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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Próxima parada: estagflação!

Por Klauber Cristofen Pires

De uma certa feita havia lido que um bom rei não é aquele que sabe escolher entre o bom e o mau, ou entre o certo e o errado, mas aquele que sabe optar pelo menos pior ou pelo menos errado. Feliz é a nação cujo governante detenha esta característica, pois nem ao menos temos tido sorte no primeiro caso.



Como qualquer brasileiro que viva de salário, não preciso de índices para perceber os movimentos de preços nas prateleiras dos supermercados. O que deveria indignar mais compatriotas é como que este fenômeno saltou de uma hora para a outra assim que o ano novo rompeu.

Um fenômeno semelhante aconteceu do primeiro para o segundo mandato do governo FHC. Tendo o plano Real consistido meramente na troca da expansão monetária pelo endividamento público, obviamente a sua maquiagem iria borrar a qualquer momento, que no caso, aconteceu no dia seguinte à posse, quando o real enfim despencou, ultrapassando a marca de dois reais por dólar.  

Estes dois fatos demonstram a falta de escrúpulos dos nossos governantes que não medem consequências ao ocultar e manipular informações, índices e cotações com finalidades eleitoreiras.  

Mas, não se animem os sedizentes "progressistas", isto é, aqueles que acham que a inflação são os ovos quebrados do omelete. Um bem-sucedido empresário do setor de restaurantes tem me confidenciado recentemente que a demanda tem sido muito ruim desde o início do ano, e por falta de recuperação, neste mês de abril ele se viu forçado a demitir. 

Ao lado dele, diversas pessoas e empresas estão reajustando seus orçamentos e gastos para se conformarem com a alta dos preços. Há algumas semanas atrás, ao pedir duas pizzas em um dia de promoção, fui informado do valor, nada menos do que R$ 75,00 para entrega em domicílio, ao que imediatamente cancelei o pedido. Poucos dias depois, aquele estabelecimento, que é uma filial ou franquia de uma grande rede internacional, havia sido fechado.

Já houve Páscoas mais felizes, em que os últimos ovos eram disputados a empurrões nas lojas de departamentos. Neste ano, tantas foram as sobras que o jeito foi liquidá-los com até 70% de desconto.  O que estamos vendo então é um proto-cenário de estagflação, ou para uma melhor compreensão, uma combinação de alta de preços com estagnação econômica, que tem tudo para se agravar.

Nos jornais, duas notícias correm em paralelo, sem que estes instrumentos midiáticos se dêm ao trabalho de estabelecer a devida correlação: ao mesmo tempo em que louvam a saliva da Sra Dilma Roussef e de sua equipe de que o governo está tomando todas as medidas para evitar a inflação, permanecem intocáveis as dezenas de milhares de sinecuras petistas para servir de seguro-desemprego aos companheiros que perderam eleições, bem como aos sobrinhos dos que ganharam, obviamente. Enquanto isto, as despesas de custeio de vários órgãos estão sendo severamente contingenciadas, a ponto de prejudicar o cumprimento de suas atividades.  

Em alguns casos, os cargos comissionados correspondem a 70% do quadro de funcionários, como no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que tem 586 cargos de confiança para um total de 839 funcionários. Em março, o número de cargos e funções de confiança na administração direta e em autarquias e fundações chegava a 89.550. Pela distribuição atual desses cargos, em seis ministérios e na Presidência da República, o número de comissionados supera 50% do quadro de funcionários. No caso do Ministério do Desenvolvimento Social, a maioria dos cargos de confiança é DAS (Direção de Assessoramento Superior). Pelos números disponíveis no Portal da Transparência, existem na pasta 475 funcionários nessa condição, 81% dos cargos de confiança.


Diversos órgãos públicos, tais como a Polícia Federal e a Receita Federal, estão com seus servidores impedidos de se locomoverem por falta de orçamento autorizado de diárias e passagens, mas só com publicidade e divulgação, segundo o site Portal da Transparência, o governo já gastou até o momento R$ 76.759.495,45, com a "módica" previsão de vir a torrar mais de 600 milhões até o fim do ano.

Toda a gastança desenfreada do governo Lula traz agora a sua fatura e o governo atual, ao fazer uso da velha fórmula de aumentar os juros para com isto buscar deprimir um consumo que nunca foi culpado pelas mazelas do país (se fosse assim os EUA seriam o povo mais inflacionário do mundo), faz o mesmo que apagar o fogo com gasolina, para usar uma expressão já consagrada, uma vez que a entrada voraz de investidores especulativos demanda a produção à toda máquina avante das impressoras da Casa da Moeda. 

Em outro artigo anteior eu já cheguei a minorar a minha decepção a reeleição de Lula, com a esperança de que estas consequências, já há muito previstas neste blog, viessem a cair no seu colo. Caíram no da sua sucessora. Até que enfim? Pode ser, ainda que seja eu mesmo um dos pagantes...

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