Quais os
valores da sociedade brasileira
“Por esta pequena fenda, com o tempo, a liberdade de
todos pode esvair-se.”
(John Selden)
Por Armando Soares
Para compreender
o momento atual brasileiro torna-se necessário conhecer os valores da
sociedade, as normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por
indivíduos, classe, sociedade, etc. Discutir os valores morais é importante para
avaliar se a sociedade funciona bem, pois sem os valores morais não pode
existir ordem entre as pessoas. Ignorar os conceitos de ética e moral é o mesmo
que aceitar o caos social e institucional, significa o fim da ordem social e o
desrespeito à vida, risco que corre o Brasil na atualidade.
Os
valores morais são conceitos que uma determinada sociedade adquire ao longo de
várias gerações; são ensinamentos que as pessoas recebem de seus pais e da
comunidade. São conceitos que norteiam a forma das pessoas ver o mundo e de
como agir em sociedade. A ética, um dos valores mais importante, é um conjunto
de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade;
serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social e está relacionada
com o sentimento de justiça social. A dissolução desses valores representa a
perversão de costumes, a devassidão e a libertinagem social. Mas por que
estamos dando tanta importância aos valores morais? Porque essa questão é o
esteio de uma sociedade desenvolvida e justa. Se esses valores estão sendo
usados para destruir a sociedade brasileira, o risco de desintegração é
eminente. Essa é a estratégia da esquerda – a dissolução de valores - que
explica a razão dos membros do governo e políticos suportarem tanta pressão de
manifestações das ruas, pois eles confiam que suas ações deletérias criem o
ambiente necessário para alcançar o poder absoluto. São produtos dessa
estratégia o desamparo da população pelo governo, entregue a sanha de bandidos,
de criminosos cruéis; a corrupção desenfreada; o sindicalismo mercantilista
irresponsável e outras ações desse tipo que destroem a sociedade.
Dentre
as ações da dissolução de valores se incluem a criação de políticas públicas
mascaradas de atos democráticos, mas que de democracia só tem o nome. Toda essa
montagem maquiavélica da esquerda só foi possível executar em razão da criação
de uma constituição (1988) que festivamente pretendia e ansiava por uma
democracia pós-militar. Os autores dessa constituição na sua maioria eram
políticos profissionais demagogos, pseudos democratas, varguistas, comunistas,
ambientalistas (legítimos representantes de países estrangeiros), socialistas
soçaites, e outras raças políticas, em resumo, um conjunto de víboras que
injetaram na constituição seus pensamentos mórbidos, suas ideologias podres,
seus mesquinhos interesses políticos e particulares, tudo o que diz respeito
aos seus interesses, menos e nunca pensado, num esboço de projeto de nação.
Essa peça constitucional tem sido a responsável por gerar governos frágeis,
vacilantes e facilmente exposta à interferência de países ricos com tradição
colonialista. Cedo o cenário institucional foi abalado e mostrou a deficiência
estrutural com o impeachment do primeiro presidente eleito pelo povo, dando
margem o subido ao poder do socialismo, contaminado pela ideologia colonialista
do aparato indigenista-ambientalista e por pretensos movimentos populares, onde
se destaca a invasão de propriedades privadas, entre outras ações que
caracterizam o socialismo. Esqueceram os políticos constituintes que a democracia
é um meio de preservar a liberdade, e a liberdade individual, e não a coletiva,
é também uma condição essencial para o funcionamento da democracia. De acordo
com F.A. Hayek “[o povo] só pode governar quando tem consciência de como uma
democracia pode governar a si mesma; só pode governar quando percebe que só é
possível governar escolhendo os representantes que deverão cumprir, implementar
e analisar as leis que definem direitos, deveres, privilégios e imunidades das
pessoas, associações, comunidades, e dos próprios governantes, cada um em
ralação a todos os outros.”
Diferentemente
do que está acontecendo no Brasil, John Locke ensina que a finalidade da lei
não é abolir ou restringir, mas preservar e ampliar a liberdade. Porque onde
não há lei não há liberdade, como se vê nas sociedades em que existem seres
humanos capazes de fazer leis. Pois liberdade significa estar livre de coerção
e de violência dos outros, o que não pode ocorrer onde há lei, e não significa,
como dizem alguns, liberdade de cada um fazer o que lhe apraz (pois quem
poderia ser livre se estivesse sujeito aos humores de algum outro?), mas
liberdade de dispor a seu bel-prazer de sua pessoa, suas ações, bens e todas
suas propriedades com a limitação apenas das leis às quais está sujeito.
Significa, portanto, não ser escravo da vontade arbitrária de outro, mas seguir
livremente sua própria.
O Estado
de Direito é algo mais que constitucionalismo: ele exige que todas as leis
estejam de conformidade com certos princípios. Numa democracia, significa que o
Estado de Direito não prevalecerá, a menos que faça parte da tradição moral da
comunidade, de um ideal comum compartilhado e aceito inquestionavelmente pela
maioria. Enquanto no Brasil os valores morais estiverem sob o ataque da
esquerda, corre o risco de desabar, e o Estado e da Justiça desaparece, a
segurança deixa de existir, como também a propriedade privada e os contratos,
ou seja, o Estado de Direito não prevalecerá. Para que isso não aconteça
necessário se torna afastar do poder os defensores da destruição dos valores
dos brasileiros. Certamente o roubo, a corrupção, o crime, a invasão de
propriedades rurais e urbanas, o bloqueio de ruas e estradas, a destruição de
investimentos públicos por índios, o comércio de drogas e armas, o ensino
imoral de ideologias vermelhas por professores comunistas não fazem parte dos
valores morais da sociedade brasileira. Menores criminosos (questão maioridade
penal) que matam com perversidade frutos podres de mães irresponsáveis e de famílias
destruídas não podem continuar a ceifar vidas sob a justificativa de que a
cadeia não educa. Essa é uma tese que não se sustenta, pois para ser vitoriosa seria
necessário que o governo investisse maciçamente na conscientização desde cedo
na criança em conjunto com as mães e pais, uma vez que o fulcro da questão está
no núcleo familiar, na geração de filhos de mães solteiras ou no seio de
famílias desestruturadas em todos os sentidos que não cultuam valores morais.
Se o governo não atua no sentido de transmitir valores morais as crianças e aos
jovens, por outro lado não pode ignorar a realidade num mundo em que o menor
mata inocentes destruindo famílias e causando dor irreparável. Se o governo tem
consciência, assim como os políticos de um modo geral, desse cenário e nada
fazem para proteger os brasileiros, é porque consideram esse cenário propício
para que a estratégia da esquerda obtenha resultado, ou seja, que o cenário
social cada vez se torne mais caótico para facilitar a implantação do poder
totalitário.
Outra
questão que incomoda os brasileiros é a política indigenista e o comportamento
do Ministério Público em relação a essa política. Não esquecer que para
compreender essa questão que se opõe aos interesses do Brasil, é necessário
voltar a constituinte que aceitou implantar na Constituição de 88 direitos
absurdos aos índios, hoje transformados em reservas gigantescos que guardam
riquezas naturais extraordinárias, um gigantesco espaço geográfico que poderá
facilitar a qualquer momento a perda de grande parte da Amazônia. Os episódios
de Altamira e Roraima são provas suficientes de uma estratégia de domínio
territorial que compromete governo e políticos. Aqui não se trata de direitos
de índios, de raças, mas do interesse do Brasil.
Armando Soares – economista
e-mail: teixeira.soares@uol.com.br
Soares é articulista de LIBERTATUM
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