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terça-feira, 28 de abril de 2015

A farra do financiamento público imobiliário chega ao fim

bolha-brasil-2014Nos últimos 15 dias a Caixa Econômica Federal, principal instrumento de financiamento imobiliário no Brasil, modificou várias de suas regras internas, aumentando a taxa de juros, os requisitos para contratação e, por fim, o valor percentual de entrada dos financiados na participação da compra do imóvel, chegando a exigir até 60% de entrada no valor do imóvel.
Esse é apenas mais um caso de intervenção keynesiana do Governo PT que sofre um fim abrupto em virtude da destruição econômica do país causada pelo próprio Governo PT.
Ao longo de todo o Governo PT, o programa “Minha Casa, Minha Vida” foi o principal instrumento de política habitacional, com injeção maciça de recursos públicos e privados na construção de moradias populares, além de financiamentos de imóveis para a classe média e média/alta.
O PT nunca soube explicar exatamente de onde saíam os recursos para financiar um programa que consome mais recursos que 30 dos 39 ministérios brasileiros e cuja inadimplência é gigantesca, ainda que escondida pelo partido, mas é fácil explicar.
Os recursos do “Minha Casa, Minha Vida” provêm da poupança de todos os brasileiros, extraídos de maneira forçada ou através de impostos, ou através da expansão monetária, verdadeira criação de dinheiro do nada, desvalorizando os recursos poupados que se encontram em posse da sociedade civil. Nunca podemos perder de perspectiva o fato de que recursos não nascem em árvores, precisando ser criados e depois usados. O Governo achou que sabia (como sempre) usar melhor os recursos sociais do que a própria sociedade, e elegeu o setor imobiliário como uma prioridade, exaurindo por completo a poupança nacional, superutilizando os recursos para fins populistas.
Agora que o país já não tem mais poupança interna e não possui nenhuma credibilidade para se financiar com poupança externa (empréstimos internacionais nada mais são que transferência de poupança estrangeira para o Brasil a custo de juros), todos os programas populistas estão precisando ser encerrados com grande trauma interno, como foi o caso do fim abrupto do “Minha Casa Melhor” e a mutilação do “Minha Casa, Minha Vida”.
Se o Governo respeitasse o sistema de preços dos empréstimos, e juros nada mais são do que a sinalização de quanto custa se financiar a partir da oferta de dinheiro poupado e da demanda por recursos a serem consumidos em investimentos ou consumo, é certo que o mercado imobiliário teria crescido de maneira segura e constante nos últimos 12 anos, sem bolhas imobiliárias e explosão de preços do setor, como se averiguou, e provavelmente mais pessoas teriam acesso a mais imóveis no longo prazo.
A atuação do Governo criou um verdadeiro ciclo de “boom and bust” no setor imobiliário, tal como fez em diversos outros setores em que se intrometeu para destruir o sistema de preços, notadamente no fornecimento de água e energia, onde o barateamento forçado desses produtos nos anos anteriores resultou em escassez extrema e disparada dos preços. Esse é um padrão típico de governos populistas que usam do poder estatal para baixar preços de maneira insustentável para fins eleitorais. Passada a eleição e garantida a mamata por 4 anos, os preços são reajustados, para desgosto do ludibriados, pois não há recursos suficientes para sustentar os subsídios.
A revisão do “Minha Casa, Minha Vida” nada mais é do que o mesmo reajuste já feito nos setores de água e energia. Só que o reajuste, invariavelmente, prejudica a todo mundo, enquanto que os benefícios dos subsídios só favorecem parcelas da população, notadamente os eleitores do partido no poder e os próprios políticos.
Ou esse padrão de governo perdulário e fraudulento acaba no Brasil ou esse padrão de governo perdulário e fraudulento acaba com o Brasil.

Sobre o autor

Bernardo Santoro
Diretor do Instituto Liberal
Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.
Fonte: Instituto Liberal 

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