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terça-feira, 10 de maio de 2011

Os fiscais do Sarney agora têm DAS

Por Klauber Cristofen Pires

Dizem os humoristas que as piadas não se envelhecem, desde que o público é que se renova. O problema é que o que está por se repetir é uma piada de extremo mau-gosto. Agora com uma nova roupagem, os fiscais não são mais a gente do povo, tais como os "fiscais do Sarney", mas ao que vem bem ao estilo petista, fazem parte de um novo órgão a ser criado, o Observatório Nacional de Preços de Alimentos, a remunerar os barbudos de carteirinha e o PT com o delicioso dízimo. Claro, isto gerará ainda mais inflação, mas já foram escolhidos aqueles que haverão de pagar o pato não é mesmo?



Talvez os mais jovens não estejam bem a par dos "fiscais do Sarney". Em uma época em que a inflação já tinha se tornado "hiperinflação", o então presidente José Sarney, imediatamente depois de ter sabiamente promovido um aumento geral de preços de produtos estatais e de serviços públicos, decretou um congelamento geral de preços e de salários, e para se certificar que nenhum empresário ganancioso aumentasse os preços de suas mercadorias, o presidente convocou a população para que cada cidadão agisse como um "fiscal".

Muitos brasileiros acudiram ao recrutamento, tivesse sido por ingenuidade ou por desespero, já que seus salários não receberiam nenhum aumento. Desta forma, muitos de nós assistimos aqui ou ali um "fiscal" mais exaltado a brandir no interior de um supermercado ou de qualquer outro estabelecimento comercial que ali que praticava um "crime contra a economia popular".

Embora àquela época eu fosse somente um adolescente, ainda que intuitivamente eu sentia um cheiro de queimado naqueles acontecimentos.  Afinal, empresários e gerentes indo em massa para a cadeia não pode significar o retrato de uma boa e equilibrada ordem social. Hoje eu percebo muito bem como estes homens e mulheres trabalhadores e pais de família foram transformados nos bodes expiatórios de um estado perdulário, concentrador e manipulador, coisa que está para acontecer novamente em breve.

Quem cria inflação é o governo. É sempre o governo, mediante a expansão monetária criada para atender à gastança desenfreada que nos consome o fruto do trabalho e rouba o futuro das gerações seguintes. Quem cria a inflação é o governo, pela imposição estelionatária ao povo de um papel pintado sem valor algum que põe para circular como se dinheiro de verdade fosse.

Dizem os humoristas que as piadas não se envelhecem, desde que o público é que se renova. O problema é que o que está por se repetir é uma piada de extremo mau-gosto. Agora com uma nova roupagem, os fiscais não são mais a gente do povo, tal como foram os "fiscais do Sarney", este que já está meio que escaldado com a demagogia dos nossos governantes, mas ao que cai bem ao estilo petista, fazem parte de um novo órgão a ser criado, o Observatório Nacional de Preços de Alimentos, a remunerar os barbudos de carteirinha e o PT com o delicioso dízimo. Claro, isto gerará ainda mais inflação, mas já foram escolhidos aqueles que haverão de pagar o pato não é mesmo?

Segundo a matéria fornecida pela Agência Brasil, o órgão embrionário irá "acompanhar indicadores como a composição dos preços dos alimentos, o balanço da oferta e da demanda nacional e mundial de carnes e ovos e o custo da produção dos principais grãos e oleaginosas". Bem entendido, os produtores, intermediários, atacadistas e varejistas passarão a ter de apresentar as suas planilhas de custos para os fiscais, que assim estipularão se o lucro deles há de ser razoável ou não. 

Renato Maluf,  presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), a entidade que vai propor a criação deste mais novo filão de DAS's e dízimos ás custas do contribuinte, acredita  - e pelo jeito, piamente - que este negócio de alta de preços não pode ser pode ser resumido a "uma crise de oferta e demanda" e apresentou proposições do conselho para evitar que o aumento dos preços dos alimentos comprometa os ganhos sociais dos mais pobres.

Os fiscais do Sarney que bradaram felizes por seus sucessos estupendos e que em seguida foram agraciados pelas prateleiras vazias dos supermercados bem que poderiam dar seus depoimentos para o Sr Renato Maluf.

Outro abestado, de nome Francesco Pierre, na mesma reportagem sentiu-se seguro o suficiente para falar uma estrondosa estultice nestes termos: "Com esses múltiplos fatores, portanto, o combate à alta mundial nos preços dos alimentos não passa apenas pela discussão de quantidade, na avaliação do assessor internacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Francesco Pierre. Segundo ele, esse processo diz respeito a mudanças no modo de produção. “Não se trata apenas de aumentar a quantidade, mas de se levar a sério mudanças nos regimes de produção”." Um pouco de lógica básica por favor, esta sim a commodity rara nos meis esquerdistas: Por quê o regime de produção deve ser alterado se não for para aumentar a quantidade de alimentos produzidos, Sr Pierre?  Ademais, para um setor que de ano para ano vem aumentando exponencialmente a sua produtividade, a ponto de tê-la multiplicado em pelo menos dez vezes desde os anos quarenta, qual a sua mágica  - e séria - proposta de mudança no regime de produção? Transferi-la para o MST,  assim como foi feito na Reserva Raposa Serra do Sol?

Algo pode ser feito para que isto não se repita: colocarmos um pouco de memória neste país. Memória e bom-senso. Precisamos alertar a toda a sociedade que não podemos aceitar esta solerte mise-en-scène novamente. Ou vamos fazer as vezes da platéia que se alterna para a piada batida de sempre?

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