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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Atacado por ser fraco

Por Armando Soares

                O Brasil é um país atacado de diversas maneiras com extrema facilidade interna e externamente em razão de sua fragilidade econômica, de sua fragilidade política, de sua fragilidade cultural, de sua fragilidade institucional, de sua fragilidade democrática e republicana.

                Um país que não conseguiu crescer passo a passo com os Estados Unidos aproveitando as oportunidades que teve de se desenvolver, fica difícil acreditar, dado a distância que ficou do mundo desenvolvido, que agora terá condições, força e competência para sair em um só momento da crise em se encontra, crescer, dominar a tecnologia e ainda enfrentar uma concorrência de vida ou morte no tabuleiro internacional onde existe uma luta de gigantes econômicos.
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                Para sair da crise em que se encontra o Brasil precisa em primeiro lugar afastar do seu território a presença nefasta de ONGs internacionais que representam países colonialistas, desentranhando da constituição e das instituições procedimentos de submissão e instrumentos paralisantes do desenvolvimento e paralelamente estabelecer as reformas que se fazem necessárias no campo político, trabalhistas, econômico, tributários etc..... Teremos vontade e força para essa empreitada?

                Vejo como saída desse desafio no campo econômico, considerando que o Brasil não tem condições de concorrer no curto prazo com a indústria americana e de outros países desenvolvidos, o fortalecimento e a verticalização da agropecuária, o único setor da economia brasileira que avançou com a produtividade e domínio da tecnologia, e que tem um mercado cativo imenso a sua disposição carente de alimentos e matérias-primas espalhado ao redor do mundo. A industrialização da produção primária é um passo de curto prazo e exequível. Além do mais o Brasil tem terra suficiente para produzir alimentos e suprir a carência alimentar mundial que cresce geometricamente empurrada pelo aumento populacional descontrolado. Entretanto, para viabilizar um programa dessa natureza torna-se necessário atacar imediatamente o projeto ambiental internacional que tem como escopo em primeiro momento reduzir a capacidade de produzir do Brasil, para em seguida apoderar-se de imensas quantidades de terra via política indigenista e trabalhista, um confisco saqueador disfarçado em políticas públicas apoiadas por organismos internacionais sediadas na ONU.

                Entretanto, essa não é uma tarefa fácil de vencer, pois será necessário vencer uma guerra de quarta geração comandada por grandes potências econômicas onde não se usam exércitos armados, tanques, aviões, navios de guerra e aviões, usam-se o meio ambiente, a crendice de povos incultos anestesiados pela mídia nacional e internacional que dispara mentiras a todo o momento, a que se soma a compra de governantes e políticos imorais.

                O uso do meio ambiente está bem evidenciado nas informações colhidas no trabalho de Lorenzo Carrasco e Silvia Palacios intitulado Quem Manipula os Povos Indígenas contra o Desenvolvimento do Brasil – Um Olhar nos Porões do Conselho Mundial de Igrejas. Ao investigar a origem das campanhas ambientais, Carrasco e Palacios se depararam com seleto grupo de instituições ligadas aos interesses do Establishment oligárquico de certas potências do Hemisfério Norte, tendo a frente os EUA, Canadá e reino Unido, apoiados por seus parceiros de alguns países da União Europeia. Essas constelações de interesses, que reúne fundações e think-tanks privados (Think tanks são organizações ou instituições que atuam no campo dos grupos de interesse, produzindo e difundindo conhecimento (ideologia) sobre assuntos estratégicos, com vistas a influenciar transformações sociais, políticas, econômicas ou científicas, sobretudo em assuntos sobre os quais pessoas comuns (leigos) não encontram facilmente base para análises de forma objetiva. Os think tanks podem ser independentes ou filiados a partidos políticos, governos ou corporações privadas) e órgãos governamentais sintonizados com os mesmos propósitos, como agências de apoio ao desenvolvimento externo de vários países, é a verdadeira mentora, controladora e financiadora da pletora de movimentos internacionais que se apoderou das causas de apelo social, para instrumentalizá-las com finalidades políticas, de modo a exercer uma forma peculiar de “poder suave” (soft power), bem mais eficiente do que pressões políticas exercidas diretamente pelos governos.

                No centro da questão está o velho e imutável objetivo dos grupos de poder global: o controle de recursos naturais e a sua não utilização pelos Estados nacionais que os detenham e estejam engajados na promoção do desenvolvimento socioeconômico de suas populações.

                A jornalista canadense Elaine Dewar, no prefácio de seu livro Uma Demão de Verde desnuda o aparato oligárquico: de início, eu pensava que estava trabalhando com uma história sobre mudanças climáticas. Eventualmente, constatei que, na verdade, estava trabalhando numa história sobre como grandes interesses trabalham para esvaziar as democracias em benefício próprio, e sobre como eles fazem uso de ONGs – neste caso, grupos ambientais – como cobertura política.  

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                 Prestem atenção ao seguinte: No campo do indigenismo, a ideia era modificar o conteúdo, tanto do trabalho missionário tradicional como do papel da Antropologia, unindo-os no que chamavam “luta pela libertação” dos povos indígenas. E mais: Em janeiro de 1971, a Comissão de Assuntos Internacionais do CMI (Conselho Mundial das Igrejas) e o Departamento de Etnologia da Universidade de Berna (Suíça) patrocinaram em Bridgetown, Barbados, um Simpósio sobre Conflitos Interétnicos na América do Sul, reunindo uma dúzia de antropólogos, principalmente latino-americanos, para definir a agenda. Vejam o que foi produzido: As sociedades indígenas têm direitos anteriores a toda sociedade nacional. O Estado deve reconhecer e garantir a cada uma das populações indígenas a propriedade de seu território permitindo que seja registrado corretamente, e na forma de propriedade coletiva, contínua, inalienável e suficientemente extensa para assegurar a manutenção das populações indígenas. O Estado deve reconhecer as organizações indígenas o direito de se organizarem e de se governarem segundo suas especificidades culturais, e em nenhum momento poderá limitar seus membros no exercício de todo e qualquer direito de cidadania, mas, em compensação, os exirminará do cumprimento das obrigações que entre em contradição com sua própria cultura.

                A seguir o texto especifica a maneira em como as missões religiosas devem se comportar perante as populações indígenas. Observe-se que já não existe qualquer função evangelizador-civilizadora, com o propósito de incorporar os povos indígenas a plena condição de cidadãos das nações. Com a nova orientação as missões passariam a ser apenas os novos líderes dos povos indígenas frente aos Estados nacionais: A obra evangelizadora das missões religiosas na América Latina corresponde a situação colonial dominante, de cujos valores está impregnada. A presença missionária significou uma imposição de critérios e padrões alheios às sociedades indígenas dominadas e que encobrem, sob um manto religioso, a exploração econômica e humana das populações indígenas.

                A Antropologia deixaria de ser uma ciência humana, para se transformar numa militância política, como já aconteceu na Amazônia e em outras regiões do Brasil estabelecendo uma verdadeira prostituição de demarcações de terras indígenas sem nenhum critério técnico ou outras razões lógicas a não ser obedecer às ordens emanadas pelo CMI e novos colonizadores.

                Esta é uma pequena, muito pequena prova de que está em curso no Brasil uma ação consistente de apropriação de terras na Amazônia e em outras regiões do País com objetivo de evitar o desenvolvimento da nação e de se apropriar de vultosas riquezas, um saque sem precedente na história mundial. A crise que atravessa o Brasil só poderá ser debelada na sua totalidade, além das reformas que se fazem necessárias e do enxugamento do Estado, se nos livrarmos da coleira colocada pelo Establishment oligárquico e fortaleçamos o setor agropecuário incentivando o processo de sua verticalização, de sua industrialização. A elite política e econômica tem que pensar no Brasil e nos caminhos alternativos de seu desenvolvimento e crescimento derrubando internamente todos os obstáculos construídos por socialistas, comunistas, fascistas e ideólogos parasitas ociosos. Se esses obstáculos internos e externos não forem destruídos, o governo, qualquer governo não terá forças e recursos para reconstruir um novo Brasil que será sempre atacado em razão da sua fragilidade, por ser um país subdesenvolvido.

Armando Soares – economista


Soares é articulista de Libertatum
               
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