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terça-feira, 25 de junho de 2013

Católicos franceses descobrem o “gostinho” da militância pela Igreja

Extraído de Valores Inegociáveis

O quotidiano Le Monde, porta-voz do socialismo e do “progressismo católico”, indagou por que os fiéis, que até havia pouco eram apáticos diante da Revolução Cultural contrária à família e à religião, reagissem de modo novo e inesperado.

As respostas dos participantes das imensas marchas contra o “casamento” homossexual o deixaram perplexo.

Le Monde ouviu pessoas de todas as idades e profissões do país inteiro. Elas não sabiam dizer bem por que saíram à rua, mas saíram e se inebriaram com o “perfume especial da insurreição”. Desde então, não conseguem mais parar.

A mobilização contra o casamento para todos constituiu para muitos católicos um batismo de fogo. Ghislain, de 29 anos, diretor de inovação de uma empresa de start-up na região parisiense, explicou que hoje ele usa folhetos, blog e Twitter durante o dia, à noite e no fim de semana contra a agenda socialista. “Esse governo fez de mim um militante”, explicou.

Para Clémence, de 28 anos, e Thibaud, de 25, o “casamento” homossexual é um “ponto inegociável” e agora dedicam duas noites por semana à preparação de novas manifestações, sobretudo a colar cartazes.

Para Paul, 22, “o desprezo arrogante e a ignorância culpada do governo me deixaram estupefato”.
“O compromisso de lutar contra esse projeto ocupa o fundo do meu pensamento da manhã à noite e absorve-me facilmente três horas por dia seguindo as ações nas redes sociais ou as discussões com os amigos a favor ou contra, ou ainda participações nos atos realizados”, disse Esther, de 36 anos.

Axelle, de 25, indicia também a mídia: “Se eu digo que vale mais para uma criança ter um pai e uma mãe, sou fascista, de extrema-direita, identitária, católica fundamentalista! Não, senhores jornalistas, senhores políticos, vocês estão enganados”.
“Em quase todos os depoimentos – escreve Le Monde – a palavra ‘desprezo’ surge com regularidade”. Os franceses, especialmente os jovens manifestantes, se sentem “ignorados e humilhados” pelo partido socialista.

Poderia acontecer alo de pior para um movimento que aspira a ter um papel no futuro?

Assim, o frenético hallalido presidente “normal” a exemplo de Napoleão na Rússia, sucumbe no inverno da hostilidade popular. E enquanto as ruas ardem anunciando o fracasso da ofensiva desesperada, tudo se escurece no horizonte das esquerdas.
O comentarista Ivan Rioufol, do Le Figaro, escreveu em seublog: “A esquerda não viu a nova indignação popular chegar e já não consegue controlá-la”, acrescentando que “esses milhares de jovens indignados (...) rejeitam quarenta anos de ideologia relativista”.

Por isso não espanta que um jornal brasileiro tenha comentado com ironia que na França “está em marcha a contrarrevolução sexual! ‘Egalité’, como se diz agora, é o cassetete! Às favas, da mesma forma, o caráter libertário da rebeldia de antigamente: uma das bandeiras mais ousadas em 68”. (O Estado de S. Paulo, 25-04-2013)

O episódio da lei do “casamento” homossexual na França não está encerrado, antes pelo contrário, está começando a crescer.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Mudanças históricas estão acontecendo na França


Tintin vai para a Marcha pela família e o ancião lembra que
quando jovem ia na rua pelos ideais da esquerda
O problema na França é muito sério. Nas profundezas da opinião pública francesa estão acontecendo movimentos telúricos, típicos de mudança de época.

Sobretudo nas profundidades do catolicismo francês que, adormecido havia décadas, entrou de repente em inusual atividade.

O demógrafo Hervé Le Bras, diretor dos estudos no Instituto Nacional de Estudos Demográficos INED), foi consultado pelo semanário esquerdista Rue 89 (28/04/13).

Seu veredicto foi lapidar: “Com o ‘casamento para todos’, o PS cometeu um erro eleitoral enorme... O PS acaba de perder aquilo que foi a base de seu sucesso nas últimas eleições”.

O que vale um erro para uma mente revolucionária? Após Napoleão ter assassinado o duque d’Enghien, príncipe da casa real francesa, seu ministro da Polícia, Joseph Fouché, fez um cínico comentário em 21 de março de 1804: “Pior que um crime, foi um erro”.

De fato, esse assassinato selou a ruptura de Napoleão com as monarquias europeias e tornou inevitável sua futura queda.

Le Bras, juntamente com o historiador estruturalista Emmanuel Todd, publicaram um livro analisando o erro cometido, ‘pior que um crime’: O mistério francês, ed. Seuil, Paris, 2013.
A reação católica veio para ficar no panorama público francês
Para esses eruditos, nas últimas décadas a maioria dos franceses tinha aderido a um “catolicismo zumbi”. A prática religiosa caiu vertiginosamente, sobretudo na juventude, a revolução da imoralidade vinha sendo aceita desde Maio de 68.

O PS angariara o apoio dos bispos “progressistas” franceses. Esses prelados estavam à testa desse “catolicismo narcotizado” e viam como um “sinal dos tempos” da era pós-conciliar o voto no socialismo ou no comunismo, e mesmo no anarco-ambientalismo. O único que viam com maus olhos era o fato de alguém do rebanho pender para a direita.

Porém, sem muita explicação humana, esse “catolicismo adormecido” nos últimos anos, saiu do letargo à maneira da lenda do país de Ys – uma espécie de mítica Atlântida engolida pelo mar nas costas da Bretanha, da qual algum dia vai ressurgir uma “catedral submersa” mais esplendorosa do que nunca. Enquanto isso, a militância socialista envelhecia, diminuía e perdia entusiasmo.

Quando o PS lançou seu anunciado projeto de “casamento” homossexual, aconteceu o que “não podia talvez prever”: o “catolicismo narcotizado” surgiu das águas da História com uma militância inimaginável.
“Nas ruas – registra Rue 89 – as pessoas absolutamente não manifestavam por causas econômicas, mas em prol dos valores conservadores. E ainda que nem todos fossem católicos, eles não eram tão ‘zumbis’ quanto se acreditava. Sua mola propulsora era religiosa”.

Para o demógrafo Le Bras, o mapa geográfico dos protestos repete hoje o mapa dos deputados que votaram pela vida do rei Luis XVI guilhotinado em 1793, e vice-versa.
“A opinião pública francesa – conclui Le Bras – é de direita. Ela está apegada à propriedade, à manutenção das hierarquias. E ela segue se direitizando. Constatar isto pode parecer bizarro no momento que a esquerda detém todos os postos de governo”.

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