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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Era uma vez...


A Cruz de Caravaca, também conhecida como Cruz de Lorena e Cruz de Borgonha, uma relíquia cristã de origem espanhola, é conhecida no Rio Grande do Sul como "Cruz Missioneira", e foi trazida para o Sul pelos padres jesuítas em 1626 durante a colonização do Brasil.

25 de abril de 2012
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Ex- Comandante da 16 ª Brigada de Infantaria de Selva


Tem gente que acredita em Papai Noel, em tradições, em memória, em símbolos, mas abundam os que não acreditam em nada, e assim seguem pela vida.


A democracia concede a cada pessoa a sua opção, e que a vida lhe ensine se está certo ou não em suas convicções ou descrenças.

A crença, o respeito, o culto às tradições, dependem de cada individuo.

Contudo, tem gente que apesar de não crer ou não aceitar qualquer imagem, não se limita a não respeitá – las.

Por vários motivos, eles as destroem. Por pensamento “politicamente correto”, por determinação ideológica, por interesse profissional, por despreparo intelectual ou moral, para aparecer na mídia, para agredir a comunidade, ou por motivos inconfessáveis.

A retirada da cruz nas salas do judiciário gaúcho pode ser creditada à gente que não acredita, e tem desrespeito aos que acreditam.

À cruz foi incorporada uma imagem de imparcialidade, de esperança num ser superior, que esperam os julgadores, os ilumine nas suas decisões. Alguns alegam que no lugar da cruz poderia ser adotado um círculo, um cubo ou qualquer outro símbolo ou desenho.

A Cruz de Caravaca, também conhecida como Cruz de Lorena e Cruz de Borgonha, uma relíquia cristã de origem espanhola, é conhecida no Rio Grande do Sul como "Cruz Missioneira", e foi trazida para o Sul pelos padres jesuítas em 1626 durante a colonização do Brasil.

No passado, lutas cruentas marcaram o domínio de Espanha e Portugal sobre a região, que englobava São Miguel, São João, São Luiz Gonzaga, São Lourenço, Santo Ângelo, São Nicolau e São Borja.

Com a missão de ensinar aos indígenas a fé cristã, os religiosos administraram comunidades que receberam o nome de “reduções”, hoje considerados os primeiros núcleos urbanos do Rio Grande do Sul. A partir das reduções, a Espanha pretendia tomar posse das terras ocupadas pelos indígenas.

Desse modo, a colonização do sul da Colônia se revestiu de características especiais que tiveram grande influência na formação do Exército Brasileiro.

A Cruz “missionária” lembrava aos jesuítas que colonizaram e doutrinaram em nome da religião católica, recordava também os nativos indígenas, como Sepé Tiarajú, estava acima de religiões, de raças, de ideologias, pois enaltecia a força de vontade, a garra, a tradição, o orgulho.

Portanto, a Cruz em frente ao 1º Batalhão de Comunicações de Santo Ângelo, era antes de tudo, a lembrança de uma epopéia, era uma singela homenagem.Cingia - se o símbolo com aquela unidade do Exército Brasileiro, apropriadamente, pois a Instituição é um dos baluartes das tradições nacionais, na medida em que o próprio Estado Nacional por vezes pisoteia no passado de lutas dos antigos feitos e de heróis nacionais.

De repente, o Comandante da Unidade, um fora de série, de livre arbítrio, decide apagar um símbolo que julga ser inócuo, que no seu julgamento poderia ser muçulmano, alienígena, impuro e, estribado na sua autoridade, asseverou que “retirar a cruz é garantir a universalidade de credos”.No seu ato insano, desprezou o histórico da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, antiga 16ª Brigada de Infantaria Motorizada que fora transferida de Santo Ângelo para a cidade de Tefé, a qual, mantendo a tradição da sua origem, conservou a denominação histórica de BRIGADA DAS MISSÕES e preservou no seu distintivo histórico o simbolismo da região, representado pelas ruínas de São Miguel e a cruz missioneira fundindo - o com a característica da região atual, onde mantém a sua sede, no centro da Amazônia brasileira.

Sim, é lamentável constatar que era uma vez... um belíssimo símbolo da história nacional, expurgado da memória de alguns incautos e insensíveis.



Brasília, DF, 23 de abril de 2012
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Ex- Comandante da 16 ª Brigada de Infantaria de Selva

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