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terça-feira, 29 de maio de 2012

Que bem nos faz a liberdade!



Temerosa de perder a credibilidade diante da concorrência com os blogues e sites independentes, aos poucos a grande mídia vai adotando novas posturas mais elogiáveis. Demos graças à liberdade de expressão e ao direito de propriedade!
Por Klauber Cristofen Pires

Eis que leio no Estadão, da coluna de Celso Ming, um daqueles artigos que há coisa de uns poucos anos ou até de meses atrás seria inimaginável.
Seu texto “Dilma turbina o pibinho” está simplesmente correto nas avaliações que faz, sem os usuais tributos ao keynesianismo ou às mistificações perpetradas pela sapientíssima equipe econômica do governo, ao criticar o estímulo ao consumo baseado na expansão do crédito em detrimento da poupança e do investimento.
Ming escreve para os leitores despido dos tecnicismos metidos a besta e, aleluia (!), talvez tenha sido o primeiro comentarista político e econômico da grande mídia a questionar as medidas econômicas à la carte do governo, isto é, no sentido de privilegiar um setor em detrimento dos demais: “O principal problema desse novo pacote não é o especial desvelo com que trata a indústria de veículos e deixa os demais setores ao deus-dará. É a estratégia de tentar compensar a relativa desaceleração interna com mais consumo apoiado no crédito - e não com mais investimento.”
Ainda aqui, no entanto, faço reparos ao Sr Ming: para um convicto “austríaco” como eu, é sim um principalíssimo problema este o de o governo governar casuísticamente, solecando aqui e tesando ali. No mínimo, isto constitui uma grave ofensa ao princípio da isonomia jurídica entre os cidadãos – a tal da igualdade de todos perante a lei – mas no decorrer de sua prática continuada, aí jaz uma grande fonte para toda sorte de corrupção, falcatruas e perseguições, sem falar do perigoso dirigismo estatal por sobre os cidadãos, a tutelar suas preferências e seus projetos de vida.
Os impostos, tal como as leis, devem ser iguais para todos! No fundo, talvez até sem ter percebido, o próprio colunista reprova tais práticas: “Eles querem empurrar mais veículos para a população. Não levam em consideração que a reaceleração da produção poderia ser promovida com muito mais vantagens se fosse acionado o investimento.”
A não ser quando ao final clama por mais investimentos, no que dá a entender que sugere provenham da iniciativa estatal, Ming se entrega à Escola Austríaca com as duas mãos por sobre a cabeça.
Caríssimos leitores, da mesma forma que o Sr Ming, como já havia exposto, um Jornal Nacional diferente apareceu na semana passada, ao ter dosado um pouco melhor suas reportagens sobre conjuntura com umas gotas a mais de realidade.
Da minha parte, tenho percebido o quanto este salutar processo de correção jornalística – que ainda tem muito a caminhar – tem surgido como uma reação a dois fatos de crucial importância:
Em primeiro lugar, o advento da internet, de onde surgiram primeiramente os e-mails, e deles os grupos de discussão, para em seguida aparecerem os blogs e as redes sociais. Estas inovações promoveram uma efetivação material da liberdade de expressão sem precedentes, o que possibilitou a qualquer um a quem a grande mídia negasse a voz contornar a barreira da filtragem ideológica para ter acesso às informações sonegadas ou editadas e divulgá-las sem limites geográficos pré-definidos.
Um exemplo notório foi o caso Honduras, que o casal William Bonner e Fátima Bernardes primeiramente denunciou como um golpe de estado realizado por militares. Como os blogues e sites independentes estavam a desmentir a versão global, apresentando os fatos verdadeiros, viram-se na contingência de ir fazendo seguidos remendos em suas versões, o que os fez depois transmitir que se tratava de um golpe de estado do congresso em conluio com militares, para enfim chegar até mesmo a arranjar a desculpa esfarrapada de um obscuro cientista político argentino que disse que conquanto a deposição de Manuel Zelaya tenha sido regular e constitucional, deveria ter sido entendida como um golpe “por ter se parecido” com um golpe! Imaginem!
Por outro lado, a intransigente postura do STF em favor da liberdade de expressão, com a sua decisão que abominou a esdrúxula exigência de diploma de nível superior para o exercício da atividade de jornalismo, permitiu furar o bloqueio da hegemonia da doutrinação gramscista-marxista nas universidades e faculdades de jornalismo, mais formadoras de fanáticos militantes do que de autênticos profissionais. Não é à toa que muitos dos sites e blogues da Sinistrosfera deploram a decisão do STF e apoiam a campanha pelo retorno da exigência da formação superior no campo legislativo.
Hoje em dia, mesmo um pequeno blogue, pouco visitado e que publique seus artigos em dias esporádicos, tem um alcance fabuloso: praticamente de nada serve ser medido com base nas suas estatísticas de visitações, uma vez que as redes sociais agem como multiplicadores ao limite do infinito.
Fico feliz por Celso Ming e por aqueles que estão desabrochando para os novos tempos. Mais ainda quando se comprometer por completo a não fazer nenhuma concessão aos governantes, quaisquer que sejam.  

Um comentário:

  1. Surfista Prateadomaio 29, 2012 12:27 PM

    Você devia ler e ouvir mais o Carlos Alberto Sardenberg, que já vem dizendo isso há anos, não foi na semana passada.

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