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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Arrependimento de fachada

Luís Panadés escreveu um brilhante comentário sobre o artigo "Não basta ter razão", do cronista e sedizente "ex"-militante comunista Ferreira "Gullag", digo, Gullar, publicado na Folha de São Paulo, de 03-02-2013 . Seguem abaixo os dois textos...
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Vale a pena a leitura. É interessante ver como lamenta-se o comunista do "fim" de sua fantasia de igualdade. Chorosamente ele lastima o fim da União Soviética e seu sonho e louva o comunismo apesar dele, o erro estava nos que fizeram e não no que fizeram, pois o que fizeram era um sonho e os quem sonham acordados, devaneiam, estão desobrigados de qualquer moral, eles têm a moral superior, a moral socialista, não a moral burguesa.
O sujeito é tão, mas tão filho-da-puta que ele tem cara de pau de dizer que as pessoas que acreditaram nos socialismo sofreram muito com seu fracasso, com seu fim como se isto fosse verdade. Como se não tivessem sido suas vítimas os verdadeiros sofredores, justamente aqueles que não acreditavam no regime foram as maiores vítimas e sorte tiveram os poucos destes que sobreviveram até que já ninguém mais acreditava no regime e não acreditavam mais em nada e em ninguém: era um regime policial, onde se precisava desconfiar de todos e se manter calado; um regime onde o riso é impossível pois qualquer piada pode ser um subversionismo anti-revolucionário; além de tudo isto a miséria. Os que devaneavam no comunismo, acreditando na natureza humana e na Santa Cruz foram os que primeiro tombaram. O canalha filho-da-puta diz que os gestores da cousa, os devaneadores da tara comunista sofreram com seu fim, mas ora... ora, que canalhice.


Não bastasse isto o merda diz que o comunismo acabou, que foi terminado por Gorbatchev. Mentira! Gorbatchev e sua turma continuaram no poder e puderam com a falsa abertura que fizeram expandir o capital da Máfia Russa e da KGB sem os impedimentos de um mundo vigiado externamente e de fronteiras fechadas. O comunismo não acabou na União Soviética, não… não mesmo: o mundo foi que se abriu para o comunismo, para o dinheiro soviético roubado do povo Russo para se espalhar gostosamente pelo mundo na figura de grandes capitais e "novos" milionários.


Não bastasse isto, o canalha ainda repete aquela velha propaganda socialista que associa o "capitalismo" a tudo que tem de mal, à exploração do homem e a toda ausência de moral. Adoraria explicar isto aqui mas não me quero alongar. Há textos do Klauber Cristofen Pires, do Olavo de Carvalho, do José Nivaldo Gomes Cordeiro, enfim… de uma infinidade de EXCELENTES autores que abordam incessantemente esta questão; o que é pior é o "amor" inconteste à mentira socialista — Satanás é o pai da mentira. Tão inconteste é este "amor", esta verdadeira tara que apesar de tudo, dos milhões de esqueletos que comunismo produziu ele contia abraçado a ele e certo de sua necessidade, porém agora com nova fórmula Agora eles adotaram o marxismo não ortodoxo, o marxismo hetero-dóxo, o socialismo fabiano, a social-democracia. Agora eles entenderam o que Marx dizia quanto ao que haveria de fazer na esfera econômica para inviabilizar a propriedade privada sem precisar decretar formalmente o seu fim: a taxação, a taxação progressiva; e o aumento das regulações sobre os mercados. Os comunistas perceberam, como o filho-da-puta mesmo confessa que o comunismo é incapaz de gerar riqueza; então, como um parasita num corpo desprotegido, ele vai se instalando nos orgão, sugando toda força produtiva, até que a oportunidade favoreça-lhes a subir ao cérebro, aceder ao governo, mas também, por conseguinte, dominar por completo ao corpo e cada vez mais e mais sugar o que produz. Se tu leste o texto e ficaste um pouco confuso quando ao final do que o canalha quis dizer, vai aqui a síntese: Eles sabem que não sabem produzir; logo eles deixam o "capitalista" que odeiam gerar riqueza enquanto pensa que é dono do seu negócio, só porque têm sobre ele alguma gerência que o governo concede-lhes quase como um privilégio, algo tolerável mas reprovável; aí, depois do "capitalista" gerar riqueza eles dela se apropriam para fazer a "justiça"-social. Tens uma empresa, acreditas nisto! Bobo... otário. Não tens uma empresa, és um escravo do Estado que te deixa produzir para parasitá-lo depois cada vez mais e mais.


O desgraçado cínico, alega: "O grande problema, portanto, é este: como estimular a iniciativa criadora de riqueza e, ao mesmo tempo, valer-se da riqueza criada para reduzir a desigualdade."
Como se ele não soubesse como, como se ele não tivesse lido os theórica desta merda toda, como se desconhecesse e ainda estivesse perdido, em dúvida.


Se por um segundo tu acreditaste nesta possibilidade, saibas que não tens a mínima idéia de onde estás e do que está acontecendo e é exatamente isto que estes tarados dementes querem que penses. Que eles são bonzinhos sonhadores lastimosos de uma tragédia: o final do comunismo. O comunismo/socialismo não acabou, caralho! O comunismo só mudou de forma, como tantas vezes já mudou antes, ele troca de discurso conforme a conveniência. Enquanto o brasileiro idiota repete esta cretinice de que o comunismo acabou e de que o "capitalismo" é imoral eles vão parasitando todo o sistema e se tornando fortes como nunca foram antes. Agora eles têm o mundo todo para parasitar, com a vantagem dos hospedeiros acharem-se livres e vencedores. "Aquele comunistas soviético foderam-se" — dizem muitos. Não, eles não se foderam: eles estão do teu lado fodendo-te e tu a pensares que o problema é outro.

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Não basta ter razão

DE SÃO PAULO

Entendo que alguém, que durante toda a vida tenha tido o marxismo como doutrina e o comunismo como solução dos problemas sociais, se negue, a esta altura da vida, a abrir mão de suas convicções. Entendo, mas não aprovo. Tampouco lhe reconheço o direito de acusar quem o faça de "vendido ao capitalismo." Aí já é dupla hipocrisia.
Tornei-me marxista por acaso, ao ler o livro de um padre católico sobre a teoria de Marx. É verdade que o Brasil daquela época estava envolvido na luta pela reforma agrária e pelo repúdio ao imperialismo norte-americano, que se assustara com a Revolução Cubana.
Confesso que meu entusiasmo por um Brasil concretamente mais democrático não me permitiu examinar, ponto por ponto, a doutrina marxista, para nela descobrir equívocos e propósitos inviáveis.
Não ignorava, claro, as acusações feitas ao regime soviético, mas atribuía aqueles erros à fase stalinista que, após a denúncia feita por Khruschov, havia sido superada. A verdade é que essas questões --sobretudo depois que os militares se instalaram no poder-- não estavam em discussão: o fundamental era derrotar a ditadura e avançar na direção do regime socialista.
Com o AI-5, em dezembro de 1968, a repressão aos comunistas e opositores do regime militar intensificou-se, multiplicando-se os
casos de tortura e assassinatos.
Tive que deixar o país e ir para a URSS. Convivendo ali apenas com militantes brasileiros e de outros países, pouco pude conhecer da vida dos cidadãos soviéticos, a não ser daqueles que pertenciam à máquina oficial.
De Moscou fui para Santiago do Chile, aonde cheguei poucos meses antes da queda de Allende.
Mergulhado no conflito ideológico que opunha as duas potências antagônicas -URSS e EUA-, não me foi possível ver com maior clareza o que de fato acontecia nem muito menos os erros cometidos também por nós, adversários do imperialismo norte-americano. Isso se tornou evidente para mim, anos mais tarde, quando o sistema socialista ruiu como um castelo de cartas.
Tornou-se então impossível não ver o que de fato ocorria. O regime soviético não ruíra porque um exército inimigo invadira o país. Pelo contrário, foi o
povo russo mesmo que pôs fim ao sistema e o fez porque ele fracassara economicamente.
Não obstante, muitos companheiros se negavam a aceitar essa evidência. Passaram a atribuir a Gorbatchov a culpa pelo fim do comunismo, como se isso fosse possível. A verdade é que as pessoas, de modo geral, têm dificuldade em admitir que erraram, que passaram anos de sua vida (e alguns pagaram caro por isso) acreditando numa ilusão.
E, além do mais, é compreensível, uma vez que o socialismo propunha derrotar um sistema econômico injusto e pôr em seu lugar outro, fundado na igualdade e na justiça social.
É verdade também que em alguns países onde o socialismo se implantara muito foi feito em busca dessa igualdade. Não obstante, algo estava errado ali, já que o regime era obrigado a coibir a livre opinião e impedir que as pessoas saíssem livremente do país. A pergunta é inevitável: alguém, que vive no paraíso, quer a todo custo fugir dele?
Tampouco o regime capitalista é o paraíso. Longe disso. A diferença é que, dele, podemos sair se o decidirmos, criticá-lo e, pelo voto, mudar o governante. Mas não é só isso. O capitalismo é dinâmico e criativo porque é a expressão da necessidade humana de tudo fazer para melhorar de vida.
Neste momento mesmo, milhões de pessoas estão inventando meios e modos de criar empresas, realizar empreendimentos que lhes possibilitem lucrar e enriquecer.
Como poderia competir com isso um regime cujo processo econômico era dirigido por meia dúzia de burocratas, os quais, em nome do Partido Comunista, tudo determinavam e decidiam? Isso conduziu o comunismo ao fracasso e levou a China a tornar-se capitalista para escapar do desastre que pôs fim ao sistema socialista mundial.
O capitalismo, por sua vez, é o regime da exploração e da desigualdade, precisamente porque se funda no egoísmo e na busca do lucro máximo. Se deixarmos, ele suga a carótida da mãe.
O grande problema, portanto, é este: como estimular a iniciativa criadora de riqueza e, ao mesmo tempo, valer-se da riqueza criada para reduzir a desigualdade.


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