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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Não queremos uma Pátria Grande, queremos uma pátria livre

brasilbandeirapatria O Brasil acordou, mais uma vez, depois de uma longa letargia. O Brasil reavivou em si a ideia democrática e enfrentou com ousadia a covardia dos que se prestaram ao papel desprezível de corruptos, de estelionatários e de falsos profetas. O Brasil cansou do despreparo político e intelectual, da empáfia hipócrita de seus últimos líderes e se abriu para uma experiência nova na qual a juventude reitera, contra as pretensões dogmáticas de uma esquerda caduca, a boa política dos que acreditam na liberdade e nos valores nobres de um Estado democrático e legítimo.

Há, porém, muita nuance, muitas ideias, muitas mutilações desse saudável e jovial vento que sopra nas nossas terras. Há, sem dúvida, os que realmente acreditam na experiência democrática e na nobreza de valores e que lutam para construir as bases de uma economia sólida e ideologicamente neutra, mas há um lado mais taumaturgo que delibera a melhor forma de tirar proveito da intensa, nobre e legítima efervescência social.

Há um processo em andamento. A história pulsa e o Brasil atravessa a onda dinâmica e benfazeja das revoluções sensatas, aquelas que se erguem sob bandeiras dignas e cuja força advém de escolhas profundamente íntimas e enraizadas.  Naqueles que lutam por um país melhor há um “quê” de entusiasmo, enquanto naqueles que mergulham incertos no movimento há uma simples entrega, o que significa um perigo de automatização.

Não há o que dizer, de momento, que possa antecipar os rumos dessa situação, pois a história, ao contrário do que pretendia a máxima materialista, é fruto das escolhas humanas, é o resultado de tensões sociais promovidas por indivíduos. Por isso falo a indivíduos e não a agremiações. Falo aos jovens que lutam porque sabem que devem lutar e que caminham por uma espécie de impulso que manifesta a inteireza de uma personalidade que assumiu o seu papel.  Falo aqui como uma dessas pessoas que sonha com a concórdia e quer a união de seu país, mas quer, sobretudo, a união de indivíduos livres em torno de um ideal comum de mudança. Todos os ventos sopram a nosso favor e o rancor daqueles que olham a história pelo lado errado não deve tirar de nós a audácia e a jovialidade que têm nos mantido de pé.

Segue, abaixo, uma singela homenagem ao meu país desperto. Já antevendo as críticas, acrescento que o patriotismo é uma faca de dois gumes,  que serve a propósitos diversos, podendo ser interpretado de diversas maneiras. O patriotismo que ora nutrimos é uma resposta a algo perverso.  Mais perigoso que o amor exagerado ao próprio solo é o desejo insano de traí-lo em nome de uma ideia historicamente ultrapassada e tragicamente conduzida. Como dizem por aí, “a nossa bandeira jamais será vermelha”. Não queremos uma Pátria Grande, queremos a nossa pátria livre

Tu és pátria amada, tu és mãe gentil,
e clamaste ao povo, à voz do Brasil,
e o povo acode ao chamado sutil,
com vigor, lealdade e ardor juvenil
A pátria levanta em grito bravio
porque és pátria amada, Brasil, meu Brasil
Pendão da esperança, de luta e de paz,
de quem se doou aos teus ideais
Se hoje conclamas à luta febril
haverás de ouvir o murmúrio do rio
que diz em sussurro ao ouvido que escuta
que a terra olhou o fiel servidor
que aquele que a todos com honra serviu
haverá também hoje de amar o Brasil
O Brasil se liberta da praga vermelha
e ergue orgulhoso a sua bandeira
O barulho, o tambor, o rufar, os leões,
o ódio, o teor de mil batalhões,
não invade a seara de nossas conquistas
pois firmamos convictos a nossa postura
somos filhos honrados do solo gentil
e aqui só se clama por união civil
Aquele cujo ódio sobrepuja o ardor
deverá ser tomado por um desertor
pois que hoje no dia da luta guerreira
é verde e amarela a nossa bandeira
O horizonte transpassa, o norte conduz
a justiça calcada em paz e em luz,
somos filhos da terra gentil do Brasil
e unidos ficamos nesse nosso rincão,
pela pátria lutamos, mas em união
E assim caminhamos, de cabeça erguida
e assim avançamos, em paz como irmãos
somos todos filhos de um solo gentil
e assim lutaremos, em união civil.

Sobre o autor

Catarina Rochamonte
Doutoranda em Filosofia pela UFSCar
Catarina Rochamonte é graduada em Filosofia pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), mestre em Filosofia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), doutoranda em Filosofia pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); é escritora e jornalista independente.
Fonte: Instituto Liberal

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