Extra: o governo cria o "dia do desarmamento"

Por Klauber Cristofen Pires

O avanço do estado contra as liberdades individuais não pára. A população compareceu ao desnecessário e bilionário plebiscito para se posicionar contra a proibição do comércio das armas de fogo por acachapantes dois terços, mas o estado, em cúmulos de desacato, prossegue em sua opinião peculiar de desarmar as pessoas de bem.

Em mão oposta, a notícia agora é que será criado o "dia do desarmamento", já definido como o primeiro sábado de julho, como se lícito ou moral  fosse ao estado manter uma posição ideológica sobre um tema que na verdade pertence à população ou às casas legislativas e que sobre o qual ela já manifestou a sua determinação. Ops, e lá vem a pergunta que não quer calar: afinal, os governantes nos representam?

Quase que inacreditavelmente, pois já nada causa espanto, assim se expressa o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, segundo quem a criação do Dia Nacional do Desarmamento Voluntário ajudará o país a desfazer alguns mitos: “Precisamos acabar com algumas falácias de que países desenvolvidos com cultura de armas apresentam índices menores de violência, se comparados aos índices brasileiros. Isso é uma falácia, até porque não dá para comparar essas realidades”. Ora, não dá para comparar realidades? Nem as deles consigo próprios, tipo assim, antes e depois?

O que o Sr Secretário Ricardo Balestreri e as ongs que lhe giram em órbita  poderiam nos dizer acerca da prestação de contas do estado contra o contínuo reforço de armas cada vez mais pesadas em mãos do narcotráfico e do banditismo em geral, am mesmo tempo em que saem à francesa quanto o assunto é o sucateamento das forças policiais ou o cínico aparelhamento com armas notoriamente não apropriadas para as atividades de repressão? Estamos aqui falando só da nossa realidade. E então? É só bandido quem pode?

Na Alemanha, o governo mantém dois institutos do tipo think-tank, um voltado à defesa das idéias coletivistas, em suma, o socialismo, e outro voltado à da doutrina liberal, do livre empreendimento, e da defesa das liberdades individuais. Ambos realizam estudos, analisam teorias, e  desenvolvem sugestões de políticas públicas segundo as correntes a que pertencem.

Não digo aqui que serei o entusiasta de tal modelo, mesmo porque esta última entidade já nasceu viciada com a dependência de dinheiro estatal. Institutos liberais sérios não podem ser financiados por governos. Todavia, eis que se propõe com isto um mínimo de isenção e isonomia por parte do estado, bem diferentemente do que vigora no Brasil lulista em que homens públicos e entidades governamentais ou patrocinadas com dinheiro público descaradamente enfrentam em caráter de desobediância a vontade da maioria mais-que-absoluta da população.

Nestas eleições assistimos a uns espasmos conservadores ligados ao aborto. Contudo, que escolha teremos com relação ao tema do desarmamento se ambos os candidatos são a seu favor e militam por ele?

Para quem quiser saber mais, aqui vai o texto, extraído do jornal O Diário do Pará:

A exemplo do que já é feito nas campanhas de vacinação, o governo definiu uma data nacional para incentivar o desarmamento voluntário da população. Será todo ano, no primeiro sábado de julho.

“A Colômbia já foi um inferno, com os piores índices de violência do mundo. Hoje, com a ajuda da participação popular nas campanhas, Bogotá é um exemplo [de como fazer uma campanha de desarmamento]. Queremos aproveitar exemplos como esse”, disse o coordenador de Controle de Armas do Viva Rio, Antônio Rangel.

Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, a criação do Dia Nacional do Desarmamento Voluntário ajudará o país a desfazer alguns mitos. “Precisamos acabar com algumas falácias de que países desenvolvidos com cultura de armas apresentam índices menores de violência, se comparados aos índices brasileiros. Isso é uma falácia, até porque não dá para comparar essas realidades”.

Em nota, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, reafirma que o governo pretende transformar a campanha de desarmamento em política de estado. Segundo ele, essa será uma das principais ferramentas de estímulo para que as pessoas se envolvam com a causa. A campanha, afirma o ministro, será como a campanha de vacinação: uma política pública realizada todos os anos em benefício social.

As campanhas feitas no Brasil recolheram mais de meio milhão de armas. É a segunda maior já feita em todo o mundo, em número de armas recebidas. Na comparação com outros países, o Brasil ocupa posição de destaque por ter inovado ao instalar em igrejas e ONGs postos de recolhimento que danificam as armas a marretadas, no momento da entrega.

Dessa forma, avaliam as autoridades, as campanhas deram maior confiança ao cidadão de que suas armas seriam, de fato, destruídas, diminuindo o risco de pararem nas mãos de bandidos.

Segundo o Ministério da Justiça, os homicídios por arma de fogo caíram 11% entre 2003, quando o Estatuto do Desarmamento foi aprovado, e 2009. Dados da Viva Rio indicam que muitas das armas usadas para a prática criminosa são roubadas de residências. Dados da Polícia Federal afirmam que, só em 2003, mais de 27 mil armas foram furtadas ou roubadas dessa forma. (Agência Brasil)