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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A polêmica da matriz energética.


Por Vanderli Camorim

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Muito interessante o artigo do João Luiz Mauad, do porque a energia gerada por fontes eólicas e solar jamais substituirão os combustíveis fosseis. Seu artigo tem como motivo a reportagem do JN que contava maravilhas dessas matrizes usadas desde a pré-história da humanidade e que foram deixadas de lado por sua baixa produtividade da mesma maneira que o homem abandonou os artefatos de pedra pelos de metais mais eficientes. 

Mauad ainda se deu o trabalho de trazer dados estatísticos publicados pelo Instituto Internacional de Energia para ilustrar a diferença brutal da produtividade entre as várias matrizes e os combustíveis fosseis.

Fez também referência a Matt Ridley que em um artigo sobre o mesmo assunto foi ainda mais específico na irrelevância da contribuição que estas fontes, consideradas alternativas, possam fornecer para a humanidade que cresce e necessita cada vez mais de energia abundante, barata e eficiente.

Eu me dispensaria entrar nesta falsa polêmica que para mim é uma discussão bizantina. Não há a mínima chance de jorrar luz sobre sobre esta questão tão vital para a sociedade que possa contribuir para uma saída da crise energética caminhando por uma estrada em que Mauad se meteu. Por esse caminho a discussão sequer arranha o ponto gerador de toda essa polêmica que a nacionalização da geração elétrica que tem muita semelhança com o petróleo considerado um bem de utilidade pública e como tal deve ser excluído da exploração privada sendo propriedade exclusiva do estado. 

A energia elétrica é uma mercadoria como qualquer outra, como o feijão e a carne, e está submetida às leis do mercado como toda e qualquer mercadoria. Mesmo se tornando propriedade do governo e por ele explorada as forças do mercado não foram abolidas. 

A nacionalização de quase tudo que se abateu sobre o Brasil no inicio do século XX obedecia ao mandamento da doutrina socialista. Ela recomenda que toda propriedade burguesa deve ser eliminada e seus benefícios revertidos ao proletariado. Este será representado pelo estado que se ocupará desde então da transferência da propriedade privada dos meios de produção em propriedade pública, de todo o povo. E foi neste clima que a geração e o fornecimento de energia foi para as mãos do estado, tornando-se assim um departamento do governo com todos seus vícios. Este fato tornou um assunto que seria corriqueiro na esfera privada tratado como algo que deve seguir os parâmetros do mercado como eficiência, baixo custo, e oferta abundante e imperturbável em um assunto exclusivamente político. Digamos que desse modo um assunto comercial se torna inteiramente politizado e como tal não escapa das injunções e interferência da ideologia política que estiver no poder. Uma briga de grupos de interesses se instala na sua direção porque os dividendos de toda ordem surgem e são disputadíssimos. 

A energia elétrica já era conhecida desde os gregos, mas só no século 19 seu conhecimento mais aprofundado permitiu a construção de geradores. 
Thomas Alva Edson querendo demonstrar sua mais nova invenção, a lampada elétrica, e com ela faturar uns trocados saiu na frente com mais esta invenção que colocou o mundo onde jamais se imaginara. Acoplou uma máquina à vapor ao gerador e assim produziu a primeira usina de força elétrica que se universalizou quase instantaneamente. Surgiram concorrentes que no embate de ganhar a preferência do consumidor no fornecimento desta nova mercadoria tiveram que se submeter aos ditames do mercado com qualidade e preço baixo. 

A partir deste feito de Edson o mundo se iluminou. Mas o problema com o estatismo só estava começando. A energia elétrica mostrou que sua aplicação ia além de acender uma simples lâmpada. Seguindo essa invenção milhares de inventos descortinaram um mercado que não tinha tamanho. Surgiram dos indivíduos laboriosos e criativos novas oportunidades e novas maneiras de se gerar energia melhor, em maior volume para satisfazer as massas crescentes de novos consumidores, a um custo barato e eficiente. A energia elétrica, por suas propriedades que são muitas e surpreendentes fez até Lênin dizer que o socialismo era os soviets mais a eletricidade... Como certamente ele não entendia de mercado só via aquilo como de proveito e uso estatista para a sua ideologia política e seus efeitos de propaganda. 

A produção da energia elétrica tinha um horizonte enorme e desafios descomunais para enfrentar e estava enfrentando-os e dando muito bem conta do recado. A prova é como ela se espalhou pelo mundo na figura das mais variadas companhias de fornecimento de eletricidade. O Brasil mesmo sendo um país de escravos e infenso ao liberalismo se rendeu a este espetacular produto. Em 1879, o Imperador Dom Pedro II concede à empresa de Thomas Edson as primeiras medidas com que iria dar inicio a exploração deste novíssimo e revolucionário ramo de negócio. 

A maneira como surge uma invenção através dos indivíduos laboriosos e criativos que visam algum lucro e se transforma numa ferramenta de uso geral depende e muito do grau de liberdade econômica com o qual esses indivíduos laboriosos criativos podem contar. 

Quando um inventor anuncia o seu propósito sempre encontra criticas e sofre gozação de populares. Mas uma vez que seus inventos vem a luz e mostram sua utilidade logo as opiniões mudam. Essa ação popular não constitui obstáculos. Soam como desafios. Mas é diferente quando a menor desaprovação vem por parte do governo. A energia elétrica não foi uma invenção nacional e só foi introduzida no país porque o Imperador "concedeu" a sua entrada nele. 

Certamente que este invento não sofreu resistência, mas a maneira como foi "introduzida" diz claramente que são bem vindas, menos a sua filosofia. 

O governo absoluto é uma característica do Brasil que é por sua vez produto da coroa portuguesa. 

Vanderli Camorim  
          
Foto de Vanderli Camorim.

vanderlicamorim@ig.com.br

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