Caímos na
mesmice
Por Armando Soares
Executivo,
Legislativo e Judiciário perderam a capacidade de resolverem os problemas que
estão afligindo a sociedade brasileira. A insegurança que se abateu sobre os
brasileiros submetidos à sanha criminosa de bandidos é o maior indicador da
inoperância dos três poderes. A situação da insegurança chegou a tal ponto que
só uma ação do tipo esforço de guerra poderá conter e reverter esse cenário
insuportável e caótico, trazendo de volta a tranquilidade ao povo brasileiro. Os
dias, meses e anos passam e crescem os assassinatos cada vez mais cruéis sem
que o Estado brasileiro se mova para conter essa onda de bandoleiros que matam
crianças, jovens, adultos e idosos. Pratica-se no Brasil um cenário parecido
com o que aconteceu em países comunistas e no nazismo, onde se matava e ainda
se mata sem piedade. Como no Brasil a fome, prioridade maior não mata, a
prioridade deveria ser a segurança do povo, a garantia da vida dos brasileiros,
a limpeza das ruas e das favelas de bandidos armados que transformaram o Brasil
numa republiqueta vagabunda onde se mata seres humanos como se mata barata. A
verdade é que nenhuma autoridade brasileira está dando valor à vida. Como
nossas autoridades conseguem trabalhar sabendo que a toda hora morre um
brasileiro assassinado por bandidos sem nenhuma condição de se defender. Talvez
essa apatia deva-se ao excesso de mordomia, de bons salários e outras regalias
esteja cegando para essa triste realidade, a ponto dessa cegueira permita que
se mate tanto e de maneira tão covarde. Enquanto na televisão partidos defendem
demagogicamente trabalhadores sindicalizados, como estes fossem os únicos bons
trabalhadores brasileiros, eles viram a cara e tampam os ouvidos para o
assassinato de trabalhadores de todas as classes. O Brasil é um país curioso,
atípico onde se vive sem ter sensibilidade para a realidade. Todos os
brasileiros deveriam saber, mas não sabem que quem sustenta o Estado, os
governantes, os políticos, os funcionários públicos, os membros do Ministério
Público, juízes e servidores são os brasileiros que trabalham e pagam impostos,
portanto quem deveria ser reverenciado e bem tratado deveriam ser os
responsáveis pela geração de impostos e não governantes, políticos, ministros e
servidores públicos. Essa inversão de valores é que está causando sérios
problemas sociais, econômicos, jurídicos, institucionais e de outras naturezas.
Os brasileiros estão adorando quem não merece esquecendo-se do seu valor no
contexto civilizatório. Essa matança ignorada de brasileiros reflete o
desrespeito pela vida e pela dignidade humana valores que desapareceram durante
o governo civil. Não há desculpa para falha com a vida humana, e não se venha
justificar a falha por faltar dinheiro, pois ele existe, é só diminuir o
tamanho do Estado, as mordomias, os altos salários. Antes da reforma fiscal, necessária
por culpa dos governantes, da reforma política, a prioridade deve ser dirigida
para a segurança do povo brasileiro, da vida do brasileiro. Os números dizem
tudo, o Brasil foi considerado o País que mais se mata no mundo – 60 mil mortes
por ano. Se o Estado está ausente, mais ausente está a turma dos supostos
direitos humanos e o MP que só se preocupa com índios e com reservas ambientais
impostas por estrangeiros. Onde está o Congresso Nacional que nada faz para
salvar os brasileiros dos bandidos, esquecendo-se de derrubar o estatuto do
desarmamento que desarmou o povo e armou bandido. O estatuto do desarmamento
desarmou 90% da população, enquanto que as mortes por arma de fogo aumentaram
346% ao longo dos últimos anos. O Mapa da Violência 2015 mostrou no Brasil
395.435 homicídios entre 1995 e 2003. Destes 256.844 foram praticados com armas
de fogo. Entre 2004 e 2012 foram registrados 455.146 assassinatos, dos quais
322.310 praticados com arma de fogo, violência que não comove ninguém no
governo, na justiça, no MP e nos supostos direitos humanos que está a serviço
da esquerda. Essa a radiografia da
política criminosa de responsabilidade do PT.
Por que
o brasileiro caiu na mesmice? Mesmice é ausência de progresso; representa um
cenário inalterado, é pasmaceira, idiotice, apatia. A roubalheira no Brasil foi
institucionalizada por culpa da mesmice de brasileiros. Só vai diminuir quando
o exemplo vier dos governantes, políticos, juízes e servidores públicos
confiáveis e honestos; quando os brasileiros sentirem que o País tem uma
justiça forte, rápida e voltada para defender as instituições; quando o Brasil
tiver um legislativo competente que crie leis úteis aos cidadãos e abandone o
cacoete de trabalhar apenas em proveito próprio. Marco Antonio Villa, em seu
livro Década Perdida – Dez Anos de PT no poder, afirma que vivemos um tempo
sombrio, uma época do vale-tudo. Despareceram os homens públicos. Foram
substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer
preço. E rapidamente. Não importam os meios. O que se presencia hoje no Brasil
é uma involução civilizatória, o retorno à barbárie. O mestre Will Durant
ensina que a civilização é a ordem social a promover a criação cultural. Ora,
se a civilização começa quando o caos e a insegurança chegam ao fim, então há
alguma coisa errada com o Brasil. E mais, a civilização, afirma o historiador,
começa logo que o medo é dominado, a curiosidade e a construtividade se veem
livres, e por impulso natural o homem procura a compreensão e o embelezamento
da vida. Isso tudo que ensina Durant e que a primeira forma da cultura é a
agricultura, que é quando o homem se fixa e cultiva o solo e acumula provisões
para o incerto dia de amanhã, que é quando ele acha tempo e razão para
civilizar-se, constrói casas, templos e escolas, inventa instrumentos de
trabalho, domestica os animais e por fim a si mesmo; aprende a trabalhar com
regularidade e ordem, vive mais tempo e transmite mais completamente aos filhos
a herança mental e moral da raça. Enquanto a cultura sugere a agricultura, a
civilização sugere a cidade. Sob esse aspecto, a civilização é o habito da
civilidade; e civilidade é o refinamento só possível nas cidades. Porque para o
bem ou para o mal, para a cidade refluem riquezas e o cérebro produzido pelo
campo. Na cidade a invenção e a indústria multiplicam o lucro, a comodidade, o
lazer; na cidade os homens de negócio se encontram para fechar novos
investimentos e trocar ideias: nesse cenário fecundo a inteligência se apura e
é compelida a criar. Na vida urbana alguns homens se conservam fora do campo
material e produzem ciência e filosofia, literatura e arte. Essa magnifica
lição do mestre Will Durant nos dá a oportunidade para melhor avaliar a bagunça
civilizatória brasileira, cujo maior problema é da governança, da política e
consequentemente do péssimo funcionamento de nossas instituições, apenas peças
decorativas. Como sabido o Brasil começou sua vida econômica na agricultura,
aprendendo a trabalhar com regularidade e ordem; criou cultura, o que deu
margem a criação de uma civilização. Portanto, o País teria tudo depois dessa
etapa de continuar o seu desenvolvimento e progresso material. Infelizmente, a
incompetência administrativa, a ideologia retrógrada, a consequente desordem
social trazida pelo PT estancou o desenvolvimento e provocou a desordem social
introduzindo de novo na civilização brasileira o medo e o caos. Portanto, de nada adianta reparar o mal feito
com reforma fiscal, política ou qualquer outra, pois o mal se encontra nas
pessoas, em quem teve e tem a responsabilidade de administrar o País.
Armando Soares – economista
e-mail: teixeira.soares@uol.com.br
Soares é articulista de LIBERTATUM
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