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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sociedade descompromissada com a Soberania


Nossas "Forças Armadas" são o resultado da sociedade indisciplinada, egoísta, individualista, corrupta e muito bem representada pelos "políticos", democraticamente eleitos por nós mesmos. Em verdade, o povo talvez nem queira pensar nisso, nem queira pensar em nada. Do mendigo debaixo da ponte até o megaempresário, cada qual está unicamente preocupado consigo mesmo. O Brasil que se lixe! 

Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva

O maior entreguista de todos os tempos, Collor, com o apoio irrestrito do seu lugar-tenente no MRE da época, Marcos Azambuja, fez o que fez com os programas estratégicos de desenvolvimento tecnológico de ponta, e nada, mas nada mesmo, lhes foi cobrado. Para que se tenha uma idéia da entrega de soberania, seu governo passou a consentir o desarmamento e controle, não só de armas nucleares, mas também químicas e biológicas, abrindo mão do direito sagrado que tem a nação de dissuadir para não lutar. E não há legislação penal, invocável, que criminalize nenhuma destas ações de lesa-pátria. Somos um estado à deriva que “desabriga” uma sociedade apática.

Se na prática o povo não está nem aí para fazer reverter a nossa situação de país rico (hoje mais do que nunca), mas absolutamente indefeso, cabe a atual comandante-em-chefe das Forças Armadas assumir sua autoridade com decisão, fazendo denunciar as excrescências representadas pelos diversos tratados ligados à diminuição ou desenvolvimento de armas, como: o Tratado de Tlatelolco, a criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, o Acordo Nuclear Quadripartite de Salvaguardas com a AIEA, a legislação para controle de exportação desta qualidade de armas nucleares, o Compromisso de Me ndonza (nada mais nada menos do que a renúncia ao uso, produção, aquisição ou transferência de armas químicas e biológicas). Que se diga, convocando a Argentina para revisão do nosso acordo de salvaguardas, em prol de um outro que contemple as aspirações de segurança e soberania plena dos dois países mais ameaçados da latino-américa.

Como agravante ao descaso da sociedade está a nos aguilhoar também a miséria moral. Uma grande parte dos políticos desta hora, os anais públicos do Foro de São Paulo não deixam mentir, apóiam as FARC, ilegais na própria Colômbia, as quais, comenta-se com lógica, vivem da produção e da comercialização da cocaína. Seriam esses nossos representantes declaradamente bandidos? Cidadão, perigo! Isso tudo está a formar um mosaico, um vitral, um todo, um sistema, um conjunto consistente. 

Assim, nossas "Forças" não poderiam fugir do destino inglório de, apenas, estarem inseridas ne ste terrível contexto. Elas e os fatos que poucos militares comentam, expõem, analisam, denunciam, refletem perfeitamente a imagem de tal conjunto. Graças à educação militar, alguns profissionais das armas ainda vêem tudo isso com espírito crítico, mas não se sabe até quando haverá quem critique.

Enquanto persistir o espírito popular vigente, que é fruto de ene fatores a começar pela horrorosa falta de educação, especialmente a cívica, e a liderança política negativa, desonesta, vamos continuar na mesma. E a História mostra, com clareza meridiana: não cabe aos militares o papel de tutores da Nação. Como sair disso? Provavelmente, se não viermos a ser exceção no estudo da História Geral, por meio de purgação sangrenta lamentável, interna ou externa, quanta infelicidade, desgraçadamente.

Creio ser um assombro a luta de alguns poucos no sentido de abrirem os olhos da sociedade! Eles serão mártires ou herói s desta luta insana! De qualquer forma, que Deus os ilumine pela verdadeira guerra que fazem com as armas da crítica e do esclarecimento. Se cometerem algum erro, que tenham a certeza, ele será irrelevante no contexto do bom combate que travam, pois seu alerta está sendo dado. 

Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior. Originalmente publicado no “O SUL de Porto Alegre” em 24 de fevereiro de 2012.

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