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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Desabafo de um catarinense

Vou plagiar Euclides da Cunha: "o catarinense, antes de tudo, é um forte!"

Por Klauber Cristofen Pires, com testemunho do Sr  Aurí José Carlini.


Quantas vezes eu asssiti as casas daquele povo sob as águas invasoras; o gado morto, às vezes em cima de um telhado; carros empilhados e totalmente carregados de lama, e as pessoas a sofrerem, além de todas as adversidades comuns aos flagelados pelas enchentes, também pelo frio. Oras, mas quantas tantas vezes também testemunhei, não muito tempo depois, as casas e as ruas limpas, as crianças nas escolas, as flores desabrochando de novo...

A capacidade do catarinense de confiar em si próprio e a não depender de governos para reerguer tudo a partir do zero representa um valor raro de ser encontrado. Não é para qualquer povo! Por muitos motivos eu admiro as pessoas de outros estados, mas aqui faço questão de frisar: o catarinense não conta com ongs assistencialistas, com uma literatura que torne folclórico ou lírico o seu sofrimento, ou com uma representatividade política expressiva no âmbito nacional.

O povo catarinense existe para pagar impostos, não para se beneficiar deles. O típico cidadão bem-educado, aquele tipinho que espera ônibus na fila e não joga lixo na rua, dispensa maiores investimentos do que os aplicados a um sem-número de atividades estatais para tal fim existentes em outros lugares. As casinhas deles, mesmo as mais simples, feitas de tábuas, que sempre lá estão com um jardim na frente e uma horta atrás, não são dignas daqueles filmes que se candidatam ao oscar. E cadê os flanelinhas? Ca-dê os fla-ne-li-nhas? Estão todos metidos em algum emprego produtivo por aí, decerto! Nem seus rostos rosados inspiram compaixão! Muitos deles são blue eyes, imaginem!  Como costumam dizer os esquerdistas sobre suas vítimas, têm mais é que agradecer...

Abaixo, transmito o desabafo de um conterrâneo, o Sr Aurí José Carlini, administrador, sobre as últimas tragédias ocorridas naquele estado, e do pouco caso que fazem o governo federal e a mídia politicamente pautada. O LIBERTATUM não é um blog que faça frente com as grandes redes de tv, mas é um passarinho que carrega no bico a água para apagar o incêndio na floresta. Pelo menos aqui o Sr Auri terá a sua voz repercutida.

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Moro em Taió-SC e  nos últimos dias nossa região vem sofrendo uma das piores enchentes da história de Santa Catarina. A casa onde moro com minha família felizmente foi pouco atingida e pouco perdemos, aos poucos tudo está voltando ao seu normal e graças a Deus não chegamos a passar nenhuma dificuldade mais séria a não ser erguer nossas coisas,  abandonar nossa casa e voltar pra  limpar a lama depois. 
O ponto chave deste meu protesto é a indignação que estou sentindo devido a um fato:  no alto vale existem milhares de pessoas passando fome, sede, frio e muita necessidade devido a esta tragédia; pessoas perderam suas casas, suas coisas...; empresários perderam suas empresas; o comércio está todo comprometido e muita gente  não tem pra onde ir, e me espantei quando consegui em meio a toda bagunça lá de casa instalar minha televisão para ver o programa do “Fantástico” da emissora Rede Globo, no domingo à noite, e ver qual seria a importância que dariam para nós, Brasileiros, que estamos sofrendo com tudo isso. 
Não queria ver fotos ou imagens da tragédia; queria simplesmente que este veiculo de comunicação se mobilizasse e ajudasse as pessoas que precisam, mas ao contrário, o que eu vi? Uma reportagem de 12 segundos! Isso mesmo! 12 segundos sobre as enchentes, e quase que todo o programa falando sobre os 10 anos do atentado de 11 se setembro nos Estados Unidos! 
 
Tudo bem, concordo que lembrar das vítimas é muito importante, porém dar extrema importância para os norte americanos e deixar pra trás milhares de pessoas sofrendo aqui é lamentável! A Patrícia Poeta foi até o marco zero onde ficavam as torres do World Trade Center mostrar as homenagens às vitimas fazendo uma demagogia impressionante, como se ela realmente se importasse com quem morreu lá, como se a Rede Globo se importasse com alguém naquele país ou no mundo; fizeram chamadas ao vivo mostrando como estava tudo lá naquele momento  e mostraram as seguidas homenagens que foram feitas pelos parentes das vítimas naquele dia, bem como a tristeza e dor de quem perdeu algum parente naquela tragédia. 
Hipócritas, isso que são,  deviam ter feito a chamada ao vivo em frente a uma das casas que caíram aqui na cidade de Rio do Sul; mostrar a agonia de quem perdeu tudo, mostrar a tristeza de quem trabalhou uma vida toda para conseguir uma casinha e ver ela sendo destruída em minutos! Mostrar a dor daquele pai que perdeu seu filho eletrocutado por um fio de alta tensão quando tentava escapar da sua casa tomada pelas águas,  para ver se assim alguém fica sensibilizado e ajuda pelo menos a dar um pouco de comida a quem tem fome, um cobertor a quem tem frio ou um gole d’água  a quem tem sede! 
O que mais me revolta é o sensacionalismo que a Rede Globo faz em cima de certas coisas: o Criança Esperança, fazem a cada ano e chamam diversos cantores, atores etc... Uma mobilização enorme para ajudar quem precisa, e não sei até que ponto isso é sincero porque eu tenho comigo de que devemos fazer o bem sem olhar a quem. 
Ir na TV aparecer e dizer que ajuda é fácil, mas entrar em casas até o peito com água para salvar crianças ou ir dar uma palavra de carinho para uma criança que não tem mais sua cama e sua coberta para dormir, isto ninguém faz, nenhum artista faz, nenhuma emissora faz, e por quê? Porque não dá audiência, não aparece...
Cadê o Renato Aragão ? Cadê a Xuxa? Cadê aquela turma de artistas implorando pra ajudar quem precisa? Será que só ajudam quando aparece na TV? Será  que realmente vão no Criança Esperança pedir ajuda porque são boas pessoas? Ou porque querem aparecer?  Essa turma da Globo só pensa em audiência e dinheiro: não passa de um tremendo bando de porcos sujos e mal intencionados...


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