Páginas

sábado, 9 de outubro de 2010

Benfazejos precedentes

Por Klauber Cristofen Pires

Ao longo do meu esforço pessoal, apartidário e sem absolutamente qualquer forma de patrocínio, por várias vezes busquei o contato com representantes de instituições diversas para alertar sobre as iniquidades que o PT, como partido revolucionário, pretendia (e ainda pretende) implantar no Brasil, tendo sido desprezado praticamente em todas elas: associações do comércio e de lojistas, da índústria, escolas e até mesmo entre os militares.  


Qual o argumento de todos estes interlocutores? Era o de que, identificando o que eu me propunha a falar com "política", aquele não seria o lugar, ou as previsíveis variantes deste raciocínio, tal como buscavam a neutralidade ou a imparcialidade no assunto. Até mesmo o clube do qual sou sócio proíbe taxativamente manifestações político-partidárias nas suas dependências...

Entretanto, com os recentes pronunciamentos de líderes religiosos católicos e protestantes com relação aos temas tais como o aborto e o movimento gaysista, bem como os editoriais, artigos e depoimentos de jornalistas que vêm denunciando as manobras censoras do PT, parece que estamos assistindo a uma quebra de um destes paradigmas tão caros e protegidos pela sigla da estrela vermelha, e isto, claro, merece uma avaliação de nossa parte. 

Do pronunciamento do Sr Padre José Augusto, perante o bispo de sua paróquia, aparentemente ali presente no local onde realizou a sua homilia, destaco a sua preocupação em ter reconhecido que justamente havia quebrado o protocolo, por assim dizer, ao manifestar-se contrariamente ao projeto petista e denunciá-lo como voltado para "afastar os cristãos de Deus". 

Então vamos lá: sob um cenário de normalidade institucional, tais precauções por parte destas pessoas teriam sido louváveis, vez que, de boa fé, justamente a participação delas poderia suscitar o indesejável aparelhamento partidário do qual hoje assistimos com relação á máquina pública e várias outras entidades, tais como sindicatos de trabalhadores, ong's e até mesmo, quem diria, uma mega-entidade como a FIESP. 

No entanto, o que podemos dizer de tais excesos de escrúpúlos quando o que está em risco de existência é a própria entidade que representam ou o conjunto das liberdades e garantias gerais que permitem o usufruto e a existência destas formas de cooeração humana?

Será injusto ou inconveniente, portanto, de posse da consciência deste novo fator,  que dentro de suas próprias igrejas e templos, os cristãos se ponham a discutir a liberdade religiosa, o pátrio-poder, e a retirada dos símbolos religiosos dos locais públicos ?

Será impróprio falar sobre doutrinação nas escolas quando o que está em jogo é a falsificação do ambiente escolar, mediante a mistificação da história, reescrevendo-as em favor de um projeto político?
Será inadequado falar sobre o projeto de um partido revolucionário nos quartéis  para que se proteja a ordem, a legalidade e a institucionalidade quando justamente o que estamos a tratar é da substituição da ordem pela desordem, da legalidade pela ilegalidade e do desmoronamento das instituições a olhos vistos?

O isentismo até então prevalescente nas escolas, igrejas e templos, empresas, associações quaisquer e mesmo o verificado entre os homens e mulheres de farda, com muito efeito, durante todos estes anos aproveitou muito bem ao PT e aos seus aliados, vez que em ambiente privilegiado sempre pôde formatar as suas políticas à vontade - isto é, com os não-militantes do lado de fora - nos foruns criados as mais das vezes com  dinheiro público, bem como inserir para dentro de todas estas entidades estas mesmas resoluções postas em prática na forma de lei ou especialmente por meio de atos administrativos pelos militantes infiltrados na máquina pública como se fossem inocentes, rotineiras e desideologizadas disposições burocráticas. 

De certa forma, esta limitação voluntária foi praticada ao limite da auto-hipnose. Percebo, porém, com os recentes acontecimentos, que a barragem  de tal colaboracionismo já exibe rachaduras que não poderão ser contidas, mas antes, vão estender-se a ponto de causarem a qualquer momento o deságue da represa. 

Apresento este debate para que se espalhe a todos quantos se vejam sob tal honesto dilema, como o fez o corajoso Padre José Augusto, de que a dúvida que lhes atiça a consciência aparece enevoada sob densa mistificação propositalmente provocada justamente pelo PT e suas siglas congêneres, pois no momento mesmo em que uma alma ética se põe em crítica olvida ou ignora que seu ambiente já está por demais contaminado pelas políticas inseridas sob a roupagem da neutralidade.

Tomemos um caso concreto para avaliarmos as estratégias excludentes de que fazem uso seus partícipes, e para tanto recordemos dos argumentos do Sr Ministro da Saúde no governo Lula, José Gomes Temporão, ao ter afirmado que as posições da Igreja Católica sobre o aborto são válidas apenas para os católicos, e que, sendo o Brasil um estado laico, elas não teriam valor ou lugar no debate público. 

Tal presunção é absolutamente falaciosa, no que pese  a tantos carregar as aparências de um argumento válido. Com efeito, o estado brasileirto é laico, no sentido de que assim se assegure a liberdade religiosa a todos os cidadãos. Todavia, os católicos não formam um grupo à parte dos demais cidadãos, mas ao contrário, fazem parte integrante de mais de 70% da população, e comungam com outras denominações cristãs as mesmas posições sobre o assunto, de tal forma que todos seguramente perfazem mais de 90% da população. Por outro lado, ao dar um tal jogo de corpo e colocar os cristãos para fora da jogada, o ministro petista legitima como cidadãos tão somente as convicções dos pouco representativos não-cristãos, assumindo como deles o dogma. Em outras palavras, forma seu próprio corpo de convicções, ou a grosso modo, a sua própria religião, no instante mesmo em que afasta a religião da absoluta maioria. 

Parem um pouco para avaliar como é quase sempre assim em todos os aspectos da vida em nossa sociedade. O estilo petista de debater é sempre o de colocar palavras nas bocas dos seus adversários, ou fazê-los calarem-se sob qualquer outro pretexto exógeno. Já é hora de parar com isto.

Um comentário:

  1. Excelente artigo!
    Eu pensei que esse dia não chegaria. A imprensa amestrada mostrando quem realmente é o PT.
    Em 2003/2004 postei um texto sobre a Ursal em uma comunidade do Exército Brasileiro do Orkut. Fui expulsa como reacionária.
    Penso que a doutrinação petralha está em todos os níveis.

    ResponderExcluir

Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.