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domingo, 11 de julho de 2010

Ficha-limpa: os donos da lei

Por Klauber Cristofen Pires

Ainda sobre a ficha limpa, assunto que retomo porque confirmam-se nos jornais as expectativas mais óbvias desde que o assunto tomou força a ponbto de ter se concretizado em lei. Cadê a turma do mensalão, dos dólares na cueca, das invasões de terras, dos dossiês forjados?

Como eu e poucos previram, o que o golpe da ficha limpa veio trazer foi uma espécie de dumping eleitoral - uma forma de produzir algum diferencial legal que ponha pra fora os rivais do sistema governista, e isto funciona de tal forma a privilegiar o grupo que detenha o maior poder de denunciar.


Ora, como foi que o PT subiu ao poder? Por meio de eficientíssimos órgãos de inteligência, alimentados por dados trazidos por milhares de militantes infiltrados em todos os órgãos, tais como a Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público, Ministério do Trabalho, Ibama, Incra, Banco Central, enfim, praticamente toda a máquina estatal.

O Intemo ("Inteligência do Movimento",  pertencente ao MST), e a inteligência do PT, que restou cunhada como a PTpol, praticamênte detêm o monopólio das informações sobre os seus inimigos. Lembram-se do procurador Luís Francisco de Souza, o Torquemada  das esquerdas? Não se acomodem pelo seu silêncio, eis que desde 2003 o governo é do PT. Afinal, foi tão diligente que deu na vista. Ferveu o motor. Precisa do merecido repouso. 

Porém, ainda há mais sobre o que falar, algo ainda mais poderoso do que  a já  escandalosa rede de espionagem e atuação movidas com desvio de finalidade: eu falo da capacidade de incriminar o que não é um delito, e de tornar inimputável os mais notórios crimes. Quem possui tal prerrogativa manipula as mentes das pessoas desde cima, detém o efetivo controle sobre a mídia, sobre os promotores públicos, e até sobre os advogados dos acusados. 

Querem exemplos? Todas as acusações sobre alegados crimes de ódio, especialmente contra os homossexuais, transformaram-se, de uma hora para outra, em uma espécie de ordem de linchamento, aquela que ninguém sabe dizer de onde veio, mas que todos cumprem. E a tal da lei anti-homofobia nem sequer ainda existe, embora o governo já promova maciça campanha na tv e at´pe mesmo nas escolas públicas. Outra: quando a Anvisa nem sequer havia publicado no DOU a sua tenebrosa RDC nº 24/2010, milhares de empresas já tratavam de ir se ajustando às futuras determinações que ainda estavam na prancheta. 

E quanto ao aborto? Quantas clínicas de assassinato de nascituros já foram fechadas nos últimos anos? Quantas mulheres foram presas? Cumpre lembrar o extremo do bizarro, representado por abusiva ordem judicial a proibir o Sr Padre Lodi da Cruz de chamar abortistas de "abortistas".

E quanto às invasões de terras? Em um país em estado de plena sanidade mental, um cidadão não necessitaria entrar com uma ação de reintegração de posse: bastaria chamar a polícia. Invasão que corta cercas, carneia gado alheio, sabota tratores e máquinas, devasta o plantio e toca fogo em armazéns e outras benfeitorias não merece ser chamada de pacífica nem sequer na mente de conquistadores como Gêngis Khan, afinal, mesmo eles reconheciam o que faziam. Mas no Brasil os seus defensores chamam tais terroristas de "movimento social" e dizem-se indignados com a "criminalização" dos seus atos.  

No Pará e no Paraná, a governadora Ana Júlia Carepa e o governador Roberto Requião têm sistematicamente desobedecido às ordens judiciais de reintegrações de posse. Pois pergunto: Estão, por acaso, alistados como inelegíveis por causa disto?

Resumindo: para um partido ou corrente ideológica que pode dizer o que é legal e o que não é, mesmo que constitua um crime, ou que, respectivamente, não o seja, e que possui em suas mãos todos os instrumentos para levantar dados contra seus opositores (mesmo que tais informações, formalmente, não os incriminem), a ficha-limpa é notoriamente o instrumento de aniquilação da oposição por via da capa preta. Destes, nem podemos dizer que se acham "acima" da lei: eles são a lei!

Olhem que estou dando exemplos notórios, tirados à vista grossa. Afinal, quando vêm à tona notícias como as que a CGU vinha selecionando por amostragem os municípios a serem auditados, e por "suprema coincidência", nunca eram do PT, é porque estamos vendo somente o cimo do iceberg...

Denunciar esta manobra é, sem dúvida, uma tarefa inglória, vez que até muitos famosos formadores de opinião que se situam como de direita aplaudem a nova lei. Todavia, precisamos persistir. No mínimo, para questionar por que a turma que instaurou o maior esquema de corrupção já havido no país nem sequer está na lanterna de tal lista.

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