Socialismo e a ética do ladrão
Podemos dividir o mundo entre dois tipos de pessoas: as que tentam atingir seus objetivos por meio de seus próprios talentos e esforços e as que tentam o mesmo por meio dos talentos e esforços dos outros. Entre os animais, tentar roubar a comida ou o território do outro é apenas uma estratégia de sobrevivência entrelaçada aos esforços cotidianos. Entre os homens não. Muitos homens adotam o roubo como única estratégia tanto de sobrevivência quanto de qualificação social. Roubam para compensar a falta de talentos. Roubam aquilo que não conseguiriam conquistar ou pior: roubam como forma de sabotagem, meio para rebaixar os demais ao nível intelectual do ladrão.
Faz algum tempo que perdi o pudor em dizer que um socialista é um ladrão ou um potencial ladrão. Aquele que não age para se apropriar do fruto do trabalho dos outros por meio do Estado, apoia que alguém o faça; o que me leva a crer que até o socialista de Facebook nos roubaria se tivesse oportunidade.
Uns ladrões são mais ladrões que outros…
O ladrãozinho de rua ou de banco é um ladrão menor, de certa forma um ladrão honesto, já que ele assume que rouba para o seu benefício. Contra esse, basta polícia, justiça e cadeia. Nossos maiores temores devem ser em relação a outro tipo de ladrão, aquele que diz que trabalha pela “justiça social”, aquele que luta contra as “desigualdades”, aquele que se diz sem apegos materiais, sem ganâncias, sem vaidades e avesso ao luxo, mas que adoraria receber um gordo salário do governo e o poder de decidir sobre a vida dos outros. Para essas pessoas, os ladrões são aqueles que pagam salários, fornecedores e impostos para só depois disso pensar em guardar para si o lucro de sua produtividade. Agir sobre empresários ou sobre qualquer pessoa que assume que pensa em si mesmo confere ao socialista um sentimento de heroísmo, a certeza de que é uma pessoa moral e espiritualmente mais elevada que as demais. “Não é roubo. É distribuição de renda!”, dizem para nós e para si mesmos.
A ditadura dos Fidel representa muito bem a ética socialista: seus agentes não têm nada além de uma casa, de um salário modesto e o poder sobre toda a população. Por aqui, o Partido dos Trabalhadores e seus devotados militantes insistem na tese de corrupção solidária, meio para se governar em benefício dos mais pobres.
Todo socialista, ativou ou passivo, acredita ser a voz e a ferramenta dos mais pobres. Vozes e ferramentas unidas pelo objetivo de levar dignidade aos pobres por meio da espoliação dos mais ricos. Todos devem pensar em todos! Todos devem trabalhar para todos! Todos devem cuidar de todos! Sorte do mundo que existem os socialistas para roubar de uns para o benefício de outros!
Ayn Rand, em seu livro A Virtude do Egoísmo, aborda esse tema. “A premissa altruísta-coletivista, implícita nessa questão, é que os homens são os donos de seus irmãos e que o infortúnio de alguns é a hipoteca de outros”, escreve.
Ayn Rand chama de “canibalismo moral” a presunção do socialista em se enxergar com poder e sabedoria suficientes para garantir aos homens a sobrevivência e a dignidade que a natureza rejeita aos mesmos homens, tratando a vida de indivíduos como propriedade social, propriedade do projeto socialista.
“Se um homem reflete sobre o que a sociedade deveria fazer pelos pobres, ele aceita a premissa coletivista de que as vidas dos homens pertencem à sociedade e que ele, como membro da sociedade, tem o direito de coordená-los, ou estabelecer seus objetivos, ou planejar a distribuição de seus esforços”, resume Rand, remetendo à falácia da abstração paralisada, substituindo a ética específica por uma ética abstrata, que invariavelmente leva a situação em que um homem, se dispondo como meio para o fim dos outros, acaba considerando que os outros são o meio para seus próprios fins. “Quanto mais neurótico ele for ou quanto mais consciente na prática do altruísmo, mais ele desenvolverá planos para o bem da humanidade, ou da sociedade, ou do povo, ou das futuras gerações – ou de qualquer coisa exceto humanos de verdade”, explica a escritora. Nesse processo de espoliação de uns para a escravização de todos, o agente socialista garante sua própria sobrevivência e também seus vícios, seus prazeres e perversões.
Por isso devemos temer um socialista como tememos o maior dos criminosos, seja ele um militante de punhos cerrados ou um mero repetidor de clichês, pois é o eco das palavras, não as palavras em si, que envolvem as multidões.
Por isso que provoca grande preocupação a todo homem livre o eco de ideias “humanitárias” que preveem sua imposição por meio do Estado − ou seja, por meio da força −, baseando-se em estereótipos morais do homem rico e ganancioso que precisa ser contigo.
Sob qual régua alguém julga a moral de alguém?
A régua de si mesmo?
Ayn Rand responde: “É apenas para a irrealidade paralisada dentro de um cérebro coletivizado que as vidas humanas são intercambiáveis – e apenas esse tipo de cérebro pode considerar moral ou adequado o sacrifício das gerações dos homens vivos pelos supostos benefícios que a ciência pública, ou a indústria pública, ou os acordos públicos trarão aos que ainda estão por nascer”.
O socialista é um ladrão que luta contra a ganância dos homens.
O socialista é um ladrão que rouba pelos outros, para que todos lhe concedam o privilégio de viver sem produzir.
A ética coletivista é a ética do “bom” ladrão, da ditadura do “bem”, da privação da liberdade em benefício da igualdade – todos os escravos são iguais, ou não?
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