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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

nismanInforme exclusivo da DEBKAfile*.

Uma investigação especial de inteligência realizada pelas fontes iranianas e anti-terroristas de DEBKAfile, descobriu que o promotor argentino-judeu Alberto Natalio Nisman, de 51 anos, foi assassinado em 18 de janeiro por um agente iraniano que havia ganhado sua confiança fazendo-se passar por um desertor sob o suposto nome de “Abbas Haqiqat-Ju”. O assassino agiu horas antes que Nisman apresentasse ante o parlamento argentino evidências de que a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman haviam encoberto a responsabilidade do Irã no pior ataque terrorista do país, o bombardeio do centro da comunidade judaica de Buenos Aires, no qual 85 pessoas perderam a vida em 1994, dois anos depois que 29 pessoas morressem por uma explosão na Embaixada de Israel.
As provas de Nisman, se tivessem sido apresentadas, teriam demonstrado em última instância a culpabilidade do Irã nos ataques terroristas. De acordo com nossa investigação, dois ministros da Inteligência iraniana, o titular Mahmoud Alavi e seu predecessor Hojjat-ol-Eslam Heydar Moslehi, levavam nove anos espremendo seus cérebros para encontrar a maneira de silenciar o promotor judeu, desde que ele começou a investigação dos dois ataques. Trabalharam mano a mano com as agências governamentais e de inteligência argentinas do mais alto nível.
A profunda mão de Teerã nas AméricasNisman havia posto os funcionários de Teerã nervosos, porque: a) era ambicioso, honesto e um buscador valente da verdade; b) era judeu e tinha conexões ativas com Israel; e c), na busca de sua investigação, Nisman estendeu sua ampla rede para incluir contatos com o Mossad israelense e a CIA norte-americana.
Além disso, em 2006, depois de três anos no trabalho, o promotor havia reunido um arquivo de informação de inteligência sobre o incrível alcance de penetração da inteligência iraniana, utilizando agentes libaneses do Hizbolah nos estabelecimentos públicos e de inteligência de muitos países latino-americanos - não só da Argentina, senão também do Brasil, Uruguai, Chile, Suriname, Trinidad-Tobago e Guiana.
Nem bem este arquivo foi apresentado ao governo de Buenos Aires, foi seqüestrado para evitar sua publicação. Sem se alterar, Nisman foi a Nova York em 2007 e expôs o conteúdo de seu arquivo oralmente ante os altos funcionários da CIA e da Secretaria das Nações Unidas. Seu informe também expunha dezenas de diplomatas iranianos e agentes que operam nos Estados Unidos sob a cobertura da embaixada do Paquistão em Washington. Não é de estranhar então que, rapidamente, a informação que se filtrou da Secretaria da ONU a Teerã acelerou a urgência de se desfazer dessa pedra no sapato (Nisman) que entorpecia as operações clandestinas da Revolução Islâmica contra o Ocidente.
O suborno não funcionava com Nisman
Os organismos de segurança do Irã não são alheios aos assassinatos políticos em seu próprio país e em suas comunidades no exílio, como França, Áustria e Alemanha. A princípio trataram de abordar o tema argentino com o suborno, que sempre havia funcionado antes em Buenos Aires. Por $ 10 milhões de dólares, Carlos Saúl Menem (presidente argentino 1989-1999) e seus sequazes acordaram encerrar a investigação dos dois atentados terroristas e apagar suas pistas. Teerã conduziu a presidente Kirchner diferente. Prometeram-lhe benefícios econômicos e comerciais para a Argentina, junto com benefícios financeiros para os chefes de governo e de inteligência. As fontes de DEBKAfile de Buenos Aires informam que, num primeiro momento, Kirchner temia que o repentino assassinato de Nisman trouxesse um manto de suspeita sobre sua presidência. Porém, Teerã lhe assegurou, através de seus canais privados de comunicação, que a obra seria concluída de maneira limpa, sem deixar o menor rastro. Alguns dos chefes de inteligência argentinos adotaram o plano de assassinato com entusiasmo e ofereceram sua ajuda.
O primeiro passo deu-se em 2010, quando um funcionário iraniano se conectou com Nisman para solicitar uma reunião secreta. Apresentou-se como um ex-alto funcionário de inteligência iraniano que havia desertado fugindo para a Dinamarca, e estava disposto a viajar à Buenos Aires com uma maleta cheia de valiosa documentação confidencial relacionada com o bombardeio à AMIA.
O falso desertor investiu 4 anos para ganhar a confiança de Nisman
O “desertor” afirmou que esses documentos expunham em detalhes a cumplicidade de Mohsen Rabbani, então alto funcionário de inteligência da embaixada iraniana na capital argentina. De acordo com a investigação de DEBKAfile, Rabbani foi o responsável de mais alto nível da operação (terrorista). A entrevista acordada teve lugar em Buenos Aires. O “desertor” farsante que se apresentou como "Abbas Haqiqat-Ju” mostrou a Nisman documentos autênticos que continham evidências da participação do Irã nos atentados. Isto consolidou seu papel como um inimigo do regime iraniano que estava disposto a revelar seus segredos.
Em uma relação de quatro anos de duração, o falso desertor convenceu o promotor de sua boa-fé. O argentino pediu a ajuda de colegas de agências de países aliados para comprovar se o material confidencial era autêntico e poder verificar assim que o informante era um verdadeiro dissidente iraniano.
Em dezembro de 2014, Nisman estava pronto para apresentar um informe de 300 páginas documentando seus achados sobre o papel de Kirchner no encobrimento da investigação dos delitos de terrorismo do Irã, duas décadas depois do evento. Teerã decidiu que a ave estava pronta para voar e que já era hora de tirar proveito do longo investimento de confiança entre Abbas Haqiqat-Ju e o promotor. Em uma chamada secreta a Nisman, o falso desertor lhe informou que um companheiro, um alto funcionário de inteligência iraniano, havia conseguido fugir de Teerã com uma maleta cheia de papéis importantes que lançavam luz sobre a colaboração criminosa entre os organismos de segurança argentinos e os agentes iranianos no ataque com o carro-bomba ao centro judaico.
Três batidas na porta para assassinar
O “desertor” explicou ao promotor que esse suposto segundo informante exigia um lugar seguro para a reunião. Abbas Haqiqat-Ju advertiu que o promotor devia guardar silêncio acerca da entrevista. A inteligência argentina estava repleta de agentes iranianos e ao menor indício da reunião, em Teerã se inteirariam. À parte de tudo isso, se queria ver os novos documentos deveria se desfazer dos 10 guarda-costas designados e estar só quando o convidado chegasse à sua casa no 13º andar da torre Le Parc no bairro portenho de Puerto Madero.
O segundo informante assinalaria sua chegada com três batidas na porta. Nisman não deveria permitir que o iraniano esperasse, senão que deveria fazê-lo entrar imediatamente.
Antes de pôr em cena todo este plano para assassinar Nisman, Abbas Haqiqat-Ju havia alugado em segredo o apartamento ao lado do promotor. Foi ele quem chamou à porta três vezes em 18 de janeiro. Assim, o promotor abriu a porta a seu próprio assassino. Como seu confidente, o iraniano sabia exatamente onde estava a pequena pistola que Nisman havia tomado emprestado de um amigo e usou-a para disparar-lhe e matá-lo.
O assassino iraniano depois escapou através do sistema de calefação central que conecta os dois apartamentos e usou um disfarce. Seus cúmplices argentinos já haviam desarmado as câmeras de segurança do edifício, pelo qual ele foi capaz de sair dali, chegar ao aeroporto com um passaporte falso para Montevidéu, dali para Dubai e finalmente a Teerã. O assassino já se havia ido quando o promotor foi encontrado sem vida em um charco de sangue em seu banheiro, morto por uma bala na cabeça feito por uma pequena pistola de calibre .22.
Em 18 de fevereiro, centenas de milhares de pessoas marcharam em honra ao promotor Nisman em Buenos Aires, pedindo justiça.

Nota da tradutora:
No meu programa Observatório Latino do dia 13 de fevereiro fiz uma análise similar, quando disse que o promotor fora assassinado e por alguém conhecido a quem ele abriu a porta espontaneamente. Só não disse por “quem”, pois não tinha (nem tenho ainda) dados para assinalar um nome.

Matéria extraída do Mídia Sem Máscara

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