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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A educação virou piada

Por Matheus Viana

Tiririca explicita seu intento em participar da Comissão de Educação e Cultura da Câmara. Em um país onde a educação é o fundamento principal de uma cidadania digna, esta declaração soa incoerente. Mas no Brasil, acredite, não é.


Eleito com mais de 1,3 milhão de votos e de alfabetização sob suspeita, o deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), também conhecido como o personagem humorístico ‘Tiririca’, declarou no dia 30/01, após receber alta do hospital Sírio-Libanes onde realizou uma cirurgia para retirada da vesícula: "Quero trabalhar na área de Educação e Cultura. É o que o partido também quer".

É isso mesmo! Claro que em um país cuja população considera a educação como fundamento principal de uma cidadania digna, esta declaração soa incoerente. Mas no Brasil, acredite, não é. Afinal, se Fernando Haddad pode ser o Ministro da Educação, por que um humorista de alfabetização duvidosa não pode nutrir tal ambição?

É a demonstração da seriedade – ou melhor, sua completa carência - com que a educação é tratada no Brasil. A precariedade do ensino público, a barbárie intelectual da progressão continuada e as constantes erratas no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e no SiSU (Sistema de Seleção Unificada) são apenas sintomas de um grave tumor.

Isso sem falar na privatização da UnB (Universidade de Brasília) por um ex-presidente que se orgulha de ser analfabeto e que, também por este motivo, é aclamado por grande parte dos brasileiros como uma espécie de “messias tupiniquim”. Resultado? Uma instituição que deveria ser usada, única e exclusivamente, para a disseminação do conhecimento e do desenvolvimento do intelecto é palco para desvarios como a inauguração do chamado ‘beijódromo’. Sob o custo de 8,5 milhões de reais, foi construído com a “acadêmica” função de ser um espaço destinado ao namoro dos estudantes. Segundo a afirmação do jornalista e filósofo Olavo de Carvalho: "’Beijódromo’ é um estímulo à transformação da universidade em espaço lúdico-erótico onde um governo de vigaristas possa obter ganhos publicitários junto à população estudantil”.

Mas não é só isso! Veja o que diz o jornalista Ucho Haddad, editor do portal ucho.info: “No rastro da sensação da impunidade e da falta de exemplo que grassam no país, alunos da UnB têm desafiado a lei e o bom senso. Ocupando indevidamente espaços destinados a laboratórios de pesquisas, os universitários promovem festas e jogatinas nas instalações da Universidade, com direito a cerveja e maconha. Ou seja, onde deveriam existir atividades educacionais há consumo ilegal de bebidas e drogas”.

Constatação pura e simples, oriunda da lei da causa e efeito: não é a toa que, de 65 países analisados, o Brasil ocupa o modestíssimo 53º lugar no relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos. No entanto, a pátria esperança está nas mãos de... Fernando Haddad, com grande possibilidade de ser auxiliado pelo humorista Tiririca. Ou melhor, o recém-empossado deputado Francisco Everardo. A educação virou, literalmente, piada.

Contexto que nada mais é do que o efeito colateral da banalização e a consequente inobservância em relação à advertência do apóstolo Paulo: “Procura-te apresentar à Deus como um obreiro aprovado, que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a Palavra da verdade”. (II Timóteo 2:15). É pegar ou largar. Mas garanto que, quem rir por último, não rirá melhor...

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