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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Por que uma doméstica norte-americana pode ter um carrão e você, não...

Por Klauber Cristofen Pires

Se há algo em mim que me faz confiar nas pessoas livres, isto é, no bom uso do poder que elas podem fazer com os recursos próprios ao seu dispor, é admirar "a laje". Sim, estou falando do puxadinho, o alvo preferido da gozação  dos humoristas quando querem encarnar nos pobres.

Claro, esteticamente, em comparação com os melhores e mais chiques projetos arquitetônicos, aquilo é um horror. Entretanto, eu procuro enxergar estas coisas com base na compreensão do que está acontecendo. As pessoas que os constroem já se esforçam muito por providenciar um abrigo sólido, deixando para um momento futuro a escolha por aplicar recursos para adorná-lo com uma boa pintura ou aplicação de lajotas. Não obstante, é aí mesmo onde pretendo chegar.
Quem são estas pessoas? São trabalhadores humildes, com salários muito baixos, e muitas vezes trabalhadores informais. Por isto mesmo, admiro-lhes a tenacidade que têm de tirar do pequeno orçamento familiar uma parte relativamente expressiva para investir, nem que seja com um punhado de tijolos hoje e outro punhado para o mês que vem, e assim por diante.

Pois comparemos estas pessoas com o que o estado tem feito do dinheiro que nos confisca por meio dos tributos. Segundo recentes revelações divulgadas pela imprensa, de quarenta por cento de tudo o que o Brasil produz, que no ano de 2010 deve alcançar a incrível marca de 1 trilhão de reais (tente imaginar o que é isto!), apenas irrisórios 2% (dois por cento) são aplicados em investimentos. E tem mais, que ainda não falei tudo: segundo revelações que o candidato à vice-presidência pemos Democratas, Sr Índio da Costa, proferiu recentemente, das obras do PAC para saneamento, só foram realizados até agora pelos oito anos de gestão lulista...0,5% (zero vírgula cinco por cento)! Isto é algo, como assim dizer, "próximo à perfeição", não acham?

Como todos podem constatar imediatamente sem muitas contas, os tijolos do seu João e da Dona Maria certamente ocupam uma fatia muito maior do orçamento desta família de poucos recursos, pois se eles reservassem somente dois por cento ao mês, ou ainda pior, 0,5%,  jamais teriam logrado erguer a sua tão almejada casa.

Perceba o leitor como fiz questão de comparar o gigantesco e perdulário estado não com um empresário-modelo, bem-sucedido e capitalizado, mas com uma mera família pobre. Fiz isto propositalmente para convencer as pessoas mais simples que o governo lhes retribui, se muito, uma parte simbólica dos recursos que extrai destas mesmas pessoas.

Vou reiterar aqui o breve raciocínio que já fiz outrora para uma família com uma renda mensal de R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais). Por que R$ 1.600,00? Porque qualquer trabalhador hoje em dia tem como trazer pra casa um salário de cerca de oitocentos reais. Portanto, um casal tem como somar esta quantia. Pois, Se hoje mesmo o governo decidisse abrir mão de 15 por cento de toda carga tributária, e liberar o FGTS para ser pago na mão do trabalhador, então esta família teria, imediatamente, um ganho salarial de aproximadamente dezoito por cento, ou cerca de R$ 332,00, que, adicionado ao seu FGTS, no valor de R$ 128,00, alcançaria a cifra anual (salários + 13º salário + férias) de, acreditem se quiser, R$ 5.971,85 (Cinco mil, novecentos e setenta e hum reais e oitenta e cinco centavos), e isto sem contar os juros da aplicação! Na prática, este valor ultrapassaria os seis mil reais, caso fosse aplicado, mês a mês, na poupança.

Com seis mil reais por ano, por exemplo, este casal, no prazo de apenas quatro anos poderia comprar um carro novo! No prazo de dez a doze anos, teriam juntado, com certeza, algo como setenta ou oitenta mil reais, o suficiente para comprar uma boa casa ou apartamento! 

Sim, uma empregada doméstica norte-americana, como certa vez li em uma grande revista semanal, tem o suficiente para comprar um Honda Civic, um carrão que muitas pessoas no Brasil com títulos de nível superior e diversos "ados" no cúrrículo talvez já tenham perdido a esperança de sonhar em ter.  Nos EUA, um modelo ainda de nível mais alto, o Accord, é considerado o segundo carro da família norte-americana, aquele que é usado para quebrar o galho ou para realizar as tarefas mais comezinhas da vida diária como ir ao supermercado ou pegar os filhos na escola.

Acontece que, nos EUA, não só a carga tributária é menor do que a brasileira, mas a burocracia também é mais fácil, e principalmente, o país conta com um alto nível de poupança, gerado pelos anos seguidos com uma carga menor do que a nossa.

Vou ilustrar o que estou dizendo com os mesmo seis mil reais da família do Seu João e da Dona Maria: imagine-o desde há trinta anos atrás, quando a carga tributária, tal como herdada dos governos militares, contenta-va-se com 25% (vinte e cinco por cento). Pois, este dinheiro, hoje, remunerado só pelos seus juros, representaria a soma de R$ 34.460,95 (trinta e quatro mil e quatrocentos e sessenta reais e noventa e cinco reais). Olhem bem, estou falando do valor de um só ano! Se eu for somar o seu patrimônio, remunerado pela poupança, que é o menor investimento que alguém pode fazer, do soma da aplicação de seis mil reais ao ano durante trinta anos, eu terei a pequena fortuna de R$ 508.810,06 (quinhentos e oito mil e oitocentos e dez reais e seis centavos) (1).

Com a certeza mais que absoluta, ele teriam tido dinheiro para ter uma casa, um carro (bom),  pago a faculdade particular de seus filhos, e ainda por cima teriam como dar-lhes um início de vida, tal como um apartamento ou um consultório novos.

De trinta anos para cá, o governo tem tirado todo este dinheiro dos milhões de Joãos e Marias do Brasil, e o que fez dele? Gastou com farras, com prédios públicos e monumentos suntuosos, com cargos de confiança para apadrinhados políticos sem conhecimento das funções técnicas que deveriam exercer, e para performar uma série infinda de programas assistenciais que só mantiveram as pessoas pobres. Dos anos setenta para cá, a infra-estrutura do Brasil pouco melhorou, e onde isto aconteceu se deu justamente...à privatização, tal como ocorreu com o nosso sistema telefônico. A educação e a segurança pioraram muito! Quanto à saúde, não se viu significativas melhoras.

Portanto, se temos um governo que consome 40% das riquezas da nação, e com este extra de 15% que nos tomou nos últimos trinta anos mal consegue investir dois por cento, enquanto a iniciativa privada fez o Brasil crescer a 7%, mesmo sem justamente estes 15% que lhe foram tomados, então é praticamente óbvio concluir que o nosso crescimento, pelo menos hipoteticamente, hoje poderia girar na faixa do triplo do atual. Lógico, este raciocínio não traz um fato absolutamente como derivado do outro, mas há sim, algumas correlações entre eles, mesmo que indiretas.

O fato é que a empregada doméstica norte-americana usufrui principalmente do bem que os seus pais lhe proporcionaram, por terem votado menos em governantes com o perfil de Lula e de Dilma Roussef do que em homens defensores das liberdades individuais, tais como Ronald Reagan, apenas para lembrar o último deles. Só para lembrar, a Sra Dilma Roussef já anda declarando que vai aumentar ainda mais os impostos!

Nos EUA, eram justamente as pessoas mais pobres aqueles que queriam distância do estado em suas vidas, e foi assim que elas transformaram aquela nação na sociedade mais rica, criativa e produtiva que o mundo já conheceu. 

(1) Veja os números, ano a ano: 34.460,95 + 32.510,33 + 30.670,12 + 28.934,08 + 27.296,30 + 25.751,22 + 24.293,61 + 22.918,50 + 21.621,22 + 20.397,38 + 19.242,81 + 18.153,60 + 17.126,03 +
16.156,64 + 15.242,11 + 14.379,35 + 13.565,42 + 12.797,57 + 12.073,18 + 11.389,79 + 10.745,09 + 10.136,87 + 9.563,09 + 9.021,78 + 8.511,11 + 8.029,35 + 7.574,86 + 7.146,10 + 6.741,60 + 6.360,00 + 6.000,00. Total: R$ 508.810,06 (quinhentos e oito mil e oitocentos e dez reais e seis centavos)

Um comentário:

  1. Klauber, se puder dar publicar, agradeço.

    PETIÇÃO AO TSE EM DEFESA DO ESTADO DE DIREITO NO BRASIL

    Algo tem de ser feito e é já! A campanha vergonhosa que o presidente da República vem fazendo para seus candidatos não pode ser aceita por nenhum democrata.

    É o inescrupuloso uso da máquina pública para atingir seus objetivos eleitoreiros. Assinar é muito simples e seu poder, imenso.

    http://www.petitiononline.com/1brasil/petition.html

    Se seus amigos também estão revoltados com a "esperteza" que está tomando conta deste país, envie essa mensagem para eles.

    Se petições foram fundamentais na aprovação do Projeto Ficha Limpa, elas também poderão mostrar aos políticos que Ética é essencial.

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