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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

CAPITAIS BRASILEIROS NO EXTERIOR (CBE) – Fonte BCB BASE: Ano 2012

Ricardo Bergamini
US$ Bilhões
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
68,6
72,3
82,7
93,2
111,7
152,2
196,7
209,5
221,8
274,0
280,3
356,0

I Declarantes

O número de declarantes do CBE ano-base 2012 aumentou 21,7% em relação ao ano-base 2011 e ultrapassou vinte e seis mil declarantes, a maior participação já registrada. Em comparação ao primeiro CBE, ano-base 2001, o número de declarantes aumentou 127%. Declararam o CBE ano-base 2012 - 23.179 pessoas físicas – expansão de 19,4% em relação ao anterior – e 3.255 pessoas jurídicas – aumento de 41,4% na mesma base de comparação. O crescimento do número de empresas declarantes decorreu, principalmente, das modificações relativas aos ativos de crédito comercial. Nas edições anteriores, para essa modalidade, foram considerados como ativos externos de declaração obrigatória no CBE apenas aqueles de prazo de liquidação igual ou superior a 180 dias; na edição atual, houve redução desse prazo para 30 dias.

II – Resultados Econômicos

O CBE apurou ativos totais de US$356 bilhões para o ano-base 2012, expansão de 27% em relação a 2011. Destacaram-se os investimentos brasileiros diretos no exterior (IBD), que atingiram US$266,3 bilhões, crescimento de 31,4% na mesma base de comparação. Os investimentos em carteira somaram US$22,1 bilhões (redução de 22,3% em relação a 2011), os derivativos US$555 milhões (redução de 16,9%) e os outros investimentos totalizaram US$67,1 bilhões (aumento de 38,2%). O estoque de imóveis no exterior atingiu US$4,6 bilhões, ante US$3,6 bilhões na posição de 2011.


Em 2012, a participação de residentes no capital de empresas no exterior, consideradas participações iguais ou superiores a 10%, somou US$247,2 bilhões, crescimento de 28,1% na comparação com 2011. Dessa forma, a modalidade participação no capital representou 92,8% do estoque de IBD no ano, restando 7,2% para a modalidade empréstimo intercompanhia.

A distribuição dos ativos de IBD – Participação no capital permanece concentrada. Do estoque de US$247,2 bilhões, 64% referem-se a ativos detidos por residentes que possuem acima de US$1 bilhão investidos no exterior, grupo constituído por 32 declarantes. Simultaneamente, 6.630 investidores possuidores de menos de US$10 milhões – 86% do número de declarantes – respondem por US$11,7 bilhões do estoque de IBD – participação no capital, cerca de 5% do total declarado. Da mesma maneira, pela ótica das empresas investidas no exterior, as 34 maiores, de valor individual superior a US$1 bilhão, somam US$139,5 bilhões , equivalentes a 56,4% do estoque total. Já US$12,6 bilhões são compostos por 7.304 empresas investidas, de valor individual inferior a US$10 milhões.

Com relação à distribuição geográfica do investimento, o estoque de IBD – participação no capital concentra-se nos seguintes países: Áustria (US$56,6 bilhões, 47 investidores), Ilhas Cayman (US$40,3 bilhões, 739 investidores) e Países Baixos (US$28,2 bilhões, 235 investidores) que, juntos, somam mais de 50% do total. Os principais setores investidos na Áustria e Países Baixos são indústria extrativa (US$45 bilhões e US$13,7 bilhões, respectivamente) e indústrias de transformação (US$5,4 bilhões e US$2,6 bilhões, respectivamente); já nas Ilhas Cayman, o estoque de IBD – participação no capital concentra-se em atividades financeiras (US$37,3 bilhões). Outros dois países de destaque são Estados Unidos e Espanha, respectivamente com 7,4% e 6,2% do total. Os paraísos fiscais centros financeiros permanecem como importantes destino do IBD, citando-se, adicionalmente às Ilhas Cayman, as Ilhas Virgens Britânicas, 9%, Luxemburgo, 6%, e Bahamas, 5,9%.

Considerando o setor da empresa investida, as atividades de serviços representam 56,9% do estoque total de IBD – participação no capital, com US$140,5 bilhões e 7.668 investidores. Destacam-se as atividades de serviços financeiros e atividades auxiliares, US$94,4 bilhões e 3.831 investidores, dos quais US$34 bilhões, detidos por investidores pessoas físicas. O setor de agricultura, pecuária e extrativa mineral representa 25,1% do total, US$61,9 bilhões e 166 investidores. Merecem destaque as atividades de extração de minerais metálicos, US$42,8 bilhões, e extração de petróleo e gás natural, US$12,3 bilhões. A indústria responde por 18,1% do estoque total, com US$44,7 bilhões e 352 empresas, com destaque para metalurgia (US$15,2 bilhões) e bebidas (US$11,2 bilhões).

Os empréstimos intercompanhia, modalidade do IBD que compreende créditos de qualquer natureza concedidos a subsidiárias e filiais no exterior, atingiram US$19,1 bilhões ao final de 2012, dos quais US$10,6 bilhões referentes a créditos comerciais. Em termos de distribuição geográfica, destacaram-se os créditos concedidos aos Estados Unidos (US$4,2 bilhões) e Ilhas Cayman (US$2,6 bilhões). Em relação ao setor das empresas devedoras, destacaram-se as empresas do setor de serviços (US$11,1 bilhões) e indústria (US$4,5 bilhões). O aumento de 97,6% no estoque de empréstimos intercompanhia deveu-se, em grande parte, ao maior volume apurado dos estoques de crédito comercial, devido à redução do prazo mínimo para declaração.

Os investimentos brasileiros em carteira no exterior totalizaram US$22,1 bilhões, dos quais os investimentos em ações atingiram US$13,4 bilhões. Os investimentos em ações destinaram-se, principalmente, aos Estados Unidos (US$4,8 bilhões) e Bermudas (US$3,1 bilhões). Os títulos de renda fixa somaram US$8,8 bilhões, sendo US$5,9 bilhões de curto prazo e US$2,8 bilhões de longo prazo, ambos tendo com principal destino os Estados Unidos (US$3,2 bilhões e US$1,4 bilhão, respectivamente).

Os recursos mantidos no país por instituições financeiras na forma de moeda estrangeira e depósitos no exterior totalizaram US$30,8 bilhões, distribuídos por contas nos Estados Unidos, US$12,1 bilhões, 39,3% do total, e Ilhas Cayman, US$10,8 bilhões, 35,1%. Os imóveis no exterior somaram US$4,6 bilhões, sua maior parte localizada nos Estados Unidos, 30,3%, e França, 12,3%. A conta “outros ativos”, estoque de US$4 bilhões em 2012, é composta por ativos financeiros para os quais não foi possível identificar de forma precisa a modalidade ou que não se encaixavam em nenhuma das modalidades anteriores.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

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