Seria a manifestação no dia 15 de março um golpismo de “coxinhas”? – Um manifesto

Por Flavio Morgenstern 

Este domingo será um dia histórico. E isto acoberta perigos imperativos. Fazer história é uma coisa – contar os fatos às gerações futuras é o verdadeiro problema.

Quem a conta deixou de ser quem vence – a história é contada por quem se finge de perdedor, para criticar uma “versão oficial” dos fatos e parecer ter “pensamento crítico”. Esta manobra rende tantos frutos que a “versão oficial” some e ficamos apenas com esta crítica ao que já ninguém mais acredita. Para contar aos nossos filhos o que foi este dia, teremos de “descredulizar” o que falarão deste dia.

Permitam-me a segunda pessoa, pois somos nós e nossa circunstância: estão tentando ofender vocês, que vão a esta manifestação pelo impeachment de Dilma, lhes chamando de “coxinhas”, a gíria paulista para quem seria rico.

Como se todos vocês fossem ricos. É a nova forma do PT dizer que tirou milhões da miséria: chama quem vaia o partido de “elite”.

Vamos pensar um pouco, pois sei que nosso público pode refletir mesmo numa manifestação, ao invés de apenas obedecer a slogans a serem repetidos.

Estamos fazendo história agora. É um dia que provavelmente vocês poderão contar aos seus netos.

E história não é compreendida reduzindo-se os agentes históricos – ou seja, vocês – a uma classe, a uma nação, a um grupo disforme sem nomear quem são as pessoas que agem.

Vocês estão agindo, e não se organizaram perguntando qual a faixa salarial de cada um que viria para as ruas. Vocês estão agindo em nome da honestidade, da liberdade perante um Estado que se agiganta, em nome do fim das desculpas esfarrapadas, dos discursos manjados que falam em nome do “povo”, sem nunca ter visto o que esse povo sofre para trabalhar honestamente, pagar seus impostos e chegar vivo em casa na periferia sem ser morto num assalto – para então os petistas dizerem que a morte foi um “problema social”, que o ladrão é que é vítima de vocês.

Vocês não são uma classe, uma faixa salarial, que apenas reflete momentos de nossas vidas. Vocês não são uma profissão, que vocês podem estudar e trocar. Vocês não são o bairro em que moram, que muda conforme a vida.

Vocês são indivíduos que pensam sozinhos, e não conforme o discurso do João Santana, como a militância obediente e uniforme do PT. E não há nada que o PT tema mais do que alguém que pense sozinho, que tenha suas próprias responsabilidades, sem jogá-las ao Estado. O que dá muito poder ao PT no processo.

É a mania de alguns colunistas, ativistas travestidos de “jornalistas” (que dominam a mídia, para depois xingar a mídia e afirmar que quem não gosta do PT é manipulado por ela), de tratar a história não pelo que ela é, pelos agentes históricos que vocês são, mas por acreditar numa “luta de classes”. Crer, em pleno século XXI, que pobres querem algo diferente do que querem os ricos!

Este pensamento radical nunca funcionou. Houve luta de classes no Império Romano? Na Idade Média? A história da ascensão da América, de Singapura, da Finlândia ou da Islândia é a “história da luta de classes”? Apenas na cabeça de radicalóides que juram ter encontrado o motor da história… mas nunca viram nada da história, e nem sabem o que é uma “classe” social!

E estes são apenas uns radicaizinhos isolados, não? Não! Eles estão no noticiário mais criticado – e está no discurso da presidente Dilma, tratando “classes” como se uma quisesse matar a outra – parece que só há uma classe querendo nos ver mortos, e é a classe dos políticos, ativistas e militantes com bom soldo. Do nosso bolso.

A história, meus caros, é feita por indivíduos, não por bairros, por cores de pele, por faixas salariais temporárias, por “coxinhas” contra… bem, o que são mesmo? Será que algum desses “críticos” tem coragem de dizer a que classe social pertencem? Abrir o extrato e mostrar o quanto ganham, e o quanto “trabalham” para isso?

Dizem que vocês são elite – mas podem me dizer quantos de vocês são “a elite” por aí? Todos os 93% que rejeitam o governo Dilma Rousseff na primeira semana do seu terceiro mês com novo mandato?

Dizem que vocês não têm do que reclamar, porque são todos ricos. Ora dizem que são “classe média”, ora “elite”, e lhes contrapõem à “classe trabalhadora”. Essas pessoas ainda vivem no século XVIII, crédulas de que quem consegue se sustentar não trabalha, que o trabalho não torna ninguém rico.

Vocês sabem muito bem por que eles pensam isso: porque eles é que nunca trabalharam. Vocês sabem que trabalhando muito vocês enriquecem honestamente, e não entrando para a política para se considerar do “Partido dos Trabalhadores” e nunca ter visto um torno mecânico na vida – e nem saber para que serve um!

A servidão, esta turma que lhes acusa deveria saber, já acabou. Sob o capitalismo, que eles tanto querem acabar com o pouquíssimo que temos, quem trabalha é recompensado. Os mais ricos raramente vêm de berço – são os homens livres, que enfrentam o Estado-babá, a burocracia gigante, o totalitarismo da “igualdade” e criam sua riqueza.

Vocês sabem por que estes que escrevem que vocês são “elite” – e quantos deles são pobres?! Quantos são “trabalhadores”?! – odeiam a meritocracia. Porque se dependessem do próprio mérito, eles não conseguiriam o tanto de dinheiro que conseguem… muitas vezes, tomado de vocês!

E vocês trabalham até março só para pagar os impostos do desastre que é o governo do PT (tanto com Dilma quanto com Lula!). Vocês não têm do que reclamar? Só se forem ladrões ou viverem de propinas pagas nas estatais – o que não me parece que 93% das pessoas deste país são!

Não há do que reclamar? Não houve aumento de impostos, da conta de luz, cortes de investimento na educação (a Dilma e os petistas não garantiam que o foco é educação? que educação de qualidade é com o Estado gerindo?), cortes de direitos trabalhistas (que eles tanto dizem defender… “de nós”!), na previdência? O dólar não está a R$ 3,20 (já se aproximando da popularidade de Dilma)? Ou é tudo “a mídia que manipula”? Acham que é preocupação de rico? Pergunte pros sacoleiros que vendem produtos da China, como eles, esta “elite”, estão felizes com a Dilma, com o PT de Lula.

Mas há a desculpa preferida. Afirmar que vocês são tão ricos, e tão malévolos, que não gostam do PT porque… o PT enriquece os pobres! E vocês, seus 93% de milionários, não gostam de pobre dividindo a primeira classe com vocês dos vôos para a Noruega e a Suíça!

Esta é uma bobagem tão grande martelada por um marqueteiro que é possível medir o QI de alguém que a repete tendo a mesma popularidade de Dilma Rousseff. Já vi muita gente criticando o PT, Lula e Dilma por vários motivos. Aliás, é o meu trabalho. Mas nunca, simplesmente nunca vi alguém criticar estas entidades afirmando que o país está uma porcaria com tanta gente ficando rica, com tanta primeira classe e área VIP.

Alguém aí já foi pra Holanda de primeira classe? Nem eu. E muito menos quem vive de Bolsa Família.

Mas essas pessoas querem o continuísmo. Do Estado sempre mandando e desmandando em nós. Porque vocês não pagarem o preço do dólar, da corrupção, da inflação e dos desmandos nas estatais – igualmente distribuídos por todas as “classes sociais” – seria desastroso para elas. Elas viveriam do quê? Basta ver a chuva de demissões em publicações pró-petistas assim que descobriram o petrolão. Elas querem continuar com esse modelo de Estado sempre entupido de Renans, Sarneys, Collors, Malufs – todos, absolutamente todos ligados ao PT hoje! – e ainda se dizem “progressistas”! Dizem que vocês é que são um atraso! Como se querer um Sarney fora do meu bolso fosse um retrocesso – e os Sarneys, Collors, Renans e Malufs estão todos criticando vocês, protegendo a Dilma e o PT!

Falando em proteger, Lula falou em proteger a Petrobras. Proteger de quem? De vocês! Foi alguém aqui que indicou o Nestor Cerveró para diretor da Petrobras? Algum de vocês aqui foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras? Então, alguém sabe o nome de quem foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras? Quem precisa de proteção são vocês – protejam esse povo da Petrobras!

E como Lula afirmou que protegeria a Petrobras? Chamou “o exército do Stédile”, o MST. O “exército” deles é de propriedade particular de um homem!

Imaginem se nós tivéssemos o exército de fulano ou de beltrano, e ainda ameaçássemos “partir para a briga” com o PT!

Que outro partido neste país inventou uma ameaça física fascistóide como essa? Talvez só a ditadura, que eles dizem ter combatido “esquecendo” que a combatiam apenas para implantar uma outra bem pior, colocava o exército do general tal, do coronel tal, para amedrontar pessoas pacíficas na rua! E afirmar que nós é que somos “fascistas”, que nós é que “iniciamos confronto”!

Eles falam que vocês querem um “terceiro turno”, como se Tarso Genro, um dos grandes nomes do PT, não tivesse pedido impeachment de um presidente não-petista 24 dias depois da posse!

Eles falam que vocês são “golpistas”. Como se o mensalão, comprar votos de deputados (!), não fosse um golpe. Como se golpes viessem apenas de fora do poder – a História, é bom ensinar a muitos professores de História, ensina que a maior parte dos golpes veio de dentro do poder.

Pedir impeachment é cumprir a lei. Golpistas são o PT! Queremos nos livrar de um golpe! De quem quer mais poder sobre nós sem nunca termos dado – nem mesmo algo além de 40% do eleitorado as mentiras e urnas petistas conseguiram conquistar para Dilma!

E como dar um golpe? Anulando os outros poderes se contrabalanceando. Agora me digam: quem foi o partido que comprou a base aliada para aceitar ordens ditatoriais partindo do executivo? Quem foi a pessoa que viraria toda-poderosa, com simplesmente todos os poderes concentrados em sua mão, se comprasse a base aliada para votar obedientemente? Quem viraria o Hugo Chávez, o Fidel Castro tupiniquim? Qual foi o nome desse golpe totalitário, tratado erroneamente apenas como “corrupção” pela imprensa – que sempre juram que está “contra” eles?

Um golpe não precisa ser contra o Poder Executivo – o PT de Lula e Dilma deu um golpe no Legislativo, com isso conseguiu dar golpe até no Judiciário, tornando todos dóceis às suas indicações. Quem é golpista, cara-pálida?

E bem pálida: parece que os únicos negros no PT são aqueles colocados para funções… de políticas para negros. São uma cota! Um negro que foi para o STF pelo mérito próprio foi chamado de macaco, capitão do mato e ameaçado de morte… por um membro do Conselho de Ética do PT!

O que será que é então uma comissão de estratégicas eleitorais do PT? Algo bem pior do que a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, que, para dizer que “tirou 40 milhões de brasileiros da pobreza”, definiu “classe média” como uma família que ganha… R$ 291 por mês!

E ainda tem quem acredita nessa de “partido dos pobres”! Quase sempre, ricos acreditam!

Sei que muitos de vocês estão assustados para irem às ruas neste dia 15. Afinal, Lula, o Chefe, prometeu usar “o exército” do amiguinho dele para amedrontar vocês.

E, muito mais do que isso, o PT é o partido da Ângela Guadagnin, aquela da dança da pizza, do Eduardo Suplicy cantando rap, do assessor da Gleisi acusado de pedofilia, até do Dias Toffoli, que nunca conseguiu passar num concurso para juiz e nem tem mestrado, mas vai ficar décadas no STF apenas por ser advogado do PT – e presidir as seções da Operação Lava-Jato! – mas vocês se lembram de que também é o partido de Celso Daniel.

É amedrontador, mas só mostrando que somos muito maiores do que eles é que não nos tornaremos todos Celso Daniel. Je suis Celso! Je suis caminhoneiro! Je ne suis pas PT!

Tenham certeza, amigos (e não “companheiros”, pois se trata de algo muito mais forte aqui): há poucos meses, na campanha eleitoral, Dilma disse que não mexeria em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”. Hoje, está com aprovação de apenas 7% (Collor, meus caros, tinha 35%).

Pois bem, amigos, a vaca tossiu. O gato subiu no telhado. E, nesse domingo, 15 de março de 2015, a cobra vai fumar!

Todos às ruas! Impeachment de Dilma Rousseff! Nosso país é maior do que o PT nos xingando – e PT, Dilma e Lula, nunca mais!

Share

Sobre o autor

Flavio Morgenstern

Analista político, palestrante e tradutor. Escreve para jornais como Gazeta do Povo, além de sites como Implicante e Instituto Millenium. Em breve lançará seu primeiro livro pela editora Record.

Matéria do website do Instituto Liberal