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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Liberais e conservadores no Brasil

brasilbandeiraQuando o termo política se referir ao quesito de conduta dos povos, então deve-se levar em conta a possibilidade de acordo entre tipos divergentes de discursos, pois a primazia de uma determinada vertente ideológica não aniquila a possibilidade de diálogo. O diálogo favorece a incorporação de novas qualificações, novas atribuições ou mesmo o desvio de pretensões iniciais que não puderam se efetivar.
Há, no quadro político brasileiro, uma crise identitária entre os partidos políticos. Nenhum partido conseguiu levar adiante um projeto claro e bem delineado cujo conteúdo apontasse para algo além da condução e conservação de cargos. Viu-se, pois, um vazio entre as demandas efetivas da população e, com isso, criou-se um espaço na sociedade civil em que pontos de vista defendidos tradicionalmente pelo liberalismo, como livre-comércio e livre iniciativa, encontraram ressonância.
Essa postura política parece ser atualmente a menos dogmática, pois parte do pressuposto de que os partidos, cuja fonte de renda são os impostos pagos pelo próprio indivíduo, são incapazes de fazer frente aos anseios desse mesmo indivíduo que os mantém. Farto do uso abusivo que a política atual fez da sua própria competência, o indivíduo passou a requerer para si os recursos mal-utilizados pelo governo e nessa bandeira da livre-iniciativa, do livre-comércio, da diminuição de impostos, etc. encontrou o  horizonte de atuação política que lhe fora negado, já que as instâncias partidárias tal como se desenvolveram pertencem a uma mentalidade pouco afeita ao significado do esforço individual e da resposta a esse esforço. O individualismo, portanto,  emerge hoje no Brasil como contra-revolução, no sentido de contrariar as estratégias governistas e tomar para si um engajamento cujo ponto de partida é a ideia da busca pela própria felicidade como motor do dinamismo econômico e social.
Por trás desse quadro, porém, há uma outra corrente de pensamento. É a daqueles que viram na luta do indivíduo contra o Estado um meio eficaz de difusão das suas ideias que, entretanto, ultrapassam as fronteiras do individualismo irrestrito, pois há entre eles uma grande preocupação em reavaliar todo o quadro cultural da nação e o interesse em defender efetivamente os valores basilares da civilização. Aproxima-se aqui o conservadorismo do liberalismo contra o inimigo comum que outro não é senão o partido cujas pretensões autoritárias fecham as portas ao diálogo que poderia conduzir a política a novos patamares e a sociedade a novas ideias. O inimigo comum é a mentalidade travada em preconceitos incompatíveis com o dinamismo social na nova era tecnológica, do novo mundo globalizado, das novas democracias pluralistas e de emergências teóricas.
É preciso, portanto, que esse novo grupo que reuniu forças no Brasil concentre-se na tentativa de resgatar o papel cultural do nosso país e a dignidade da nossa nação perante as demais potências democráticas do globo. É preciso que liberais e conservadores esqueçam momentaneamente suas divergências e dissonâncias para continuar lutando contra uma ideologia que pretende calar a ambos e submeter o país a um projeto fracassado.

Sobre o autor

Catarina Rochamonte
Doutoranda em Filosofia pela UFSCar
Catarina Rochamonte é graduada em Filosofia pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), mestre em Filosofia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), doutoranda em Filosofia pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); é escritora e jornalista independente.
Fonte> Instituto Liberal

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