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quinta-feira, 26 de março de 2015

Cinismo insuportável

Por Armando Soares


Há quatro razões de por que os "cínicos" são assim chamados. Primeiro por causa da indiferença de seu modo de vida, pois fazem um culto à indiferença e, assim como os cães, comem e fazem amor em público, andam descalços e dormem em barris nas encruzilhadas. A segunda razão é que o cão é um animal sem pudor, e os cínicos fazem um culto á falta de pudor, não como sendo falta de modéstia, mas como sendo superior a ela. A terceira razão é que o cão é um bom guarda e eles guardam os princípios de sua filosofia. A quarta razão é que o cão é um animal exigente que pode distinguir entre os seus amigos e inimigos. Portanto, eles reconhecem como amigos aqueles que são adequados à filosofia, e os recebem gentilmente, enquanto os inaptos são afugentados por ele, como os cães fazem, ladrando contra eles.
                
Barbara W. Tuchman sabiamente afirma que as crises não purgam, necessariamente, um sistema de sua insensatez; velhos hábitos e atitudes custam a morrer. Pinçando essa verdade para nossos dias, a insensatez, ou seja lá o nome que se dê a crise imposta pelo PT, Lula e Dilma nesses últimos doze anos não podem ser purgados com pronunciamentos cínicos e propostas cretinas construídas para castigar futuros roubos, futuras corrupções e não os roubos e corrupções evidenciadas e provadas nos governos de Lula e Dilma impossíveis de não serem conhecidas em razão do tamanho do roubo e da corrupção. Não há outra maneira de reverter o cenário político institucional senão com a renúncia da Dilma e a extinção do PT. Qualquer outra alternativa é golpe. Não é atoa que Tuchman destaca que a principal entre as forças que afetam a insensatez política é a ambição do poder, ambição predadora que só se realiza com o poder contaminado de mentiras, cinismo e roubo exercido sobre os demais. Por isso o apego desmesurado da Dilma, do Lula e do PT ao poder, o único meio de dar continuidade ao projeto vampírico em curso. Permitir que Dilma continue no poder é aceitar a autodestruição da liberdade, da livre iniciativa, da propriedade privada e do estado de direito. Portanto, a tentativa de Dilma de consertar o que não pode ser consertado faz parte de um cinismo criminoso que pode levar o país a uma crise insuportável. O desejo da sociedade da saída de Dilma do poder, não é como ela afirma um ato temerário, antes um ato de juízo perfeito de quem ama o Brasil. É impossível apagar o estrago realizado pelo PT, Lula e Dilma, e recuperar no tempo todo o prejuízo imposto à Petrobrás e aos cofres públicos com o desvio de dinheiro para atender corruptos, Cuba, Venezuela e outras anomalias. Tentar iludir a sociedade brasileira com atos administrativos insanos é o mesmo que tentar enxugar gelo, não cola mais depois de tanta imundície política.


                Não é atoa que o pai de Cicero alertava para a necessidade de eliminar da política e da sociedade homens iníquos; isto porque eles aparecem em todas as gerações e o dever da nação é torná-los impotentes. Dilma, Lula e o PT desprezaram seus semelhantes, e o dever da sociedade é destruí-los. Eles almejaram o poder visando à servidão do que chamam o ‘povão’ por eles bajulados, apenas enquanto lhe sejam úteis, o que comprovado está, razão porque a sociedade tem o dever de desmascara-los. O Brasil está estigmatizado com o uso da lei que se assemelha a uma mundana: sorri àqueles que têm o bolso mais cheio, o que explica muitos problemas no campo da moralidade e do desvio da justiça. Desde os romanos e muito antes que se afirma que os políticos compram favores. Ou os brasileiros acham que as pessoas são eleitas por sua probidade e inteligência, por sua devoção ao país e de ajudar a Pátria?

                Os brasileiros estão cansados, não aguentam mais viver com protestos diários de servidores (deles mesmos), de carreteiros, de sindicatos, de índios, de sem tetos, de professores, de alunos; de assaltos com crimes hediondos; com trânsito caótico; com cidades com emergência causada por chuvas por ausência de infraestrutura de escoamento; com falta absoluta de segurança; com atendimento precário nos hospitais e emergências; com impostos extorsivos. Cenário que caracteriza o caos urbano e o caos rural se considerado as invasões de propriedades produtivas por bandidos desocupados. Os brasileiros estão cansados de assistir governantes covardes que não usam a lei e o seu dever para coibir abusos como o fechamento de estradas, ruas e invasão de terras, mostram-se tementes ao enfrentamento contra contumazes baderneiros sob a justificativa de que o diálogo é a melhor solução, justificativa insensata, pois estão cansados de saber que essa ação tímida estimula mais arruaça social. Esse pessoal está confundindo democracia com falta de firmeza e desordem social, ato que esconde a simpatia do voto baderneiro. É contra tudo isso que os brasileiros estão cansados e exigem reparos imediatos. Infelizmente esse cenário caótico não é prioridade e nunca foi da Dilma e de governantes espalhados pelo Brasil. O brasileiro sente-se só, sem governos, sem proteção, sem perspectiva diante de políticos que não cumprem a lei; governantes foram eleitos para servir a sociedade, obrigação e dever que logo desaparece quando o poder está em suas mãos. Os brasileiros não querem saber das futricas políticas; os brasileiros querem que prefeitos, vereadores, governadores, deputados estaduais, senadores, presidente da república, juízes e tribunais, passem verdadeiramente a servir a sociedade e não servi a si mesmos. Esse é o principal problema do Brasil, ou seja, aqueles que deviam servir estão sendo servidos por uma sociedade que até pouco tempo não estava enxergando essa inversão de responsabilidade. As leis e obrigações só estão nos ombros da sociedade que trabalha para sustentar instituições, servidores, para pagar impostos, enquanto os sustentados cruzam os braços e nada fazem para cumprir com a suas obrigações e dever. Como se clássica esse cenário? Democracia? Estado de Direito? República? Ou servidão?


                Contra tudo isso é que os brasileiros que foram às ruas lutam e exigem. Dilma, o PT, prefeitos, vereadores, governadores, deputados estaduais, presidente da república, deputados federais, senadores, juízes e tribunais, vão poder atender as exigências da sociedade ou vão continuar cinicamente a enganar os brasileiros? Qual seria a reação da Dilma, dos políticos, dos juízes, dos membros do ministério público, se diariamente algum membro de sua família fosse assassinado, roubado seu carro e fosse obrigado a pegar o transporte coletivo para trabalhar? Iriam continuar sonolentos, indiferentes? Como reagiriam como donos de empresas e seus negócios, suas atividades sofressem o impacto de uma economia mal administrada? Seriam indiferentes e deixavam a desgraça acontecer? Esses são os mundos diferentes em que vivem os brasileiros e governantes e juízes fiscais das leis. Esse é o Brasil que dos brasileiros que foram às ruas querem mudanças para que verdadeiramente se possa dizer que se vive numa república democrática, com liberdade, com justiça e com governantes e políticos todos voltados a servir os brasileiros, e não a si próprios.


                “A finalidade da lei não é abolir ou restringir, mas preservar e ampliar a liberdade. Porque onde não há lei não há liberdade, como se vê nas sociedades em que existem seres humanos capazes de fazer leis. Pois, liberdade significa estar livre de coerção e da violência dos outros, o que não pode ocorrer onde não há lei; e não significa como dizem alguns, liberdade de cada um fazer o que lhe apraz (pois quem poderia ser livre se estivesse sujeito aos humores de algum outro?), mas liberdade de dispor a seu bel-prazer de sua pessoa, suas ações, bens e todas suas propriedades com a limitação apenas das leis às quais está sujeito. Significa, portanto, não ser escravo da vontade arbitrária de outro, mas seguir livremente sua própria.” (John Locke)

Armando Soares – economista

e-mail: teixeira.soares@uol.com.br     

Soares é articulista de LIBERTATUM 

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