aos montes. Todavia, precisam ser criminalizados? 

Xenofobia? Calma lá, senhores procuradores! Estamos em época da copa do mundo! É notória a rivalidade entre as duas nações neste campo. Não se confunde, entretanto, com algum autêntico ódio de raça ou de nacionalidade tal como a Alemanha Nazista praticava com os judeus. O comercial carrega um tom notavelmente escrachado a daí se compreende a atmosfera que o anima, embora eu concorde quanto ao mau gosto.

Interessante, porém, é que, ao fazer a acusação de homofobia, o MPF parte justamente do princípio de que os argentinos em geral, são, de fato...gays! Quem é o piadista aqui? Quem realmente ofendeu?

Esta história de politicamente correto deslancha sempre em uma consequência previsível: quem pode e quem não pode tirar o sarro ou, vamos ser mais sérios, xingar alguém ou até fazer uma séria e abalizada acusação. Isto é um jogo perigoso.

Oportunamente, poderia o MPF me responder se esta douta instituição já tomou a iniciativa de citar o Sr Presidente da República por ter declarado que os gaúchos de Pelotas são gays? Em tempo, se tem uma corja que realmente pratica o ódio a nações estrangeiras, eis aí toda a turma do PT, especialmente a que se ocupa hoje da pasta das relações exteriores. Anti-americanismo pode? Anti-semitismo pode?  Pois estão todos os dias nas bocas do Sr Lula, de Celso Amorim e tutti quantti.

Mais: no site "Escola sem Partido" há inúmeros registros de casos em que os empresários e empreendedores são retratados por professores e por livros didáticos sob os piores epítetos. Já se ocupou alguma vez o MPF de analisar esta verdadeira e séria campanha de ódio contra as pessoas que trabalham, produzem e pagam impostos? Pelo menos já se ocupou de analisar a onda de doutrinação ideológica com larga deturpação informativa que se pratica hoje nas escolas? 

Pretendendo dar uma de bom mocinho, o MPF contribui para a consolidação do estado policial em nosso país. No jornal Diário do Pará, o título da reportagem destaca o fato daquela instituição "pedir" o fim da propaganda à Ambev. Soa-me especialmente constrangedora tal atitude: ou processa ou deixa em paz. Uma instituição com alto poder de intimidação como o MPF "pedir" isto ou aquilo para empresas privadas ou para particulares traz a marca da presunção da onipotência e da onisciência estatais.

Do ponto de vista mercadológico, ou, numa escala mais bem compreensível, do ponto de vista das relações voluntárias entre os cidadãos de uma sociedade livre, a atitude de império configurada no "pedido-ordem" apenas tem o efeito de esconder o que devia permanecer exposto, isto é, a forma como a dita empresa destrata os seus clientes - sejam os argentinos, os gays ou mesmo até mesmo - por que não? - os  atuais consumidores da marca Skol. Observe o leitor como se beneficia a Ambev de tal medida, no tanto em que os concorrentes e mesmo os consumidores poderiam explorar tal gafe.

No rumo como as coisas andam, somente vejo o ressentimento e o ódio aumentarem à medida em que a ditadura do politicamente correto avança. Impedidas de se expressar, as pessoas partirão para a violência, cada vez mais. Afinal, um atropelamento "custa" mais barato do que apontar o dedo para alguém e dizer-lhe umas poucas e boas...

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