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quinta-feira, 20 de março de 2014

Neutralidade de rede e assentos diferenciados: abuso ou solução?

Assentos diferenciados: o curso pré-vestibular, aviões e o Credicard Hall de São Paulo
Discriminações praticadas pelo mercado livre beneficiam os consumidores e ajudam ao melhor uso dos recursos escassos.

Por Klauber Cristofen Pires


Hoje assisti a uma reportagem do Jornal Hoje que denuncia um curso pré-vestibular no município de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, por cobrar mais caro por cadeiras diferenciadas dispostas mais proximamente aos professores.

Para melhor entendimento, transcrevo o seguinte trecho:

“Quem quiser ficar nas primeiras fileiras na sala de aula tem que comprar o que a escola chama de “assento personalizado”. A informação está, inclusive, no site da instituição. Um estudante conta que a novidade também foi anunciada no início do ano. “Para sentar nas cadeiras brancas tinha que pagar uma quantia de R$ 400 por ano”. São três salas de tamanhos diferentes, com 300, 200 e 100 cadeiras”.

Segundo o diretor da escola, “fica mais difícil prestar atenção na aula com 300 alunos, mas ao invés de diminuir as turmas, a opção foi cobrar pelo privilégio de ficar mais próximo dos professores. “Colocamos em 10% da sala e não são todas as cadeiras da fila, não são os melhores lugares. Ofertando àqueles que quisessem ter a comodidade de chegar mais tarde pudessem optar pelo serviço”. E complementa: “Nós apostamos no novo. Nós sempre apostamos em fazer o que? A novidade, o que fosse melhor para o nosso aluno. Em nenhum momento de forma arbitrária e abusiva”, completa o diretor da escola.

Claro, a denúncia gerou reações do Procon e do Ministério Público, que foi obrigado a parar com esta prática.

Agora vejamos: os grandes shows de astros da música pop também contêm fileiras VIP’s, bem mais caras, assim como os estádios e os sambódromos. Até mesmo restaurantes chiques cobram a mais pelas mesas que são consideradas mais bem localizadas. Por quê raios só algumas atividades podem ser consideradas ilegais?

Ocorre que no Brasil ainda prevalece uma medíocre mentalidade igualitarista, fruto do coletivismo socialista, cujo alvo é nivelas as pessoas em todos os aspectos da vida, mas, porca miséria, sempre por baixo.

O caso do curso de Montes Claros assemelha-se à tara do Governo em querer emplacar a lei do tal Marco Civil da Internet, uma expressão bonita e abstrata o suficiente para acobertar que o que o PT intenta mesmo é implantar a censura. No projeto de lei, inclui-se a chamada “neutralidade de rede”, tornando obrigatório que todos os dados dos usuários circulem na mesma velocidade, o que impedirá que as empresas que fornecem o acesso à rede cobrem a mais para transmitir dados de clientes que optem por este tipo de serviço.

Há muitos que vão louvar tal medida, mas estas pessoas apenas demonstram com isto o quanto são ignorantes sobre as conseqüências benfazejas das discriminações praticadas pelo mercado.

Discriminações ocorrem pelo princípio fundamental nº 01 da teoria econômica: os recursos são escassos! Logo, os preços diferenciados servem para regular a demanda, pois os consumidores serão convidados a fazer um uso mais comedido, sendo que aqueles que mais necessitam pagam a mais e fazendo assim, ajudam a tornar mais barato para os demais. Além disso, fazer com que os clientes preferenciais paguem a mais serve como um incentivo para que o uso seja dirigido para finalidades mais urgentes e necessárias.

Os recursos escassos existem, sendo uma realidade da natureza, e não há absolutamente ninguém que possa fazer algo para evitar pela via do intervencionismo. Escassez se combate com produtividade, só e só! Muitos podem reclamar de haver preços diferenciados, mas se não houver diferenciação por meio dos preços, haverá em razão do poder político ou militar.
Assim é que na sociedade livre, qualquer pessoa, mesmo relativamente mais pobre, pode adquirir um filé mignon exposto no balcão frigorífico de um supermercado, se decidir orientar suas prioridades para o consumo da iguaria. No entanto, no dia em que tornar-se mandatório que todos os cortes de carnes tenham o mesmo preço, somente políticos, altos burocratas ou altos oficiais militares é que terão acesso aos melhores cortes, ficando o resto a ser dividido entre as demais classes sociais por um processo muito semelhante à discriminação por castas.

Pensem bem: Se o “marco civil da internet” for aprovado e com ele a cláusula da “neutralidade da rede”, um banco, um aeroporto ou uma central de coleta de órgãos terão de trafegar dados com a mesma urgência de um grupo de meninas trocando “selfies[i]” no WhatsAPP. Tem sentido isto?

Outro fato semelhante que também foi objeto de denúncia pelos jornais têm sido os assentos “conforto”, oferecidos pelas companhias aéreas. Trata-se de assentos dispostos na 1ª fileira ou entre as janelas de emergência, porque possuem mais espaço para as pernas. Tal estratégia comercial tem sido objeto de reclamações de usuários com suas mentes infectadas de igualdade na marra para todos, mas imagine o quanto as pessoas mais altas podem ser beneficiadas por tal discriminação. Quando as empresas aéreas forem obrigadas a cobrar o mesmo preço por todos os assentos, tais clientes terão de disputá-los fazendo reservas antecipadas ou então conformarem-se em serem “zipados” nos bancos que servem bem ao restante dos passageiros de estatura mais moderada, mas que para eles será um suplício.

Agora sim, se você foi capaz de entender como as discriminações praticadas pelo mercado podem ser benéficas para os consumidores, ao invés das discriminações estatais, que são sempre voltadas para o atendimento de grupos de interesse, compreenderá o teor de verdade nas palavras daquele diretor de curso, especialmente quando disse não ter cometido nenhuma arbitrariedade, uma vez que qualquer aluno pode aceitar ou não pagar por aquelas cadeiras ou, ao invés, buscar outro curso que atenda melhor às suas expectativas. Note que desta forma a discriminação praticada pelo mercado é sujeita à aprovação pelos consumidores, o que não se dá quanto ás discriminações praticadas pelo governo, que ninguém pode evitar de se submeter.


Repudie o igualitarismo bocó. Ensine as pessoas à sua volta!




[i] “Selfie” é um neologismo que designa a moda de pessoas que tiram fotos de si mesmas com seus telefones celulares e as compartilham em redes sociais.

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