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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Padrão Globo de estereotipia


A emissora sinaliza uma mudança de paradigma.  Da incansável apologia homossexual, para a hostilidade anti-católica.

Por Roberto Cavalcanti

Depois de reiterados personagens homossexuais exibidos à exaustão nos últimos anos nas telenovelas globais, a Rede Globo decidiu inovar em sua nova novela das nove, "Avenida Brasil".  Em vez de mais um personagem homossexual estereotipado como bonzinho, sóbrio, morigerado e ético, surge em seu lugar uma mulher cruel e perversa, que por ironia encarna o papel de uma católica devota.  É a personagem "Carminha".

A emissora sinaliza uma mudança de paradigma.  Da incansável apologia homossexual, para a hostilidade anti-católica.  A intenção da Rede Globo em revolver o íntimo do telespectador, visando entorpecer sua capacidade psicológica de construir padrões tornou-se clara neste último sábado, dia 21.  Vejamos um trecho do marxista cultural James Cimino, ao comentar a telenovela:

"'É em momentos como esse que nós, pessoas de bem, temos que nos unir para nos proteger contra a pouca vergonha mascarada de modernidade que está invadindo nossos lares, tomando conta do nosso país! Eu estou falando deles, dos libertinos, dos amorais, dos degenerados, dos transviados que a cada dia ganham maior espaço na política, na mídia, na sociedade em geral! Nós vamos deixar que eles corroam os nossos valores? Ah, não! De jeito nenhum! Abaixo a imoralidade! Viva a família!'

As palavras acima caberiam muito bem na boca de uma vereadora católica, homofóbica, ex-atriz de TV que já posou nua; de um deputado militar defensor da ditadura, misógino e homofóbico; de um pastor evangélico assombrado pelo direito ao aborto e ao casamento igualitário; de uma ex-primeira dama populista de um país vizinho; ou mesmo de todos esses personagens reais em coro. Mas trata-se de uma cena da novela “Avenida Brasil”, exibida no capítulo de sábado (21), escrita pelo autor João Emanuel Carneiro para uma de suas protagonistas: Carminha, interpretada com assombroso realismo por Adriana Esteves
." [1]

Não é preciso muita perspicácia para perceber a quem o esquerdista xiita se referiu acima: Miriam Rios, Jair Bolsonaro e Silas Malafaia, respectivamente, representantes do combalidíssimo conservadorismo brasileiro.

A intenção é clara: promover a cartilha da lei anti-homofobia às avessas: em vez da cansativa apologia gay, inova-se com a hostilidade anti-conservadora.  Ao invés de incensar homossexuais, demonizam-se os católicos.

O esquerdista James Cimino tenta vender a idéia de que uma miríade de católicos são falsos moralistas.  Prossegue narrando que:

"Para quem não está assistindo à novela, Carminha é nada menos que a vilã da história. O currículo de maldades da personagem resume-se, aos 25 capítulos da trama, em ter dado um golpe no primeiro marido (que por sua culpa acabou morto), ter abandonado a enteada em um lixão, depois casar-se por interesse com um jogador de futebol, articular para que seu amante também se casasse com sua cunhada e, nesta semana, arquitetar seu próprio sequestro para tirar mais dinheiro do “otário” Tufão (Murilo Benício), o segundo marido.

Para a sociedade, no entanto, Carminha posa de católica fervorosa, defensora da moral e dos bons costumesNa semana passada, Carminha inaugurou uma creche que leva o nome de seu marido jogador e, capítulos depois, ao ver os sogros se separando, enchia a boca para dizer que o divórcio deveria ser proibido. O discurso de sábado acontece durante uma ação beneficente, realizada em parceria com a Igreja Católica do fictício bairro do Divino, em que a personagem distribuirá comida aos necessitados. O padre, como todos os padres de outras novelas clássicas que retrataram o coronelismo e o populismo no interior do Nordeste, derrete-se pela bondade da falsa devota, especialmente pelas vantagens que suas vistas grossas lhe trazem.

Como acontece com frequência nas avenidas deste Brasil, essa bondade e esse moralismo todo vêm travestidos de corrupção
." [2] [grifos meus]

Enfim, é clara aqui uma campanha encetada pela Globo para fragilizar a moral católica, pré-julgando os católicos em geral como hipócritas, que, como os fariseus, honravam a Deus nas palavras, mas O desonravam em suas ações.

Não há como negar que existam católicos como "Carminha".  Eu já tive oportunidade de testemunhar uma figura parecida em minha vida, há uns 11 anos.  Contudo, sei muito bem que isso é uma exceção à regra.  Tenho que concordar, igualmente, que o catolicismo brasileiro é um embuste, pois, aqui em nosso país, o catolicismo é muito mais uma adesão nominal do que prática.  Entretanto, há que se reconhecer que o assim-chamado "católico" é movido a enganar a si mesmo muito mais pela indolência moral e mau exemplo de suas lideranças do que por razões de má formação de personalidade.  Assim, ainda que o católico médio não seja essa figura sádica, cruel e perversa exibida na novela, mas muitíssimo menos que isso, o catolicismo brasileiro tem certa culpa de ser detratado nos meios de comunicação.

Mas já pensou, leitor, se ao invés de católica devota a figura perversa em questão fosse uma lésbica esquerdista?  Os organismos GLBT iriam vociferar a plenos pulmões contra a emissora e o Ministério Público já estaria no pé dos seus diretores para defender os fracos e oprimidos homossexuais.

Obviamente, os esquerdistas responsáveis pela novela não ostentam autoridade moral para julgar quem quer que seja, muito menos os católicos.  E muito menos para pré-julgá-los.  Se a norma proibitiva de preconceitos da lei de racismo funcionasse - e que abrange a intolerância religiosa - já haveria gente enquadrada no artigo 20 da Lei nº 7.716/89. Embora eu discorde de leis que criminalizem quais sejam os preconceitos, é clara a dubiedade em nossa sociedade.  Preconceituar católicos está ok.  Mas preconceituar gays é impensável!

A Globo constrói estereótipos falsos para gays e para católicos.  Com a diferença que os estereótipos gays são favoráveis, enquanto os católicos são visivelmente prejudiciais. É a inversão de valores.  É a inversão do bem pelo mal. Do doce pelo amargo. Ai destes, diz o Profeta Isaías! (Is. 5, 20)

Estereotipar significa exatamente construir padrões.  O mau não é estereotipar.  O mau é fazer isso com fins claramente políticos, de modo infiel e distorcido, ou então fazer o mau uso dos estereótipos.  Estereótipos em geral não costumam ser arbitrários.  O sociólogo judeu Steven Goldberg discorreu muito bem sobre o tema:

O estereótipo é originado de alguma realidade; não é arbitrário. [ ] Estereótipos são figuras abstraídas da realidade; elas são versões da quintessência da realidade e devem representá-la. Isso não quer dizer que estereótipos não podem mudar; eles podem mudar, tanto quanto as realidades que eles representam.” [2]

[...]

“Nenhum estereótipo é 'arbitrário' ou incorreto como observação; todo estereótipo é 'real' naquilo que observa como comportamento ou proprensão que é, em realidade, mais associado com o grupo estereotipado do que com outros grupos (quais sejam suas causas).
” [3]

[...]

Ignorar o estereótipo para pretender que não seja verdade no sentido que nós discutimos, ou assumimos sem evidência que o comportamento observado deva ter uma explicação puramente social, é proceder na direção oposta daquela que a ciência reclama. A ciência reclama que nós façamos observações e então tentemos explicá-las pela evidência, não pelo desejo e ideologia.” [4]

Enfim, não há nada de arbitrário em estereótipos, desde que eles não sejam politicamente distorcidos e manipulados, como é do feitio da emissora em questão para com os católicos e os gays.

É muito fácil construir um estereótipo falso de uma católica devota como cruel, sádica e perversa, já que os católicos brasileiros são débeis, sem energia moral, especialmente os clérigos.  Estes nem católicos propriamente ditos são.  São traidores que de católicos só têm os paramentos.  Os católicos brasileiros, enfim, exibem em comum a característica do derrotismo moral.  São católicos moles, tíbios e fracos de uma Igreja que deveria ser militante.

Sem lideranças capazes de estimular essa militância, é aceitável, então, que os católicos engulam uma representação falsa em horário nobre, de modo a questionar a reputação de toda uma coletividade.

Os gays, ao contrário, persistem sendo representados como dóceis, sóbrios e éticos, por mais que tal representação seja falsa, irreal e distorcida.

Catolicofobia é aceitável.  Homofobia é impensável! É o padrão Globo de estereotipia... 

Notas:

[1] Disponivel em http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2012/04/24/vila-de-avenida-brasil-e-seria-candidata-a-uma-cadeira-no-congresso.jhtm Acesso em 25/04/2012
[2] Idem
[3] GOLDBERG, STEVEN. Why Men Rule, Open Court, 1993. p. 105
[4] Ibidem, p. 207-208.
[5] Ibidem, p. 198-199

2 comentários:

  1. Eu não consegui ler o artigo, parece que o blog está um pouco desconfigurado.
    Abraços fraternos

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  2. Eu não consegui ler o artigo, parece que o blog está um pouco desconfigurado.
    Abraços fraternos

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