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quinta-feira, 16 de julho de 2015

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Papa Francisco e a visão medieval do capitalismo

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O papa Francisco é comunista? 
Lamentavelmente, parece que sim. Nesta quinta-feira, dia 9 de julho, o papa esteve na Bolívia e recebeu de Evo Morales um crucifixo na forma de foice e martelo. 

Misturar símbolos de duas idéias tão díspares – cristianismo e comunismo – em um mesmo artefato é de um mau gosto atroz, para dizer o mínimo. O papa aparentemente não gostou do presente. Poderia ter recusado, mas não o fez. Acho que aceitar o presente não é tão grave. O pior foi sua fala, em que disse, entre outras coisas, que o capitalismo é uma “ditadura sutil” e defendeu uma “mudança de estruturas”.
Compreendo perfeitamente que o papa esteja descontente com a pobreza que assola boa parte da humanidade e com a devastação do meio ambiente. Na verdade, quem está contente com isso? Acho que qualquer pessoa sensata gostaria que o mundo fosse melhor, que não houvesse tanta miséria e tanta agressão à natureza. Mas qual o melhor caminho para chegar a essa sociedade mais próspera e consciente? Com certeza, não será através do socialismo. Tanto João Paulo II como Bento XVI estavam bem cientes disso, mas, infelizmente, não é o caso de Francisco.
O papa padece de uma enfermidade que assola o mundo inteiro, mas especialmente a América Latina, um misto de incompreensão com fantasia. Incompreensão de como funciona uma economia de mercado. E fantasia de que o socialismo possa solucionar problemas econômicos ou ambientais.
Já comentei mais de uma vez nesse espaço por que uma economia socialista, centralmente planejada, não pode ser eficiente. E, se não pode ser eficiente, não pode gerar prosperidade. Pode, no máximo, repartir pobreza.
Do ponto de vista ambiental, os comunistas também não têm muito do que se orgulhar. Nos idos dos anos 1970 ou 1980, eu me lembro de uma reportagem de TV sobre a cidade mais poluída do mundo, que, por acaso, ficava na Romênia. A União Soviética também nunca foi um exemplo de preservação ambiental. Há um vídeo bem interessante no YouTube, chamado “Let’s do it Estônia”, que mostra bem como os soviéticos tratavam o meio-ambiente.



Historicamente, a Igreja católica sempre foi resistente ao capitalismo. Clérigos católicos, desde o final da Idade Média, tinham uma postura claramente anticapitalista; criticavam a busca pelo lucro, a ambição e o desejo de acumular riqueza – ou seja, todos os motivos interesseiros que azeitam a máquina capitalista de produção. Coube aos protestantes libertar a classe capitalista do opróbrio moral imposto pelos católicos. A ética protestante foi peça fundamental na expansão capitalista.

SOBRE O AUTOR

Ivan Dauchas

Ivan Dauchas

Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.
Fonte: Instituto Liberal

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