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domingo, 24 de maio de 2015

Crise das universidades: critiquem a causa, não o efeito

patriaeducadorapor JEFFERSON VIANNA*
Vivemos atualmente no nosso país um verdadeiro caos na rede universitária, tanto nas universidades federais quanto nas universidades estaduais, e também em algumas da rede particular. Falta de recursos, falta de gestão, ódio à iniciativa privada, desvio de recursos, falta de autonomia de captação de verbas e a falta de verbas.

Nos últimos anos, o governo federal gastou o dinheiro do pagador de impostos de forma totalmente irresponsável, principalmente em áreas totalmente desnecessárias para o país, como por exemplo, a manutenção de cargos comissionados, no inchaço da máquina pública e seus quase quarenta ministérios; em manutenção de estatais paquidérmicas, financiando ações de amigos do empresariado ou de política externa via BNDES, fomentação da economia via crédito, e com os conhecidos casos de corrupção, como o Petrolão.

Uma hora os gastos dessa farra governamental teriam que acabar. O Estado não é gerador de riquezas, e sim o trabalhador. E no ano passado, a conta chegou à mesa da sala da presidência da república. Porém, como todos lembram, ano passado eram eleições para a presidência da república.

Se a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) mostrasse a realidade das contas públicas ainda no ano passado, talvez perdesse a eleição. Então, decidiu aumentar mais ainda as benesses públicas, despejando dinheiro público pelo ralo para a conquista de votos em prol da manutenção de um projeto de poder, em detrimento da saúde fiscal brasileira.

Então, aumentaram os gastos em praticamente todas as áreas. Principalmente de programas como FIES, ProUni, Ciência Sem Fronteiras, bolsas do CNPq, bolsas CAPES, bolsas PRONATEC e verbas de pesquisa universitária, para agradar a “elite intelectual” brasileira, estudantes-militantes e outros afins. E o que se viu dentro das universidades durante a corrida eleitoral foi uma propaganda exacerbada da candidatura de situação, onde docentes desrespeitavam a honestidade intelectual, a educação livre e não-doutrinária, a liberdade de escolha e a não-coerção, quase que obrigando seus alunos a votarem em Dilma. Inclusive houve casos de professores dando suas aulas com preguinhas da candidata coladas em seus peitos.

Pois bem. Dilma venceu a eleição contra o oposicionista Aécio Neves (PSDB) e, já com o cargo garantido pelos próximos quatro anos, não podia esconder mais a realidade absurda das contas públicas. Com um déficit geral de R$ 18,319 bilhões, o governo federal realizou, junto à Câmara de deputados, a famigerada PLN 36, que permitiu flexibilizar-se a Lei de Diretrizes Orçamentárias, dando permissão para o governo não cumprir a meta fiscal sem punições para a presidente por crime de responsabilidade, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Chegamos a 2015. Era ano de recolocar a casa em ordem, após essa festança com o dinheiro alheio. O ajuste fiscal tão esperado veio, mas da forma errada, com o governo elevando impostos e diminuindo a renda da camada mais pobre da população em vez de cortar na carne do governo, cortando ministérios, cargos comissionados, privatizando estatais e reformando a economia.

E a crise chegou nas universidades. Os repasses gordos vindos de Brasília cessaram, a realidade bateu à porta, salários e bolsas foram atrasando, as contas acumularam-se e, combinadas com a má-gestão dos recursos pelos Reitores, fizeram com que o caos se instaurasse na rede pública universitária. E na rede particular, o governo começou a cortar recursos do FIES e do ProUni, acabando com o sonho de jovens estudantes.

E vemos os mesmos professores e estudantes que em outubro do ano passado apoiavam o governo protestando contra essa realidade, com ameaças de greve, paralisações e atos contra a realidade atual das universidades, mas nunca falando das causas da crise, sempre dos efeitos, culpando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, culpando o empresariado, e culpando até a Rede Globo de Televisão, todavia nunca falando algo do verdadeiro causador da crise.

Por que não falam do verdadeiro causador? Porque para um socialista, apontar os erros de si mesmo é praticamente uma utopia. Não se pode falar de ingerências cometidas pelos camaradas, fingindo que não está acontecendo nada no entorno. Por isso é melhor capitalizar a situação para se alçar novas lideranças políticas para o futuro via greves, em vez de mostrar que os efeitos da crise vêm da conjuntura atual, onde a farra e a má gestão geraram um cenário de terra arrasada.
Uma frase se encaixa bem: só sendo muito ingênuo ou mau-caráter para ser de esquerda. Em vez de pedir desculpas, se prefere fazer escândalo com os efeitos e apontando erros da oposição. O grande sabe quando errou e quando se redimir, mas para esse tipo de gente, pequena, coercitiva e asquerosa, admitir o próprio erro é uma ação torturante para si.

*Jefferson Viana é estudante de História da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenador local da rede Estudantes Pela Liberdade, presidente da juventude do Partido Social Cristão em Niterói e membro-fundador do Movimento Universidade Livre.


Sobre o autor

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