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domingo, 1 de novembro de 2015

Omissos da grande imprensa: vocês querem que o Brasil seja uma Venezuela?

mblagredido A quarta-feira (28/10) foi mais um capítulo triste da degradação moral brasileira. Mais uma manifestação troglodita dos bárbaros que hoje ditam os rumos da nação. Mais um sintoma da envergadura da doença de que padecemos. E, sobretudo, mais uma amostra da cegueira decidida e voluntária da nossa grande imprensa.
Com o desprezo de praticamente todos os grandes veículos, representantes dos movimentos populares que convocaram as manifestações de rua, em especial o Movimento Brasil Livre, estão acampados em número considerável – que esperam aumentar ainda mais – em frente ao Congresso nacional, em novo gesto simbólico pressionando pelo impeachment da presidente Dilma. Depois de uma manifestação mais calorosa de alguns desses jovens, o deputado Sibá Machado, líder do PT, soltou mais uma de suas pérolas estúpidas. Ameaçou os rapazes do MBL e disse que iria “para o pau” com eles, com toda a elegância e finesse que lhe são características.
Dir-se-ia que ele se expressou em linguagem figurada. É claro que não quis dizer isso! Assim como Lula não quis dizer, ao conclamar o “exército de Stédile” a confrontar os adversários do governo, que, ora bolas, estava conclamando o “exército de Stédile” a confrontar os adversários do governo (!!). Assim como Mônica Iozzi, apresentadora da Rede Globo, não quis dizer o que disse ao publicar nas redes sociais que rezaria para que uma bala perdida atingisse Eduardo Cunha. Assim como Mauro Iasi, com sua citação de Brecht, não quis incitar ao “fuzilamento” e à violência contra a “direita”. Eles nunca querem dizer o que efetivamente dizem. Quando um Jair Bolsonaro ou uma Rachel Sheherazade dizem alguma coisa que contraria o politicamente correto, porém, então de imediato se põe em suas bocas o que eles não disseram com uma facilidade tremenda! Haverá cura para essa esquizofrenia?
Sibá Machado não pode ser perdoado pelo seu primitivismo brutal, apesar de ser uma figura de uma obtusidade quase trágica. Se um conservador ou liberal, ao dizer que entende as reações violentas de parte da população diante da sanguinária realidade brasileira, já é acusado de justificá-las, então Sibá, pela lógica, é diretamente culpado pela barbárie perpetrada ontem. No que o senador Ronaldo Caiado (DEM), uma das poucas vozes na política partidária a se erguerem ativamente em favor dos manifestantes, chamou de “perfeito exemplo de coletivo bolivariano nos moldes da Venezuela”, protagonizando um episódio de “violência, incitação ao ódio e ao tumulto” e um “ataque direto à democracia”, militantes do Movimento dos Sem-Terra e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto entraram no acampamento e exalaram hostilidade contra os rapazes do MBL, com direito a intimidação, buscando provocar um enfrentamento físico, ao que as vítimas resistiram com valor, pacificamente. Chegaram a espetar e furar integrantes da resistência anti-governo.
É uma excelente notícia que o Senado tenha retirado, da proposta de tipificação de crime de terrorismo, uma emenda petista que ressaltava que “movimentos sociais” estariam fora da categoria. Seria infame. MST e MTST são essencialmente grupos terroristas, trogloditas boçais, incompatíveis com a civilização e com a ordem liberal-democrática, e o que aconteceu ontem foi prova contundente disso. São, em outras palavras, bandidos. Protegidos sob a máscara da luta pelos trabalhadores, infernizam e prejudicam as vidas dos cidadãos de bem – como a comunidade de Quedas do Iguaçu, sobre a qual já escrevemos noutra oportunidade, e cujos moradores, esta semana, protestaram nas ruas contra as invasões do MST às terras da Araupel, empresa que é o coração econômico da região. Até quando uma parcela da sociedade assistirá a tudo isso aplaudindo esses grupelhos pelo seu “simbolismo social”? Até quando posarão de heróis enquanto semeiam a intranquilidade e o terror?
Urge que paremos de tergiversar e apresentemos as coisas pelos nomes que elas têm! Segundo Reinaldo Azevedo, colunista de Veja, assessores de Jean Wyllys (PSOL) e Jandira Feghalli (PCdoB) também estavam entre os homens das cavernas que levaram a cabo essa abominação. Esses pequenos partidos de esquerda, ainda que não confessadamente, junto a esses “movimentos sociais”, configuram instrumentos auxiliares do projeto geral do lulopetismo. Em realidade, todas as peças da engrenagem política brasileira têm sua parcela de culpa pela manutenção do sistema sórdido em curso; os partidos fisiológicos que parasitaram o esquema, embora não sem tensões com a legenda central, também têm. A oposição partidária, a seu modo, por sua conivência e incompetência, também. Entretanto, o mais vergonhoso instrumento auxiliar, aquele de quem não podemos mais deixar de falar, aquele para quem devemos apontar o dedo com cada vez mais ênfase, é mesmo o setor da imprensa.
Na sociedade moderna, é sobretudo na intelectualidade universitária, nos meios de difusão artística e na mídia que se formam os pensares, os consensos, mesmo as perigosas “unanimidades” do cotidiano. É aí que as armadilhas autoritárias e pretensamente totalitárias do politicamente correto se vendem e anestesiam as divergências. O que a grande imprensa brasileira tem feito, porém, com exceção honrosa de algumas revistas como Veja e Época, seja qual for a razão – provavelmente econômica, diante da sua dependência das verbas estatais -, é absurdamente revoltante. Com formação em Jornalismo, eu fico muito envergonhado!
Pedidos de impeachment, acampamento anti-governo no Congresso, agressão bolivariana contra o MBL… Voltando um pouco mais no tempo, as agressões bolivarianas diretamente na Venezuela, contra senadores de oposição brasileiros! Das primeiras pautas, algumas foram alvo de pequenos comentários, outras de notinhas. Outras, simplesmente não foram mencionadas. O que aconteceu ontem não existiu. Quanto às agressões na Venezuela, que deveriam ser encaradas como um gravíssimo incidente diplomático, a ser divulgado constantemente até surtir efeitos práticos, foram comentadas brevemente e depois esquecidas. Se você é uma pessoa menos esclarecida, com menos instrução, que não acessa a Internet e não lê portais alternativos, tendo os telejornais brasileiros como únicas fontes de informação – especialmente o pomposo Jornal Nacional, da Rede Globo –, terá provavelmente a certeza absoluta de que o maior problema do Brasil, não só atual, mas de todos os tempos, chama-se Eduardo Cunha! O fato de o presidente da Câmara ser apontado como apenas uma medíocre célula em um esquema gigante, montado sabemos bem o porquê e favorecendo a quem, passa convenientemente despercebido. São minutos e minutos dos telejornais mostrando como Cunha é um mafioso de cinema, enquanto, se muito, ridículos segundos são destinados às investigações, por exemplo, sobre a família Lula da Silva, e a compra de medidas provisórias em seu governo.
O silêncio da imprensa cobrará seu preço. Não somos uma Venezuela chavista, não me canso de dizer; não por soberba, que não queria jamais ver aquele país vizinho naquela situação, mas porque realmente ainda não chegamos àquele ponto. Não, é certo, por falta de vontade de quem nos governa. O que vimos ontem foi a face mais crua do desejo de venezuelanização do Brasil; sem as milícias armadas do chavismo, os bolivarianos tupiniquins têm nos “Movimentos dos Sem qualquer coisa” os seus trogloditas particulares. Se eles atingirem seus objetivos e nos condenarem à longeva mediocridade, essa imprensa omissa será responsável direta, e não será poupada das consequências. Hoje, ela está colaborando com aqueles que pretendem censurá-la, e com isso ajuda a amesquinhar ainda mais a nossa já combalida democracia.

SOBRE O AUTOR

Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista, graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela UFRJ, colunista e assessor de imprensa do Instituto Liberal. Estagiou por dois anos na assessoria de imprensa da AGETRANSP-RJ. Sambista, escreveu sobre o Carnaval carioca para uma revista de cultura e entretenimento. Participante convidado ocasional de programas na Rádio Rio de Janeiro.


Fonte: Instituto Liberal

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