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sexta-feira, 18 de maio de 2012

A tempestade vem chegando!


Salário mínimo indexado, desindustrialização, redução da produção agrícola, aumento do crédito e tungada na poupança: vai tudo muito bem, diz o governo e a mídia engajada!
Por Klauber Cristofen Pires

Prezados leitores,
Nesta semana, tenho acompanhado os principais jornais televisivos, para extrair do conjunto uma constatação: o Brasil está começando a embicar a proa.
Percebam o esforço do governo e dos seus mandarins da área econômica no afã de minimizar ou justificar os índices desanimadores que estão chegando, ainda relativamente suaves, como a fina chuva que antecede as trágicas tempestades tropicais.
A inflação tem aumentado mais do que o previsto? Ponham a culpa nas empregadas domésticas! O dólar está disparando? Ah, mas isto é bom para os exportadores! Tungada na poupança? Ah, foi só um pouquinho, e continua a ser o investimento mais seguro e tão rentável quanto sempre...
Ora, as domésticas! A inflação somente tenderá a subir, desde que o salário mínimo está indexado a uma fórmula que soma inflação passada e PIB. Não aprendemos nada com os erros de Dilson Funaro! A inflação não tem outro caminho que não subir a rampa, uma vez que o país atravessa um notório processo de desindustrialização e redução da produção de alimentos, promovido pelo duplo garrote tributário-burocrático, e pela ostensiva perseguição ao agronegócio, a deprimir a oferta em face do crescimento da demanda, ainda mais estando esta última artificialmente estimulada pela irresponsável expansão do crédito para além de todos os limites.
Ora, o dólar! Ora, os exportadores! Não tem sido o dólar mantido em alta até então pelo próprio governo? Porque só agora o governo foi tinar que a desvalorização da moeda americana é boa para o Brasil – por ser boa para os exportadores? Não foi a própria Dilma, que com palavras postas na boca dela por seu ministro “Mantega” (ou será ministro “Maionese”?), ficou a reclamar do Tsunami de dólares a invadir o país? - Percebam bem: reclamava daqueles que acediam à sua generosa oferta de títulos públicos! Imaginem um dono de uma churrascaria reclamar de seu estabelecimento estar lotado por cobrar dez reais pelo rodízio? Ora, se os dólares estão chegando, deveriam estar decrescendo em valor.
Ora, a poupança! Em cento e vinte anos, jamais a poupança foi tungada, a não ser por breve período em que o então presidente Collor a reteve como empréstimo compulsório – e mesmo assim sem ter os seus rendimentos afetados. Agora, olhem por que mãos foi ferida: as do Partido dos Trabalhadores - PT, aquele que sempre se posicionou ante os holofotes como o defensor das classes pobres e operárias! Foi pouco? Foi, sim, mas foi no “seu”, caro amigo! A diferença entre o dinheiro captado pela poupança e o dinheiro emprestado pelos bancos continua praticamente intocada, assim como incólume a ganância tributária estatal.
E já que estamos a falar dos juros, vamos a outro termômetro preocupante: os pátios das montadoras estão repletos! A mídia, abonadora do governo, tem investido no discurso das ótimas condições favoráveis aos consumidores e no “crédito responsável” praticado pelos bancos, negligenciando ao público que os calotes do setor têm escaldado os financiadores e que afinal, as pessoas não estão podendo mesmo trocar os seus carros, por já estarem atoladas em dívidas.
Estamos  vivenciando no momento atual apenas as brumas. A tempestade vem chegando, e vai somar-se à da que vem da Europa. Preparem-se!

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