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domingo, 10 de maio de 2015

Escola Austríaca de Economia

Ludwig Von Mises, o mais proeminente representante da Escola Austríaca de Economia *


Por Me. Cláudio Fernandes
Escola Austríaca de Economia é uma das mais importantes correntes da ciência econômica que se estruturou a partir do século XIX. Muitos de seus representantes atuais reivindicam a associação das ideias da Escola Austríaca à antiga tradição da economia desenvolvida pela escolástica tardia espanhola, sobretudo pela escola de Salamanca, bem como reivindicam a continuidade que os austríacos deram à reflexão econômica que teóricos de expressão francesa, como Bastiat, empreenderam na época moderna.
Essa escola de economia é assim denominada pelo fato de seus principais expoentes serem de origem austríaca e terem desenvolvido suas reflexões na cidade de Viena. A obra considerada inauguradora dessa corrente econômica foi “Princípios da Economia Política”, deCarl Menger e publicada em 1871. Menger foi o responsável pelo desenvolvimento da teoria da utilidade marginal, que expõe o seguinte enunciado: “quanto maior o número de unidades de um bem que um indivíduo possui, menor será o valor que ele dará para cada unidade adicional”. Menger e outro grande expoente dessa corrente, Eugen von Böehm-Bawerk, contrapunham-se aos teóricos socialistas da economia de expressão alemã, incluindo Marx.
Eugen von Böehm-Bawerk notabilizou-se por criticar integralmente a teoria da exploração e da mais-valia desenvolvida por Marx em O Capital. Uma das características principais, tanto de Menger quanto de Boehm-Bawerk, era a crítica às teorias defensoras da intervenção do Estado no mercado e à política econômica que não levava em conta dois fatores imprescindíveis para o cálculo econômico: a ação individual (isto é, a Ação Humana, imbuída de desejos e necessidades variáveis) e o tempo, sobretudo os ciclos econômicos profundamente afetados por períodos de escassez, por exemplo.
O principal expoente dessa Escola, Ludwig Von Mises (1881-1973), foi o responsável por sistematizar as ideias de Menger e de outros autores que pensaram a economia como algo complexo que deveria levar em conta a ação humana e o tempo. Desde seus primeiros trabalhos até o tratado “Ação Humana”, Mises procurou desenvolver um edifício epistemológico chamado praxeologia, que compreende a ação humana como sendo “a vontade posta em movimento”, isto é, a busca por satisfação das necessidades põe o homem em movimento e isso movimenta a sociedade e a economia. O conhecimento econômico, então, deveria, para Mises, orientar-se não por constantes matemáticas insensíveis à realidade humana, mas sim pela condição contingente e falível que é própria do ser humano e que se reflete no mercado. Só levando em consideração a tríade ação-tempo-conhecimento, tornar-se-ia possível, segundo a Escola Austríaca, a compreensão do fator econômico e o esboço de algum cálculo econômico.
Como disse um dos principais representantes brasileiros dessa escola, Ubiratan Jorge Iorio, em sua obra “Ação, tempo e conhecimento”:
Podemos sintetizar o universo da teoria econômica da Escola Austríaca na frase: 'a economia é ação humana ao longo do tempo, nos mercados, sob condições de incerteza genuína'. […] Mises denominou de praxeologia (termo originado de práxis) ao estudo da ação humana, sob o ponto de vista de suas implicações formais. E, como ação, no sentido que lhe dá a Escola Austríaca, significa qualquer ato deliberado (que tanto pode se fazer, como deixar de fazer alguma coisa), com o intuito de se passar de um estado menos satisfatório para outro mais satisfatório, segue-se que todos os atos econômicos, como por exemplo, os de trocar, comprar, vender, produzir, poupar, investir, consumir, emprestar, tomar emprestado, exportar, importar, etc., estão contidos no conceito seminal de ação humana.” (Iorio, Ubiratan Jorge. Ação, Tempo e Conhecimento. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2011. pp.61-62)
Autores como Hayek e Rothbard acrescentaram importantes reflexões às teses de Mises e seguiram como grandes nomes da ciência econômica do século XX. No Brasil, o diplomata Roberto Campos e o empresário Donald Stewartforam dois dos mais expressivos entusiastas e difundidores do pensamento da Escola Austríaca.
*Créditos da imagem: Commons

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