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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ativista da liberdade da praça de Tiananmen é encontrado morto por enforcamento em um hospital na China



Beijing - Como uma trágica lembrança ao 23º aniversário do massacre da praça Tiananmen, um ativista veterano foi encontrado enforcado em um quarto de hospital nesta manhã de quarta-feira.

Li Wangyang, 62, era um ativista trabalhista da província de Hunan que liderou os trabalhadores em protestos afins durante as demonstrações dos estudantes em 1989 e cumpriu mais de duas décadas na prisão. Ele estava em liberdade condicional médica em Shaoyang, Hunan, quando foi encontrado logo cedo na manhã  de quarta-feira pendurado por uma corda feita com o lençol atada às barras de segurança da janela do quarto. 
 A família foi avisada por telefone às 6 horas da manhã, e correu ao hospital, onde lhes foi dito que o corpo de Li ainda estava dependurado da janela, disse seu cunhado Zhao Baozhu. Ele disse que eles estão céticos sobre se Li, que é cego e praticamente surdo, poderia ter cometido suicídio. 
"Ele mal podia segurar uma xícara sem que suas mãos tremessem. Eu não posso imaginar como ele poderia ter feito um nó com o lençol", disse Zhao. Ele notou que havia guardas no hospital designados para vigiar Li. "Como poderia isto ter acontecido se havia guardas de segurança para vigiá-lo?" Nós temos muitas dúvidas.".
A família não obteve a permissão de tirar fotografias do corpo, mas foi lhes dito que seria realizada  uma autópsia. 
Os companheiros pró-democracia clamam por uma investigação da sua morte. Eles salientaram que Li, a despeito de sua combalida saúde, estava psicologicamente bem. 
Na noite anterior ele havia pedido à sua família para trazer-lhe um rádio de modo que ele pudesse treinar sua audição. Uma entrevista na qual ele conclamou "toda a nação para celebrar o 4 de junho" foi ao ar numa rádio francesa no Domingo, véspera do aniversário da repressão na praça de Tiananmen. Na segunda, ele disse a um amigo que estava otimista que a "democracia constitucional da China será alcançada.".
"Embora Li estivesse doente, ele era muito disposto", conforme uma nota emitida na segunda por um grupo de amigos que se denominam como o Comitê de Investigação da Morte de Li Wangyang". Comparando-o a Nelson Mandela, da África do Sul, eles escreveram, "Como poderia um veterano pró-democracia tão enérgico como Li Wangyang, que cumpriu 22 anos de sua vida na cadeia, tirar sua própria vida? 
para seus apoiadores, li foi um dos heróis não celebrados de 1989, tendo angariado menos louvores que a elite dos estudantes universitários que fizeram seus protestos em Beinjing e receberam uma punição mais severa. Um trabalhador de uma  fábrica de cimento, ele foi um dos primeiros organizadores dos sindicatos na China.   
No dia 04 de junho de 1989, ele colou um enorme poster num semáforo em Shaoyang conclamando os trabalhadores para participarem de uma greve em apoio aos protestos pela democracia. Dois dias depois, ele organizou um memorial das vítimas do massacre. 
Ele estava acusado de espalhar propaganda contra-revolucionária e recebeu uma sentença de 13 anos. O duro tratamento a que foi submetido na prisão levou à deterioração de sua saúde, e ao completar a sua pena, ele começou uma campanha por indenização. Como resultado, recebeu uma nova sentença de 10 anos.  
"Os trabalhadores eram pior tratados do que os estudantes", disse Tang Baiqiao, um ex-líder estudantil que vive no exílio em Nova York. Ele comparou Li a Chen Guangcheng, o advogado cego e autodidata  que tinha instigado os camponeses a resistirem às estruturas do Partido Comunista e que recentemente escapou para os EUA.  
Li não tinha uma alta educação, mas ele era um líder nato, altaneiro, heróico, disse Tang. O povo o escutava quando ele falava sobre democracia.
Li pode ter recebido uma punição muito dura porque ele estava na província de Hunan, o berço do fundador da China Comunista. Mao Tse-tung, onde o apoio ao partido ainda permanece alto. 
Dui ha, um grupo de direitos humanos baseado em San Francisco, reportou que na semana passada que menos de doze pessoas ainda permanecem na prisão hoje desde a repressão de 1989. Porém, as discussões sobre os eventos daquela caótica primavera, na qual centenas ou talvez milhares foram mortos, permanece estritamente banido do debate público na China. 
Em outro relato da tragédia de Tiananmen, o pai de 73 anos de um jovem homem morto nos protestos de 1989 cometeu suicídio na sexta-feira, de acordo com um grupo de parentes que prestava-lhe apoio, O grupo, as mães de Tiananmen, disseram que o homem tinha deixado uma nota em que ele escreveu sobre o seu profundo e continuado desgosto com a morte de seu filho de 22 anos. 

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