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terça-feira, 3 de abril de 2012

O sonho acabou: voltamos às filas!



Acreditando ser mais esperto do que os outros, já no início do mês compareci ao supermercado para fazer as principais compras do mês! Quem dera!
Por Klauber Cristofen Pires

O economista e filósofo Ludwig von Mises jamais caiu na conversa dos sujeitos engomadinhos com suas fórmulas estatísticas complicadíssimas. Assim certa vez ele se exprimiu:
Uma dona de casa judiciosa sabe mais sobre mudanças de preços que afetem sua economia doméstica do que lhe poderiam ensinar as médias estatísticas. Para ela, de pouco adiantam cálculos feitos sem considerar as mudanças tanto em qualidade quanto em quantidade dos bens que ela pode adquirir aos preços utilizados para calcular o índice. Se, numa apreciação pessoal, ela ‘‘medir’’ as mudanças, considerando apenas os preços de duas ou três mercadorias como um padrão, não estará sendo menos ‘‘científica’’ e nem menos arbitrária do que matemáticos sofisticados ao escolher os seus métodos para computar os dados do mercado.
Pois, não é outro o espírito que me animou a fazer toda a feira do mês de uma só vez, logo no início do mês, que não a percepção clara de que o processo inflacionário em curso no Brasil já não nos deixa margens para o comodismo. Precisamos nos defender como pudermos com estes voláteis pedaços de papel pintado sem valor intrínseco que o governo nos enfiou goela abaixo e que chama de dinheiro!
Mas, ora vejam! Que tolice a minha pensar que sou melhor economista do meu dinheiro do que cada pai e mãe de família com o deles! Resultado: voltamos todos à fila! E não é porque estamos na Semana Santa não...já há tempos venho constatando o número crescente de pessoas que só fazem transportar seu numerário do caixa eletrônico bancário para o caixa dos supermercados.
Já houve quem me dissesse: "- estou com medo de ser acusado de agir como laranja!" Ao que perguntei o porquê, me respondeu "-Sim, laranja do meu próprio dinheiro!".
A fila! Ah, a fila, esta esquecida que não nos esquece, feito tia velha do interior que de tempos em tempos vem com suas tralhas e aquele primo chato de galocha passar “uns tempos” conosco!
A classe média passou como pôde sem ter de enfrentar as filas, mas elas já se mostram inevitáveis nos supermercados, nos médicos e hospitais (mesmo com plano de saúde), nos postos de gasolina, nos aeroportos, e nos concursos públicos – estes últimos, quem sabe – a causa de todas as outras filas.
Passou-se o tempo. Ainda me lembro de o comemoramos com frango e bolo de R$ 1,00! Quanto está mesmo o frango hoje? 

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