Brasil sombra

“Servidão absoluta é aquela que obriga a uma prestação incerta e indeterminada, quando não se sabe à noite que serviço deve ser prestado pela manhã, ou seja, quando uma pessoa é obrigada a tudo que lhe seja ordenado”.

(Henry Bracton)

                

O Brasil é um país que não recebe luz, é um país trevoso, que produz angústias, sofrimento, ansiedade e aflição intensa aos brasileiros, tudo produto de projetos políticos promovidos por homens e grupos diabólicos. É um país que entristece a alma das pessoas de bom caráter.

                O que uma família brasileira e um brasileiro (a) enfrentam no seu dia-a-dia em seu país? Qual o cenário social brasileiro que transformou o Brasil num país sombra? Aumento desmesurado de bandidos e criminosos oriundos de famílias desintegradas e de mães solteiras que jogam seus filhos na universidade da rua; do comércio de drogas que utilizam os filhos das ruas; das escolas decadentes que por não ensinarem nada expulsam naturalmente os alunos; do aumento de parasitas produzidas por políticas públicas socialistas; do governo federal, estadual e municipal sem força para manter a lei e promover desenvolvimento econômico; de políticos e governantes corruptos que servem de incentivo a crimes de toda a natureza; da ausência de crescimento econômico que privilegia travas ambientais que geram pobreza, desespero e crime. O Brasil sofre uma onda de imbecilização e uma corrente mental inferior provocada por ideias de poder desmesurado, de domínio das consciências e de políticas inumanas. É um poder luciférico, de inteligências astutas e perversas. O que fazer diante de um cenário tão desaminador?

                Uma vez que não se tem vacinas para curar rapidamente a corrupção, a ignorância, os maus políticos e administradores, a solução é criar no médio prazo vacinas de transparência para a corrupção, de mudança da mentalidade política, de melhor qualidade do administrador público e de burocratas, o que redundaria a adoção de um projeto de nação com destaque para a liberdade e o indivíduo e sua criatividade. Contra a ignorância, a vacina no médio prazo é a cultura, a absorção do conhecimento, e, consequentemente, a libertação da maioria do povo brasileiro parasitários. Ser analfabeto ou ignorante, não quer dizer não ter inteligência. Mesmo sem cultura e conhecimento, o povo brasileiro, pelas bordoadas recebidas, já deveria saber que o caminho não é o indicado pelos socialistas e comunistas. A ausência de lucidez mental, em razão do desastre econômico e rombo provocado pelo roubo, vai fazer com que o povo pague por longo tempo uma conta que não é sua, é dos corruptos, dos ladrões, dos políticos e administradores e burocratas que participaram direta e indiretamente dessa orgia estatal.

                Nenhum país sobrevive economicamente por muito tempo a custa de poucos sustentando muitos preguiçosos e parasitas. O governo petista conduziu o Brasil para o empobrecimento, despejando bilhões de reais em países comunistas sem sustentação econômica, enquanto o Nordeste (estados nordestinos) e a Amazônia (estados amazônicos) empobrecem a olhos vistos cada vez mais. Como querer que o brasileiro paguem imposto e mais imposto sem receber nenhum benefício? O povo brasileiro agora reclama da falta de tudo, mas é ele, o povo, o principal responsável pela atual cenário brasileiro. Acreditou durante 30 anos, tempo do governo civil, sendo doze do PT, que os políticos que elegeu levariam o Brasil para um desenvolvimento melhor e significativamente a qualidade de vida. Assim pensava a classe média e a classe pobre, os professores, os funcionários públicos, os ignorantes e jovens imberbes e outros insensatos. Todos estão pagando um preço muito caro pela sua imprevidência e péssima escolha. A miragem desfez-se e a realidade da insensatez está refletida num Brasil em crise econômica, social e institucional. O milagre tem um nome de corrupção e de aumento da bandidagem. Para o brasileiro que acreditou em falsos líderes e promesseiros restou à herança maldita de pagar uma conta gigantesca, condição para salvar o Brasil da falência.

                No Brasil sombra, nenhum governo, nenhum político garante hoje a vida dos brasileiros. A bandidagem tomou conta do Brasil do Norte ao Sul, assim como a corrupção, o furor fiscal e o tráfico de armas e drogas. Os brasileiros, queira ou não, são servos desses senhores da vida. Os socialistas e comunistas sempre falam em trabalho escravo, querendo com isso mascarar a maior escravidão imposta por seus governos a brasileiros que deixaram a bandidagem tomar conta do país. Além dessa escravidão, há outra de cunho econômico trabalhista. Quem tiver juízo não vai abrir mais nenhuma empresa ou negócio no Brasil. Se teimar em abrir vai ser escravo de seus empregados e do governo do bem-estar social, trabalhista e dos impostos sufocantes. As micro e pequenas empresas representam 99,2% de todas as empresas legalmente registradas no Brasil, empregam 58% dos trabalhadores brasileiros, respondem por 20% da massa salarial e gerem 40% do PIB nacional. Apenas 0,5% das empresas brasileiras são de médio porte e somente 0,3% são grandes. Apesar da maioria, as micro e pequenas empresas são as mais penalizadas pelo ambiente econômico adverso. Legislação trabalhista arcaica que privilegia o trabalhador desonesto com reclamações absurdas e ilegais, pesada carga tributária, o que impede que o empresário encerre suas atividades, ou seja, é a prova maior de que o empresário é um escravo de um Estado ditatorial. Pesquisa do Banco Mundial revelou que o cenário brasileiro é um dos mais inóspitos de todo o mundo para a atividade empresarial. No Brasil o empresário só é feliz quando fecha sua empresa, o que reflete a estupidez brasileira.

                Os brasileiros usam como forma de esquecer suas angústias e dúvidas, o carnaval, o futebol e outros eventos festivos. Isso é bom e ruim. É bom porque por instantes as coisas ruins são esquecidas. É ruim porque os políticos e governantes entendem que “pão e circo” são a solução para continuar a enganar o povo e adiar por tempo indeterminado o poder em suas mãos criminosas. O pior é que, até o presente momento, esses velhacos têm razão. O povo esquece seu sofrimento e com isso adiam a assepsia política, ou ainda pior, considera o atual cenário bom para tirar uma lasquinha da podridão política e administrativa. Comportamento que faz parte do grau de ignorância que vem acompanhando o trajeto do povo brasileiro.

                “Nunca a natureza é tão aviltada como quando a ignorância supersticiosa tem a arma do poder” (Voltaire). Verdade que casa bem com a realidade brasileira, ou seja, a grande massa de ignorantes que decide a eleição no Brasil avilta a natureza e escolhe o pior, o mentiroso, a discurseira e o promesseiro para dirigir o Brasil.

                Platão com a sabedoria que lhe era peculiar afirma: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles gostam.” Pensamento e verdade que serve para todo o brasileiro como incentivo para participar ativamente no processo político e afastar do poder os vampiros sugadores de sangue. Mario Vargas Llosa, na apresentação do livro Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, destaca: “Porque o paradoxo do que ocorre atualmente na América Latina é o governo de suas sociedades começar a mudar, suas economias a ser reformadas, e suas instituições civis a nascer ou a renascer, enquanto sua vida intelectual fica, em grande parte, estancada, cega e surda às grandes mudanças experimentadas pela história do mundo, imutável em sua rotina, seus mitos e convenções.”

Armando Soares – economista

e-mail: teixeira.soares@uol.com.br 

Soares é articulista de LIBERTATUM