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quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Diferença entre “Criar” e “Gastar” Empregos

Por Klauber Cristofen Pires

Toda esta orgia com o dinheiro dos que trabalham, produzem e pagam impostos certamente cria um quadro atual favorável à oferta de empregos, mas que, por precário que é, cessará quando se esgotarem os recursos produtivos da geração presente e das futuras. Em outras palavras, o governo não tem “criado” empregos, mas sim, “gastado” empregos. 
Estarei agindo à moda do MEC ao inventar uma expressão nova? Certamente que não, desde que a língua portuguesa é realmente viva e especialmente de fácil assimilação de termos e conceitos inovadores, que só a enriquecem, mantida a sua estrutura. Com efeito, desde que comecei a ler do inglês sobre Economia, percebi um rico vocabulário cuja tradução ainda é imperfeita, daí a necessidade de superação, seja pela importação das palavras, seja por adaptação semântica com o que já temos em nosso léxico.


Mas deixemos isto de lado porque não é da nossa língua maravilhosa que venho tratar (Sim, eu gosto muito da sonoridade do nosso idioma!), mas da necessidade de consagrarmos um termo que defina o problema que hei de demonstrar logo adiante.
 Consideremos, para tanto, o caso hipotético de “Fulano Trabalhador”, que começou na vida labutando com o comércio de porta em porta, que depois passou para um quiosque, que evoluiu para um mercadinho e que enfim, na madureza de sua vida, controla uma rede de supermercados, com uma folha de pagamento de 500 pessoas.
Fulano Trabalhador, portanto, podemos dizer que criou estes 500 empregos, já que eles derivam do seu labor e talento e inserem-se dentro do contexto de um setor produtivo.
Agora vejamos o caso de “Beltrano Boa-Vida”, que como o nome sugere, nasceu sortudo em berço de ouro, tendo passado sua vida inteira no gozo dos prazeres terrestres. Admitamos que Beltrano também mantenha vários empregos, sejam diretos ou indiretos. Como diretos, podemos citar os empregados de sua mansão, neles incluídos o seu motorista, os jardineiros e quiçá, os tripulantes do seu iate. Como indiretos, todos os estabelecimentos que receberão do seu dinheiro, aí inclusos os restaurantes, as lojas, enfim, tudo no que ele decidir gastar.
Não há que se duvidar, logicamente, que os empregos mantidos por Beltrano Boa-Vida sejam da mesma natureza dos que o de Fulano Trabalhador. Pois, quantos mais deste segundo trabalham, mais enriquecem a si, ao seu patrão e aos seus clientes, em um ciclo contínuo e crescente de produtividade e prosperidade, enquanto que os empregos gerados pelo personagem nascido em berço de ouro conhecerão o desemprego e o desalento assim que das burras do seu patrocinador escorrer a última moedinha, sendo ele próprio o que mais sofrerá por conta das incúrias de sua vida pródiga.
É isto o que nos permite afirmar que, ao passo que Fulano Trabalhador “cria” empregos, “Beltrano Vida-Boa” “gasta” empregos.
Transportar este conceito para a economia geral de uma nação não constitui uma maior dificuldade: guardadas as proporções, é isto mesmo o que se dá.
Esta explanação, aliás, tem o justo propósito de aplicar esta expressão novidadeira para prover com maior fidelidade o fenômeno da oferta prodigiosa de vagas de trabalho no mercado nacional, tal como vem sendo anunciada pelos telejornais dia sim, dia também,  a procurar vender com isto à população a imagem de um governo bem-sucedido.
Um exemplo muito típico de como os esquerdistas de uma forma geral confundem “criação de empregos” com “gasto de empregos” é o caso de suas políticas distributivistas. Um esquerdista acredita cegamente que distribuir a renda dos tributos entre os entes federados  constitui-se em excelente forma de geração de renda e de riqueza, alegando que  o dinheiro que circula em cidadezinhas do interior graças tão somente a programas governamentais gera riqueza, quando na verdade apenas estimula pessoas a viverem onde não quereriam ou não poderiam em face da falta de uma atividade econômica sustentável naquelas localidades.
Ora, se estas pessoas só vivem nestes lugares porque o governo as mantêm artificialmente lá, então há um maior custo de transporte de todas as comodidades para eles, sem dizer do desvio do produto da riqueza que já havia sido subtraído dos cidadãos produtivos. Estabelecer cidades no interior pode ter uma função militar, mas dificilmente será uma decisão econômica acertada.
Não há muito tempo o deputado do PT Cândido Vacarezza (01/03/2011) ousou defender que mesmo ao comprar cachaça o beneficiário da bolsa-família ajuda a movimentar a economia. Só que há uma gigantesca diferença entre uma pessoa que está antenada com o que o mercado precisa (ou com o que as pessoas mais precisam) e pretende investir do seu próprio dinheiro e por seu próprio risco, e entre um sujeito que atravessa a rua para "investir" o dinheiro pelo qual não trabalhou para incentivar a indústria etílica. Basta raciocinar: se todos os brasileiros gastassem de todo o dinheiro que possuem para comprar cachaça, tornar-nos-íamos todos mais ricos ou mais pobres?
À antevéspera de dois eventos internacionais, quais sejam, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, somos um Brasil que se apaga e se desaba por dez minutos de toró; não temos estradas nem ferrovias que escoem satisfatoriamente nossa produção; nossa internet é movida a manivela; os aeroportos já são problemáticos em plena baixa estação e o controle dos vôos é cego em uma grande área do território nacional. E olhem que estamos falando do que está mais ou menos bom: imaginem se tocarmos no problema da segurança pública, dos hospitais públicos e da (des)educação pública!
Nesta última década perdida, só mais uma que veio a se somar a várias outras anteriores, perto de 40% de cada suor foi desperdiçado com cargos de confiança, muita propaganda, régia remuneração de capital especulativo, patrocínio de ONG’s sanguessugas (MST entre elas) e obras que, apesar de caras e tantas vezes nababescas, nunca foram  necessárias.  Uma tremendo “gasto”...de empregos!
Toda esta orgia com o dinheiro dos que trabalham, produzem e pagam impostos certamente cria um quadro atual favorável à oferta de empregos, mas que, por precário que é, cessará quando se esgotarem os recursos produtivos da geração presente e das futuras. Em outras palavras, o governo não tem “criado” empregos, mas sim, “gastado” empregos. 
Logicamente, esta conceituação é de difícil mensuração, eis que os empregos realmente “criados” pelo setor produtivo se mesclam aos “gastos”, mas reflete de uma forma compreensiva porque haveremos de pagar caro pela nossa condescendência com  o esbanjamento estatal. Portanto, quando você assistir de novo aos jornais da tv ou lê-los na mídia impressa ou eletrônica, tenha em mente esta diferença que o governo faz questão de ocultar.

Um comentário:

  1. Saudações, prezado Klauber, estou acabando de ler "A Revolta de Atlas", Ayn Rand, a postagem resume o livro, perfeito, como sói acontecer.
    Apenas não gostei do "ferrovias que escoem", penso que seria "escoam", de nada muda a qualidade do texto.
    Parabéns.

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