Cade irá investigar conduta de taxistas por impedir atividades do Uber
Por Agência Brasil | 20/11/2015
14:01
Taxistas teriam
utilizado meios abusivos para barrar a entrada do aplicativo no mercado de
transporte individual remunerado
O Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu processo administrativo para
investigar se procedem as denúncias recebidas sobre condutas anticompetitivas
supostamente praticadas por taxistas contra a entrada do aplicativo Uber no
mercado de transporte de passageiros. A decisão foi publicada no Diário Oficial
da União nesta sexta-feira (20).
Segundo as denúncias,
os taxistas teriam utilizado meios abusivos para excluir e barrar a entrada do
Uber no mercado de transporte individual remunerado.
As denúncias foram apresentadas pela empresa Uber do Brasil Tecnologia, pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília e pelo Diretório Central dos Estudantes do Centro Universitário de Brasília. Depois de aberto o processo administrativo, representantes dos taxistas e da empresa Uber terão 30 dias para apresentar argumentos.
Para o Cade, enquanto
a atual controvérsia jurídica acerca da legalidade da Uber não for esclarecida
pelos poderes da República, a empresa deve ser considerada uma concorrente como
qualquer outra e não pode ser alvo de condutas anticompetitivas previstas na Lei
de Defesa da Concorrência.
Em instrução preliminar, o Cade
verificou, até o momento, pelas denúncias recebidas, a existência de um suposto
abuso de direito de petição em três ações judiciais movidas por representantes
da categoria de táxis – conduta internacionalmente conhecida como sham
litigation. Essas ações apresentaram o mesmo objeto e foram ajuizadas em
diferentes foros. Há indícios de que as ações teriam como objetivo burlar as
regras judiciais de distribuição e julgamento para dificultar a defesa da Uber
e, assim, alcançar decisão favorável contra a empresa.
De acordo com o Cade, as demais ações
judiciais analisadas foram ajuizadas pela categoria de taxistas de maneira
legítima e não abusiva.
O Cade identificou ainda, em fase preliminar, indícios de que alguns taxistas
teriam empregado violência e grave ameaça contra motoristas da Uber e
passageiros do aplicativo. Essas ações teriam gerado um clima real de ameaça à
atuação de rivais, o que poderia causar efeitos anticoncorrenciais de obstrução
da entrada e do desenvolvimento da empresa no mercado, além de limitar a
escolha dos consumidores. Os indícios sugerem que algumas entidades
representativas dos táxis e seus dirigentes teriam contribuído de maneira
relevante para a prática dessas condutas.
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