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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ainda sobre...protestos




Gustavo Miquelin Fernandes



“Romper a continuidade com o passado é querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango" - Ortega y Gasset



Sabe quando cachorro começa a latir prum carro em movimento e o veículo abruptamente pára?

O cachorro fica meio sem jeito; com cara de tonto, sem saber o que fazer: se coça o rabo ou morde a placa. E pára imediatamente de latir...

É como andam esses movimentos protestistas no Brasil.

O carro parou pra matilha revolucionária, e ela sem mensagem nenhuma, latindo coisas vagas e genéricas, como andar "de busão de grátis" ou o fim da corrupção (como se essa variável fosse exterminável)...

E agora, o Congresso vomita uma agenda legislativa pra lá de populista, conforme eu tinha previsto - sendo aceita de bom grado essa proposta casuística - tenho ouvido, inclusive pródigos elogios. Essas coisas nunca darão certo - trocar a busca diuturna de uma postura cívica e de alta conscientização por algumas pedras e cacos de vidro. Quem estuda Filosofia e se aprofundar em clássicos liberais, vai se inteirar disso. 

"Passe livres foram aprovados, contrariamente ao alerta da própria Presidente, alertando que isso é impossível. Também contrariamente ao pensamento do grande Friedman que dizia que não haver almoço grátis. Ou se paga passe ou se paga impostos. Não há como escapar de certas realidades mercadológicas - impostas pelo sistema econômico eleito, ou seja, o capitalismo.

O gigante não acordou, entramos em estado comatoso profundo - Morfeu nos levou pra uma voltinha em algum campo helênico sem prazo de volta. Os reais problemas não foram arrostados, sequer cogitados, para o delírio dos operadores do Poder e esquerdistas maliciosos que vivem à custa da estrutura que aí está, sugando recursos da sociedade.

Já atrapalha a economia e a produção, enjoou inclusive, e teve seus efeitos diluídos. E pior: dá a falsa sensação de um ultimato da mobilização popular. O efeito é mais devastador que a inércia, já que no contexto é aparentado que tudo foi feito pelo povo, até revolução e agora não sobra nenhuma medida para salvaguardar nossos interesses. 

É um soco no estômago da democracia. Vejo até supostos filósofos envolvidos nessa quebra de ordem ingênua e garota. Em recente debate com um professor de Filosofia, este me relatou que a democracia estava trocando de roupa, e apareceria bem mais bonita, ao final.

É muita falta de fosfato no cérebro...

Eu poderia redarguir ajuntando a "marcha da família com DEus pela liberdade" no Brasil, que nos presenteou com vinte anos de chumbo; a revoluçaõ francesa que deu à Europa (e ao mundo) Bonaparte ou a revolução de 1917, na Rússia, que todos sabem como terminou - mas seria muito pra uma mente viciada em Estado, em demagogia e em informações truncadas da mídia convencional.

O que fazer? 

Prefiro o ceticismo vigilante à comemoração bobinha, prefiro a revolução cultural (no bom sentido) à revolta civil. E não abro mão da democracia para um estado de orgia institucional, em que o " a elite do Poder" tira o proveito bem como alguns aliados próximos e amigos do rei.

Os filósofos de botequim, "pensadores engajados", intelectuais de Facebook deveriam abeberar-se da experiência, do conhecimento acumulado; não  é hora de fazer teses à custa de um estado sitiado. Vamos discutir a obra de Gasset. Vamos debater o conceito de "homem-massa", o fenômeno das "aglomerações", e vamos espalhar um pensamento mais liberal, que pregue a liberdade em todos os sentidos dos povos. 

Já Kant pronunciou-se expressamente a respeito das revoluções, esclarecendo que a verdadeira mudança do status quo viria a lume com a reforma do pensamento: "ousar saber"; é dele essa conhecida expressão.

Ainda fico em minha miúda, sem achar que houve o estopim de uma nova Canaãn ou de uma Lilliput ou mesmo de Blefuscu. Isso é utopia da mais infantil. Não caiam em conversinhas de agitadores, políticos analfabetos e filósofos esquerdistas. 

A complexidade do estado de coisas não permite isso. Aposto em outro tipo de ação organizada.

2014, lá pra outubro, será o cenário perfeito para um grande protesto. Nesse eu vou!

Convido a todos também!

A coisa tá difícil em terras brasilis, o que me entristece.

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