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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Diplomacia cada vez mais anã

Não foi à toa que o ex-porta voz do Ministério das Relações Exteriores israelense chamou o Brasil de “anão diplomático”.  A postura do Governo Dilma no recente episódio envolvendo a execução do brasileiro Marco Archer, na Indonésia, é a prova cabal de que o israelense estava coberto de razão.
Não cabe aqui entrar no mérito da pena de morte em si (a quem interessar possa, sou contra esta pena em quaisquer casos).  Entretanto, o fato é que, qualquer que seja a sua opinião sobre a pena de morte, a atitude do governo brasileiro tem sido prá lá de constrangedora,  especialmente quando nos lembramos que se trata de um intransigente defensor do não intervencionismo nos assuntos internos de outro país e do famigerado multiculturalismo – pelo menos quando isso se mostra conveniente e em conformidade com a ideologia dos barbudinhos ora no comando do Itamarati.
Não satisfeita de pedir clemência – uma atitude até compreensível -, Dilma agora se diz consternada com a execução, a ponto de convocar o embaixador brasileiro para consultas, ao mesmo tempo em que mandou entregar uma nota formal de protesto ao embaixador indonésio em Brasília.  São atitudes ostensivas que visam claramente a colocar as relações diplomáticas entre os dois países em zona de turbulência – não por acaso, cidadãos e jornalistas brasileiros já começam a enfrentar problemas na Indonésia.  Será que todo esse estardalhaço é realmente necessário?
Noves fora um certo nacionalismo bocó, o governo brasileiro alega que seus esforços em defesa da vida de Archer são justificados pelo fato de aqui não haver pena de morte – a nota entregue ao embaixador indonésio diz que “o recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países“.
Convenhamos: não é um argumento razoável.  Países como Estados Unidos e China também têm pena de morte.  Será que o governo deveria fazer a mesma coisa sempre que, num desses países, houvesse brasileiros no corredor da morte?  Ah! Mas nesses países a pena máxima é aplicada apenas em casos de homicídio qualificado.  O.K. Mas aqui não há pena de morte nem mesmo nesses casos, o que tornaria o argumento levantado pelo Brasil válido para todo e qualquer caso de aplicação da pena máxima a brasileiros no exterior.  Faz sentido?
Tudo somado, fica a impressão de estarmos diante de um governo fraco, emparedado pelos mais diversos escândalos, enfrentando dificuldades políticas e econômicas as mais diversas, porém ávido para tentar desviar a atenção dos problemas realmente importantes e tentando angariar alguns pontinhos junto à opinião pública, seja através de ações demagógicas ou criando inimigos imaginários.  Pensando bem, acho que “anão diplomático” é pouco.  O Governo Dilma está nos transformando num verdadeiro “inseto diplomático”.

Sobre o autor

João Luiz Mauad

Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Matéria extraída do website do Instituto Liberal

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