Polícia para quem precisa de polícia
Começou neste final de semana a “Operação Verão” nas praias cariocas. Mais de 700 policiais, 300 agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública e da Guarda Municipal, participaram da ação. Resultado? Nenhum arrastão, clima de tranqüilidade e paz. Parabéns aos envolvidos.
“Ah, então você está defendendo uma sociedade vigiada, com policiais em todos os lugares?” Não! Mas é óbvio, claro, cristalino e evidente que o pilar de qualquer sociedade é a ordem pública; é a partir da ordem que derivam. como alertou Russell Kirk, liberdade e justiça. De que adianta a liberdade de abrir uma lanchonete se todos os dias ela for invadida por uma horda de baderneiros que incomode e assedie seus clientes até que eles não voltem mais? Como implementar a igualdade entre os sexos numa sociedade em que mulheres são apedrejadas nas ruas?
O que muita gente não entende é que o policiamento ostensivo, o patrulhamento ou até algumas guerras são consequência e não causa; eles são uma reação dos “anticorpos” da sociedade ou de um planeta que está doente, caótico e desesperado em busca do equilíbrio. As forças de repressão ou vigilância muitas vezes são como leucócitos de um corpo social enfermo e debilitado.
Quando se defende o policiamento para evitar arrastões, não é por qualquer tara ou obsessão por um ambiente patrulhado, mas o reconhecimento da necessidade e urgência do restabelecimento da ordem, este sim o primeiro objetivo de uma política responsável, inteligente e moral, que mire no verdadeiro bem estar social – aquele que garante sua tranquilidade para ir e vir em segurança, tranquilidade e paz para todos.
Revolucionários, engenheiros sociais e utópicos em geral detestam a idéia de ordem porque ela é o muro que impede o avanço da agenda de destruição dos pilares sociais e a construção de uma nova sociedade a partir de suas obsessões ideológicas. Se você quer, como disse Barack Obama, “transformar fundamentalmente” uma sociedade, o caos é seu amigo, é um instrumento para quebrar resistências.
Com desordem, violência, saques, arrastões, a sociedade perde seus alicerces e entra numa espiral de anomia que abre espaço para o surgimento de líderes populistas, “homens fortes”, imperadores ou ditadores. Foi a terra arrasada da Revolução Francesa, que começa simbolicamente com a invasão de um presídio, que abriu espaço para Napoleão Bonaparte. Foi o caos da República de Weimar que pariu Adolf Hitler.
Como chegar a uma sociedade ordeira sem patrulhamento e espionagem em todo lugar? De novo, Russell Kirk dá o caminho: “se você quer ordem na sociedade, primeiro é preciso que haja ordem na alma de cada indivíduo.” Quanto menos ordem “interna”, mais necessidade de ordem “externa”. Para Edmund Burke, pai do conservadorismo moderno, “a liberdade não existe na ausência da moralidade”. John Adams, segundo presidente americano, disse: “nossa Constituição foi feita apenas para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para governar qualquer outro.”
Para revolucionários e utópicos, o homem tem uma natureza essencialmente boa e é a sociedade que estraga essa propensão ao bom, belo e justo. Ao ver a sociedade atual como um tóxico que envenena homens bons, nasce o espírito revolucionário que quer tocar fogo em tudo e reconstruir o mundo em novas bases para dar à luz ao homem novo. Quase todas as barbáries do século XX, o mais sangrento da história, nascem dessa idéia torta. E nada pode ser mais distante do que pensam os conservadores.
O conservador acredita na natureza imperfeita do homem, que carrega em si a semente do bem e o mal. A sociedade utópica e “perfeita” é impossível porque o homem é imperfeito. O que se pode almejar é a busca do melhor arranjo possível, mesmo que imperfeito, e em constante evolução. Como resumiu Kirk, “se você quer que os homens procurem, de maneira refletida e prudente, reconciliar o melhor da sabedoria dos nossos ancestrais com as mudanças essenciais para a existência de uma sociedade civil vigorosa, é melhor buscar os princípios conservadores. As melhores mentes conservadoras acreditam em princípios, em valores perenes aperfeiçoados pela sabedoria das gerações anteriores, no estudo da história, casados com as circunstâncias do tempo presente. Ele é alguém razoável, mesmo que tenha uma profunda suspeita do culto à racionalidade, da conversão a uma racionalidade abstrata que acredita que planos mundanos serão capazes de resolver nossas dificuldades do espírito e da vida em comunidade. O conservador com espírito mais elevado detesta abstrações ou as paixões que forçam os homens e a sociedade a um padrão pré-concebido totalmente divorciado das circunstâncias especiais de cada época e país.”
A resposta conservadora aos arrastões não é o flerte com a desordem e a piscadela que a esquerda dá para o caos, muito menos as abstrações do jornalismo anencéfalo como “mais oficinas de escultura em garrafa PET e aulas de capoeira nas comunidades”. Ao se prestigiar as famílias e buscar uma sociedade de crianças criadas preferencialmente pelos próprios pais biológicos, que prestigie a moral, o respeito, a ordem e a lei, haverá muito menos jovens soltos nas ruas roubando “por prazer” ou para comprar drogas, já que o “thug life” não será um comportamento social glamourizado, incensado, adulado, bajulado e festejado pelo cinema, novelas, música pop, celebridades, professores e certa intelectualidade, assim como a destruição das famílias e a transformação das salas de aula em centro de mobilização e treinamento de marginais.
A adolescência é uma etapa do desenvolvimento marcada por dúvidas, por um excesso de energia e hormônios à flor da pele, mas também e principalmente pela tentativa de afirmação da própria identidade e individualidade como adulto. Se os professores destes jovens nas escolas negam a eles o acesso à leitura dos clássicos e da informação sem doutrinação, se são criados num ambiente sem respeito e moral dentro da própria família, se ouvem o dia inteiro que é a sociedade “injusta” e “excludente” que impede sua ascensão social, o que eles vão fazer? Servir alegremente como bucha de canhão para a derrubada da ordem vigente; cada um será um voluntário da causa revolucionária como um agente do caos. E é por isso que revolucionários buscam incessantemente influenciar e encantar jovens com suas mensagens e comandos, que respondem falando alto para esconder suas próprias fraquezas, incertezas e dúvidas.
O policiamento ostensivo pode não ser agradável, mas é necessário como prevenção e urgente em meio à desordem. Compare os dois últimos finais de semana cariocas, um sem polícia e outro com. A realidade é teimosa, ela não cansa de desmentir os sociólogos de entrevista e os teóricos de pé quebrado.
Enquanto a polícia restabelece a ordem, aproveite para refletir sobre os motivos reais desses adolescentes estarem nas ruas, buscando diversão no crime e rindo do vizinho da mesma idade, criado nas mesmas condições sócio-econômicas, e que está estudando e sonhando com uma carreira e com a possibilidade de ter a própria família um dia.
Se você acha que jovens são, em geral, incapazes de estudar, trabalhar e produzir, continue prescrevendo gangsta rap, drogas, orgias e curso de percussão em latas. Se você não tem esse tipo de preconceito, ajude a criar um ambiente em que a ordem, a justiça e a liberdade permitam que ele busque sua ascensão social no trabalho, no empreendedorismo e no oferecimento de idéias, bens e serviços que a sociedade valorize, busque e opte por adquirir. É na livre associação entre os indivíduos, num ambiente de ordem e paz, que está a saída.
– “Eu roubei porque quis, por prazer” http://on.fb.me/1ViH3HS
– O pais das Eufrásias e Ediths http://on.fb.me/1KFBJX6
– Angela Moss, a estrela dos vídeos dos anos 90 com ofensas racistashttp://on.fb.me/1iwUm5C
– “Mais uma jabuticaba brasileira: o sociólogo de entrevista” http://bit.ly/1vDHgYX
– “Arrastão: modalidade olímpica incentivada pela esquerda” (Felipe Moura Brasil)http://abr.ai/1NMEV5i
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.