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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sobre os Princípios Editoriais das Organizações Globo: uma análise

Conseguirá a Rede Globo cumprir com seu compromisso de prover um jornalismo atuante e isento?


Por Klauber Cristofen Pires




Desde o dia 07/09/2011, tenho acompanhado a divulgação dos Princípios Editoriais das Organizações Globo , primeiramente pelo programa dominical Fantástico e nos dias seguintes pelas várias edições dos seus telejornais. Persuadido perante a presumível importância do documento e o solene compromisso firmado pela cúpula da entidade, bem ainda como pela persistência com que tem sido proclamado, decidi lê-lo na íntegra e analisá-lo.

Na Carta aos Acionistas, a empresa trata de justificar a elaboração do seu documento formal de formulação de princípios editoriais como forma de buscar a diferenciação frente o avanço da comunicação havida por meio da internet, conduzida por indivíduos e grupos, aos quais ela dá as boas vindas. Textualmente:

Com a consolidação da Era Digital, em que o indivíduo isolado tem facilmente acesso a uma audiência potencialmente ampla para divulgar o que quer que seja, nota-se certa confusão entre o que é ou não jornalismo, quem é ou não jornalista, como se deve ou não proceder quando se tem em mente produzir informação de qualidade. A Era Digital é absolutamente bem-vinda, e, mais ainda, essa multidão de indivíduos (isolados ou mesmo em grupo) que utiliza a internet para se comunicar e se expressar livremente. Ao mesmo tempo, porém, ela obriga a que todas as empresas que se dedicam a fazer jornalismo expressem de maneira formal os princípios que seguem cotidianamente. O objetivo é não somente diferenciar-se, mas facilitar o julgamento do público sobre o trabalho dos veículos, permitindo, de forma transparente, que qualquer um verifique se a prática é condizente com a crença. As Organizações Globo, diante dessa necessidade, oferecem ao público o documento “Princípios Editoriais das Organizações Globo”.

Parabéns à internet, à liberdade de expressão, e aos tantos sites e blogues que vêm exercendo o bom e necessário trabalho de media-watch, trazendo ao público as informações até então sonegadas pelo establishment jornalístico ou oferecendo opinião, especialmente aquela tão rara nos meios de comunicação tradicionais. No que me toca como uma destas formiguinhas da web, agradeço sinceramente às Organizações Globo pelo reconhecimento da importância e credibilidade que conquistamos junto à sociedade. Todavia, confesso a minha dificuldade em compreender qual exatamente a relação de causa e efeito entre a atuação desta “multidão de indivíduos” e a obrigação imposta pelas empresas de jornalismo a si próprias de terem de expressar de maneira formal os princípios que, segundo alegam, seguem cotidianamente. Francamente, sou mais Jesus: o que nos permite julgarmos a árvore são os frutos que ela produz...

Enfim, aceito a menção em tom depreciativo como um desafio. Refiro-me à suposta “certa confusão entre o que é ou não jornalismo, quem é ou não jornalista, como se deve ou não proceder quando se tem em mente produzir informação de qualidade.”. De minha parte, fique bem entendido, vou continuar a exercer a minha missão independentemente do teor deste manifesto. Por outro lado, se ele veio como um marco resolutório eficazmente capaz de promover um reajuste depurador da atividade jornalística por esta empresa, que seja também “absolutamente benvindo”!

Passemos ao seu preâmbulo, intitulado de “Breve Definição de Jornalismo”, cuja enunciação adotada foi a seguinte: “jornalismo é o conjunto de atividades que, seguindo certas regras e princípios, produz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas.”. Peço perdão pelo eventual preciosismo, mas o vocábulo “produz” sugere uma adesão modista ao método construtivista, segundo a qual o conhecimento é antes “produzido” do que “apreendido”, “adquirido” ou “transmitido”, assim como se cada um tivesse o direito de per se de reivindicar a invenção da roda uma vez que tenha lido sobre ela ou a visto em funcionamento. Produzir é transformar: quando alguém diz que “produz” conhecimento sobre um fato, consente estar acrescentando aos acontecimentos algum ingrediente a mais de sua própria lavra, de modo a modificar a suas características originais, o que pode denotar certa tendência à...tendência!

De suma gravidade reputo o quarto parágrafo da mesma sessão:

Dito isso, fica mais fácil dar um passo adiante. Pratica jornalismo todo veículo cujo propósito central seja conhecer, produzir conhecimento, informar. O veículo cujo objetivo central seja convencer, atrair adeptos, defender uma causa, faz propaganda. Um está na órbita do conhecimento; o outro, da luta político-ideológica. Um jornal de um partido político, por exemplo, não deixa de ser um jornal, mas não pratica jornalismo, não como aqui definido: noticia os fatos, analisa-os, opina, mas sempre por um prisma, sempre com um viés, o viés do partido. E sempre com um propósito: o de conquistar seguidores. Faz propaganda. Algo bem diverso de um jornal generalista de informação: este noticia os fatos, analisa-os, opina, mas com a intenção consciente de não ter um viés, de tentar traduzir a realidade, no limite das possibilidades, livre de prismas. Produz conhecimento. As Organizações Globo terão sempre e apenas veículos cujo propósito seja conhecer, produzir conhecimento, informar.

O documento afirma que os princípios editoriais são para as Organizações Globo, mas a sua redação leva ao entendimento de que são dirigidos estritamente à atividade jornalística. Então fica a pergunta: E quanto aos outros programas, o que será? Faço esta pergunta porque, se não tem sido difícil apontar inúmeros casos de coberturas maculadas pelo erro e até pelo dolo nos seus telejornais, quão mais tranquilo é apontar a propaganda inserta em suas novelas. Neste ponto, há quem defenda a liberdade de expressão do autor. Não a nego. Entretanto, flagrante diferença há entre uma relação incidental decorrente da trama e das personagens e a ostensiva conclamação ao público, a ponto mesmo de prejudicar seriamente a ficção e a arte cênica.

Destarte, fazem-se necessárias algumas ressalvas para a fronteira aqui estabelecida entre o jornalismo e a propaganda, tão carente de firmeza em si própria que escora-se no próximo parágrafo para salvaguardar o trabalho de opinião dos diversos articulistas, colunistas e destacadamente, dos especialistas de quem toma os depoimentos, bem como os da própria opinião da instituição, que segundo palavras aqui trazidas ipsis literis, “vê a realidade sob o prisma das crenças e valores do próprio veículo”.

Coloquemos os pingos nos i's: a notícia é bem transmitida quando divulgam-se os fatos com a fidedigna descrição dos acontecimentos, acompanhados, quando necessário, de uma compreensiva delimitação das suas circunstâncias. Já a opinião consiste em um estudo mais aprofundado do assunto, certamente pautado por valores, indispensáveis porque constituem os estais da sociedade ou do próprio veículo de comunicação. Por sua vez, a propaganda é caraterizada primordialmente por uma natureza propositiva, motivo que a legitima a requerer maior liberdade de expressão e a aceitação geral de uma relativa imprecisão.

Estas três formas de comunicação admitem graus crescentes de subjetividade e existem tanto na propaganda comercial quanto no site partidário ou até nos jornais de informação. A diferença consiste nas proporções, mas nem por isto elas prescindem da honestidade intelectual.

Mesmo a propaganda, não a admitimos que seja enganosa, pelo menos quanto à comercial. Quando a Rede Globo faz uso do periódico partidário para diferenciar-se dele, beneficia-se no seu exemplo da má reputação que atualmente sofre – com justiça – a classe política. Oportunamente, seria interessante que a propaganda política também fosse enquadrada pela lei, não é? Entretanto, pelo menos em tese, um jornal veiculado por um partido não há que ser a priori desonesto, somente por pertencer a uma instituição cuja função é defender valores e programas. Se fizermos uma interpretação extensiva, podemos apontar como tendenciosos os jornais, tv's e sites de qualquer instituição que guarde valores e ofereça propostas, como os religiosos, os conservadores, os que defendem determinadas visões ou temas ou até mesmo aqueles que casuísticamente se posicionem formalmente quanto a um determinado assunto.

No que tange aos veículos de comunicação, não constitui um embaraço ético posicionar-se, por exemplo, a favor do desarmamento civil ou contrariamente a ele. Exatamente isto já fizeram mui sinceramente outros concorrentes. No entanto, flagrante manipulação há em promover massiva campanha travestida de notícias cuidadosamente editadas de modo a camuflarem-se sob uma dissimulada aparência de isenção. 

Para finalizarmos este tópico, creio ser de difícil demonstração a tese de que a realidade dependa da visão “sob o prisma e valores do próprio veículo”. Pode ser que haja divergência quantos aos motivos, causas e circunstâncias que proporcionem significado aos fatos, mas estes não se movem do lugar por si próprios. Alguém pode achar justos os motivos que motivaram Cesare Battisti a cometer seus assassinatos, mas o fato inconteste é que ele os praticou e foi julgado perante regular processo legal. 

Isenção, correção e agilidade, bem como um guia principiológico de condutas éticas, compõem o assunto nos itens seguintes. De uma forma geral, o texto foi bem-redigido. Reitero, quanto a estes valores, que louvo as boas intenções, e hei de reconhecer-lhe os méritos num futuro próximo, caso venham a ser realmente implementados. Que coberturas infames como a que ocorreu com o caso Honduras fique no passado, ou melhor, que sejam retratadas em breve com as devidas correções. 

Umas últimas perguntas: Fidel Castro e Hugo Chávez continuarão a ser chamados de “presidentes”? Terroristas serão doravante denominados como tais ou serão classificados conforme estejam contra ou pró-Ocidente/Israel? Haverá alguma retratação quanto ao caso Anders Behring Breivik, que foi in limine acusado de pertencer a grupos cristãos conservadores quando já se sabe que o rapaz era nazista, darwinista e treinado pela FSB (ex-KGB)? A Rede Globo continuará com suas campanhas em favor da tese do aquecimento global, do movimento gaysista e do desarmamento civil? Alguma palavra em favor do genocídio mundial de cristãos?


Um comentário:

  1. Olá Pires

    Este "documento" da Globosta é tão verdadeiro como uma nota de R$ 3,00 reais... na verdade a globosta esta sentindo o baque da queda da sua audiencia nos seus telejornais, A DUPLA MAIS ARROGANTES E PERNOSTICA DA tv gLOBOSTA QUE FAZEM O JORNAL MACIONAL TRADUZEM MUITO BEM O QUE É A globosta, PREPOTENCIA!! o BONECO BONNÉ E SUA MULHER fAFA SÃO BERNARDO são petistas assumidos! Durante a apuração da eleição da Dilma o Bonné dava pulos e gritos desvairados de contentamento a cada resultado pró-Dilma . Isto tudo ao vivo e para todo mundo ver de que lado esta a globosta" sem falar na anciã gagá da viuva do Bob marinhoso que acintosamente ofereceu um jantar exclusivo só para a candidata Dilma e assim selou o destino da Globosta com a bandalheira do PT!
    dá pra acreditar nesta gang mídiatica mercenaria???

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